Rankings são intrigantes: dependendo de quem os faz, apontam numa direção, em direções mais ou menos convergentes – ou em outra direção, totalmente oposta. Quando essa forma de hierarquizar informações envolve preferências (os 10 melhores filmes da história do cinema, por exemplo), é compreensível e até esperado que haja discrepâncias. Quando a base do levantamento supostamente são dados objetivos, a única conclusão possível entre resultados diferentes é que apenas um deles está certo.

Como lidar com rankings, então? Qual a melhor forma de entender dados diferentes sobre uma realidade supostamente objetiva, como principais motivos de afastamento do trabalho, nossa pauta de hoje? Para quem não está envolvido diretamente no levantamento, nem tem outro motivo para descredibilizar o ranking concorrente, talvez a melhor atitude seja direcionar o foco para o que os diversos rankings têm em comum. Aqui, parte-se do princípio de que todos eles acertaram em alguma coisa e que os pontos de convergência indicam maior probabilidade de veracidade.

Vamos pegar 2 exemplos. Segundo a consultoria B2P, especializada nesse tipo de levantamento, as 10 principais causas de afastamento no trabalho em 2022 foram, em ordem decrescente de nº de ocorrências:
– Lesões – Desde traumatismos até luxações, distensões e fraturas, permitindo deduzir alguma superposição com o próximo item.
– Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo – Artrites, artroses, osteopatias etc., frequentemente adquiridas no trabalho.
– Transtornos mentais e comportamentais – problemas como depressão, ansiedade, síndrome de burnout, entre outros.
– Contato com serviços de saúde – Exames médicos de rotina, consultas, cuidados pós-cirúrgicos, acompanhar alguém doente etc.
– Doenças do aparelho digestivo – Gastrites, úlceras, apendicite etc.
– Gravidez – Cuidados na fase pré-natal, gravidez de risco, parto etc.
– Doenças do aparelho circulatório – Hipertensão, infartos, miocardites e outras doenças desse tipo incluídas no CID.
– Doenças do sistema nervoso – Enxaqueca, epilepsia, meningite, esclerose múltipla, mal de Alzheimer, doença de Parkinson etc.
– Doenças do aparelho geniturinário – Cólicas menstruais, problemas nas mamas, males relativos à próstata e outros órgãos do trato urinário.
– Doenças do sangue – Diferentes tipos de anemia, problemas de coagulação, imunodeficiências etc.

Já o artigo de uma empresa especializada em produtos ergonômicos, baseado em dados de um anuário do Dieese sobre emprego e renda, aponta como 3 principais causas:
– Dor nas costas – Seria a campeã em afastamentos do trabalho no Brasil, mas mencionada de forma genérica pode se superpor ao item 2.
– LER/DORT – Lesões por esforço repetitivo e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho também estariam entre as principais causas (parece difícil não encaixar “dor nas costas” nessa categoria).
– Depressão – Apontada como uma das doenças mais frequentes na população e com muitos casos que surgem exatamente no trabalho.

Como se vê, o 2º ranking parece dar significativamente mais peso a questões causadas por inadequações ergonômicas, e mesmo o 1º não diferencia muito nitidamente “lesões”, que podem ser causadas por (ou sintomas de) “transtornos osteomusculares”. Porém, há certa equivalência. Mas onde os rankings convergem mais claramente? No 3º item, principalmente na menção a depressão.

Quase qualquer busca de informações sobre doenças capazes de fazer as pessoas faltarem ao trabalho, quando realizadas levando em conta os dados citados por uma instituição dedicada a uma área específica (sociedades de dermatologia, cardiologia, oftalmologia e assim por diante), divergirá, ao menos em parte, de rankings mais abrangentes.

É compreensível, mas nem sempre confiável. O gestor que tem sob sua responsabilidade a saúde dos colaboradores – e/ou o gerenciamento do benefício de um plano de saúde corporativo – sempre precisará “filtrar” esses diversos rankings, levando em conta a metodologia utilizada, a confiabilidade da fonte, o “bom senso” e, principalmente, as necessidades e particularidades de seu negócio e do respectivo ambiente de trabalho.

Parece inquestionável que as questões envolvendo as lesões/dores relacionadas à prática laboral, e a depressão, ocupem lugar de destaque no absenteísmo. É uma providência com custo-benefício positivo praticamente certo direcionar, com certa prioridade, esforços, recursos e inteligência empresarial para preveni-los e atenuá-los. Além, claro, do aspecto humano envolvido.

O afastamento por motivo de saúde não é fácil para nenhuma das partes. Por isso, é importante cuidar. Durante o dia a dia de trabalho, os gestores precisam estar atentos ao que fazem os colaboradores, desde a eficiência em suas tarefas até o comportamento durante o expediente.

Boas práticas de gestão, líderes bem treinados e adesão a programas de saúde física e mental são as melhores ferramentas de que a empresas dispõem para manter os integrantes de suas equipes saudáveis e engajados com o trabalho. Soluções SICCS como Plano de Saúde Empresarial/Corporativo e Gestão de Benefícios ajudam nessa jornada.

Nós entendemos que, quando a saúde faz falta, as faltas se multiplicam.

 

Fontes
www.wellbe.co
www.pro-labore.com
www.exame.com/carreira
www.conexasaude.com.br
www.telavita.com.br