Zoom Fatigue: videochamada cansa.
O que é Zoom Fatigue?
Zoom Fatigue, ou “fadiga do Zoom”, é o cansaço físico e mental associado ao uso prolongado de plataformas de videoconferência como Zoom, Microsoft Teams e Google Meet. Caracteriza-se por sintomas como exaustão, dificuldade de concentração, irritabilidade, dores de cabeça e tensão muscular após longas reuniões virtuais.
Diferente da fadiga gerada por interações presenciais, esse fenômeno está ligado à sobrecarga cognitiva causada por elementos específicos do ambiente virtual. O esforço extra para interpretar sinais não-verbais por meio de telas, a pressão constante de estar “visível” - incluindo a autoconsciência gerada pela autovisualização - e a falta de pausas naturais entre as interações são fatores que aumentam essa fadiga.
Como o fenômeno começou a ser estudado?
O termo “Zoom Fatigue” ganhou destaque no início da pandemia de COVID-19, em 2020, quando lockdowns e o trabalho remoto forçaram a migração massiva das interações presenciais para o digital. Milhões passaram a depender diariamente de videoconferências, muitas vezes por horas seguidas.
Um dos primeiros estudos sistemáticos foi publicado por Jeremy Bailenson, professor da Universidade de Stanford, no artigo Nonverbal Overload (2020). Bailenson apontou 4 fatores principais que contribuem para a fadiga:
- Contato visual intenso - Rostos em close-up na tela exigem mais esforço cognitivo que na vida real;
- Autoimagem constante - Ver a própria imagem aumenta a autoconsciência e o estresse;
- Imobilidade - Ficar sentado por longos períodos gera desconforto físico;
- Sobrecarga cognitiva - Decodificar sinais não-verbais em telas pequenas exige esforço mental adicional.
Essas descobertas foram amplamente divulgadas por veículos como BBC e The New York Times, catalisando novas pesquisas em psicologia e neurociência, que confirmaram que o Zoom Fatigue é um fenômeno real e mensurável, com impacto direto no bem-estar.
O que sabemos sobre Zoom Fatigue?
Pesquisas mais recentes indicam que o Zoom Fatigue talvez afete desproporcionalmente as mulheres, devido a supostas pressões sociais para manterem aparência apresentável (tipo de alegação diante da qual é sempre bom desconfiar de alguma contaminação ideológica) e maior acúmulo de tarefas domésticas durante o trabalho remoto (Journal of Applied Psychology, 2021). Estudos neurocientíficos mostraram que a exposição prolongada a videochamadas ativa intensamente o córtex pré-frontal, esgotando os recursos cognitivos disponíveis (Nature, 2021).
Outros dados relevantes incluem:
- Reuniões longas, multitarefas durante chamadas, falta de pausas e conexões instáveis aumentam o cansaço;
- Pessoas introvertidas ou com ansiedade social tendem a sentir mais fadiga, enquanto extrovertidos são menos afetados;
- A Microsoft (2021) constatou que 54% dos trabalhadores remotos sentem exaustão após videoconferências;
- A Pew Research (2022) reportou que 60% dos profissionais em home office experimentam sintomas de Zoom Fatigue ao menos ocasionalmente.
Zoom Fatigue pós-pandemia: um desafio ainda atual
Apesar do retorno gradual ao trabalho presencial desde 2022, o fenômeno permanece relevante em 2025. O modelo híbrido, adotado por cerca de 63% das empresas globais (Gartner, 2024), mantém as videoconferências como parte essencial da rotina, especialmente para equipes geograficamente dispersas.
O Zoom Fatigue persiste por causa de:
- Hibridismo no trabalho - Reuniões mistas continuam exigindo longas videochamadas;
- Cultura de reuniões excessivas – Nada menos que 47% dos profissionais apontam “reuniões desnecessárias” como um problema (Harvard Business Review, 2024);
- Novas tecnologias ainda insuficientes - Ferramentas como realidade aumentada (ex.: Microsoft Mesh) buscam melhorar a experiência, mas não eliminam o cansaço (TechCrunch, 2025).
Como mitigar os efeitos do Zoom Fatigue?
Especialistas recomendam:
- Limitar a duração e o número de reuniões virtuais;
- Inserir pausas regulares para descanso mental e físico;
- Desligar a câmera quando possível para reduzir a pressão da autovisualização;
- Promover encontros presenciais quando viável para equilibrar a comunicação;
- Estimular a conscientização sobre os sintomas da fadiga digital no ambiente de trabalho e estudo.
Concluindo...
A Zoom Fatigue, que emergiu e foi intensamente estudado durante a pandemia, é uma questão persistente no cenário do trabalho híbrido e das interações digitais. Embora estratégias simples possam ajudar a reduzir seus efeitos, o fenômeno revela a necessidade de repensar como usamos a tecnologia para equilibrar produtividade e bem-estar. Entender e mitigar essa fadiga será essencial para manter equipes saudáveis, engajadas e eficazes.
A verdade é que, num mundo cada vez mais conectado, algum nível de exaustão digital será inevitável. Mas inevitável não significa intransponível. O desafio agora é aprender a conviver com os limites da virtualidade sem ceder ao cansaço crônico - buscando não um retorno ao que era, mas um avanço mais humano e sustentável na forma como nos comunicamos.
Fontes
www.nexojornal.com.br
www.uol.com.br
www.revistagalileu.globo.com
www.cnnbrasil.com.bre
www.tmb.apaopen.org
www.microsoft.com
www.resources.owllabs.com
www.pewresearch.org
www.gartner.com
www.techcrunch.com
Saúde mental no trabalho: o impacto da NR-1
A partir de 2026, a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), atualizada pela Portaria MTE nº 1.449/2024, passará a exigir oficialmente que a saúde mental seja incluída no centro das relações de trabalho no Brasil. Com a inclusão dos riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), empresas de todos os portes precisarão identificar e gerenciar fatores como estresse, assédio e burnout.
A obrigatoriedade das novas medidas foi adiada por 12 meses para garantir uma transição mais segura. Durante esse período, a fiscalização será apenas orientativa, sem aplicação de penalidades.
