O cenário da saúde suplementar no Brasil está passando por significativas transformações e enfrentando desafios que refletem tanto potencialidades quanto problemas persistentes. Recentemente, 2 grandes players – Amil e Dasa – anunciaram a criação de uma nova empresa hospitalar que se tornará a 2ª maior do setor. Esta fusão fortalece a proposta de valor dos planos da Amil e auxilia a Dasa em sua desalavancagem, essencial para a valorização da empresa, protegendo sua posição competitiva em um mercado que está se consolidando em torno de grandes grupos.
Esta grande transação marca um ponto importante no segmento, criando um novo equilíbrio de forças e mudando a “geopolítica” do mercado de saúde suplementar. Com a nova empresa controlada igualmente por acionistas da Dasa e da Amil, há um co-controle que busca operar de forma independente, com planos para abertura de capital. A nova empresa terá nada menos que 25 hospitais, 4.400 leitos e receita líquida em torno de R$ 99 bilhões (calculada retroativamente em relação a 2023), com EBITDA de R$ 777 milhões.
Entretanto, esse tipo de reestruturação acontece num momento de intenso debate sobre a alegada crise sistêmica no setor. Segundo veículos especializados, embora empresas estejam adotando várias providências para melhorar processos de gestão assistencial e econômica, a escalabilidade dessas medidas ainda é questionável. Dados recentes divulgados pela ANS indicam que o desempenho setorial voltou ao patamar pré-pandêmico, embora este nível não seja confortável em termos de equilíbrio operacional.
A questão da sustentabilidade das práticas adotadas para melhorar os resultados financeiros é uma preocupação constante. Críticas apontam que a melhora pode estar sendo conseguida às custas de prestadores de serviços, que enfrentam atrasos significativos nos pagamentos, aumento das glosas e alta taxa de reclamações dos beneficiários. As preocupações com a concentração excessiva de mercado e algumas práticas de gestão de caixa levantam dúvidas sobre a real recuperação do setor.
Além disso, notícias recentes alertam sobre fraudes milionárias na oferta de atendimento pelo sistema médico, tanto por parte dos prestadores de serviços quanto pelos próprios beneficiários, complicando ainda mais o quadro. A transação entre Amil e Dasa, ao mesmo tempo em que fortalece a proposta de valor dos planos de saúde e auxilia na desalavancagem, também evidencia os desafios enfrentados pelo setor.
Enquanto alguns veem essas movimentações como sinal de recuperação e consolidação, outros alertam para os riscos de práticas que podem levar a uma piora dos serviços prestados. A gestão assistencial e econômica precisa encontrar um equilíbrio que permita a sustentabilidade do setor sem sacrificar a qualidade dos serviços aos beneficiários. A hipótese é que há experiências e modelos bem-sucedidos sendo desenvolvidos no mercado de saúde suplementar que podem mitigar a falta de soluções estruturantes e ser adotados em escala relevante para o sistema privado.
Experiências relatadas em meios de comunicação especializados no segmento securitário indicam que a maior parte desses modelos está sendo implementada em graus diversos por especialistas e entidades externas às operadoras e prestadores de serviços médico-hospitalares. Essas experiências incluem novas formas de remuneração baseadas em efetividade, ampliação do uso de TI e IA, foco na assistência primária, integração de cuidados primários com secundários e terciários e adoção de processos antifraude.
A vantagem dessa tendência é que os que tomam riscos no sistema privado poderiam terceirizar possibilidades de novos modelos de pagamento e assistenciais, cujo progresso poderia ser rapidamente ajustado conforme os resultados, sem maiores compromissos de capital ou operacional. No entanto, a escalabilidade e a representatividade dessas novas abordagens ainda precisam ser confirmadas e avaliadas em termos de impacto no conjunto das atividades setoriais.
Parece bastante razoável dizer que por causa – ou apesar, dado que grandes concentrações de mercado costumam ter muitos efeitos colaterais – das significativas fusões e aquisições, e das tentativas de inovação, a saúde suplementar no Brasil enfrenta um caminho complexo. A busca por soluções que equilibrem a necessidade de sustentabilidade financeira e a qualidade do atendimento ao beneficiário é crucial para o futuro do setor.
A SICCS está sempre atenta às tendências do mercado e adapta constantemente seus processos para continuar a fornecer soluções sob medida para o seu negócio. Entender e compartilhar as diversas movimentações do segmento faz parte dessa jornada que já há 8 anos cumprimos ao seu lado.