Proibir 6x1 não vai ficar no 0x0

Proposta populista?

Vamos reduzir a jornada de trabalho - não apenas um pouco, mas significativamente - mantendo inalterados os salários, e todos ficarão felizes. Simples, não? Não: esqueceram de combinar com a realidade. E com o regime econômico em que, supostamente, vivemos (ou queremos ser, quando o país crescer).

Todos acompanharam a polêmica: a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), com discurso anticapitalista e tudo, propôs uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para substituir a escala 6X1 (6 dias de trabalho, 1 de descanso, com limite de 8 horas/dia e 40 horas semanais), amplamente utilizada em setores que demandam operações contínuas - como fábricas, farmácias, hotéis, restaurantes, segurança e transporte - pela escala 4x3, ou seja, uma semana com 4 dias de trabalho e 3 de folga, com jornada de 36 horas semanais.

Claro que a “pegadinha”, aquele subterfúgio de bom-mocismo malandro, meticulosamente inserido para chamar de explorador qualquer pessoa que se oponha à ideia, está em defender algo vago como o “bem-estar do trabalhador”, decidindo no lugar dele e considerando todo empreendedor um sanguessuga. Evidentemente, a escala 6x1 oferece benefícios operacionais para as empresas e realmente pode comprometer a qualidade de vida do colaborador, ponto que provavelmente tem mil modos de ser endereçado.

Não, não é essa a questão. O cerne do problema, e do debate, é a tentativa messiânica de mudar as relações de trabalho e a estrutura organizacional das empresas via canetada (no caso, lei), de forma totalmente irresponsável com as consequências. É uma, digamos, jogada para para aparecer “bem na foto” na visão de quem não está aparelhado o suficiente para análises profundas. Com mais de 190 assinaturas de parlamentares, a PEC segue para análise, embora deva enfrentar longo processo legislativo até uma possível aprovação.

Impactos nos salários e na economia

Uma das maiores preocupações em relação à redução da jornada é como isso afetará os salários. Embora o princípio da irredutibilidade salarial previsto na Constituição (artigo 7º, VI) proíba cortes salariais sem negociação coletiva, especialistas apontam que a redução da carga horária semanal pode levar a ajustes indiretos, como a perda de poder de compra, e à maior informalidade, semelhante ao que aconteceu com a “PEC das Domésticas”.

A legislação atual permite a negociação de reduções proporcionais por meio de acordos coletivos. Medidas semelhantes foram aplicadas durante a pandemia da Covid-19 e em programas de preservação de empregos no governo Dilma. No entanto, manter salários inalterados com jornadas menores impõe grandes desafios (atual sinônimo de “dificuldades”) financeiros às empresas, especialmente no setor de serviços, que utiliza amplamente a escala 6x1.

Segundo vários economistas, o aumento dos custos operacionais decorrente de uma jornada reduzida seria inevitavelmente repassado, claro, aos consumidores, elevando os preços e pressionando a inflação, sendo que setores competitivos como varejo e alimentação podem intensificar a substituição de trabalhadores por tecnologia para conter custos, o que afetaria principalmente profissões de baixa qualificação, exigindo maior especialização para se adaptar às novas demandas.

Uma análise preliminar feita por inteligência artificial (já que está na moda), estima que a migração da escala 6x1 para a escala 4x3 resultaria em um aumento de custos de aproximadamente 33% para as empresas. Isso ocorre porque a disponibilidade de trabalho dos colaboradores cairia de cerca de 85,7% para 57,1% dos dias úteis, obrigando as empresas a contratar mais funcionários para manter o mesmo nível operacional. Além dos salários, encargos trabalhistas, treinamento e integração de novos funcionários também contribuiriam para elevar os custos.

Defensores passionais x analistas lúcidos

Defensores da redução da jornada, como Erika Hilton, argumentam que a mudança proporcionaria mais tempo para descanso, aumentando a produtividade e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Além disso, a proposta poderia supostamente estimular novas contratações para cobrir as horas reduzidas, aquecendo o mercado de trabalho. Isso supondo, claro, que a capacidade de pagar das empresas, sempre dirigidas por capitalistas malvadões, seja infinita e flutue no espaço, desvinculada de encargos e outros detalhes inconvenientes da realidade.

