Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, as doenças que mais matam no Brasil são as do aparelho cardiorrespiratório. No ano de 2021, até setembro, mais de 230 mil brasileiros morreram por doenças cardiovasculares, a maior parte com idade entre 70 e 79 anos – um aumento de 6,8% em comparação com o mesmo período de 2020. Na comparação com 2019, a alta é de 12,5%. Estamos falando, claro, de doenças que são perenes no panorama de saúde pública brasileiro – o que as torna ainda mais relevantes.
Muitas podem ser as causas – algumas compreensíveis – para a população deixar de fazer exames e ir até unidades de saúde realizar os tratamentos e o acompanhamento necessários. Mas acontece que abandonar cuidados indispensáveis, boa parte deles certamente inadiáveis, pode provocar o agravamento do quadro e, eventualmente, o óbito do paciente. Quando doenças crônicas e de tratamento eletivo perdem protagonismo, os riscos de complicações e mortes aumentam. É um raciocínio incontornável.
É preciso haver um resgate nos cuidados de longo prazo com a saúde, especialmente no caso de quadros cardiorrespiratórios (isso também vale para o câncer, que abordaremos em outro artigo). Se essas doenças já são a principal causa de óbitos no Brasil há alguns anos, isso significa que o problema é, também ele, crônico em nossa saúde pública. E que, noves fora episódios explosivos de doenças infecciosas, estatisticamente, a longo prazo as doenças crônicas matam mais. Ou seja, é lógico, estratégico – e humano! – mobilizar recursos, de modo contínuo e consistente, para combatê-las.
Entre as ações necessárias, a comunicação em larga escala parece ser indispensável. São salutares as campanhas promovidas por meio de emissoras de TV e plataformas digitais, quase sempre nascidas da iniciativa privada ou de ONGs, como as que associam uma determinada cor a um mês e a uma ou mais doenças: o Setembro Vermelho é dedicado à conscientização sobre infarto do miocárdio e AVC. Mas essas iniciativas não prescindem de campanhas feitas por órgãos públicos, que via de regra são insuficientes e mal-feitas.
Se os cuidados relativos a doenças cardiorrespiratórias tivessem 10% do impacto noticioso e da frequência de abordagem de outras pautas, de vários tipos – inclusive de saúde – é plausível imaginar que muito mais gente se tornaria mais consciente sobre as causas e as possibilidades de prevenção e tratamento, sendo estimuladas a procurar orientação e se cuidar. Em outras palavras, dar a devida ênfase a esses males provavelmente salvaria vidas. Talvez não desse tanta audiência e polêmica quanto alarmismos oportunistas, mas é bem sabido que o interesse público e certos objetivos político-privados enviesados raramente andam juntos.
No âmbito de uma empresa ética, gestores que puderem promover ações internas de conscientização estarão contribuindo não só para sua própria produtividade e a redução dos custos com benefícios de saúde, mas também para a criação de um ambiente saudável que, com alguma sorte, pode transcender o espaço corporativo, beneficiando a sociedade como um todo.
Da forma que for viável em seu negócio, com o máximo de criatividade possível, diga para parceiros, fornecedores e, principalmente, colaboradores: não ignore o coração.
Fontes:
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/
https://pebmed.com.br
https://www.metropoles.com/brasil