Setembro Amarelo | Se precisar, peça ajuda!

Mês de Prevenção ao Suicídio - Uma campanha que salva vidas

Setembro Amarelo é uma campanha criada em 2015 pelo CVV - Centro de Valorização da Vida com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre esse problema complexo e traumático e reduzir o número de suicídios no país. Claro que o tema precisa ser discutido o ano todo, mas, como em muitas outras causas, eleger um mês específico para falar dele ajuda a dar ênfase na abordagem que acontece em diversos ambientes e envolve várias instituições.

No Brasil, 12,6% por 100 mil homens e 5,4% por 100 mil mulheres morrem devido ao suicídio. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, culturas, idades classes sociais. Atualmente, considera-se que apenas 38 países têm uma estratégia nacional de prevenção ao suicídio.

Em nível global, segundo a OMS - Organização Mundial de Saúde mais pessoas morrem anualmente em razão de suicídio do que por causa de doenças como malária e câncer de mama - ou até mesmo guerras e homicídios. Entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio figura como a 4ª causa de morte (depois de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal).

Muita gente desconhece que existe uma estreita relação entre doença mental e suicídio: praticamente todos que cometem o ato (98,6%) possuem algum transtorno ou doença mental, principalmente depressão. Nem todos que têm um quadro dessa natureza terão necessariamente comportamento suicida, mas sua presença é indicador estatístico de alto risco e motivo mais do que suficiente para permanecer ainda mais alerta.

Existem muitos mitos acerca do suicídio, alguns francamente contrários aos objetivos de uma campanha para evitá-lo. Dois exemplos são: a) achar que quem ameaça se matar não consumará o ato e quer apenas chamar atenção; b) concluir que quando uma pessoa sobrevive a uma tentativa de suicídio e apresenta melhora está fora de perigo. No 2º caso, é exatamente o oposto - pacientes que já tentaram suicídio antes têm de 5 a 6 vezes mais chances de tentar novamente e esse é considerado o maior fator de risco.

Existem muitas formas de ajudar a evitar que um suicídio aconteça. Um dos pontos em que se pode buscar apoio é o próprio CVV, uma organização filantrópica, sem fins lucrativos, cujo objetivo é oferecer apoio emocional a quem está sofrendo com pensamentos suicidas.

Para quem é próximo, como amigos e familiares, uma percepção aguçada de que o problema existe e a disposição de agir na hora certa podem ser decisivas. Entenda-se aqui, por “agir”, tanto a capacidade de conversar sem preconceito sobre o tema com a pessoa que está em risco, estimulá-la e ajudá-la a procurar especialistas em saúde mental assim que possível, como tomar providências emergenciais caso a tentativa aconteça.

No site oficial da campanha Setembro Amarelo e na cartilha especial que a SICCS está disponibilizando sobre o tema existem informações mais completas e detalhadas a respeito deste fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em praticamente todas as culturas conhecidas, mas que podemos, e precisamos, enfrentar hoje, aqui e agora, talvez para salvar a vida de uma pessoa querida.


Saúde faz faltaS

Rankings são intrigantes: dependendo de quem os faz, apontam numa direção, em direções mais ou menos convergentes - ou em outra direção, totalmente oposta. Quando essa forma de hierarquizar informações envolve preferências (os 10 melhores filmes da história do cinema, por exemplo), é compreensível e até esperado que haja discrepâncias. Quando a base do levantamento supostamente são dados objetivos, a única conclusão possível entre resultados diferentes é que apenas um deles está certo.

Como lidar com rankings, então? Qual a melhor forma de entender dados diferentes sobre uma realidade supostamente objetiva, como principais motivos de afastamento do trabalho, nossa pauta de hoje? Para quem não está envolvido diretamente no levantamento, nem tem outro motivo para descredibilizar o ranking concorrente, talvez a melhor atitude seja direcionar o foco para o que os diversos rankings têm em comum. Aqui, parte-se do princípio de que todos eles acertaram em alguma coisa e que os pontos de convergência indicam maior probabilidade de veracidade.

Vamos pegar 2 exemplos. Segundo a consultoria B2P, especializada nesse tipo de levantamento, as 10 principais causas de afastamento no trabalho em 2022 foram, em ordem decrescente de nº de ocorrências:
- Lesões - Desde traumatismos até luxações, distensões e fraturas, permitindo deduzir alguma superposição com o próximo item.
- Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo - Artrites, artroses, osteopatias etc., frequentemente adquiridas no trabalho.
- Transtornos mentais e comportamentais - problemas como depressão, ansiedade, síndrome de burnout, entre outros.
- Contato com serviços de saúde - Exames médicos de rotina, consultas, cuidados pós-cirúrgicos, acompanhar alguém doente etc.
- Doenças do aparelho digestivo - Gastrites, úlceras, apendicite etc.
- Gravidez - Cuidados na fase pré-natal, gravidez de risco, parto etc.
- Doenças do aparelho circulatório - Hipertensão, infartos, miocardites e outras doenças desse tipo incluídas no CID.
- Doenças do sistema nervoso - Enxaqueca, epilepsia, meningite, esclerose múltipla, mal de Alzheimer, doença de Parkinson etc.
- Doenças do aparelho geniturinário - Cólicas menstruais, problemas nas mamas, males relativos à próstata e outros órgãos do trato urinário.
- Doenças do sangue - Diferentes tipos de anemia, problemas de coagulação, imunodeficiências etc.

Já o artigo de uma empresa especializada em produtos ergonômicos, baseado em dados de um anuário do Dieese sobre emprego e renda, aponta como 3 principais causas:
- Dor nas costas - Seria a campeã em afastamentos do trabalho no Brasil, mas mencionada de forma genérica pode se superpor ao item 2.
- LER/DORT - Lesões por esforço repetitivo e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho também estariam entre as principais causas (parece difícil não encaixar “dor nas costas” nessa categoria).
- Depressão - Apontada como uma das doenças mais frequentes na população e com muitos casos que surgem exatamente no trabalho.