Para analistas mais lúcidos, a implementação de uma semana de trabalho mais curta enfrenta evidentes entraves legais e econômicos. A ausência de incentivos ou suporte governamental torna a transição “desafiadora” (difícil...), especialmente para pequenas e médias empresas. Sem políticas públicas que reduzam os custos de produção e de... bem, gerar empregos, a adoção dessas medidas poderia ampliar desigualdades no mercado de trabalho e afetar setores essenciais que operam em regime 24x7.

Em outras palavras, derrubar na marra o 6X1 não levaria suavemente a um 4x3, como se no caminho houvesse uma espécie de 0x0 de tensões socioeconômicas. Provavelmente, a medida seria um espetacular gol contra. Parece inegável que há empregadores que exploram empregados, mas não parece uma boa ideia forçá-los a ser razoáveis ou mais “generosos” impondo uma lei talvez inviável. E aqui não se está defendendo que o trabalhador seja explorado, problema real de uma economia que carece de maturidade, mas que essa qualidade de vida pretendida seja atingida, talvez, quem sabe, por crescimento econômico e aumento da produtividade.

O economista e o filósofo

O debate, portanto, envolve não apenas o bem-estar dos trabalhadores, mas também a sustentabilidade econômica das empresas e o impacto no mercado de trabalho. A decisão final sobre a regulação dessa mudança cabe ao Congresso Nacional, onde, conforme a lenda, tudo pode acontecer, inclusive nada. Enquanto isso, a discussão continua a movimentar diferentes setores da sociedade, dividindo opiniões sobre os caminhos para equilibrar produtividade, qualidade de vida e estabilidade econômica.

Uma passagem ilustrativa, real, talvez sintetize bem o debate. Em prestigiado programa de televisão, o filósofo carismático, já há algum tempo decidido a pagar pedágio ideológico, diz que abriria mão do conforto de um supermercado 24 horas, ou estaria disposto a pagar mais por ele, para que o trabalhador não seja explorado na escala 6x1. Em réplica, o pragmático economista, colega de bancada naquele dia, diz que os pobres que compram do mesmo lugar não concordariam muito com a ideia. Na tréplica, o filósofo diz não saber se a proposta funciona, mas que a defende em princípio. Ao que o economista fulmina: meu princípio é saber se funciona, antes de propor.

Can we rest our case?

 

Fontes:
www.bbc.com/portuguese/articles
www.noticias.uol.com.br
www.camara.leg.br/noticias
www.rhnoticias.com.br

 


Desafios e estratégias atuais do RH.

Com a evolução constante do ambiente de trabalho e as mudanças nas expectativas dos colaboradores, a área de Recursos Humanos enfrenta novos desafios. A seguir, veja as principais questões que os profissionais de RH devem solucionar e algumas maneiras de transformar o RH numa função mais estratégica nas empresas.

Desafios

Atração e retenção de talentos - Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, encontrar e reter talentos é um dos maiores desafios do RH. Com a crescente demanda por habilidades específicas, muitas empresas lutam para preencher vagas com candidatos qualificados. Além disso, a expectativa dos colaboradores em relação à flexibilidade no trabalho e ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal está mudando rapidamente.

Diversidade e inclusão - Promover um ambiente diversificado e inclusivo não é apenas uma questão ética, mas também uma estratégia que melhora a inovação e a performance organizacional. No entanto, implementar políticas de diversidade e inclusão efetivas continua sendo um desafio, exigindo um compromisso real e mudanças culturais dentro das empresas.

Gestão de desempenho - A tradicional avaliação de desempenho anual já não é suficiente. Com a necessidade de feedback contínuo e desenvolvimento de carreira, os profissionais de RH devem encontrar maneiras de tornar a gestão de desempenho mais dinâmica e orientada a resultados.

