Open Insurance envolve a atuação de insuretechs.
A iminente implementação do Open Banking, a que nos referimos em texto anterior, já chegou à publicidade de TV aberta, com campanha de um grande banco estrelada por participante de destaque do BBB 21 (um fenômeno popular impossível de negar, goste-se ou não dele). Isso é sinal de que a inovação está mais perto do que se suspeita.
A chegada do Open Insurance, que inclusive tem esse nome por analogia com a onda inovadora do mercado financeiro, deve seguir o mesmo caminho. Ou seja, o conceito deve aos poucos ir se tornando mais conhecido, popular e, num futuro não muito distante, traduzir-se em soluções disponíveis na prática.
Tanto num caso como no outro, trata-se de uma realidade em que dados múltiplos, de diversas fontes, serão integrados por recursos tecnológicos de ponta e disponibilizados ao mercado (com a devida autorização exigida pela LGPD), permitindo que as operadoras personalizem suas ofertas e levando-as a enfrentar uma maior concorrência pelo cliente – que, assim, sai beneficiado.
Mas assim como o Open Banking terá como atores importantes as fintechs – palavra híbrida que combina os termos em inglês “financial” e “technology” – no Open Insurance certamente haverá significativo protagonismo das insuretechs (insure + technology). Enquanto a primeira descreve startups da área financeira, capazes de criar e oferecer produtos do segmento com menos burocracia, menores custos e maior agilidade, a segunda refere-se a uma espécie de prima-irmã da primeira, porém especializada na área securitária.
O hoje razoavelmente conhecido (e muito bem-sucedido) Nubank nasceu como fintech – e é apenas um exemplo. Provavelmente, antes do que todos esperam haverá também insuretechs conhecidas pelo nome, criando carteiras de clientes de forma acelerada e surpreendente.
A combinação de tecnologia de ponta com foco na área de seguros deve tornar as insuretechs uma grande via pela qual – num cenário em que o Open Insurance já seja palpável e real – as soluções se tornarão compreensíveis, acessíveis e selecionáveis pelo cliente. Claro que o assunto, por ser tão novo, não é fácil de compreender instantaneamente, ou num primeiro momento.
Por isso, continuaremos trazendo e explicando para você tudo sobre essa revolução que já está em curso no segmento em que somos especialistas.
Open Insurance: uma espécie de Waze dos seguros.
No blog anterior, falamos sobre Open Insurance, nova tendência do mercado de seguros viabilizada por tecnologias disruptivas como os APIs (Application Programming Interface, interface de programação de aplicativo, na tradução em português), que oferecem múltiplas possibilidades de compartilhamento de dados.
Como dissemos, a analogia mais direta é com o Open Banking – campo de inovação em estágio mais avançado o Brasil – em que o acesso (autorizado) de várias instituições aos dados de clientes permite a criação de ofertas personalizadas de crédito e outros produtos financeiros. Assim deve ser também no segmento de seguros.
Mas outra referência bem menos técnica e mais presente no dia a dia das pessoas também pode ser bastante elucidativa – o Waze. Sim, esse aliado de tantos motoristas é um bom exemplo de inovação aberta: a colaboração dos usuários, por meio de interação e inputs de dados, aperfeiçoa a performance do algoritmo, e é por esse motivo que o aplicativo pode oferecer várias opções de rotas.
Imagine então uma plataforma de Open Insurance como se fosse o Waze e os dados de relevância securitária como se fossem a localização e as notificações das condições de tráfego. Fica mais fácil entender que, tanto num caso como no outro, a inteligência artificial irá dizer: “que tal pegar esse caminho?”.
A diferença é que no Open Insurance esse “caminho” não é uma rota, mas sim uma ou mais ofertas de seguro que o cliente pode escolher de acordo com suas necessidades e objetivos. Por isso citamos na matéria anterior a interessante noção de “empoderamento” do consumidor, a maior inclusão de clientes e o estímulo à concorrência.