Essa mudança não só redefine a gestão de pessoas, mas também abre novas oportunidades no mercado de seguros corporativos. Nesta matéria, exploramos como a NR-1 impacta o setor e como se posicionar estrategicamente.
O que muda com a NR-1?
A NR-1 passará a exigir que empresas mapeiem riscos psicossociais, como jornadas excessivas, metas abusivas e conflitos interpessoais, e implementem medidas preventivas, como:
– Pesquisas de clima organizacional;
– Canais de denúncia contra assédio;
– Programas de apoio psicológico;
– Treinamentos para prevenção de riscos psicossociais.
Com fiscalização mais rigorosa prevista para 2026, especialmente em setores como teleatendimento, bancos e saúde, as empresas precisarão estar preparadas para cumprir essas exigências. Dados do INSS (2022) revelam que 209.124 trabalhadores foram afastados por transtornos mentais, destacando a urgência do tema.
O impacto no mercado de seguros corporativos
A nova regulamentação cria uma demanda crescente por soluções que protejam empresas e trabalhadores, impulsionando o mercado de seguros corporativos. Veja a seguir.
1 – Seguros de saúde com foco em saúde mental
Empresas buscarão apólices que cubram serviços psicológicos e psiquiátricos, além de programas de bem-estar. Seguradoras podem oferecer planos personalizados, incluindo teleconsultas e cobertura para tratamentos de ansiedade, depressão e burnout, alinhando-se às exigências da NR-1.
2- Seguros de responsabilidade civil
Com o aumento de denúncias por assédio moral e sexual, empresas precisarão de apólices que protejam contra processos trabalhistas relacionados a ambientes de trabalho “tóxicos”. Esses seguros podem cobrir custos legais e indenizações, mitigando riscos financeiros.
3 – Seguros contra afastamentos
Transtornos mentais são uma das principais causas de absenteísmo. Seguradoras podem desenvolver produtos que compensem perdas por afastamentos, incentivando empresas a investir em prevenção para reduzir sinistralidade.
4 – Consultoria em gestão de riscos psicossociais
Além de apólices, seguradoras podem oferecer serviços de consultoria para ajudar empresas a cumprir a NR-1, como diagnósticos de riscos psicossociais e treinamentos, criando um diferencial competitivo.
Como isso impacta o segmento de seguros?
A NR-1 certamente é um desafio, mas também uma oportunidade para que atores do segmento de seguros se destaquem suprindo novas demandas do mercado empresarial/corporativo. Vejamos a seguir algumas estratégias:
– Desenvolvimento de produtos inovadores: planos com foco em saúde mental, como acesso a plataformas de terapia online (ex.: Vittude) ou programas de mindfulness.
– Parcerias com especialistas: colaborações com psicólogos e consultores de RH para oferecer soluções integradas.
– Campanhas de conscientização: marketing voltado para a importância da saúde mental, reforçando a conformidade com a NR-1 e a Lei 14.831/2024, que criou o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental.
Benefícios para empresas e trabalhadores
Investir em saúde mental não é apenas uma obrigação legal, mas uma estratégia de negócios. Empresas que se adequam à NR-1 tendem a reduzir absenteísmo e turnover, aumentar a produtividade e o engajamento e melhorar sua reputação como empregadoras.
Para os trabalhadores, a norma tende a garantir ambientes mais seguros e acolhedores, reduzindo o impacto de transtornos mentais, que, segundo a OMS, custam US$ 1 trilhão à economia global anualmente.
Como a SICCS pode ajudar sua empresa?
Diante desse cenário, a SICCS está preparada para apoiar a adaptação do seu negócio. Algumas iniciativas:
– Capacitação de corretores para oferecer soluções voltadas à saúde mental e conformidade com a NR-1.
– Investimento em tecnologia, a fim de utilizar dados para mapear riscos psicossociais e personalizar apólices.
– Monitoramento da legislação, acompanhando projetos como o PL 4.479/24, que propõe obrigatoriedade de promoção da saúde mental em empresas com mais de 50 funcionários.
A atualização da NR-1 marca uma nova era na gestão de saúde mental no trabalho. Corretores e seguradoras que anteciparem essa demanda, oferecendo produtos e serviços alinhados às novas exigências, conquistam uma vantagem competitiva clara — como a SICCS já vem fazendo.
Por você e por seus colaboradores, fale com nossos especialistas. Proteger a saúde mental dos trabalhadores não é apenas cumprir a lei: é investir em um futuro corporativo mais humano, produtivo e sustentável.
A transformação digital nas pequenas empresas
Um review dos desafios e oportunidades dos últimos anos
Nos últimos anos, a transformação digital deixou de ser uma tendência para se tornar uma necessidade imperativa para as pequenas empresas brasileiras. Esse processo, embora repleto de oportunidades, também apresenta desafios significativos. Vamos explorar cronologicamente como a transformação digital vem impactando as pequenas empresas no Brasil, destacando avanços e obstáculos enfrentados. Como estamos apenas no 4º mês de 2025, nossa analise contemplará, o período 2020-2024.
O que são pequenas empresas?
No contexto brasileiro, e para efeitos deste artigo, pequenas empresas são aquelas classificadas como Microempresas (ME) ou Empresas de Pequeno Porte (EPP), conforme definido pelo Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Lei Complementar nº 123/2006). Elas representam cerca de 99% dos empreendimentos do país e têm papel central na geração de empregos.
Linha do tempo: 2020 a 2024
2020 - O despertar digital
A pandemia de COVID-19 acelerou drasticamente a digitalização. Com as restrições de mobilidade, muitas pequenas empresas adotaram plataformas de e-commerce, redes sociais e aplicativos de entrega.
• Desafios - falta de infraestrutura e conhecimento digital.
• Oportunidades - acesso a novos clientes via canais digitais.
2021 - Adaptação e consolidação
Com a pandemia ainda em curso, as empresas consolidaram suas presenças online. Marketing digital, atendimento remoto e sistemas de gestão tornaram-se prioritários.
• Desafios - concorrência digital intensa.
• Oportunidades - fidelização via experiência do usuário.
2022 - Avanços tecnológicos
Soluções como inteligência artificial e automação começaram a ser exploradas. Iniciativas como o Brasil mais produtivo ofereceram suporte técnico e financeiro.