Saúde mental e bem-estar - O bem-estar dos colaboradores se tornou uma prioridade, especialmente após a pandemia. Gerenciar a saúde mental no local de trabalho e oferecer suporte emocional são desafios significativos para os departamentos de RH, que precisam implementar iniciativas eficazes para promover um ambiente de trabalho saudável.

Transformação digital - A digitalização está mudando a forma como as empresas operam, e o RH não é exceção. Adotar novas tecnologias e ferramentas de automação é essencial para otimizar processos, mas muitos profissionais de RH ainda enfrentam dificuldades na implementação e no treinamento de colaboradores para utilizar essas ferramentas.

Estratégias

Adotar um modelo de RH baseado em dados - Utilizar análises de dados para entender padrões de desempenho, rotatividade e satisfação dos colaboradores pode ajudar o RH a tomar decisões mais informadas. Isso pode incluir a realização de pesquisas de clima organizacional e o uso de métricas de desempenho para identificar áreas de melhoria.

Fomentar uma cultura de feedback - Implementar uma cultura de feedback contínuo pode melhorar a comunicação entre equipes e ajudar no desenvolvimento profissional dos colaboradores. Isso pode incluir reuniões regulares de check-in e a utilização de ferramentas de feedback em tempo real.

Investir em desenvolvimento e capacitação - Criar programas de treinamento e desenvolvimento que atendam às necessidades dos colaboradores não apenas ajuda na retenção de talentos, mas também impulsiona a performance organizacional. O RH deve trabalhar em colaboração com os líderes de equipe para identificar as habilidades necessárias e oferecer oportunidades de crescimento.

Promover diversidade e inclusão ativamente - O RH deve incorporar práticas de diversidade e inclusão em todos os processos de recrutamento e seleção, garantindo que a diversidade seja uma prioridade. Além disso, é importante criar espaços seguros onde todos os colaboradores se sintam valorizados e ouvidos.

Priorizar o bem-estar dos colaboradores - Desenvolver programas de saúde mental e bem-estar, como acesso a serviços de aconselhamento, horários flexíveis e iniciativas de mindfulness, pode ajudar a melhorar a satisfação e a produtividade dos colaboradores.

Integrar tecnologia ao RH - A adoção de ferramentas digitais pode facilitar a automação de tarefas administrativas, permitindo que os profissionais de RH se concentrem em atividades mais estratégicas, como o desenvolvimento de talentos e a construção de uma cultura organizacional positiva.

Os desafios que a área de RH enfrenta em 2024 são significativos, mas não insuperáveis. Ao adotar uma abordagem mais estratégica e focada nas pessoas, o RH pode desempenhar um papel crucial na transformação das organizações.

Indicamos aqui apenas alguns passos fundamentais para garantir que o RH se torne parceiro estratégico no propósito empresarial. Ao abordar esses desafios de forma proativa, as empresas podem não apenas reter os melhores talentos, mas também criar um ambiente de trabalho onde todos se sintam valorizados e motivados a contribuir para o sucesso da organização.

No que tange às áreas de saúde e bem-estar e gestão de benefícios, a SICCS disponibiliza soluções ao mesmo modulares e completas para auxiliar os profissionais de RH nessa jornada repleta de desafios, mas cujo destino final deve ser o sucesso.

 

Fontes
- Society for Human Resource Management
- Harvard Business Review
- World Economic Forum
- Gallup
- McKinsey & Company
- Forbes


O cancelamento pode ser cancelado.

PL prevê proibição de rescisão unilateral dos planos de saúde

O que apareceu nas notícias e nos protestos dos consumidores nas redes sociais (inclusive aquela que anda proibida por aqui) não é uma percepção equivocada: o aumento de cancelamentos unilaterais de planos de saúde tornou-se alarmante e tem causado preocupação entre consumidores e órgãos reguladores. Segundo a ANS, houve um salto de 60% nas reclamações entre 2019 e 2023, com 17.345 registros apenas em 2023.

Pela legislação atual, para planos individuais e familiares o cancelamento só pode ocorrer em casos de inadimplência por mais de 60 dias ou fraude comprovada, sendo necessário realizar notificação prévia e processo administrativo conduzido pela ANS. Já nos planos coletivos, responsáveis pela maioria dos contratos no Brasil, a operadora pode rescindir o plano sem explicações após o término da vigência inicial, desde que haja notificação prévia com 60 dias de antecedência.