Como se vê, o 2º ranking parece dar significativamente mais peso a questões causadas por inadequações ergonômicas, e mesmo o 1º não diferencia muito nitidamente “lesões”, que podem ser causadas por (ou sintomas de) “transtornos osteomusculares”. Porém, há certa equivalência. Mas onde os rankings convergem mais claramente? No 3º item, principalmente na menção a depressão.

Quase qualquer busca de informações sobre doenças capazes de fazer as pessoas faltarem ao trabalho, quando realizadas levando em conta os dados citados por uma instituição dedicada a uma área específica (sociedades de dermatologia, cardiologia, oftalmologia e assim por diante), divergirá, ao menos em parte, de rankings mais abrangentes.

É compreensível, mas nem sempre confiável. O gestor que tem sob sua responsabilidade a saúde dos colaboradores - e/ou o gerenciamento do benefício de um plano de saúde corporativo - sempre precisará “filtrar” esses diversos rankings, levando em conta a metodologia utilizada, a confiabilidade da fonte, o “bom senso” e, principalmente, as necessidades e particularidades de seu negócio e do respectivo ambiente de trabalho.

Parece inquestionável que as questões envolvendo as lesões/dores relacionadas à prática laboral, e a depressão, ocupem lugar de destaque no absenteísmo. É uma providência com custo-benefício positivo praticamente certo direcionar, com certa prioridade, esforços, recursos e inteligência empresarial para preveni-los e atenuá-los. Além, claro, do aspecto humano envolvido.

O afastamento por motivo de saúde não é fácil para nenhuma das partes. Por isso, é importante cuidar. Durante o dia a dia de trabalho, os gestores precisam estar atentos ao que fazem os colaboradores, desde a eficiência em suas tarefas até o comportamento durante o expediente.

Boas práticas de gestão, líderes bem treinados e adesão a programas de saúde física e mental são as melhores ferramentas de que a empresas dispõem para manter os integrantes de suas equipes saudáveis e engajados com o trabalho. Soluções SICCS como Plano de Saúde Empresarial/Corporativo e Gestão de Benefícios ajudam nessa jornada.

Nós entendemos que, quando a saúde faz falta, as faltas se multiplicam.

 

Fontes
www.wellbe.co
www.pro-labore.com
www.exame.com/carreira
www.conexasaude.com.br
www.telavita.com.br


Julho Amarelo - Combate às Hepatites Virais

Hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser decorrente de diversas causas: infecção, uso de medicamentos, uso de álcool e outras drogas, doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. Alguns dos sintomas mais comuns são cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Nosso blog de hoje foca nas hepatites infecciosas, especificamente causadas por vírus. Com foco na prevenção e conscientização das hepatites virais, uma lei federal instituiu, em 2019, a campanha nacional Julho Amarelo, que destaca a importância da testagem precoce e do tratamento da doença. Não por acaso, dia 28 de julho é o Dia Mundial da Luta Contra as Hepatites Virais, data criada pela OMS - Organização Mundial da Saúde.

Os tipos
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são do tipo A, B e C. Existem, ainda, a hepatite D, mais comum na Região Norte, e a hepatite E, a menos frequente no país. As hepatites B e C são consideradas mais críticas, pois costumam ser silenciosas e acabam sendo descobertas quando a doença já está avançada, provocando cirrose hepática e até mesmo câncer de fígado.

As hepatites virais podem não apresentar sintomas por um longo período após a infecção e passam despercebidas por pelo menos 1 milhão de pessoas no Brasil, que convivem com a doença sem saber. Somente as hepatites dos tipos B e C são responsáveis por cerca de 74% dos casos no país, sendo que a hepatite C é, sozinha, responsável por 76% das mortes, segundo dados do Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig).

Enquanto as hepatites A e E são transmitidas por contato com virus presentes em locais com condições precárias de saneamento básico, ou devido a más condições de higiene pessoal e alimentar, as hepatites B e C são transmitidas principalmente por relações sexuais desprotegidas, contato com sangue contaminado (inclusive por meio do compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicate de unha etc.) ou transplantes de órgãos de doadores infectados.

Outra possibilidade é a transmissão de mãe para filho durante a gravidez, por isso a testagem para hepatite em mulheres grávidas, ou com intenção de engravidar, é fundamental para prevenir a transmissão da mãe para o bebê, que pode ser evitada por tratamentos específicos nesses casos.

A prevenção
A prevenção das hepatites A e E incluem melhora no saneamento básico, evitar contato com água contaminada e higienização dos alimentos antes do consumo. A prevenção dos tipos B, C e D requer a adoção de práticas seguras, como o uso adequado do preservativo e o não compartilhamento de objetos perfurocortantes, como os já citados, e de higiene pessoal.

E nem é preciso dizer que em consultórios médicos e odontológicos, salões de manicures, entre outros - como estúdios de tatuagem e piercing - é importante sempre usar materiais esterilizados ou descartáveis.

E aqui vai talvez uma das informações mais importantes: existem
vacinas para a prevenção contra as hepatites A e B, e quem se vacina para o tipo B se protege também contra a hepatite D. Esses imunizantes estão disponíveis gratuitamente no SUS. Para os demais tipos de vírus não há vacina, mas existe tratamento.

Tratamento
A hepatite A é uma doença aguda e o tratamento se baseia em dieta e repouso, o que geralmente traz melhora em algumas semanas, sendo que e a pessoa adquire imunidade, ou seja, não terá uma nova infecção. As hepatites B e D têm tratamento e podem ser controladas, evitando a evolução para quadros severos.
E, claro, todas as hepatites virais devem ser acompanhadas e tratadas por profissionais de saúde, pois as infecções podem se agravar e trazer consequências graves, como dissemos acima.

Um dado extremamente relevante e não muito divulgado, talvez porque exista uma “corrente” na medicina que aposta no alarmismo como forma, digamos, “não-convencional” de prevenção (paternalizando as pessoas e atropelando as escolhas e responsabilidades individuais): a hepatite C tem cura em mais de 90% dos casos quando o tratamento é seguido corretamente.

