Setembro Amarelo - Mês de Prevenção ao Suicídio
Um fenômeno histórico e global
O suicídio é um fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em praticamente todas as culturas conhecidas. Hoje, considera-se que é um comportamento multifatorial: resultado de uma complexa interação de determinantes psicológicos, culturais socioambientais e biológicos, inclusive genéticos.
Todo ato executado pelo indivíduo com a intenção de causar sua própria morte, de forma consciente e deliberada, mesmo que ambivalente, usando meios que acredite ser letais, é uma tentativa de suicídio - independente de o resultado ser ou não a morte efetiva do suicida. O risco de suicídio é uma urgência médica, pois o ato pode provocar em quem atenta contra a própria vida desde lesões graves, permanentes e incapacitantes, até a morte propriamente dita.
De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, naquele ano foram registrados globalmente mais de 700 mil suicídios, o que corresponde a 1% de todas as mortes no planeta. Considerando uma possível e plausível subnotificação, estima-se que esse número ultrapasse 1 milhão.
Embora o número de registros esteja diminuindo no mundo como um todo (provavelmente pelo sucesso de ações para combater o fenômeno), os países das Américas parecem seguir a tendência contrária, com índices crescentes: um aumento de 17%, segundo o mesmo relatório da OMS. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos/ano, uma média de 38 suicídios/dia.
Por que as pessoas tentam/cometem suicídio?
Essa é uma das perguntas mais difíceis de responder no que tange a esse delicado tema e provavelmente não há uma resposta certa e única, capaz de abranger todas as situações individuais. De forma bem genérica, pode-se dizer que o indivíduo enxerga na morte a solução para um sofrimento psíquico profundo, contínuo, prolongado e para o qual ele acredita que não há saída: intenso, insuportável e interminável.
Por sua natureza radical, muitas vezes impulsiva e frequentemente imprevisível, mesmo para os profissionais de saúde não é fácil lidar com a questão do suicídio. E além de julgamentos de cunho religioso, existem sobre ele lendas sem fundamento, como, por exemplo, de que se a pessoa fala em suicidar-se não tem intenção real de fazê-lo.
Sabe-se que praticamente 100% dos casos de suicídio estão relacionados a doenças mentais, principalmente as não diagnosticadas e/ou tratadas incorretamente, o que significa que a grande maioria dos casos poderia ser evitada se essas pessoas que atentaram contra a própria vida tivessem acesso a informações e tratamento psiquiátrico de qualidade.
Por isso, a avaliação sistemática e consistente do risco de suicídio precisa fazer parte da prática clínica rotineira de todos os médicos e profissionais de saúde - até porque, normalmente, não é com um psiquiatra que o indivíduo com ideação suicida tem o primeiro contato num serviço de saúde quando a crise se avizinha.
Vale dizer: nem todos que têm diagnóstico de transtorno/doença mental terão necessariamente comportamento suicida. Embora esse tipo de problema seja um indicador estatístico muito importante, e motivo mais do que suficiente para permanecer ainda mais alerta nesses casos, essa relação não é inescapável - como sempre, nas questões de saúde e/ou comportamentais, cada caso é um caso.
Também é importante ressaltar que, na verdade, o maior fator de risco, antes mesmo de qualquer diagnóstico de doença mental, é a tentativa prévia de suicídio: pacientes que já tentaram suicídio antes têm de 5 a 6 vezes mais chances de tentar novamente.
Além do profissionais de saúde, pessoas do círculo social de quem manifesta ou apresenta desejos e comportamento autodestrutivos também podem colaborar, e muito, para evitar um desfecho trágico.
Como posso ajudar?
Se você perceber que está interagindo com uma pessoa que revele ideação suicida, ouça com atenção o que ela está sentindo, faça todo o possível para não julgar e ouvir sem preconceito, não fuja do assunto, nem faça comentários falsamente “otimistas”, não brinque, deboche, ria ou faça piadas e não hesite em perguntar diretamente “você pensa em morrer?”. A simples acolhida e compreensão às vezes é suficiente para fazer com que a pessoa desista da ideia.
Se for preciso agir para evitar que alguém se suicide, lembre-se de que é uma emergência e peça ajuda urgente ao serviço médico mais próximo. Também não deixe a pessoa sozinha, impeça que ela tenha acesso a coisas e situações letais, fique atento a todo e qualquer sinal, verbal ou não-verbal e evite a todo custo portas trancadas. fique atento a todo e qualquer sinal, verbal ou não-verbal. A crise normalmente é transitória, mas não tente concluir sozinho se o risco já passou: leve a pessoa ao psiquiatra ou psicólogo, o mais cedo possível. Importante: o SUS oferece atendimento gratuito na Rede de Apoio Psicossocial: procure orientação em uma clínica da família da sua região.