• Desafios - custo e capacitação da equipe.
• Oportunidades - eficiência e redução de desperdícios.
2023 - Maturidade digital
Segundo o Índice de Transformação Digital Brasil 2024, o grau de maturidade digital das empresas brasileiras saltou de 3,3 para 3,7 pontos em um ano. A cultura digital se solidificou.
• Desafios - manter a inovação contínua.
• Oportunidades - consolidação e fortalecimento da marca.
2024 - Sustentabilidade e inovação
Empresas passam a integrar soluções digitais com práticas sustentáveis e a investir em diferenciação baseada em propósito.
• Desafios - alinhamento entre inovação e ESG.
• Oportunidades - vantagem competitiva por valores.
Indicadores de produtividade
De acordo com a McKinsey, empresas com alta maturidade digital no Brasil crescem até três vezes mais no EBITA do que as demais. Programas públicos como o “Brasil Mais Produtivo” preveem R$ 2 bilhões em investimentos e suporte a mais de 200 mil pequenas e médias empresas até 2027. A transformação digital tem sido, ao mesmo tempo, um catalisador e um divisor de águas para as pequenas empresas. Quem resistiu ou atrasou essa transição está, hoje, em clara desvantagem. Para o empresário, o recado é direto: investir em transformação digital não é opcional. É essencial para competir - e sobreviver - nos próximos anos.
Conclusão
Nesse cenário de transformação digital acelerada, proteger o negócio vai além da segurança da informação: passa também por blindar a operação contra riscos físicos, jurídicos e patrimoniais. É aí que entram os seguros empresariais como aliados estratégicos. Ao mesmo tempo em que as empresas investem em tecnologia para crescer, garantir que esse crescimento esteja protegido se torna essencial - especialmente diante de um ambiente cada vez mais volátil e digitalmente exposto.
A SICCS tem a alta expertise técnica e a experiência de mercado necessária, em vários segmentos, para proteger seu negócio nos novos tempos que se avizinham (e nos que já chegaram...), qualquer que seja o ponto de transformação digital em que sua empresa se encontre. Fale com nossos especialistas e descubra quais soluções sob medida para você.
Fontes
www.mckinsey.com/br
www:blog.lg.com.br
www.gov.br/mdic/pt-br
Desmistificando o mito: flúor na água não compromete o QI.
A fluoretação da água potável é uma prática consolidada na saúde pública, especialmente no Brasil, onde é obrigatória por lei desde 1974 (Lei nº 6.050). Apesar de seus benefícios amplamente reconhecidos na redução de cáries dentárias, persistem alegações de que o flúor poderia prejudicar o quociente de inteligência (QI). Este artigo refuta esse mito com base em evidências científicas, cruzando dados históricos sobre a fluoretação no Brasil e a evolução do QI, enquanto considera, sem endossar, as alegações contrárias.
O início da fluoretação no brasil: um marco histórico
No Brasil, a fluoretação começou em 1953, em Baixo Guandu (ES), sendo a primeira cidade a adotar a prática. Em 1974, a Lei Federal nº 6.050 tornou-a obrigatória em sistemas de abastecimento com estações de tratamento, regulamentada em 1975 pela Portaria nº 635. Hoje, cerca de 76% da população brasileira tem acesso à água fluoretada, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2008, com níveis ajustados entre 0,6 e 0,8 mg/L, conforme a temperatura local (Portaria nº 2.914/2011). No estado de São Paulo, por exemplo, a cobertura atingiu 84,7% dos municípios em 2009, beneficiando 85,1% da população total.
O impacto na saúde bucal é evidente. O índice CPO-D (dentes cariados, perdidos e obturados) em crianças de 12 anos caiu de 6,5 em 1986 para 2,1 em 2010, segundo levantamentos do Ministério da Saúde, inserindo o Brasil no grupo de países com baixa prevalência de cárie. Esse declínio coincide com a expansão da fluoretação, reforçando sua eficácia.
A evolução do QI: o efeito Flynn no brasil e no mundo
Globalmente, o QI médio tem aumentado desde o início do século XX, um fenômeno conhecido como Efeito Flynn. Nos EUA, onde a fluoretação começou em 1945, o QI subiu de cerca de 70 em 1900 para 100 hoje, a uma taxa de 3 pontos por década. No Brasil, embora dados históricos sejam menos abrangentes, estudos como o de Colom et al. (2007) indicam um aumento semelhante entre populações urbanas entre as décadas de 1930 e 2000, com ganhos estimados entre 20 e 30 pontos. Um levantamento em São Paulo, entre 1932 e 2002, mostrou um incremento de 2,7 pontos por década em testes de QI.
Esse aumento ocorreu em paralelo à expansão da fluoretação no Brasil, que passou de poucas cidades nos anos 1950 a mais de 70% dos municípios com mais de 50 mil habitantes em 2008. Se o flúor tivesse um efeito negativo significativo no QI, seria razoável esperar uma estagnação ou queda nas pontuações, especialmente após 1974. Contudo, os dados apontam o contrário, sugerindo que a fluoretação não compromete a inteligência.
As alegações contrárias: uma visão crítica
Os críticos da fluoretação frequentemente citam estudos como a meta-análise de Choi et al. (2012), que associou altos níveis de flúor (média de 4 mg/L) a uma redução média de 7 pontos no QI em crianças de áreas rurais da China. Outros apontam para a fluorose, sugerindo que o flúor em excesso poderia ser neurotóxico. No Brasil, o Projeto de Lei 6359/2013, do deputado Carlos Bezerra, propôs revogar a obrigatoriedade da fluoretação, argumentando que ela seria "economicamente injustificável" e que seus efeitos seriam mais tópicos do que sistêmicos.
No entanto, esses argumentos têm fragilidades. O estudo de Choi analisou níveis de flúor muito acima dos 0,7 mg/L recomendados no Brasil, e seus autores destacaram limitações como falta de controle para variáveis como pobreza e nutrição. No contexto brasileiro, pesquisas como a de Broadbent et al. (2014), na Nova Zelândia, com níveis similares aos nossos, não encontraram diferenças no QI entre grupos expostos e não expostos à água fluoretada. Além disso, a vigilância sanitária no Brasil, como o programa Vigiagua, monitora os teores de flúor para evitar excessos, com 50,94% das amostras de 40 municípios paulistas entre 2004 e 2016 dentro do intervalo ideal (0,55-0,84 mg/L).
