Hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser decorrente de diversas causas: infecção, uso de medicamentos, uso de álcool e outras drogas, doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. Alguns dos sintomas mais comuns são cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Nosso blog de hoje foca nas hepatites infecciosas, especificamente causadas por vírus. Com foco na prevenção e conscientização das hepatites virais, uma lei federal instituiu, em 2019, a campanha nacional Julho Amarelo, que destaca a importância da testagem precoce e do tratamento da doença. Não por acaso, dia 28 de julho é o Dia Mundial da Luta Contra as Hepatites Virais, data criada pela OMS – Organização Mundial da Saúde.

Os tipos
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são do tipo A, B e C. Existem, ainda, a hepatite D, mais comum na Região Norte, e a hepatite E, a menos frequente no país. As hepatites B e C são consideradas mais críticas, pois costumam ser silenciosas e acabam sendo descobertas quando a doença já está avançada, provocando cirrose hepática e até mesmo câncer de fígado.

As hepatites virais podem não apresentar sintomas por um longo período após a infecção e passam despercebidas por pelo menos 1 milhão de pessoas no Brasil, que convivem com a doença sem saber. Somente as hepatites dos tipos B e C são responsáveis por cerca de 74% dos casos no país, sendo que a hepatite C é, sozinha, responsável por 76% das mortes, segundo dados do Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig).

Enquanto as hepatites A e E são transmitidas por contato com virus presentes em locais com condições precárias de saneamento básico, ou devido a más condições de higiene pessoal e alimentar, as hepatites B e C são transmitidas principalmente por relações sexuais desprotegidas, contato com sangue contaminado (inclusive por meio do compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicate de unha etc.) ou transplantes de órgãos de doadores infectados.

Outra possibilidade é a transmissão de mãe para filho durante a gravidez, por isso a testagem para hepatite em mulheres grávidas, ou com intenção de engravidar, é fundamental para prevenir a transmissão da mãe para o bebê, que pode ser evitada por tratamentos específicos nesses casos.

A prevenção
A prevenção das hepatites A e E incluem melhora no saneamento básico, evitar contato com água contaminada e higienização dos alimentos antes do consumo. A prevenção dos tipos B, C e D requer a adoção de práticas seguras, como o uso adequado do preservativo e o não compartilhamento de objetos perfurocortantes, como os já citados, e de higiene pessoal.

E nem é preciso dizer que em consultórios médicos e odontológicos, salões de manicures, entre outros – como estúdios de tatuagem e piercing – é importante sempre usar materiais esterilizados ou descartáveis.

E aqui vai talvez uma das informações mais importantes: existem
vacinas para a prevenção contra as hepatites A e B, e quem se vacina para o tipo B se protege também contra a hepatite D. Esses imunizantes estão disponíveis gratuitamente no SUS. Para os demais tipos de vírus não há vacina, mas existe tratamento.

Tratamento
A hepatite A é uma doença aguda e o tratamento se baseia em dieta e repouso, o que geralmente traz melhora em algumas semanas, sendo que e a pessoa adquire imunidade, ou seja, não terá uma nova infecção. As hepatites B e D têm tratamento e podem ser controladas, evitando a evolução para quadros severos.
E, claro, todas as hepatites virais devem ser acompanhadas e tratadas por profissionais de saúde, pois as infecções podem se agravar e trazer consequências graves, como dissemos acima.

Um dado extremamente relevante e não muito divulgado, talvez porque exista uma “corrente” na medicina que aposta no alarmismo como forma, digamos, “não-convencional” de prevenção (paternalizando as pessoas e atropelando as escolhas e responsabilidades individuais): a hepatite C tem cura em mais de 90% dos casos quando o tratamento é seguido corretamente.

A falta do conhecimento sobre as hepatites virais é um grande desafio. A recomendação é que todas as pessoas com mais de 45 anos façam o teste, gratuitamente, em qualquer posto de saúde. Em caso de resultado positivo, o SUS – Sistema Único de Saúde oferece tratamento para todos os tipos de hepatite, independente do grau de lesão do fígado.

Ao compartilhar essas informações aqui, e divulgando esse artigo em nossas redes sociais, a SICCS tem a intenção de contribuir para a conscientização proposta pelo Julho Amarelo.

Convidamos você a fazer o mesmo.

Fontes
www.gov.br/ebserh/pt-br/
www.saude.pr.gov.br/Pagina/Hepatites-virais
www.saude.es.gov.br/hepatitesvirais