E se for o meu caso?
O primeiro e mais importante passo é: peça ajuda! Lembre-se de que sua vida vale muito, tanto para você como para sua família, seus amigos, as pessoas que ama. Isso é real, mesmo que não pareça verdade agora. Além disso, saiba que você não está sozinho: muita gente está disposta a ajudá-lo, de diversas formas, se você revelar que está sofrendo a ponto de pensar em tirar a própria vida.
E mais: acredite que há outra saída, talvez muitas, para esse sentimento insistente e invasivo de desamparo total que você está experimentando. Dê uma chance à vida! Com o tratamento adequado, você pode se libertar da ideação suicida e voltar a ter vontade de viver, com qualidade de vida e esperança no futuro. Ao olhar para trás, você nem acreditará que pensou em suicídio.
Onde posso saber mais?
No site oficial da campanha Setembro Amarelo existem informações mais completas e detalhadas a respeito deste fenômeno e as origens desta importante iniciativa em que todos podemos nos engajar, talvez para, um dia, salvar a vida de uma pessoa querida:
www.setembroamarelo.com
Setembro Amarelo | Se precisar, peça ajuda!
Mês de Prevenção ao Suicídio - Uma campanha que salva vidas
Setembro Amarelo é uma campanha criada em 2015 pelo CVV - Centro de Valorização da Vida com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre esse problema complexo e traumático e reduzir o número de suicídios no país. Claro que o tema precisa ser discutido o ano todo, mas, como em muitas outras causas, eleger um mês específico para falar dele ajuda a dar ênfase na abordagem que acontece em diversos ambientes e envolve várias instituições.
No Brasil, 12,6% por 100 mil homens e 5,4% por 100 mil mulheres morrem devido ao suicídio. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, culturas, idades classes sociais. Atualmente, considera-se que apenas 38 países têm uma estratégia nacional de prevenção ao suicídio.
Em nível global, segundo a OMS - Organização Mundial de Saúde mais pessoas morrem anualmente em razão de suicídio do que por causa de doenças como malária e câncer de mama - ou até mesmo guerras e homicídios. Entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio figura como a 4ª causa de morte (depois de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal).
Muita gente desconhece que existe uma estreita relação entre doença mental e suicídio: praticamente todos que cometem o ato (98,6%) possuem algum transtorno ou doença mental, principalmente depressão. Nem todos que têm um quadro dessa natureza terão necessariamente comportamento suicida, mas sua presença é indicador estatístico de alto risco e motivo mais do que suficiente para permanecer ainda mais alerta.
Existem muitos mitos acerca do suicídio, alguns francamente contrários aos objetivos de uma campanha para evitá-lo. Dois exemplos são: a) achar que quem ameaça se matar não consumará o ato e quer apenas chamar atenção; b) concluir que quando uma pessoa sobrevive a uma tentativa de suicídio e apresenta melhora está fora de perigo. No 2º caso, é exatamente o oposto - pacientes que já tentaram suicídio antes têm de 5 a 6 vezes mais chances de tentar novamente e esse é considerado o maior fator de risco.
Existem muitas formas de ajudar a evitar que um suicídio aconteça. Um dos pontos em que se pode buscar apoio é o próprio CVV, uma organização filantrópica, sem fins lucrativos, cujo objetivo é oferecer apoio emocional a quem está sofrendo com pensamentos suicidas.
Para quem é próximo, como amigos e familiares, uma percepção aguçada de que o problema existe e a disposição de agir na hora certa podem ser decisivas. Entenda-se aqui, por “agir”, tanto a capacidade de conversar sem preconceito sobre o tema com a pessoa que está em risco, estimulá-la e ajudá-la a procurar especialistas em saúde mental assim que possível, como tomar providências emergenciais caso a tentativa aconteça.
No site oficial da campanha Setembro Amarelo e na cartilha especial que a SICCS está disponibilizando sobre o tema existem informações mais completas e detalhadas a respeito deste fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em praticamente todas as culturas conhecidas, mas que podemos, e precisamos, enfrentar hoje, aqui e agora, talvez para salvar a vida de uma pessoa querida.