Por que o mito persiste no brasil?
A desinformação é um fator chave. No Brasil, a fluoretação foi alvo de teorias conspiratórias desde os anos 1970, muitas vezes associada a interesses externos ou riscos infundados. A percepção pública também é influenciada por confusões, como a registrada na 13ª Conferência Nacional de Saúde (2007), onde delegados confundiram fluoretação com cloração. A falta de acesso a dados transparentes sobre os teores de flúor na água, somada à disseminação de estudos mal interpretados nas redes sociais, perpetua o mito.
Fatores socioeconômicos também entram em jogo. Regiões menos desenvolvidas, como o Nordeste, onde a cobertura de fluoretação é menor (e.g., Pernambuco não fluoreta suas águas atualmente), apresentam maior prevalência de cárie e, coincidentemente, piores indicadores educacionais. Isso pode alimentar correlações espúrias entre flúor e QI, quando, na verdade, a pobreza e a falta de educação são os verdadeiros determinantes.
Conclusão: evidências sólidas, mitos frágeis
No Brasil, a fluoretação da água reduziu significativamente a cárie dentária, com o índice CPO-D caindo mais de 67% entre 1986 e 2010, enquanto o QI médio subiu, acompanhando o Efeito Flynn. Estudos robustos não encontram relação entre os níveis controlados de flúor (0,7 mg/L) e declínio cognitivo. As alegações contrárias, embora dignas de atenção, baseiam-se em cenários de exposição extrema ou carecem de evidências aplicáveis ao contexto brasileiro. A ciência respalda a segurança e os benefícios da fluoretação, desde que bem monitorada, desmentindo o mito de que ela compromete o QI.
Fontes
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6050.htm
www.bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1975/prt0635_26_12_1975.html
www.bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html
www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saneamento/9029-pesquisa-nacional-de-saneamento-basico.html
www.bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sb_brasil_2010.pdf
www.cdc.gov/fluoridation/index.html
www.ehp.niehs.nih.gov/doi/10.1289/ehp.1104912
www.ajph.aphapublications.org/doi/10.2105/ajph.2013.301857
www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/s0191886906003158
www.camara.leg.br/proposicoesweb/fichadetramitacao?idproposicao=597532
www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigiagua
www.conselho.saude.gov.br/13conferencia/index.html
Saúde mental no trabalho: desafios e soluções.
O Brasil vive uma crise de saúde mental sem precedentes, especialmente no ambiente de trabalho. Em 2024, o país registrou um recorde histórico de 472.328 afastamentos por transtornos mentais, o maior número em 10 anos, conforme dados do Ministério da Previdência Social. Esse aumento de 68% em relação a 2023 reflete não apenas as sequelas da pandemia de Covid-19, mas também condições do mercado de trabalho e eventos traumáticos regionais, como as enchentes no Rio Grande do Sul. Ansiedade e depressão lideram as causas, evidenciando a urgência de medidas eficazes para proteger o bem-estar psicológico dos trabalhadores.
Quem está sendo afetado?
Os números revelam um padrão preocupante: 64% dos afastamentos são de mulheres, com idade média de 41 anos, muitas enfrentando quadros graves de ansiedade e depressão. Regiões como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro concentram a maioria dos casos, enquanto estados como Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul lideram proporcionalmente.
Uma das causas, como dissemos, é a pandemia, que deixou marcas profundas, com mais de 700 mil mortes no Brasil e uma reconfiguração abrupta das rotinas de trabalho. Estudos apontam que o isolamento, a insegurança financeira e a sobrecarga de tarefas intensificaram problemas pré-existentes.
No Sul, as enchentes de 2024 agravaram significativamente o cenário, com trabalhadores lidando com perdas materiais e emocionais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), transtornos mentais custam globalmente US$ 1 trilhão por ano em produtividade perdida, e o Brasil não está imune a esse impacto econômico e social.
Motivos do crescimento alarmante
Além dos fatores já citados, especialistas no tema destacam uma combinação de fatores para o boom de afastamentos:
• Ambientes de trabalho tóxicos, onde a pressão por resultados, o assédio moral e as longas jornadas são gatilhos comuns.
• “Precarização” do trabalho, uma vez que a informalidade e a mudança nos direitos trabalhistas, intensificadas desde a reforma de 2017, afetam a estabilidade emocional (mesmo com a discussão sobre se o modelo CLT é adequado a uma economia moderna em pleno andamento).
• Maior conscientização - a naturalização do debate sobre saúde mental tem levado mais pessoas a buscar diagnóstico e direitos, como o auxílio-doença do INSS.
Um estudo da Fiocruz revelou que 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem de síndrome de burnout, colocando o país como o segundo no ranking mundial, atrás apenas do Japão. Esse esgotamento profissional, aliado a outros transtornos, reflete uma crise que pode ser considerada estrutural.
Iniciativas corporativas e institucionais: um passo adiante
Empresas começam a reagir à crise. Uma grande companhia de seguros, por exemplo, após notar o aumento de atestados por motivos psicológicos, implementou programas de apoio psicológico, benefícios de bem-estar e orientação financeira. Resultados mostram redução de afastamentos e melhoria no clima organizacional. Outras organizações seguem o mesmo caminho, oferecendo sessões de terapia online e políticas de flexibilidade.
Além disso, a partir de maio de 2025, a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) entra em vigor com atualizações que obrigam empresas a identificar e gerenciar riscos psicossociais, como estresse e assédio. Multas serão aplicadas às que descumprirem, forçando uma mudança cultural no trato da saúde mental no trabalho. A medida é vista como um marco para alinhar o Brasil a padrões internacionais de bem-estar laboral.
Rumo a um futuro mais saudável?