A justificativa das operadoras, como a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), é que a medida visa a garantir a sustentabilidade econômica e a qualidade do serviço prestado, além de “suspeitas de fraudes” (como se uma mera suspeita justificasse a suspensão de serviço tão vital). Evidentemente, a prática gerou grande insegurança entre os usuários, muitos surpreendidos durante tratamentos em andamento, inclusive de doenças graves (apesar da proibição de cancelamento durante internações).

Nesse cenário confuso e litigioso, um senador do Rio Grande do Norte apresentou em agosto o PL 3.264/2024, propondo alterações na Lei 9.656/1998 (que regulamenta os planos e seguros privados de assistência à saúde), de modo a impedir a rescisão unilateral de contratos durante tratamentos contínuos e estabelecer novas regras para a manutenção de uma rede credenciada compatível. A ideia é garantir a pacientes em situação crítica que possam dar continuidade e/ou concluir seus tratamentos.

O PL também procura coibir a prática de “seleção de risco” por parte das operadoras, na qual pacientes mais custosos são “evitados”. A medida, portanto, pretende assegurar que os contratos não sejam cancelados de forma arbitrária, garantindo a proteção dos beneficiários. Muitos veem essa iniciativa legislativa como um passo importante para a defesa dos direitos dos consumidores de planos de saúde no Brasil.

O desenrolar dos fatos já havia trazido o que no cinema é chamado de um plot twist (uma guinada inesperada no enredo): em reunião realizada em maio na Câmara dos Deputados - da qual participaram nada menos que empresas como Bradesco Saúde, Amil, Unimed Nacional, Sul-Americana e Rede Dor Sul-América, entre outras - representantes do setor dos planos de saúde prometeram reverter os recentes cancelamentos unilaterais de contratos relacionados a algumas doenças e transtornos, suspender novos cancelamentos e revisar casos de pacientes afetados.

Aparentemente, a pressão de autoridades públicas e da própria sociedade civil já havia criado uma espécie de refluxo no que muitos consideraram uma prática predatória do setor. Segundo definição expressa em nota do (nem sempre comedido) do Idec, “na prática, as operadoras entendem que podem expulsar usuários de suas carteiras e definir os contratos considerados indesejáveis, discriminando as pessoas que, por sua condição, representam maiores despesas assistenciais”.

Evidentemente, o quadro é mais complexo que isso (embora não exclua, necessariamente, esse tipo de política altamente discutível). Existem números consideráveis que apontam para uma queda de lucratividade significativa das operadoras de saúde suplementar, o que por si só já é motivo para rever métodos e processos. Por outro lado, parece inegável que a transparência não é uma das maiores qualidades dessas mesmas operadoras, cujos reajustes e decisões repentinas desnorteiam beneficiários e outros atores do setor.

Parece que se chegou a um ponto em que não é mais possível questionar que saúde é, sim, um serviço, mas que por sua natureza delicada e crítica precisa seguir uma ética própria, diferente da que se aplica a atividades mais cotidianas e menos vitais, como servir um cafezinho ou vender produtos como sabonetes e sapatos, por exemplo. É uma questão, em boa parte, moral, que transcende o mero debate mercadológico - mas precisa integrá-lo.

Com a tramitação do PL 3.264/2024, o debate sobre o tema continua no Congresso, onde se espera que as discussões sejam voltadas para um modelo mais protetivo e equilibrado, que considere tanto os interesses das operadoras quanto os direitos dos usuários. Esse equilíbrio provavelmente será um desafio contínuo e perpétuo no setor de saúde suplementar no Brasil. Porém, uma solução consensual, mesmo que imperfeita, é melhor do que discordâncias crônicas que geram infinitas batalhas.