Uma vez dado esse exemplo mais próximo do cotidiano, podemos nos aprofundar um pouco e citar os 3 fundamentos principais do conceito de Open Insurance:
– Inovação aberta (Open Innovation) – Dados e serviços ficam disponíveis para parceiros e startups, permitindo desenvolver novas soluções.
– Experiências digitais – Geração de experiências inovadoras a partir do uso de serviços e dados das companhias de seguro.
– Novos modelos de negócios – Elaborados pelas seguradoras em cima do direcionamendo dado pelo avanço das inovações e vivências digitais.
Na prática, Open Insurance é uma espécie de sistema que permite às companhias trabalhar em conjunto, oferecendo não só mais e melhores opções de seguro e produtos/serviços relacionados, mas também uma melhor experiência ao cliente.
A regulamentação do Open Insurance se encontra em consulta pública aberta na Susep – Superintendência de Seguros Privados até 25 de maio. Até lá, e mesmo depois disso, ainda traremos para você mais detalhes e explicações sobre essa novidade que está prestes a revolucionar nosso segmento.
Open Insurance: o segurado com mais poder de decisão
Quando se trata de negócios, na era digital nenhum poder de decisão é mais importante – e valioso – do que aquele que se tem sobre os próprios dados. A LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados é uma expressão desse fato no âmbito legal e jurídico.
É exatamente a existência da LGPD e a segurança jurídica que ela se propõe a fornecer, combinadas à alta voltagem de inovações tecnológicas num cenário cada vez mais cheio de startups, que irá permitir ao mercado de seguros avançar em direção a formas de atuação também inovadoras, nem sempre relacionadas ao “tradicionalismo” do segmento.
Por meio de recursos tecnológicos como APIs (Application Programming Interface), que em português significa interface de programação de aplicativo, companhias do segmento securitário poderão trocar entre si uma infinidade de dados sobre suas relações com seus respectivos clientes, elaborando e propondo soluções que poderíamos chamar de transversais, agregadas, ou seja, combinando produtos/serviços para propor ofertas mais completas que nenhuma delas talvez fosse capaz de oferecer sozinha.
Essa troca livre de dados por meio de plataformas e aplicações seguras, especificamente desenvolvidas e configuradas para isso, é o que explica o termo “open”. A solução oferecida é “open” porque a oferta não chega na ponta como um pacote fechado, adquirido de uma só companhia, e sim como uma proposta aberta, multiorigem, multifacetada e altamente customizável para cada cliente.
Há algo comparável acontecendo no mercado financeiro, o Open Banking, e qualquer pessoa que já tenha recebido propostas de crédito “sob medida” de várias operadoras da área – após contratar, consultar ou mesmo simular um empréstimo numa só instituição – teve, sem saber, uma pequena experiência com essa nova dinâmica de mercado, que está mais avançada, mas também ainda em desenvolvimento no Brasil.
No segmento de seguros, esse modelo disruptivo favorece a inclusão de clientes que não teriam acesso a soluções disponíveis no mercado clássico, ampliando as possibilidades de negócio para as empresas que façam parte de um mesmo “ecossistema”, sejam elas já consolidadas no mercado ou startups originadas pelas novas possibilidades tecnológicas – as insuretechs (do inglês, “insure” que significa seguro + “tech”, de tecnologia).
Mas toda essa inovação só poderá acontecer na vida real se o cliente, última e principal instância do mercado de seguros, autorizar o compartilhamento de seus dados, tanto individuais como relativos ao seu relacionamento com empresas, entre as diversas outras empresas que podem se interessar por ele. Como é fácil deduzir, isso favorecerá a concorrência.
Provavelmente o aspecto mais interessante e inovador da chegada do Open Insurance – cuja regulamentação se encontra em consulta pública aberta pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) até 25 de maio – seja mesmo o “empoderamento” do consumidor final, o segurado. Senhor de seus dados, em vez refém das empresas ele poderá se tornar o que merece ser: protagonista.