O inação tem custos: a crise não afeta apenas os trabalhadores, mas também a economia. A perda de produtividade e os gastos com afastamentos sobrecarregam o sistema previdenciário e as empresas. Sem intervenção, o problema pode se agravar com o envelhecimento da população e a persistência de condições adversas. Portanto, é mais estrategicamente econômico agir. Alguns bons caminhos para a mudança incluem:
• Prevenção nas empresas, com investimento em treinamentos, redução de carga horária e ambientes acolhedores.
• Políticas públicas para ampliar o acesso a serviços de saúde mental no SUS e integrar cuidados psicossociais às redes comunitárias.
• Educação e conscientização, envolvendo campanhas para reduzir o estigma e incentivar a busca por ajuda.
Um chamado à ação coletiva
A crise de saúde mental no trabalho é um reflexo de uma sociedade em transformação, marcada por traumas coletivos e desafios estruturais. Os números alarmantes são também uma oportunidade para repensar o papel do trabalho na vida das pessoas. Com a nova NR-1 e iniciativas corporativas, o Brasil dá os primeiros passos rumo a um futuro onde o trabalho não seja sinônimo de adoecimento, mas de equilíbrio. Cabe a todos - empresas, governo e sociedade - transformar esse diagnóstico em ações concretas.
Várias soluções do portfólio da SICCS endereçam essas questões, auxiliando pessoas e empresas a lidar com os efeitos individuais, empresariais e corporativos do comprometimento da saúde laboral. O melhor que uma corretora de primeira linha pode fazer para ajudar o trabalhador brasileiro a ter mais saúde e qualidade de vida é continuar a oferecer, com excelência, aquilo que é a essência de seu trabalho: proteção e segurança.
Fontes
www.g1.globo.com
www.gov.br/previdencia
www.who.int/mental-health
www.fiocruz.br
www.ibge.gov.br
www.defesacivil.rs.gov.br
www.gov.br/trabalho
www.scielo.br
www.bbc.com/portuguese
www.uol.com.br
Não basta chamar o síndico.
O condomínio também precisa de um bom corretor de seguros
À parte a disputa política, ideológica e econômica, a recente polêmica envolvendo o pix talvez tenha servido para lembrar um ponto relevante da realidade cotidiana: nem todos os CNPJs são de empresas, no sentido, digamos, tradicional da palavra. Essa percepção é especialmente interessante quando se pensa em condomínios, que embora operem sob um CNPJ são essencialmente comunidades de pessoas que residem ou trabalham em um espaço compartilhado.
Em condomínios, sejam residenciais ou comerciais, a segurança e o bem-estar das pessoas estão sempre entre as prioridades, o que torna a contratação de seguros adequados uma providência essencial - mas, evidentemente, sendo um CNPJ, um condomínio não contratará uma apólice que se encaixe no jargão “seguros pessoais”. E como “seguro empresarial” pode induzir a uma percepção equivocada, talvez o melhor mesmo seja assumir e utilizar a terminologia “seguro condominial”.
Além de ser uma exigência legal, o seguro condominial protege tanto a estrutura física do prédio quanto os moradores e até mesmo os gestores contra diversos riscos. No caso dos condomínios, o CNPJ é usado para facilitar a administração financeira, mas seu objetivo principal é garantir a manutenção e segurança do espaço coletivo. Felizmente, o setor de seguros condominiais tem apresentado um crescimento significativo no Brasil.
Segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), entre janeiro e outubro de 2024 o segmento arrecadou R$ 713,4 milhões, um aumento de 29% em relação ao ano anterior. Mais da metade desse valor foi destinada ao pagamento de indenizações, reforçando a crescente relevância do seguro para a proteção dos condomínios e de seus moradores, assim como a maior consciência daqueles que tomam decisões estratégicas e práticas a respeito.
De acordo com o artigo 1346 do Código Civil, todo condomínio deve possuir um seguro que cubra, no mínimo, riscos como incêndios e destruição total ou parcial. Contudo, as apólices oferecem coberturas que podem ir muito além do mínimo exigido por lei. Veja, a seguir, apenas algumas entre várias possibilidades, organizadas de forma simplificada por tema e abrangendo apólices obrigatórias e não obrigatórias.
Segurança Patrimonial - A cobertura contra incêndios, explosões, ou danos naturais protege não só a estrutura física do condomínio mas também o patrimônio pessoal dos residentes. Os danos causados pela recentes chuvas intensas e alagamentos em várias partes do Brasil deixam ainda mais evidente sua importância.
Responsabilidade Civil - Em caso de acidentes ou danos causados a terceiros, uma boa apólice pode evitar transtornos financeiros e legais para o condomínio e seus administradores. É um avanço em relação à prática securitária que possibilita dar mais tranquilidade aos decisores.
Serviços e Assistência - Muitas apólices incluem serviços de emergência como reparos hidráulicos ou elétricos, que são essenciais para a manutenção de um ambiente seguro e habitável no condomínio. Essa modalidade melhora a relação custo-benefício da contratação e, dependendo do caso (condomínios menores), pode até chegar perto de torná-la de “custo zero”.
A gestão de um condomínio envolve diversas responsabilidades, e a escolha da apólice de seguro adequada não deve ser deixada apenas nas mãos do síndico. Ele certamente terá protagonismo nesse processo, mas sempre precisará de apoio técnico e jurídico. Por isso, o papel do corretor de seguros é fundamental, pois esse profissional tem a expertise necessária para avaliar, contratar e acompanhar a apólice, garantindo que todas as necessidades do condomínio sejam atendidas.
A contratação de um seguro condominial não pode ser vista apenas como um cumprimento de normas, mas sim como um investimento na segurança e no bem-estar de todos os moradores e trabalhadores do condomínio. Contar com o suporte de corretores de seguros qualificados é essencial para garantir que o condomínio esteja protegido contra riscos e imprevistos que podem comprometer a vida e o patrimônio de muita gente. Segurança e tranquilidade nunca são demais quando se trata do lar e do patrimônio coletivo.
A SICCS tem soluções de seguro com apólices adequadas para as mais diferentes necessidades de diversos tipos e portes de condomínio. Com um diferencial importante: mesmo que o seguro seja contratato sob um CNPJ, nossos especialistas nunca esquecem que são as pessoas e suas vidas - num sentido amplo - que precisam ser bem protegidas.