A falta do conhecimento sobre as hepatites virais é um grande desafio. A recomendação é que todas as pessoas com mais de 45 anos façam o teste, gratuitamente, em qualquer posto de saúde. Em caso de resultado positivo, o SUS - Sistema Único de Saúde oferece tratamento para todos os tipos de hepatite, independente do grau de lesão do fígado.

Ao compartilhar essas informações aqui, e divulgando esse artigo em nossas redes sociais, a SICCS tem a intenção de contribuir para a conscientização proposta pelo Julho Amarelo.

Convidamos você a fazer o mesmo.

Fontes
www.gov.br/ebserh/pt-br/
www.saude.pr.gov.br/Pagina/Hepatites-virais
www.saude.es.gov.br/hepatitesvirais


Resseguro: um ilustre desconhecido?

Volta e meia, participantes de bancadas de programas jornalísticos utilizam o termo “resseguro”, como se o espectador médio soubesse exatamente do que se trata, para que serve, qual sua importância. E não é menos frequente que o termo seja trazido à baila quando se fala do setor de saúde - sem explicações complementares.

É quase como se o entrevistado ou colunista televisivo dissesse: “você não sabe o que é resseguro, seu desinformado?”. No mínimo, uma deselegância. Bem, o leitor médio desse blog é bastante bem-informado, mas é bastante plausível, e compreensível, que talvez ele não saiba o que é resseguro, nem tampouco sua importância para a saúde. Vamos, então, elegantemente, explicar.

Resseguro é um termo utilizado no setor de seguros para se referir à prática em que uma empresa seguradora transfere parte ou a totalidade dos riscos assumidos por ela para outra empresa, chamada de resseguradora. Dessa forma, a seguradora original, conhecida como cedente, protege-se contra a ocorrência de grandes perdas em determinadas apólices de seguro que emitiu.

Em outras palavras, quando uma seguradora emite uma apólice de seguro para um cliente, ela assume a responsabilidade de indenizá-lo em caso de sinistro, como um acidente de carro ou um incêndio em uma propriedade. No entanto, para mitigar seu próprio risco, a seguradora pode transferir parte desse risco para uma resseguradora, por meio de um contrato de resseguro.

Assim, no caso de um sinistro ocorrer e a seguradora precisar pagar uma indenização significativa ao segurado, ela pode acionar a resseguradora para cobrir uma parte ou a totalidade do pagamento. O resseguro tem como objetivo proteger as seguradoras contra eventos, digamos, catastróficos ou prejuízos inesperados que possam afetar sua solvência financeira.

O contrato de resseguro estabelece os termos e as condições da transferência de risco, incluindo o percentual de risco transferido, os prêmios a serem pagos à resseguradora e as responsabilidades de cada parte envolvida.

Essa prática confere estabilidade financeira às seguradoras, permitindo que operem com maior segurança e capacidade de assumir riscos adicionais e continuem a oferecer cobertura aos segurados enquanto reduzem sua exposição a grandes perdas, já que têm um mecanismo de proteção financeira em caso de eventos de alto impacto.

No setor de saúde, o resseguro desempenha papel fundamental, oferecendo diversos benefícios e garantindo a estabilidade financeira também das seguradoras que operam no segmento. Veja, a seguir, algumas das principais razões pelas quais o resseguro é importante nesse setor (todas, de alguma forma, relacionadas ao equilíbrio econômico dos players do segmento).

Compartilhamento de riscos - O resseguro permite que as seguradoras de saúde compartilhem os riscos assumidos ao emitir apólices de seguro. Dado que certos eventos de saúde podem resultar em custos significativos, como tratamentos médicos caros ou internações prolongadas, o resseguro auxilia na distribuição desses riscos entre as seguradoras e as resseguradoras, reduzindo a exposição financeira das seguradoras a eventos imprevistos de grande magnitude.

Proteção contra perdas excessivas - A área de saúde está sujeita a riscos consideráveis, como surtos de doenças, incorporação obrigatória de avanços tecnológicos caros e custos médicos imprevisíveis. O resseguro proporciona uma camada adicional de proteção financeira às seguradoras, permitindo que elas enfrentem situações em que as despesas médicas ultrapassem seus limites de retenção de riscos. Assim, mesmo diante de eventos de alta sinistralidade, as seguradoras de saúde podem contar com o apoio das resseguradoras para mitigar as perdas financeiras.

Ampliação da capacidade de oferta - O resseguro permite que as seguradoras de saúde ampliem sua capacidade de oferta de seguros. Ao compartilhar riscos com as resseguradoras, as seguradoras podem assumir mais segurados e emitir apólices com coberturas mais abrangentes. Isso resulta em um mercado de seguros de saúde mais robusto, com uma maior oferta de opções e cobertura para os beneficiários.

Suporte em dificuldades de capital - As seguradoras de saúde, assim como qualquer empresa, podem enfrentar dificuldades financeiras em determinados momentos, mesmo independente de fatores externos. O resseguro pode fornecer um suporte valioso nessas situações, ajudando as seguradoras a lidar com problemas de capital e garantir sua solvência. Ao transferir parte dos riscos para as resseguradoras, as seguradoras podem reduzir sua exposição financeira e melhorar sua posição de liquidez.

Em síntese, o resseguro desempenha um papel crucial na área de saúde, permitindo que as seguradoras compartilhem riscos, protejam-se contra perdas excessivas, mantenham estabilidade financeira, ampliem sua capacidade de oferta e recebam suporte em dificuldades de capital.

É o conjunto desses efeitos que garante a continuidade das operações das seguradoras de saúde, a proteção dos segurados e a sustentabilidade do sistema de seguro de saúde como um todo. Não é tão difícil entender, mas para quem toca no tema publicamente, num veículo de comunicação de grande alcance, não custava explicar. Como a SICCS fez agora para você.

 

Fontes
www.cnseg.org.br
www.gov.br
www.revistaapolice.com.br
www.revistacobertura.com.br


Saúde pós-pandemia: o que mudou no comportamento das pessoas?

