Quem se informa além da mídia mainstream sabe que algo em torno de 80% da produção energética global tem como matriz o combustível fóssil e parece bastante ingênuo acreditar que boa parte dos países – principalmente os mais economicamente poderosos – estejam dispostos a abrir mão do desenvolvimento e da criação de riqueza para reduzir drasticamente as famosas emissões de CO2, eleito como vilão-mor do meio ambiente, uma espécie de Valdemort que tem na figura de Greta Thunberg seu Harry Potter.

Sem contar o contraponto de cientistas sérios (sim, não “negacionistas”, mas dispostos a debater com robustos argumentos científicos) à hipótese do aquecimento global (sim, é uma hipótese), ainda que a humanidade decidisse, hoje, trocar tudo que funciona com petróleo e seus derivados por energia eólica, solar e de outras matrizes supostamente mais “limpas”, o simples realismo aponta que seria preciso um período de muito mais décadas do que o proposto em órgãos, comissões e encontros intergovernamentais para chegarmos a reduções ambiciosas como 40%.

Os resultados dessas discussões parecem ser sempre os mesmos: todos concordam (ou fingem concordar) que é preciso reduzir as emissões de carbono geradas pela atividade humana, mas ninguém está muito disposto a cortar as suas. Só isso já parece base bastante plausível para cultivar uma saudável desconfiança com o alarmismo ambiental e a exigências de sustentabilidade ecológica ditadas por gigantes econômicos globais. Evidentemente, isso não chancela qualquer tipo de atividade predatória, destrutiva ou ilegal envolvendo o meio ambiente.

À parte um debate científico legítimo e necessário (sim, ele existe), grande parte das pessoas “comuns”, não iniciadas em ciência e geopolítica global, parece estar convencida de que o ser humano é um vilão, o meio ambiente é uma vítima e que precisamos fazer algo a respeito. Por isso, provavelmente a maioria dos empreendedores já teve contato com a sigla que parece ser a atual pedra de toque das companhias assim chamadas de “conscientes e sustentáveis”: ESG, iniciais para Environmental, Social and Governance, algo como Governança Social e Ambiental, em tradução livre (no blog de hoje, estamos comentando principalmente o E, a questão ambiental).

Seguir os pilares de ESG parece estar se tornando uma questão real de sobrevivência para as empresas, uma vez que a, digamos, “correção ecológica”, injustamente ou não, começa a ter cada vez mais relevância em atividades de comércio internacional e na própria imagem corporativa frente a clientes e consumidores. É possível encontrar estudos que indicam que empresas alinhadas com os conceitos de ESG atingem melhor performance ao longo do tempo, atraindo investimentos que geram mais rentabilidade, por causa de seu “impacto positivo” no mundo.

As práticas ESG estão ligadas à mentalidade e ao comportamento especialmente das novas gerações, que importam-se com questões que incluem políticas de meio ambiente, direitos humanos e transparência de processos, entre outros. Se um jovem que hoje tem 15 anos e é inspirado por Greta Thunberg terá 25 anos daqui a uma década – e portanto, estará no início de seu arco de poder e decisão de consumo – a perenidade da empresa passará por como ela incorpora, ou não, os pilares de ESG em sua cultura e atuação.

Em outras palavras, por mais que as bases dos pilares ESG possam ser, pelo menos em parte, legitimamente questionados, os empreendedores (e colaboradores) terão de lidar com o significado dessa sigla por um bom tempo.

Voltaremos ao assunto no futuro.

 

Fontes:
Revista Apolice
Totvs
Infomoney