 

Fontes
www.economia.uol.com.br
www12.senado.leg.br
www.agenciabrasil.ebc.com.br/saude


Seguro de Riscos Políticos

Essencial frente à imprevisibilidade das decisões

Existe uma corrente de pensamento que acredita e “prega” que toda ação é política - inclusive qualquer “não-ação” com o objetivo de não se envolver diretamente em decisões dessa natureza. Esse tipo de debate acadêmico poder ser interessante e potencialmente infinito, mas no mundo prático do mercado pouca gente questiona que toda ação política pode influenciar em alguma medida o ambiente de negócios, para o bem e para o mal.

Temos, então, o conceito risco político, que se refere à probabilidade de eventos políticos afetarem negativamente as operações e investimentos de um indivíduo ou empresa. Para empresas que operam em mercados com alto grau de instabilidade política, locais ou globais, é ainda mais essencial e estratégico compreender e gerenciar esse tipo de risco para proteger seus ativos e operações. Vejamos alguns eventos políticos que têm potencial nocivo.

- Mudanças na legislação - Alterações nas leis ou regulamentos que podem impactar negativamente as operações de negócios ou a rentabilidade de investimentos.
- Expropriação e nacionalização - Ato de um governo tomar controle de ativos privados sem compensação adequada, como ocorreu em algumas situações históricas em vários países.
- Inconvertibilidade de moeda - Restrição ou impossibilidade de converter a moeda local em moeda “forte” ou de transferir lucros para fora do país.
- Violência política - Conflitos armados, terrorismo ou instabilidade política que pode danificar propriedades e interromper operações comerciais.
- Instabilidade governamental - Mudanças abruptas de governo, golpes de estado ou crises políticas de qualquer natureza.

Uma rápida olhada nessa lista, um tanto genérica, mas consistente e realista, deixa claro quanto esse tipo de evento pode ter implicações significativas para empresas/negócios, evidenciando quanto é fundamental estar preparado para fazer a gestão desses riscos por meio de uma visão estratégica, com análises e seguros específicos.

Para mitigar o risco político, hoje existe o que se convencionou chamar (com ligeiras variações) de Seguro de Riscos Políticos, projetado para oferecer segurança para empresas, credores e investidores que buscam proteger seus ativos em ambientes voláteis, cobrindo ameaças como as que mencionamos a seguir.

- Confisco, expropriação e nacionalização - Proteção contra a perda de investimentos devido a ações governamentais que interfiram nos direitos de propriedade.
- Violência política - Cobertura para danos causados por conflitos armados, terrorismo e outros atos de violência.
- Interrupção de negócios - Compensação para empresas que sofrem interrupções operacionais devido à violência política.
- Inconvertibilidade e transferência de moeda - Proteção contra a impossibilidade de repatriar lucros ou converter moeda local para moeda forte.
- Frustração de contrato - Proteção para contratos que são cancelados ou não pagos devido a eventos políticos adversos.

Poderíamos tranquilamente acrescentar a essa lista o assim chamado Crédito Estruturado, uma camada adicional de proteção especialmente direcionada à inadimplência em situações causadas por crises políticas/econômicas, um seguro valioso em operações de comércio internacional, financiamento de projetos e emissão de títulos em que o risco de não pagamento pode ser elevado devido a fatores externos. Mas, dada a amplitude e complexidade do tema, faremos em breve um artigo exclusivamente sobre ele.

Nessa época em que as incertezas políticas e econômicas são uma constante - basta ver o noticiário, em qualquer plataforma - proteger seus investimentos com seguros específicos é uma estratégia não só inteligente, mas também indispensável. Tanto o Seguro de Riscos Políticos quanto o Seguro de Crédito Estruturado proporcionam não apenas proteção financeira, mas também a tranquilidade necessária para que empresas e investidores possam focar no crescimento e na expansão, mesmo diante de cenários adversos.

Para mais informações sobre essas apólices e como elas podem beneficiar sua empresa, consulte os especialistas da SICCS e encontre a solução sob medida para o seu negócio.

Fontes
www:fenseg.org.br
www.mapfre.com
www.valor.globo.com

 


SUSEP suspende alterações nos bônus de seguro auto.

O que ia acontecer?