Fontes
www.cnseg.org.br
www.revistaapolice.com.br
www.jusbrasil.com.br
www.infomoney.com.br
Saúde começa pela boca
A importância da saúde bucal para a saúde geral
Enquanto os sorrisos de famosos/celebridades de todos os naipes se pasteurizam, evidenciando uma “perfeição” estética artificial que muitos profissionais da odontologia veem com severas reservas, parece ainda mais relevante falar da saúde bucal, essencial para o bem-estar e a qualidade de vida. A saúde bucal vai muito além da estética ou da simples prevenção de cáries, envolvendo impactos significativos sobre a saúde do organismo como um todo.
Ocorre que a boca desempenha papel vital, sendo uma porta de entrada para nutrientes, mas também para microrganismos, que podem desencadear infecções e doenças sistêmicas graves se não forem controlados adequadamente. Problemas bucais, como cáries e doenças gengivais, estão diretamente relacionados a condições como doenças cardiovasculares, respiratórias e complicações para pessoas com diabetes e gestantes.
Assim, o cuidado bucal é uma questão de saúde geral - ou, como vem se tornando praxe definir hoje, integral - com efeitos que se refletem em diversos sistemas do corpo. Vejamos alguns aspectos.
Conexão entre saúde bucal e doenças sistêmicas
A relação entre saúde bucal e doenças sistêmicas está amplamente documentada. Pessoas com diabetes, por exemplo, apresentam maior risco de desenvolver doenças gengivais. Por outro lado, inflamações periodontais aumentam a resistência à insulina, dificultando o controle glicêmico. Essa relação é tão significativa que a Associação Americana de Diabetes recomenda atenção redobrada à higiene bucal como parte do manejo do diabetes.
Além disso, infecções como a periodontite podem liberar bactérias na corrente sanguínea, contribuindo para problemas cardiovasculares, como a endocardite bacteriana, uma inflamação nas estruturas internas do coração que pode ter consequências graves. O Ministério da Saúde do Brasil ressalta que a boca é um ambiente propício para a proliferação de bactérias e vírus, que podem afetar diretamente o sistema cardiovascular e pulmonar, especialmente em idosos e pessoas com imunidade baixa.
Impacto na saúde respiratória e durante a gravidez
Estudos demonstram que infecções bucais também aumentam o risco de doenças respiratórias. Em idosos e pessoas com dificuldade de deglutição, bactérias orais podem ser inaladas, elevando a incidência de pneumonia e outras complicações respiratórias graves. A saliva desempenha um papel importante no controle bacteriano, e problemas bucais que interferem na produção salivar afetam diretamente a saúde do sistema respiratório.
A saúde bucal tem um papel significativo durante a gravidez: mulheres com doenças periodontais apresentam até 7 vezes mais risco de parto prematuro e nascimento de bebês com baixo peso. A inflamação causada pela periodontite pode alcançar a placenta e desencadear uma resposta inflamatória que acelera o trabalho de parto. Portanto, a saúde bucal adequada é essencial para proteger a saúde tanto da mãe quanto do bebê.
Panorama da saúde bucal no brasil e ações públicas
No Brasil, a saúde bucal da população é uma área prioritária para a saúde pública, refletida nas iniciativas do programa Brasil Sorridente. Segundo os dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil 2023), que avaliou mais de 40 mil brasileiros em 27 capitais e 403 cidades do interior, a saúde bucal tem melhorado, mas ainda apresenta desafios significativos.
Entre as crianças de 5 anos, por exemplo, 53,17% estavam livres de cáries, uma melhora considerável em relação ao levantamento anterior, de 2010, quando esse índice era de 46,6%. Esse avanço foi mais acentuado nas regiões Sul e Sudeste, que registraram aumentos de 40,7% e 21,9%, respectivamente. No entanto, na região Centro-Oeste, houve uma leve redução na proporção de crianças sem cáries.
Entre a população adulta, a pesquisa SB Brasil 2023 indicou que a cárie dentária ainda é uma condição prevalente, especialmente em regiões de menor renda, o que reforça a necessidade de políticas públicas eficazes que garantam acesso a cuidados odontológicos. Além disso, adultos entre 35 e 44 anos e idosos entre 65 e 74 anos apresentam uma alta demanda por próteses dentárias, destacando uma necessidade contínua por intervenções de reabilitação.
Medidas preventivas para a saúde bucal e geral
Para manter uma saúde bucal adequada, a receita é bem conhecida: recomenda-se a escovação dos dentes ao menos duas vezes ao dia, o uso de fio dental diariamente e visitas regulares ao dentista. A redução do consumo de açúcares e alimentos processados também é essencial, pois esses produtos são fatores que contribuem para o desenvolvimento de cáries. A ingestão adequada de água ajuda a manter a produção salivar, o que é crucial para controlar a proliferação bacteriana na boca e prevenir infecções.
O Ministério da Saúde enfatiza uma abordagem preventiva e integrada, em que o acompanhamento odontológico faz parte dos cuidados gerais de saúde, considerando que os problemas bucais têm implicações diretas para a saúde sistêmica. Políticas como o Brasil Sorridente buscam oferecer acesso mais amplo aos serviços odontológicos, especialmente para comunidades vulneráveis, e promover a conscientização sobre a importância da saúde bucal como parte da saúde integral.
Resumindo...
A saúde bucal é fundamental para a saúde geral e engloba cuidados que vão além de dentes e gengivas. Mantê-la em boas condições previne uma série de doenças que afetam diversos sistemas do corpo. Por isso, o incentivo a hábitos diários de higiene e a conscientização sobre a importância de consultas regulares ao dentista são medidas essenciais.
O Brasil tem avançado significativamente na promoção da saúde bucal com políticas públicas como o Brasil Sorridente, que desempenha papel fundamental ao garantir acesso ao tratamento e promover a conscientização em saúde bucal, um pilar crucial na saúde pública, com benefícios que ultrapassam o cuidado odontológico e refletem diretamente no bem-estar geral da população.
