Autismo: entenda esse espectro.
Assim como no mês passado, dedicado à causa do combate à tuberculose, hoje mais uma vez nos valemos da prática frequente e bastante efetiva de estender a abordagem e a discussão em torno de um tema, celebrado num determinado dia, de um determinado mês, para o mês todo em que cai a data.
Dessa vez, resgatamos o Dia Mundial do Autismo, celebrado em 2 de abril de cada ano, sobre o qual não falamos na data exata por termos sentido necessidade de abordar outros assuntos em nossos conteúdos. Mas continuamos dentro do mês de abril, portanto vale a iniciativa - principalmente pela relevância do tema e porque, como dissemos acima, podemos considerar abril o Mês do Autismo.
O objetivo da celebração, definida por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), é aumentar a conscientização sobre o autismo, promover a inclusão e a aceitação das pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e destacar a importância de apoiar e respeitar as diferenças individuais das pessoas que estão nesse espectro.
O autismo é um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento social e padrões de interesses repetitivos ou restritos. O autismo é considerado um espectro porque os sintomas e características do transtorno podem variar significativamente em intensidade e manifestação de uma pessoa para outra.
Alguns dos sinais comuns de autismo incluem dificuldades na interação social, como dificuldade em entender e responder às emoções dos outros, dificuldade em manter uma conversa e falta de interesse em compartilhar experiências com outras pessoas. Além disso, pessoas com autismo muitas vezes exibem comportamentos repetitivos, como balançar as mãos, alinhar objetos de maneira precisa ou ter interesses muito específicos e intensos.
O autismo ainda pode estar associado a uma ampla gama de outras condições médicas e psiquiátricas, como epilepsia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ansiedade e depressão. Isso também contribui para a diversidade de experiências e necessidades dentro do espectro autista.
Mas embora algumas pessoas com TEA possam ter dificuldades para socializar e produzir, outras podem ter habilidades de comunicação mais desenvolvidas e capacidade de viver de forma independente, mesmo ainda enfrentando desafios sociais. Essa diversidade ressalta a importância de reconhecer e respeitar as diferenças individuais das pessoas com TEA e de intervenções e apoio adaptados às necessidades específicas de cada indivíduo.
Em outras palavras, é importante ter em mente que o autismo é uma condição altamente variável e cada pessoa com autismo é única, com suas próprias forças e desafios. Embora não haja uma causa única conhecida para o autismo, acredita-se que uma combinação de fatores genéticos e ambientais desempenhe um papel em seu desenvolvimento.
O diagnóstico e a intervenção precoces são fundamentais para ajudar pessoas com autismo a alcançar seu pleno potencial. Existem várias terapias e abordagens de intervenção disponíveis, incluindo terapia comportamental, terapia ocupacional e terapia da fala, que podem ajudar a melhorar as habilidades sociais, de comunicação e de vida diária das pessoas com autismo.
O TEA hoje abrange uma série de condições anteriormente consideradas como diferentes “tipos de autismo”. Atualmente, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) não classifica mais o autismo em tipos específicos, mas sim como uma condição mais ampla e heterogênea, sem uma classificação rígida em tipos específicos.
Por isso, não vamos listar aqui esses “tipos” utilizados anteriormente, pois o mais importante é focar num diagnóstico acurado, conduzido por profissionais especializados, competentes e atualizados, que também irão indicar a melhor forma de administrar a condição individual de quem tem TEA.
É preciso dizer: existem críticas no sentido de que, ao definir o autismo dessa forma bastante abrangente, ampliou-se demais o espectro, dando margem a incluir no TEA pessoas que têm quadros significativamente diferentes, ou dificuldades específicas, o que não caracterizaria autismo “real” - até mesmo artistas e celebridades muito bem-sucedidas, que teriam vivenciado algo como um diagnóstico tardio. Essa discussão permanece em aberto e o ideal é que seja conduzida sem a interferência de paixões e ideologias.
Seja qual for o consenso acadêmico (se houver um), lembremos que cada pessoa no espectro do autismo é única. Ao falar sobre o tema, a intenção da SICCS é, como sempre, contribuir com informações de qualidade para causas mais que justas e estimular uma maior compreensão de tudo que é relevante para a saúde humana. Nosso trabalho - proteger e oferecer segurança - está, em sua própria essência, intimamente ligado a ela.
Fontes
www.ama.org.br
www.abracidf.com
www.msdmanuals.com
www.paho.org
www.drauziovarella.uol.com.br
Janeiro Branco: A Vida Pede Equilíbrio
Conheça um pouco sobre essa iniciativa a favor da saúde mental
Basta dar uma olhada pelo retrovisor na história da humanidade - aquela que muita gente escreve com H maiúsculo - e verá uma constatação quase inevitável que, desde que existimos, nunca houve sequer 1 ano de paz total na Terra. Somos, quase a rigor, uma espécie que se mata regularmente. E a autodestruição mútua e praticamente constante não parece ser uma forma muito inteligente de ocupar o tempo de existência que temos. Falando mais informalmente, parece que o ser humano não é mesmo “muito bom da bola”.