A emergência sanitária global acabou, inclusive “oficialmente”, como “decretado” pela própria OMS em comunicado mais ou menos recente - e, diga-se de passagem, o órgão da ONU não foi exatamente um exemplo de mira certeira durante a crise provocada pelo coronavírus, no início revelando o que muitos ainda consideram imprudência e, no final, provavelmente pecando por um considerável “excesso” de cautela e insistente alarmismo.

Órgãos oficiais, locais e globais, são uma referência importante, claro, mas inciativas nascidas da própria sociedade precisam ser bem consideradas e cruzadas/comparadas com as de qualquer instância que possa sofrer (mais fortemente) influências políticas - como, ninguém há de negar, é a ONU. Foquemos, portanto, num importante player global do segmento de saúde.

Para compreender as recentes mudanças nas expectativas, atitudes e comportamentos em relação à saúde e bem-estar, o Grupo Allianz Partners conduziu uma pesquisa em fevereiro de 2022, envolvendo mais de 25 mil consumidores, em 10 países, inclusive o Brasil. Os resultados revelaram 4 tendências que se intensificaram durante a pandemia, especialmente devido à mudança na relação das pessoas com a tecnologia.

Mesmo depois de mais de 1 ano, essas tendências fornecem insights valiosos sobre as transformações que ainda estamos vivendo desde o surgimento da emergência sanitária global, do cuidado médico até o comportamento das pessoas e o uso de tecnologias inovadoras. Sãos tendências que, tudo indica, estão moldando o presente e o futuro do setor de saúde e bem-estar.

A 1ª tendência está relacionada a mudanças na área médica. Nos últimos anos, tem havido um aumento nos casos de doenças crônicas e problemas de saúde mental, impulsionados pelo envelhecimento da população, estilos de vida sedentários, dietas inadequadas e diversos tipos de pressões sociais, além do ressurgimento parcial de doenças infecciosas, como sarampo.

Consequentemente, 47% dos jovens da assim chamada Geração Z (entre 18 e 25 anos) expressaram preocupação com problemas de saúde mental, enquanto 48% das famílias com filhos continuavam demonstrando preocupação com a covid-19 e outros vírus.

A 2ª tendência se refere a uma interessante, e extremamente relevante, mudança de comportamento: a transformação do paciente passivo em um ativo, ou seja, alguém que agora busca tomar decisões ativas para determinar seu próprio cuidado médico.

No tema saúde preventiva, o Brasil se destacou, liderando o ranking entre os participantes da pesquisa. Um exemplo: 60% dos pacientes com mais de 65 anos se mostraram interessados em exames de triagem precoce para prevenir o surgimento de condições específicas às quais possam ser vulneráveis, seja por individualidade biológica (inclusive fatores genéticos) ou estilo de vida.

A 3ª tendência envolve diretamente avanços tecnológicos. A saúde remota tornou-se uma realidade mais presente, com o uso da telemedicina nitidamente impulsionado: terapia remota on-line, atendimentos simples e triagem inicial, entre outros. No Brasil, observou-se um aumento de teleconsultas e entregas de medicamentos em domicílio, sendo este segundo item utilizado por 20% das famílias com filhos. Dentro do universo da pesquisa, os brasileiros são os que mais procuraram esse tipo de serviço.

A 4ª tendência também está relacionada à evolução tecnológica. Estamos vivendo um momento de controle hiperpersonalizado impulsionado por dados. O uso de tecnologias que permitem o monitoramento de várias métricas tem modificado a relação das pessoas com sua saúde, o acompanhamento de atividades físicas e o conhecimento de seus próprios corpos. Falamos desse tema recentemente aqui em nosso blog, num artigo sobre saúde digital.

O panorama final apresentado mostra uma população com indivíduos mais conscientes sobre sua própria saúde, começando pelo do monitoramento diário do corpo, passando pela preocupação com o acesso a serviços médicos - tanto na rede pública quanto no sitema privado - e chegando até uma integração mais ampla de todos esses aspectos com dispositivos eletrônicos.

Em outras palavras, além de maior atenção à saúde, existe também uma busca por praticidade e atendimento rápido e seguro, revelando um binômio cuidado + conveniência que está moldando as possibilidades de atendimento e influenciando a adesão das pessoas. É fundamental que o segmento de saúde continue acompanhando essas tendências e adaptando-se a elas, pois compreender as mudanças nas expectativas e comportamentos dos indivíduos permite desenvolver soluções inovadoras que atendam às necessidades/desejos - sempre em evolução - dos consumidores.

Sempre atenta ao fluxo tecnológico-comportamental que atinge soluções de saúde individuais e, principalmente, corporativas, a SICCS atua em constante sinergia com seguradoras e operadoras parceiras, para assim oferecer soluções adequadas à realidade atual do segmento, inclusive no que tange a mudanças trazidas pelo grande impacto desse fato histórico que foi a pandemia.

Porque a emergência sanitária global pode ter acabado, mas seu legado, psicológico e prático, dever surtir efeitos por muito tempo.

 

Fontes
www.revistacobertura.com.br
www.allianz-partners.com/pt_BR


Encaixar as peças para não acabar em pedaços.

A saúde suplementar no Brasil tem enigmas e desafios.

Um quebra-cabeça necessariamente montado em conjunto, mas em que ninguém conhece as peças dos outros - e talvez estejam também todos vendados, sem enxergar até mesmo as próprias peças, portanto tateando no escuro. Não seria uma metáfora muito implausível para descrever o cenário da saúde suplementar no Brasil. Uma coisa parece consensual entre os participantes (leia-se players): do jeito como tudo acontece hoje, a situação está no limiar do insustentável.

Uma pesquisa simples, rápida e direta traz informações francamente contraditórias, dependendo do ponto de vista, da causa e do interesse de quem as partilha. De um lado, clientes/usuários se desesperam com reajustes sempre muito além da inflação - pela qual normalmente são reajustados salários e benefícios, como aposentadoria, por exemplo - e de qualquer previsibilidade. Por outro lado, operadoras anunciam que o fim está próximo, como profetas que alertam para a chegada do apocalipse em fábulas e filmes de gosto duvidoso.