Ao dar visibilidade ao assunto, a SICCS - que dispõem de soluções de seguro para cuidar da saúde tanto de equipes empresariais como de indivíduos - visa a contribuir para maior compreensão sobre o tema, favorecendo assim a evolução dos cuidados de todos com a saúde bucal. Despertar e manter sorrisos também faz parte do nosso trabalho.
Fontes
www.crosp.org.br
www.iess.org.br
www.apcd.org.br
www.gov.br/saude
www.scielo.br
Vamos seguir a tradição.
É difícil publicar um blog entre o Natal e o Réveillon sem fazer referência a essas datas. Mas trata-se de um doce desafio. Hoje, vamos seguir tal caminho, digamos, tradicional e falar, sim, sobre esse período de celebração.
A escolha de abraçar essa pauta está em sintonia com a SICCS, porque temos o que celebrar. Ninguém há de negar que o ano que está acabando foi desafiador para vários segmentos, pois turbulências políticas, econômicas e até mesmo jurídicas sempre são um obstáculo a negócios saudáveis. Mas, apesar disso, conseguimos persistir em nossos objetivos, manter nossa qualidade e entrar numa fase de maturidade que vemos como o primeiro passo de um desenvolvimento infinito.
Momentos marcantes como as publicações em comemoração aos nossos 8 anos (inspiração para o tema "infinito") e o sucesso do evento Propositar reforçam a sensação de uma jornada valiosa ao longo de 2024 - e motivadora para 2025.
Porém, claro, esse texto não é só sobre o que nós temos a celebrar. Tem também a ver com o que você realizou ao longo desse período e tem planos de conquistar no ano que vem. Sentimos real satisfação de pensar que, de alguma forma, ajudamos você, que está lendo esse texto, a chegar aonde pretendia - e que vamos continuar a fazer isso no futuro.
Falar que sem nossos clientes, colaboradores, fornecedores, parceiros e admiradores nosso trabalho não faria sentido é o óbvio - mas também é o mínimo. Não importa que seja um pouco previsível, se for muito sincero. E pode ter certeza que é.
No fim das contas, o objetivo real desse artigo é dar uma palavra de estímulo e fazer um afago de gratidão a todos que fazem parte da nossa história. Se é essa a tradição, não temos problema em segui-la.
Portanto, nesse último artigo do ano, a intenção é compartilhar tanto as nossas quanto as suas conquistas. Porque, afinal, não é esse o melhor espírito de uma celebração: criar ou fortalecer a união, o vínculo com algo ou alguém que nos importa?
No apagar das luzes de 2024, quando começamos a vislumbrar o brilho de 2025, é essa mensagem, tradicional e sincera, que temos para você (além de algumas boas ideias que ainda vão rolar em nossas redes sociais).
Em sua entrada no Ano Novo, receba da nossa equipe um abraço não só sincero, mas também do mesmo jeito que escolhemos olhar para o futuro: infinito.
Proibir 6x1 não vai ficar no 0x0
Proposta populista?
Vamos reduzir a jornada de trabalho - não apenas um pouco, mas significativamente - mantendo inalterados os salários, e todos ficarão felizes. Simples, não? Não: esqueceram de combinar com a realidade. E com o regime econômico em que, supostamente, vivemos (ou queremos ser, quando o país crescer).
Todos acompanharam a polêmica: a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), com discurso anticapitalista e tudo, propôs uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para substituir a escala 6X1 (6 dias de trabalho, 1 de descanso, com limite de 8 horas/dia e 40 horas semanais), amplamente utilizada em setores que demandam operações contínuas - como fábricas, farmácias, hotéis, restaurantes, segurança e transporte - pela escala 4x3, ou seja, uma semana com 4 dias de trabalho e 3 de folga, com jornada de 36 horas semanais.
Claro que a “pegadinha”, aquele subterfúgio de bom-mocismo malandro, meticulosamente inserido para chamar de explorador qualquer pessoa que se oponha à ideia, está em defender algo vago como o “bem-estar do trabalhador”, decidindo no lugar dele e considerando todo empreendedor um sanguessuga. Evidentemente, a escala 6x1 oferece benefícios operacionais para as empresas e realmente pode comprometer a qualidade de vida do colaborador, ponto que provavelmente tem mil modos de ser endereçado.
Não, não é essa a questão. O cerne do problema, e do debate, é a tentativa messiânica de mudar as relações de trabalho e a estrutura organizacional das empresas via canetada (no caso, lei), de forma totalmente irresponsável com as consequências. É uma, digamos, jogada para para aparecer “bem na foto” na visão de quem não está aparelhado o suficiente para análises profundas. Com mais de 190 assinaturas de parlamentares, a PEC segue para análise, embora deva enfrentar longo processo legislativo até uma possível aprovação.
Impactos nos salários e na economia
Uma das maiores preocupações em relação à redução da jornada é como isso afetará os salários. Embora o princípio da irredutibilidade salarial previsto na Constituição (artigo 7º, VI) proíba cortes salariais sem negociação coletiva, especialistas apontam que a redução da carga horária semanal pode levar a ajustes indiretos, como a perda de poder de compra, e à maior informalidade, semelhante ao que aconteceu com a “PEC das Domésticas”.
A legislação atual permite a negociação de reduções proporcionais por meio de acordos coletivos. Medidas semelhantes foram aplicadas durante a pandemia da Covid-19 e em programas de preservação de empregos no governo Dilma. No entanto, manter salários inalterados com jornadas menores impõe grandes desafios (atual sinônimo de “dificuldades”) financeiros às empresas, especialmente no setor de serviços, que utiliza amplamente a escala 6x1.
Segundo vários economistas, o aumento dos custos operacionais decorrente de uma jornada reduzida seria inevitavelmente repassado, claro, aos consumidores, elevando os preços e pressionando a inflação, sendo que setores competitivos como varejo e alimentação podem intensificar a substituição de trabalhadores por tecnologia para conter custos, o que afetaria principalmente profissões de baixa qualificação, exigindo maior especialização para se adaptar às novas demandas.