Essa caracterização informal, talvez hoje proscrita pelo que se chama movimento “anticapacitista”, esconde uma ideia bastante grave: parece que somos uma espécie inclinada à loucura (palavra que o referido movimento, com alguma razão, reprova como xingamento, mas que certamente está longe de ser uma coisa desejável). Ou haveria outra explicação para desenvolver um poder bélico capaz de destruir algumas centenas de vezes toda a vida humana no planeta? Sim, ainda somos capazes disso, e há uma guerra relativamente recente em pleno andamento para nos lembrar.
Além dessa inclinação destrutiva bastante evidente em termos históricos e globais - da qual não podemos esquecer, mas com que não podemos nos ocupar o tempo todo - temos de lidar, cada um a seu modo, com nossos problemas mais diretos e pessoais. Pode parecer que não, mas o cenário global se reflete sobre nosso cotidiano, seja política e economicamente (fatores sempre ligados), seja em termos de intoxicação informativa ou pelo simples temor de que uma fatalidade nos atinja, ou a quem amamos.
Adicione a tudo isso a imensa caixa de ressonância - inclusive de intolerância e agressão - que são as redes sociais digitais e fica claro que manter a saúde mental é tarefa e exercício para toda uma vida. Diga-se de passagem que, obviamente, há imensas e ainda, em boa parte, desconhecidas vantagens e possibilidades geradas pelas plataformas e ferramentas digitais, mas já se sabe, com bastante fundamentação, que elas também podem fazer mal. Não são (como quase nada é) inócuas. Seu uso excessivo é psicologicamente nocivo.
Nessa intrincada trama de coisas que, listadas assim, todas juntas, parecem compor um cenário bem pessimista, é mais que bem-vinda uma iniciativa que busque, digamos, oxigenar mentalmente as pessoas. Embora algumas causas relacionadas à saúde mental já tenham seus meses de ênfase respectivos - mal de Alzheimer no Fevereiro Roxo, depressão/prevenção ao suicídio no Setembro Amarelo, entre outros - desde 2014 existe o que se chama de Janeiro Branco, que se autocaracteriza como “um movimento social dedicado à construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade”.
Criado e coordenado pelo instituto homônimo, o Janeiro Branco tem como objetivo chamar a atenção de indivíduos, instituições, sociedades e autoridades para as necessidades relacionadas a todos os fatores que possam afetar a saúde mental dos seres humanos - para o mal e para o bem. Sobre o que pode ser negativo, conscientização e orientação. Sobre o que pode ser positivo, estímulo e engajamento. Para tanto, são contemplados temas bastante abrangentes, num leque que inclui autoconhecimento, controle emocional, melhora das relações pessoais e de trabalho, atividade física e alimentação saudável, entre outros.
Evidentemente, uma das intenções da iniciativa é discutir políticas públicas, sem as quais dificilmente uma abordagem que busca soluções para questões de saúde mental poderia ser bem-sucedida, ou alcançar o melhor resultado possível. Mas o Janeiro Branco não parece ter qualquer vocação para se esgotar na responsabilização da esfera pública, convocando instituições privadas e, principalmente, os indivíduos a adotar uma postura ativa na promoção da causa. É de indivíduos, sabemos, que se forma a coletividade - e, portanto, é na ação individual que se avança nas grandes causas coletivas.
Claro que a saúde mental tem mais aspectos, variações e nuances do que uma só campanha, durante um único mês do ano, pode abranger. Assim, os materiais de divulgação disponíveis talvez não tenham a profundidade ideal, apenas tangenciando assuntos mais complexos que fazem parte do grande tema central. No entanto, qualquer discussão sobre saúde mental é melhor que nenhuma discussão, e a proposta tende a ser dar foco ao conceito principal para que haja exploração mais detalhada, e contínua, em ações consecutivas.
Segundo o próprio site da campanha, sob seu guarda-chuva são desenvolvidas diversas ações, como palestras, oficinas, cursos, workshops, entrevistas e lives, entre outras, em qualquer lugar onde haja pessoas interessadas, em qualquer ponto do Brasil. Pelo mesmo site, organizações e instituições públicas e privadas - assim como qualquer pessoa - podem entrar em contato com o instituto responsável pela campanha, para solicitar esclarecimentos, apoio e orientação.
Neste ano de 2023, o Janeiro Branco chega à sua 10ª edição com o tema “A Vida Pede Equilíbrio”. Um dos enunciados divulgados pelo site descreve assim as circunstâncias que geram essa demanda:
“... mudanças cada vez mais desafiadoras e aceleradas que exigem novas atitudes, novas habilidades, novos entendimentos e novos comportamentos”.
Voluntariamente ou não, é uma descrição um tanto genérica - o que não significa que seja menos verdadeira. Talvez, de modo até irônico, o elemento mais valioso contido nessa declaração seja exatamente o fato de que, frente à crescente angústia de cada vez mais gente, no mundo todo, atualmente é praticamente impossível discordar dela.
Para saber mais sobre a campanha Janeiro Branco, visite o site: https://janeirobranco.com.br