No fim do ano passado, por causa de um surto completamente fora de época, muita gente buscou se vacinar contra a gripe, numa saudável onda de adesão à imunização – certamente provocada ou influenciada pelo combate à covid-19. Embora sejam doenças diferentes, elas se relacionam de alguma forma em termos de saúde pública, entre outros motivos devido à natureza da transmissão aérea e à manifestação de quadros respiratórios semelhantes, muitas vezes indissociáveis.

Acontece que, entre o fim de 2021 e o começo de 2022, a vacina contra influenza disponível nas redes pública e privada não era a mais indicada para as cepas que estavam causando aquele mesmo surto. Estima-se que os cuidados para evitar a transmissão da covid-19 tenham evitado também, no período típico de 2021, a onda de gripe provocada pelas cepas para as quais as vacina disponível era eficaz.

Ou seja, tínhamos vacinas criadas para o ano anterior, mas a doença circulante já era a do ano seguinte: altamente mutável, o vírus da influenza varia muito de um ano para o outro, exigindo a atualização constante do respectivo imunizante, e é por isso que é preciso se vacinar todos os anos. Mas, apesar das vacinas defasadas, o surto atípico passou, e agora que a época mais fria está chegando é preciso combater surto típico, já com as vacinas atualizadas.

No dia 4 de abril, o Ministério da Saúde inicia a campanha nacional de vacinação contra a gripe, dentro do PNI – Programa Nacional de Imunização, com a meta de imunizar quase 80 milhões de pessoas até o dia 3 de junho. As doses da vacina trivalente estarão disponíveis no SUS – Sistema Único de Saúde e o imunizante é eficaz contra as cepas H1N1, H3N2 (incluindo o subtipo Darwin) e tipo B.

Todas as vacinas contra a influenza disponibilizadas no Brasil pelo PNI são 100% nacionais e produzidas pelo Instituto Butantan, de São Paulo, que já entregou 2 milhões de doses, possibilitando inclusive antecipar o início da vacinação no Estado para o próximo domingo, dia 27 de março. Vale lembrar que a vacinação gratuita no SUS não está disponível para todos os brasileiros, mas tem públicos-alvo específicos:

– Idosos acima de 60 anos
– Profissionais da saúde
– Crianças entre 6 meses e 5 anos de idade
– Gestantes e puérperas
– Indígenas
– Professores
– Pessoas com deficiência
– Pessoas com comorbidades
– Forças de segurança e salvamento
– Forças armadas
– Funcionários do sistema prisional
– População privada de liberdade
– Adolescentes e jovens sob medida socioeducativa
– Caminhoneiros
– Trabalhadores do transporte coletivo
– Portuários

Dada a necessidade, mais evidente do que nunca, de cuidar da saúde da população – e as complexas relações resultantes da possível incidência simultânea de influenza e covid-19 nos meses mais frios que estão para chegar – é de se pensar por quais motivos a vacinação gratuita contra a gripe não é disponibilizada a todo e qualquer cidadão do país. Um cenário, no mínimo, digamos, curioso…

No caso de gestores de empresas/negócios, uma excelente atitude é divulgar e estimular a vacinação na rede pública entre colaboradores, de modo que as pessoas elegíveis procurem o serviço para se imunizar gratuitamente. E, se possível, elaborar e pôr em prática um programa interno de vacinação complementar, para aqueles que não tiverem o direito de receber o imunizante no SUS. Além de promover a saúde, é uma forma bastante producente de combater o absenteísmo.

Nas lacunas deixadas pelo poder público, o único caminho é colocar nas mãos dos indivíduos, empreendedores ou não, a solução para questões tão importantes quanto a saúde. Costuma compensar. 

 

Fontes:
https://olhardigital.com.br
https://noticias.uol.com.br/saude
https://butantan.gov.br/
https://www.saopaulo.sp.gov.br
https://saude.abril.com.br[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]