Correndo por fora, está o governo (que, vale lembrar, não é só composto pelo Executivo) e suas diversas instâncias e agências, com um apetite regulatório que tende ao infinito, amarrando dinâmicas de livre concorrência que provavelmente seriam parte da solução. Quais são as chances de um jogo jogado desse jeito “dar certo”, trazendo resultados econômicos satisfatórios para o setor e mais acesso à saúde para o cidadão? Alerta de spoiler: pouca, ou quase nenhuma.

Vejamos algumas informações conflitantes. Segundo a ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar, em 2022 o setor de planos de saúde manteve o crescimento, incorporando quase 1,5 milhão de beneficiários e totalizando cerca de 50,5 milhões de usuários em planos de assistência médica, maior número desde dezembro de 2014. Mas a mesma agência informa que o lucro líquido dos planos caiu de R$ 3,8 bilhões para R$ 2,5 milhões, pior desempenho desde o início, em 2001, da série histórica que monitora o segmento.

Na interpretação desses dados, é importante considerar o “fator pandemia”: o setor já esperava um efeito na utilização após o isolamento social, pois durante o período em que ele vigorou as pessoas não utilizavam seus planos, para obedecer ao “fique em casa”. Acredita-se que, por essa razão, em 2020 houve um lucro histórico, de R$ 18,7 bilhões. Mas tomemos a queda mais recente, citada no parágrafo anterior, nada menos que 99% de redução (porque, sim, é de bilhões para milhões).

Como é possível um setor crescer além da casa do milhão em usuários e ainda assim perder lucratividade? Mais clientes não representariam maior receita? Mesmo o lucro tendo decrescido, mais de R$2 milhões ainda não é um resultado considerável, melhor que um prejuízo evidente? Bem, sim e não. Queda de 99% em lucratividade é ao mesmo tempo sinal de alívio e alerta: melhor “zero a zero” que “menos alguma coisa”, claro. Mas quedas vertiginosas sempre dão... vertigem. Bem, se existe alguma coisa complexa no universo, é a saúde suplementar no Brasil. O.K., talvez não a mais complexa de todas, mas com certeza entraria num Top 10.

Vejamos. Agregar um cliente gera receita, sempre. Mas receita não é lucro. São conceitos financeiros diferentes, como provavelmente o leitor sabe, mas não custa relembrar. Receita é, grosso modo, o valor que adentra e circula no sistema. Lucro é o que se contabiliza depois de cobertas as despesas. Portanto, um cliente gera lucro se o custo de atendê-lo for menor do que o valor que ele injeta pagando pelo serviço. Conceito simples - e basilar.

Executivos muito experientes no setor apontam que uma das causas do cenário complicado seria a limitação, pelas operadoras, da aquisição de planos individuais, o que evitaria trazer usuários mais jovens - por isso, mais “baratos” que os mais idosos, já que têm menos problemas de saúde. O menor custo dos mais jovens naturalmente compensaria o maior custo dos mais velhos, promovendo mais equilíbrio.

E por que as operadoras limitam a oferta de planos individuais? Porque esse tipo de produto é muito mais regulamentado do que os planos empresariais/corporativos, inclusive em termos de reajuste, dificultando o manejo econômico da carteira. Um simulacro de solução que o mercado encontrou foram os planos corporativos para pequenas (pequeníssimas) empresas, com 2 ou 3 “vidas”, que combinam de forma mais ou menos aceitáveis valores mais acessíveis para os usuários com mais liberdade de gerenciamento para a operadora.

Mas o Legislativo, com sua sanha paternalista e regulatória, já avança sobre essa modalidade, com um projeto de lei que visa a limitar os reajustes de planos coletivos. O usuário desinformado diria “que bom”, até se informar e descobrir que o excesso de limitações à atividade acabará encarecendo seu plano, se não levar sua operadora à insolvência pura e simples, deixando-o sem plano de saúde nenhum...

Muitos parlamentares, todos sabemos, decidem sua atuação pelo que a proposta de uma lei projeta publicamente na sociedade (proteger o consumidor “indefeso”, por exemplo), não por seus efeitos práticos no dia a dia do cidadão (como inviabilizar o acesso desse mesmo consumidor a um serviço importantíssimo para ele, ou dificultar, e mesmo inviabilizar, toda uma área de atividade). Já o Judiciário contribui para o problema com decisões arbitrárias sobre o que é taxativo ou indicativo no rol de serviços oferecidos pelas operadoras.

Diga-se de passagem, que nesse tema não existem mocinhos nem vilões. Operadoras certamente pecam por falta de transparência, colocando sob rubricas genéricas extremamente vagas - como “aumento do custo de insumos de saúde”, “inflação médica” ou “incorporação de novas tecnologias”, incompreensíveis para o usuário médio - a justificativa para reajustes muitas vezes desesperadores para seus clientes. O mais provável é que sejam verdades parciais, misturadas com questões de gerenciamento e tentativas de aumentar margens de lucro (tudo, claro, variando de operadora para operadora).

Por sua vez, muitos usuários envolvem-se em esquemas em que há a realização de exames e procedimentos excessivos e desnecessários, ou até mesmo fraudes evidentes, minando a saúde financeira das operadoras com cifras que já são estimadas em bilhões. Também nesse caso, cada cliente é um cliente, e os que agem de forma antiética certamente são uma minoria, mas ao que parece com grande potencial nocivo. Existe, ainda, a alta taxa de judicialização, em que clientes antiéticos e éticos reivindicam serviços presentes ou não em contratos, gerando uma variável difícil de computar.