Uma análise preliminar feita por inteligência artificial (já que está na moda), estima que a migração da escala 6x1 para a escala 4x3 resultaria em um aumento de custos de aproximadamente 33% para as empresas. Isso ocorre porque a disponibilidade de trabalho dos colaboradores cairia de cerca de 85,7% para 57,1% dos dias úteis, obrigando as empresas a contratar mais funcionários para manter o mesmo nível operacional. Além dos salários, encargos trabalhistas, treinamento e integração de novos funcionários também contribuiriam para elevar os custos.
Defensores passionais x analistas lúcidos
Defensores da redução da jornada, como Erika Hilton, argumentam que a mudança proporcionaria mais tempo para descanso, aumentando a produtividade e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Além disso, a proposta poderia supostamente estimular novas contratações para cobrir as horas reduzidas, aquecendo o mercado de trabalho. Isso supondo, claro, que a capacidade de pagar das empresas, sempre dirigidas por capitalistas malvadões, seja infinita e flutue no espaço, desvinculada de encargos e outros detalhes inconvenientes da realidade.
Para analistas mais lúcidos, a implementação de uma semana de trabalho mais curta enfrenta evidentes entraves legais e econômicos. A ausência de incentivos ou suporte governamental torna a transição “desafiadora” (difícil...), especialmente para pequenas e médias empresas. Sem políticas públicas que reduzam os custos de produção e de... bem, gerar empregos, a adoção dessas medidas poderia ampliar desigualdades no mercado de trabalho e afetar setores essenciais que operam em regime 24x7.
Em outras palavras, derrubar na marra o 6X1 não levaria suavemente a um 4x3, como se no caminho houvesse uma espécie de 0x0 de tensões socioeconômicas. Provavelmente, a medida seria um espetacular gol contra. Parece inegável que há empregadores que exploram empregados, mas não parece uma boa ideia forçá-los a ser razoáveis ou mais “generosos” impondo uma lei talvez inviável. E aqui não se está defendendo que o trabalhador seja explorado, problema real de uma economia que carece de maturidade, mas que essa qualidade de vida pretendida seja atingida, talvez, quem sabe, por crescimento econômico e aumento da produtividade.
O economista e o filósofo
O debate, portanto, envolve não apenas o bem-estar dos trabalhadores, mas também a sustentabilidade econômica das empresas e o impacto no mercado de trabalho. A decisão final sobre a regulação dessa mudança cabe ao Congresso Nacional, onde, conforme a lenda, tudo pode acontecer, inclusive nada. Enquanto isso, a discussão continua a movimentar diferentes setores da sociedade, dividindo opiniões sobre os caminhos para equilibrar produtividade, qualidade de vida e estabilidade econômica.
Uma passagem ilustrativa, real, talvez sintetize bem o debate. Em prestigiado programa de televisão, o filósofo carismático, já há algum tempo decidido a pagar pedágio ideológico, diz que abriria mão do conforto de um supermercado 24 horas, ou estaria disposto a pagar mais por ele, para que o trabalhador não seja explorado na escala 6x1. Em réplica, o pragmático economista, colega de bancada naquele dia, diz que os pobres que compram do mesmo lugar não concordariam muito com a ideia. Na tréplica, o filósofo diz não saber se a proposta funciona, mas que a defende em princípio. Ao que o economista fulmina: meu princípio é saber se funciona, antes de propor.
Can we rest our case?
Fontes:
www.bbc.com/portuguese/articles
www.noticias.uol.com.br
www.camara.leg.br/noticias
www.rhnoticias.com.br
Motivos para ter gratidão
Uma reflexão no Dia da Ação de Graças *
Dê graças pelo novo dia, a cada dia, é mais um pedacinho de vida que se inicia, e como na vida tudo pode acontecer, o começo de um novo dia é o início de uma pequena aventura. Talvez, grande...
Dê graças por sua saúde, seus olhos, seus ouvidos, seus lábios, suas mãos, suas pernas, sua pele, seu coração, seu pulmão. Olhar, ouvir, saborear, andar, tocar, respirar, emocionar-se são parte importante da aventura da vida. Se acaso você tiver limitações para fazer alguma dessas coisas, talvez isso seja uma aventura também.
Dê graças pelos amores que você já encontrou e encontrará na vida, sejam de que natureza forem: amizades, flertes, namoros, romances, família - a de que você veio e a que você formou. Dê graças em especial por seus filhos... seus filhos... seus filhos! Filhos são uma das maiores aventuras da vida. Talvez, a maior.
Dê graças também pelos momentos em que está sozinho: são uma grande oportunidade de descobrir como é estar em sua própria companhia. Descobrir-se, perceber-se, reconhecer-se, sentir até onde vai sua dependência e independência dos outros, chama-se de autoconhecimento - uma forma profunda de se aventurar.
Dê graças pelo trabalho que você escolheu realizar, a profissão dos seus sonhos, a atividade em que se encontrou, ou talvez aquela outra, que invadiu sua vida e hoje gera seu sustento e prosperidade. O equilíbrio entre vocação e disciplina, talento e oportunidade, preferência e pragmatismo pode ser uma grande aventura também.
Dê graças pelos antepassados corajosos que migraram, fizeram grandes viagens arriscadas, enfrentaram a natureza, venceram, plantaram, colheram, produziram alimento para os avós dos seus avós do seus avós. Em outro lugar, não tão distante, pessoas que se aventuraram como eles inspiraram esse gesto de dar graças, e também graças a eles você está aqui hoje, tendo a chance de ser grato por viver sua própria aventura.
Dê graças à Divindade, aos céus, ao universo, e se você não acreditar em nada transcendental, dê graças simplesmente à natureza, que, mesmo pelo acaso, está permitindo que você viva a aventura da sua vida neste momento.
E, não se esqueça, dê graças também à ideia de cuidado, que tantos, por tanto tempo, descobriram formas engenhosas de produzir, ampliar, aperfeiçoar, distribuir, providenciar. Sem o contraponto da cautela, da autopreservação, da proteção de quem e daquilo que se ama, aventurar-se provavelmente seria apenas a imaturidade e irresponsabilidade de arriscar-se sem sentido.
Portanto, não se acomode, mas dê graças por existir essa preciosa noção de sobrevivência, de continuidade, de tranquilidade, de conforto para si e para os seus. Não há nenhum problema nisso... Segurança talvez seja, enfim, a busca final de toda aventura.
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