A saúde digital está chegando.

Entenda um dos principais conceitos dessa mudança inevitável.

A digitalização da medicina permite vislumbrar grandes avanços para a saúde global. Registros médicos eletrônicos, aplicativos móveis de saúde, imagens médicas, exames genéticos de baixo custo e novos sensores, inclusive “wearables” (dispositivos de vestir, como relógios que indicam a frequência cardíaca e a pressão arterial, por exemplo) fornecem um fluxo cada vez maior de dados digitais de saúde.

Combinada com inteligência artificial (IA), essa riqueza de dados tem um enorme potencial para a saúde e pode melhorar a vida de milhões de pacientes em todo o mundo, possibilitando diagnósticos mais precisos, tratamentos personalizados, prevenção precoce de doenças etc. Pode até não parecer, mas existe em curso uma grande e intensa discussão sobre como os dados digitais podem transformar a medicina.

À parte delírios (ao menos por enquanto) de que os profissionais de saúde serão completamente substituídos por “bots”, a possibilidade de evolução é realmente promissora, mas a maioria dos dados médicos atuais carece do que podemos chamar de interoperabilidade. Ou seja, ocultos em bancos de dados isolados e sistemas incompatíveis, são difíceis de trocar, analisar e interpretar, atrasando o progresso médico. A interoperabilidade é pré-requisito e fator vital para que as inovações digitais previstas na medicina futura alcancem todo seu potencial.

Dizendo de outro modo, a interoperabilidade pode ser definida como “a capacidade de dois ou mais sistemas ou componentes trocarem informações e usarem as informações que foram trocadas”. Definições ainda mais abrangentes fazem distinção entre componentes, camadas ou níveis. Embora esses componentes possam diferir em certo grau entre as definições, geralmente seguem uma mesma distinção: componentes técnicos de nível inferior e componentes organizacionais de nível superior. Vamos entender melhor essas camadas.

Interoperabilidade técnica - Garante recursos básicos de troca de dados entre sistemas (por exemplo, o singelo ato de mover dados de um pen drive para um computador), o que requer canais de comunicação e protocolos para transmissão de dados. Com as redes digitais e os protocolos de comunicação atuais, alcançar a interoperabilidade técnica geralmente é relativamente simples. 

Interoperabilidade sintática - A interoperabilidade sintática especifica o formato e a estrutura dos dados. A troca estruturada de dados de saúde é suportada por organizações internacionais de desenvolvimento de padrões, como Health Level Seven International (HL7) ou Integrating the Healthcare Enterprise (IHE), que especificam padrões de TI de saúde e seu uso em sistemas.

Interoperabilidade semântica - É o domínio de terminologias e nomenclaturas médicas, que garantem que o significado dos conceitos médicos possa ser compartilhado entre os sistemas, fornecendo assim uma “língua franca” digital, uma linguagem comum para termos médicos que é, idealmente, compreensível para humanos e máquinas em todo o mundo. Alguns exemplos: achados clínicos, procedimentos, substâncias, organismos, estruturas corporais.

Interoperabilidade organizacional - Na camada mais alta, a interoperabilidade também envolve organizações, legislações e políticas. A troca de dados entre sistemas de TI de saúde não é uma atividade-fim: existe para ajudar os profissionais de saúde a trabalhar com mais eficiência e melhorar a saúde dos pacientes. Isso requer processos de negócios e fluxos de trabalho comuns às instituições, exigindo políticas que forneçam incentivos para a troca de dados interoperáveis e, em certos casos, até imponham a interoperabilidade por meio de regulamentações legais mais abrangentes.

A medicina digital nem sempre requer análises sofisticadas ou algoritmos complexos de IA. Em muitos casos, simplesmente seguir o pensamento relativamente clichê de “disponibilizar as informações certas, para a pessoa certa, no momento certo” pode melhorar significativamente o atendimento ao paciente. Porque, muitas vezes, partes importantes das informações médicas são perdidas à medida que os pacientes passam pelos sistemas de saúde público e privado.

Por exemplo, se um paciente for reinternado, as informações relevantes de admissões anteriores em outros hospitais podem não estar disponíveis. Isso leva à ineficiência do atendimento e pode mesmo apresentar sérios riscos para o paciente (uma possibilidade: a falta de comunicação resultar em interações medicamentosas adversas). É importante dizer que, ao tornar as informações relevantes facilmente acessíveis, os sistemas de TI de saúde interoperáveis também facilitam o trabalho de médicos e outros profissionais da área.

Portanto, sabemos que a medicina digital já está (e ficará cada vez mais...) presente na vida das pessoas, e que a interoperabilidade é um dos pilares para que ela exista, dissemine-se e possa atingir seu máximo potencial. Instituições que atuam na área de saúde não só não podem ignorar esses fatos, como precisam se preparar para lidar com eles e até mesmo antecipar os próximos passos dessa evolução. Talvez seja possível, por exemplo, utilizar os múltiplos recursos da tecnologia para reduzir certos custos, por meio de atendimento remoto.

A SICCS, que tem como um de seus principais focos de atuação a comercialização de planos empresariais/coletivos de saúde, está sempre atenta às inovações da área e compartilha com você tudo que acredita ser relevante para sua tomada de decisão. Se a digitalização da saúde é uma tendência, dentro dessa nova realidade nossas soluções serão inevitavelmente influenciadas pelos novos serviços e práticas adotados pelas operadoras com que trabalhamos.

Estar em constante alinhamento e sintonia com o cenário atual da saúde é que nos permite oferecer as melhores opções para sua empresa.

 

Fontes
www.linkedin.com/in/fepmp
www.mv.com.br
www.ehcos.com/pt-br
www.saudedigitalnews.com.br


Quando o consultório pode ser uma tela.