Não parece razoável, como sugere em artigo recente um conhecido empresário do setor, que a solução seja regular todos os entes atuantes no segmento - planos de saúde, prestadores médicos consumidores (PF/PJ), indústria farmacêutica - por considerar que o ônus regulatório recai, injustamente, inteiramente sobre as operadoras. Não é lógico pensar que a ineficiência de um setor altamente regulado pelo Estado, e por isso mesmo sofrendo de considerável imobilidade crônica e severas distorções, seja mais Estado.

O melhor caminho parece ser o de sempre, e que a maioria dos empreendedores frequentemente deseja e expressa: um mercado mais livre, o máximo possível, em que a concorrência seja promovida e estimulada e o Poder Público atue apenas para corrigir distorções evidentes e reprimir abusos, de todos os lados - e não para multiplicar amarras burocrático-regulatórias que, ao que tudo indica, nos trouxe à situação delicada em que estamos hoje.

O mundo não vai acabar num abismo totalmente sem planos de saúde, porém o colapso de alguns players e a falta de acesso de muitos cidadãos já é problema suficiente - até porque os planos acabam por cumprir a nobre função de evitar ainda mais sobrecarga no sistema público. Algo precisa mudar, e logo, para evitar uma crise. Às cegas, e cada um por si, não haverá progresso. Portanto, o “algo” que precisa mudar provavelmente é de natureza colaborativa.

Não existe solução simples para esse quebra-cabeça. Mas o tempo para solucioná-lo parece estar se esgotando.

 

Fontes
www.gov.br/ans/pt-br
www.infomoney.com.br
www.agenciabrasil.ebc.com.br
www.cnnbrasil.com.br/saude
valorinveste.globo.com
www.valor.globo.com
www.oglobo.globo.com


Seguro para seu lugar ao sol.

Todo mundo que paga uma conta de luz - e quem não paga em pouco tempo fica sem o serviço - tem na memória recente quanto o custo crescente da energia elétrica no Brasil tem impactado consumidores domésticos e corporativos nos últimos anos.

Segundo a Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia), mesmo com a redução da carga tributária no ano passado, a conta de luz acumulou um aumento de 70% entre 2015 e 2022, enquanto o IPCA aumentou 58% no mesmo período.

Nesse cenário, tanto pessoas físicas quanto jurídicas têm buscado na energia solar uma solução para reduzir seus gastos com a eletricidade fornecida pelas distribuidoras. Estima-se que a opção pela energia solar possa resultar numa diminuição de até 95% nas despesas com energia elétrica, o que torna a escolha deveras, e cada vez mais, atraente.

Além do aspecto econômico, a preocupação com a preservação ambiental tem impulsionado a adoção das assim chamadas práticas sustentáveis, e a energia solar é sempre citada como uma opção viável e acessível. O crescimento acelerado desse setor é uma tendência global e seria pouco inteligente não aproveitar o potencial solar do Brasil, um dos melhores do mundo.

Segundo a Absolar - Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, o uso da energia solar no país cresceu cerca de 83% em apenas 1 ano, alcançando uma capacidade de 26 gigawatts (GW). Hoje são mais de 1 milhão de telhados solares em residências, cuja capacidade operacional é de 7,6 GW, o equivalente a 48% de toda a capacidade de geração própria do Brasil.

Desde 2012, essa fonte de energia atraiu aproximadamente R$ 128,5 bilhões em investimentos, arrecadou mais de R$ 39,4 bilhões para o governo e gerou mais de 783,7 mil empregos acumulados. Além disso, para agrado dos ambientalistas, contribuiu para evitar a emissão de 34,5 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.

Esse crescimento expressivo tem levado também ao aumento da procura por seguros para os equipamentos solares, que visam a proteger esses dispositivos contra danos materiais e acidentes causados por fatores externos, como incêndios, roubos, furtos e fenômenos naturais. Com a garantia oferecida pelo seguro, os proprietários de sistemas solares podem ter mais tranquilidade em relação à segurança e proteção de seu investimento.

O seguro para painéis solares pode ser contratado tanto para residências quanto para estabelecimentos comerciais ou “fazendas solares”: plantas dedicadas a produzir energia para o consumo de terceiros. As seguradoras têm se adaptado às demandas do mercado, oferecendo seguros específicos, e são evidentes as vantagens que considerar os benefícios de um seguro adequado traz no momento da compra desses equipamentos - até porque eles não são baratos, sendo o investimento inicial relativamente alto.

O sol é uma fonte de energia virtualmente inesgotável: está sempre lá, vai estar por bilhões de anos, seu fornecimento é contínuo e, em princípio, totalmente gratuito - embora, acredite se quiser, em mais de um lugar do mundo haja “cobranças compensatórias” para as distribuidoras de eletricidade vindas de outras fontes, mais, digamos, “tradicionais”.

Mas à parte a mão sempre quase sempre pesada e intrometida do estado, a captura e o processamento dessa energia “natural” tem custos, como tudo que de alguma forma contribui para a produção de uma sociedade e o conforto de seus indivíduos. E, se envolve custos, é passível de proteção por seguro. Simples assim. Efetivo assim.

Além de garantir a proteção dos investimentos dos consumidores domésticos e corporativos individualmente, essas apólices também contribuem para o fortalecimento do setor de energia solar, proporcionando mais segurança e confiança aos usuários.

O aumento do custo da energia elétrica não costuma ser bom para (quase) ninguém, mas se há um “efeito colateral positivo” é o crescimento da energia solar no Brasil, que trouxe, quase como consequência natural, a oferta de seguros para os equipamentos necessários à instalação e operação dessa fonte energética.

Como sempre, quando uma área de tecnologia/conhecimento humano se desenvolve a ponto de movimentar bilhões, o mercado de seguros cresce junto com ela - e assim amadurece, correspondendo às novas demandas da realidade. Na SICCS, esse é nosso ponto de referência.

Quer uma proteção adequada para esse valioso lugar ao sol? Fale com nossa equipe.

 

Fontes
www.revistaapolice.com.br
www.infomoney.com.br
www.absolar.org.br/


Para seguros, seguradora.

Segundo entendimento do STF, associações e cooperativas não podem comercializar seguros.

