Estresse (grafia oficial em português da palavra que chegou a terras brasileiras a partir de sua versão em inglês, stress) é uma reação natural do organismo que ocorre quando vivenciamos situações de perigo ou ameaça. Esse mecanismo nos coloca em estado de alerta ou alarme, provocando alterações físicas e emocionais. Trata-se de uma reação fisiológica/biológica necessária para a adaptação a situações novas – todos sabem que emoções estressantes podem estar associadas simplesmente a circunstâncias desconhecidas.

O corpo humano reage ao estresse produzindo diferentes hormônios, mas a marca que os cientistas mais costumam buscar para detectá-lo é o nível de cortisol. O cortisol é indispensável para a vida, porque a tensão que produz predispõe o organismo a reagir rapidamente diante de situações de alerta. Mas a melhora na capacidade de reação se limita a momentos pontuais. Se o nível se mantém elevado por muito tempo, porque o estresse é crônico, a resposta hormonal deixa de ser benéfica e se torna um problema.

Ao analisar imagens obtidas com equipamentos de ressonância magnética e realizar testes cognitivos nas pessoas pesquisadas para avaliar sua memória, capacidade de raciocínio abstrato, percepção visual, atenção e a chamada “função executiva” (combinação de diferentes habilidades para alcançar metas futuras), cientistas detectaram danos na microestrutura do cérebro possivelmente relacionadas ao estresse prolongado.

Entre as faculdades prejudicadas, destaca-se a memória, o que não é novidade: episódios de estresse já há algum tempo são associados à menor capacidade de “acessar” lembranças. Até agora, a possibilidade de danos estruturais permanentes ao cérebro serem provocadas pelo estresse excessivo – ou, ao contrário, provocá-lo – continua sendo uma hipótese, mas vale dizer que outros estudos, ainda raros, parecem apontar na mesma direção.

Por enquanto, o mais produtivo é ter em mente que o estresse é inevitável, inclusive desejável para ativarmos em nós ações necessárias para certas situações que exigem atuar rapidamente. Mas, também, que do ponto de vista evolutivo nosso organismo está adaptado a um contexto de vida em ambiente natural, no qual esses momentos eram pontuais.

No contexto urbano, industrial, competitivo e de imprevisibilidade, a tensão crônica favorece o comprometimento cognitivo, o surgimento de doenças cardiovasculares e ativa respostas contraproducentes do sistema imune, entre outros problemas.

Uma boa notícia: por mais que o estresse e sua cascata química sejam inevitáveis, podemos regulá-los. A “desconexão”, em atividades como viagens, interações relaxantes e agradáveis com família e amigos, tempo para diversão, como ir ao cinema, ao teatro etc., nos ajudam a reduzir a tensão. Existem também muitas técnicas a que podemos recorrer, entre elas o já famoso mindfulness, prática que embora seja uma espécie de “moda” tem efeitos reais quando bem orientada e executada.

Em outras palavras, apesar de infinitas discussões e diversas contestações de natureza econômica, talvez seja fundamental que boa parte de nós, que vivemos constantemente acelerados, para não sucumbir sob o o estresse excessivo possamos desfrutar, ao menos de vez em quando, de um desestressante feriado prolongado.

Desejamos que você aproveite bem o seu.

Fontes:
https://bvsms.saude.gov.br/
https://brasil.elpais.com/noticias/estres/