A telemedicina vem ganhando espaço na prática médica.

Narrar alguns sintomas para um médico de confiança ao telefone ou enviar para ele, via WhatsApp, a imagem de algum sinal incomum visível no próprio corpo provavelmente já são práticas, digamos, informais bastante adotadas pelos pacientes - e aceitas por parte dos médicos - em casos menos graves e preocupante. E como são interações a distância que envolvem o exercício da medicina, podem até ser consideradas formas rudimentares, ou básicas, de telemedicina. Sem nenhum demérito necessariamente implícito.

Mas o que hoje recebe esse nome - telemedicina - é um processo avançado para monitoramento de pacientes, troca de informações médicas e análise de resultados de diferentes exames, que são avaliados e entregues digitalmente, dando suporte (e não substituindo) a medicina “tradicional”, ou seja, presencial. A telemedicina já é utilizada em todo o mundo, de forma segura e legalizada, de acordo com legislações e normas médicas locais. Inegavelmente, e por motivos óbvios, a prática se popularizou com a pandemia de Covid-19.

Por meio da telemedicina, os especialistas conseguem acessar os exames de qualquer lugar, utilizando computadores e dispositivos móveis, como smartphones e tablets conectados à Internet. Durante a pandemia, a telemedicina teve avanços significativos não só em termos de legislação, com a liberação de algumas práticas até então não-regulamentadas, como a teleconsulta, mas também em relação à aceitação da população e da própria classe médica.

Muitos consideram que o atendimento médico remoto foi fundamental para diminuir a pressão sobre postos de pronto-atendimento e hospitais, fazer o monitoramento de pacientes isolados em casa, realizar “interconsultas” envolvendo médicos intensivistas em UTIs e clínicos gerais - além de para colher uma 2º e até uma 3ª opinião em alguns casos - assim como facilitou o acesso da população a médicos especialistas em regiões remotas.

A telemedicina depende em grande medida da assim chamada, e bastante polêmica, “inteligência artificial”, uma área de pesquisa que pretende aplicar a tecnologia para tornar dispositivos eletrônicos/digitais capazes de reproduzir a habilidade humana de pensar e resolver problemas - ou seja, ser racional. A inteligência artificial já é ou poderá vir a ser realidade (ou não) de acordo com o que nós, seres humanos, convencionarmos chamar de “inteligência”.

Por enquanto, e apesar do que dizem seus entusiastas, a inteligência artificial está longe, muito longe, da capacidade humana de pensar. Mas existe algo que pode, com grande liberdade interpretativa, ser chamado de “inteligência dos computadores” (em inglês “machine learning”) e que aplicada à saúde trouxe benefícios verificáveis. E a telemedicina é uma área que vem se beneficiando bastante desses recursos, principalmente na automatização de certos processos, como definição de prioridades médicas ou casos de urgência.

Com computadores capazes de armazenar e processar um enorme repertório de dados, é possível cruzar as informações e imagens de exames e laudos captados e transmitidos digitalmente. Esses dados, somados ao histórico dos pacientes - também já armazenado digitalmente - podem trazer ganhos reais para médicos e pacientes na definição cada vez mais rápida e precisa de diagnósticos.

Hoje, a telemedicina está inserida em um conceito mais amplo, conhecido mundialmente como eHealth ou “saúde digital”, que pode ser definida como qualquer aplicação da Internet, utilizada em conjunto com outras tecnologias de informação, para prover melhores condições a processos clínicos, tratamento de pacientes e e custeio do sistema de saúde.

No Brasil, o serviço de telemedicina, principalmente aplicada à emissão de laudos on-line, vem crescendo e se consolidando. Nos últimos anos, empresas de saúde, instituições de medicina e órgãos reguladores vêm fazendo esforço ativo para promoção, disseminação e desenvolvimento de mais programas de assistência e cooperação remota em saúde. Em todo o país, grandes universidades públicas e privadas já dispõem de unidades e núcleos especificamente voltados ao estudo e à aplicação da telemedicina.

Também já se pode encontrar programas do gênero em hospitais de referência, como o Albert Einstein, em São Paulo, onde aparelhos de imagem são capazes de apontar possíveis doenças e encaminhar notificações automaticamente para o médico, e equipamentos podem enviar sinais vitais do paciente diretamente para o prontuário, entre outras inovações.

Existem ainda empresas que atuam especificamente com laudos a distância, fornecendo tecnologia de conexão de equipamentos para a prática da telemedicina, além de aparelhos para a realização de diversos exames. Recentemente, também houve importante investimento do Poder Público na compra de 3 supercomputadores, que podem aumentar em até 10 vezes a capacidade de armazenamento de dados do SUS.

Apesar dessas evidentes vantagens, muitos têm receio de que a telemedicina se torne a “norma” e todos os serviços médicos passem a ser prestados a distância, sem qualquer contato direto do profissional de saúde com o paciente. A óbvia desumanização desse cenário seria um problema real, mas estima-se que, pelo menos no horizonte visível, isso não vai acontecer - até pela extrema complexidade técnica, científica, econômica e social dessa hipotética “migração”.

Parece quase consensual até o momento que a tecnologia não vem para substituir o médico, mas sim para dar a ele mais ferramentas, suporte, capacidade, versatilidade, agilidade, precisão e, claro, alcance - geograficamente falando - no atendimento ao paciente. Ninguém parece discordar, ao menos claramente, que para cuidar bem de um ser humano é indispensável a presença de outro ser humano.

 

Fontes:
www.portaltelemedicina.com.br
www.gov.br/saude
www.einstein.br
www.accamargo.org.br