O STF - Supremo Tribunal Federal derrubou, por 8 votos a 1, leis estaduais de Goiás e do Rio de Janeiro que permitiam a atuação de associações e cooperativas como as APVs - Associações de Proteção Veicular. A CNseg - Confederação Nacional das Seguradoras propôs as duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade vitoriosas contra as leis que buscavam “regularizar” a atuação ilegal dessas associações nesses estados.  O julgamento foi concluído no dia 2 de maio.

Essas associações exploravam uma brecha na legislação para oferecer um serviço que se assemelha a um seguro, mas não é, uma vez que não são fiscalizadas pela Susep - Superintendência de Seguros Privados e se baseiam no cooperativismo, que tem uma legislação própria.

Assim, o “seguro dos sonhos” - com excelente cobertura, mas muito mais barato que a média - em vez de oferecer a proteção de um mercado maduro e bem regulamentado podia se tornar uma espécie de pesadelo, por estar em uma área um tanto quanto cinzenta e bastante questionável da legislação, e também por envolver práticas, no mínimo, temerárias de gestão de um serviço tão relevante para cidadãos e empresas.

Nesta “modalidade criativa” de seguro, o cliente que parecia “contratar” o serviço na realidade assinava um contrato de responsabilidade mútua, tornando-se associado e dividindo o risco com os demais membros da associação. Alguns players do mercado regular de seguros - este mesmo que, ano a ano, cresce à custa de muita dedicação e empenho, num ambiente altamente regulamentado - houve quem chamasse essa tentativa fracassada de emular uma proteção real de “seguro pirata”.

A expressão soa um tanto pejorativa, mas talvez tenha de ser mesmo. Entre outros problemas, as “empresas” que ofereciam o “seguro criativo” não estão sob a fiscalização da Susep, como já dissemos, e não têm reserva técnica: o dinheiro que as seguradoras precisam ter disponível para arcar com os sinistros dos clientes.

Em seu voto, o relator Gilmar Mendes destacou que já há uma jurisprudência pacífica sobre a atuação irregular das associações, tendo em vista as inúmeras ações propostas pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal para impedir o desenvolvimento ilegal da atividade seguradora por essas entidades.

Ele também apontou que as leis estaduais, ao conferir natureza econômica às associações e às cooperativas e dar-lhes, indevidamente, status semelhante aos seguros empresariais, “usurparam” atribuições exclusivas da União, a quem cabe legislar e fiscalizar a atividade seguradora. Quase todos os demais ministros acompanharam o entendimento do relator, para quem, claramente, as associações e cooperativas promovem oferta irregular de seguros, “sem observarem quaisquer normas impostas ao setor”.

A SICCS, parceira das seguradoras que fazem seu trabalho dentro das leis e normas vigentes no Brasil, comemora o resultado. Vale também observar que a mais alta corte do país - hoje, além de um órgão técnico, também fonte de tensões e embate de ideologias - parece ser sempre capaz de nos surpreender com suas decisões. Dessa vez, positivamente.

 

Fontes
www.cnseg.org.br
www.infomoney.com.br
www.revistaapolice.com.br


A evolução do seguro cibernético.

À medida que o mercado evolui, mais soluções de seguro são necessárias para abordar e gerenciar eficazmente riscos que, não raramente, acabam se tornando sistêmicos no mundo corporativo. Um bom exemplo, relativamente recente, são ataques cibernéticos.

A pandemia da Covid-19 transferiu grande parte da força de trabalho para ambientes remotos, intensificando o tráfego de informações, muitas vezes críticas e/ou estratégicas. A tecnologia (talvez ninguém tivesse percebido...) estava lá para fazer a conexão, mas boa parte das empresas não tinham salvaguardas para proteger seus sistemas.

É quase certo que esse é um dos motivos que levaram a um aumento do crime cibernético, em que o ransomware (quando os cibercriminosos “sequestram” os dados e pedem um resgate em dinheiro) foi o mais proeminente. A ascensão simultânea das criptomoedas - com todas as dúvidas e nuances que ainda as envolvem - também tornou essa modalidade de cibercrime mais lucrativa e, até certo ponto, menos arriscada para os hackers.

As seguradoras, em todo o mundo, responderam com todas as ferramentas que possuem, de início até incluindo aumento de taxas e retenções de segurados e redução de limites. Mas, com o tempo, e a nova realidade digital se impondo, o seguro cibernético vem se tornando mais uma modalidade de proteção, passando a integrar o portfólio regular das seguradoras - pelo menos as mais completas.

Isso leva a uma tendência de “acomodação” de custos (aquela autorregulagem que os mercados maduros quase sempre acabam por fazer). Segundo a consultoria internacional AM Best, inicialmente o seguro cibernético estava significativamente subvalorizado. Mas, em 2021, o aumento médio trimestral de preços foi de 26%, atingindo o pico de 34% no quarto trimestre. Em 2022, os aumentos de preços ainda eram altos, mas o ritmo de aumento diminuiu.

A AM Best identificou que a forte demanda por seguros cibernéticos e os substanciais aumentos de taxas nos últimos anos tornaram esse segmento o que mais cresce na indústria de seguros de propriedades e acidentes nos EUA, com os prêmios diretos em 2022 variando entre US$ 8 bilhões e US$ 11 bilhões, um assombro na comparação com os US$ 2,7 bilhões de apenas 2 anos atrás.

Mesmo que ainda estejam altos, os aumentos médios trimestrais de preços diminuíram desde o pico de 34% no 4º trimestre de 2021. Isso ocorreu mesmo com as seguradoras sendo conservadoras com limites e compartilhamentos. A maioria delas agora vêm reduzindo os limites e dando maior ênfase à gestão de riscos cibernéticos agregados, dada sua natureza cada vez mais sistêmica.

Os riscos cibernéticos não têm limitações sazonais ou geográficas: um ataque poderia começar na Europa, passar pela América do Norte e do Sul, depois atravessar o Oceano Pacífico e chegar até a Ásia. A propagação desses eventos através das fronteiras dificulta que as seguradoras diversifiquem as proteções que oferecem.

Mas à medida que o mercado evolui, novas soluções vêm surgindo, tanto eminentemente técnicas quanto de natureza estratégica. Por exemplo, certos tipos de resseguro muito bem aceitos entre as seguradoras que ainda se sentem desconfortáveis com riscos cibernéticos e precisam de expertise e capital para atuar na área.

Vale dizer que as informações da consultoria internacional refletem mais fielmente a realidade norte-americana, mas os principais aspectos abordados são plausivelmente extrapoláveis para a realidade brasileira - tanto porque é fato que vários segmentos do nosso mercado se inspiram nos EUA como pela presença, aqui, de operadoras que atuam globalmente, “importando” certas práticas.

Soluções bem planejadas vão permitir que as seguradoras ampliem sua capacidade, minimizando lacunas de proteção ainda existentes no tema seguro cibernético. Elas estão mais bem posicionadas para responder rapidamente às novas demandas do mercado, enquanto regulamentações governamentais são sempre desafiadas por considerações burocráticas e políticas, que resultam em morosidade.

Com as soluções que existem agora, dentro das normas e regulamentações vigentes no momento, a SICCS já está totalmente preparada para encontrar, junto com você, a solução de seguro para riscos cibernéticos mais adequada ao seu negócio.

 

Fontes
www.cnseg.org.br
www.reinsurancene.ws
www.revistaapolice.com.br
www.infomoney.com.br


Por que os astronautas são mais velhos.

Há muitos anos, uma brasileira que trabalhou na NASA foi entrevistada por Jô Soares em seu programa (ainda no SBT). Um dos pontos mais interessantes da entrevista foi a explicação dada pela especialista sobre a sensação de invulnerabilidade típica dos jovens: quase sempre mais fortes, saudáveis e resistentes que os adultos mais maduros, além de muito movidos pelo natural desejo de descoberta - e um bocado inexperientes - sua percepção um tanto equivocada sobre si mesmos pode levá-los a comportamentos de risco que comprometem sua própria segurança - e a dos outros.

Seria essa, portanto, uma das causas de os astronautas, em geral, terem mais de 30, 40 e até 50 anos de idade. Além de uma longa e exigente formação para conquistar o posto (sobre esse tema é interessante assistir a um filme dos anos 1980 chamado “Os Eleitos”), numa complicadíssima e arriscadíssima empreitada no espaço - como são todas - em que cada gesto é cuidadosamente calculado, não há lugar para o ímpeto e para a falta de cautela. Um descuido e a missão pode se tornar um grande fracasso, talvez uma tragédia.

Essa sensação de invulnerabilidade não é, evidentemente uma característica sempre exclusiva dos jovens, mas nenhum profissional respeitável da área de comportamento/neurociência discordaria de que ela é estatisticamente prevalente entre eles. Ou seja, ao selecionar aleatoriamente alguém na multidão, se a pessoa for muito jovem existirá uma probabilidade muito maior de que ela seja, digamos, perigosamente audaciosa. É da vida, e é necessário.

Necessário porque a tendência a subestimar o risco e superestimar a própria capacidade de lidar com situações difíceis também é, muito provavelmente, uma das causas da inovação. Claro, ela leva a fracassos e sucessos, mas é assim mesmo que a civilização e a tecnologia avançam (numa perspectiva otimista).

A famosa “zona de conforto” (bem menos nociva do que se pinta, e indispensável em certas fases da vida) dificilmente leva a mudanças significativas. A busca pela zona de conforto (na qual se sente com mais profundidade o prazer de uma realização) leva as pessoas a agir, mas acomodar-se nela tem grande chance de levar à estagnação. E aqui tocamos com mais profundidade o terreno da neurociência, que se dedica a compreender como o cérebro processa informações e toma decisões.

Compreender padrões de comportamento aplicando neurociência (de forma intencional ou não) já ajuda as corretoras e seguradoras a oferecer as soluções mais adequadas às necessidades do cliente. Outra aplicação, está no segmento de seguros corporativos, é a análise de risco, uma vez que é preciso avaliar a relevância dessa variável para cada cliente antes de propor uma cobertura adequada: a neurociência ajuda a entender como fatores emocionais/cognitivos afetam o comportamento do cliente em relação ao risco. Claro que fatores técnicos e totalmente objetivos também entram (muito!) na análise.

O que pretendemos destacar aqui é que, como diversos estudos neurocientíficos demonstram, boa parte das pessoas tendem a subestimar a probabilidade de eventos negativos, como um acidente ou uma doença grave. Diante da dificuldade psicológica de lidar com as duras consequências e/ou o sofrimento causados por esses eventos, a mente refugia-se em algum ponto em que ainda existe aquela sensação de invulnerabilidade do jovem: “até hoje eu me dei bem, isso não vai acontecer comigo...”

Cria-se, assim, uma zona de conforto ilusória (mas, claro, perceptivamente “confortável”), em que a ausência de eventos negativos passados ou presentes leva o decisor a tornar-se descuidado. É tudo que um imprevisto precisa para causar suas piores consequências: alguém total ou parcialmente desprevenido, de guarda baixa, que acreditava que os ventos da fortuna soprariam sempre a seu favor e agora fica totalmente desorientado. Uma atitude muito compreensível e humana (talvez a mais fácil), mas bastante contraproducente.

Na liderança de um negócio, no mundo corporativo, a ascensão de uma empresa - muitas vezes meteórica - pode depender da inovação que é fruto da audácia (bastante relacionada à sensação de invulnerabilidade), mas a sobrevivência a longo prazo depende de estar... seguro. Ou seja, de assumir atitudes altamente técnicas, cuidadosas, de tomar decisões com base na experiência, na maturidade e no cuidado.

Pensamentos e ações exaustivamente calculados, e que priorizam a cautela - como os de um astronauta em uma missão crítica espaço.

 

Fontes
www.forbes.com.br
www.segs.com.br
www.infomoney.com.br
www.einvestidor.estadao.com.br