Em 3 de agosto, entrariam em vigor no sistema de bônus do seguro auto, várias mudanças anunciadas pela Confederação Nacional das Seguradoras (CnSeg) e Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg). As novas regras incluiriam uma alteração na denominação da Central de Bônus, que passaria a se chamar Central de Apólices, refletindo a ênfase nas informações trocadas entre as congêneres, e seria obrigatória para todas as seguradoras integrantes da Central.

Segundo a FenSeg, essas mudanças atendiam às solicitações dos corretores, simplificando e personalizando os critérios de bônus, eliminando dúvidas, reduzindo a carga operacional, agilizando a emissão de apólices e evitando o uso indevido dos bônus. Estariam alinhadas com sugestões recebidas pela entidade, principalmente sobre burocracia e a necessidade de ter dados mais relevantes no processo de aceitação do seguro.

Mas as opiniões sobre essas alterações sempre divergiram, com representantes do segmento lembrando que 130 mil profissionais e empresas corretoras são responsáveis pela intermediação de mais de 85% do mercado de seguros no Brasil - e que nem a Fenacor nem o Sincor foram consultados ou contribuíram na construção dessas mudanças.

A partir de agosto, a duração do benefício em manutenção poderia ser estendida para até 60 dias e prolongada por até 2 anos - e depois desse prazo a bonificação seia cancelada. A inclusão seria preservada por 1 mês em condições sem ocorrências de acidente. Para apólices que não fossem renovadas, a bonificação se manteria ou diminuiria mensalmente ao longo de 1 ano.

Se ocorresse alteração na proteção do seguro, como a adição do seguro de Casco, a vantagem seria mantida para renovações sem sinistros e ampliada para endossos. A alteração de categoria, como de táxi para privado, também levaria à manutenção do benefício. Entretanto, os serviços de test drive, entrega, aluguel de veículos, escolas de direção e programas de experiência/fabricante permaneceriam sem direito a gratificação.

Além disso, com as novas regras, o bônus passaria a ser exclusivamente do segurado, fosse ele pessoa física (PF) ou jurídica (PJ), e não poderia ser transferido para outro CPF ou CNPJ, mesmo que houvesse ligação ou sociedade. Uma das principais críticas era exatamente quanto à proibição de transferências de gratificação, como entre cônjuges ou de pais para filhos, considerada uma grande injustiça com famílias que “jogaram dentro das regras”.

 

O que efetivamente aconteceu?

No último dia 5 de agosto, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) determinou a suspensão imediata da implementação das novas regras de bônus no seguro de automóvel prevista. A decisão foi tomada após uma solicitação de medida cautelar da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), que argumentou que as mudanças trariam impactos negativos para corretores e consumidores, além de potencialmente afetar a dinâmica de concorrência do segmento.

A Susep fundamentou sua decisão nos princípios constitucionais da defesa do consumidor e da livre concorrência, conforme os artigos 170 e 173 da Constituição Federal. A autarquia também ressaltou que a política de seguros privados deve promover a expansão do mercado e integrar-se ao processo econômico e social do país, conforme o Decreto-Lei nº 73/1966.

A decisão da Susep foi tomada com base na urgência e relevância das alegações apresentadas pela Fenacor, além da necessidade de uma medida cautelar para garantir a eficiência da atuação da autarquia. A Susep garantiu que foi dada a oportunidade de contraditório e ampla defesa às partes envolvidas na questão.

 

O que pode acontecer agora?

Ao mesmo tempo em que foi bem recebida por atores importantes do setor, a suspensão das novas regras traz, evidentemente, novas preocupações sobre possíveis consequências futuras para o mercado de seguros. A falta de consulta ampla aos principais stakeholders sugere uma falha significativa de governança: parece claro que reformas desse quilate só podem ser consideradas eficazes e positivas depois de um diálogo mais amplo, inclusivo e equilibrado entre todas as partes envolvidas.

Tudo considerado, o desenrolar dos fatos é quase um exemplo perfeito do que se convencionou chamar de “insegurança jurídica” - e muito provavelmente a questão será (ou permanecerá) judicializada. A partir daí, sabemos que, no Brasil, aplica-se aquele raciocíno que soa folclórico, mas é bem realista: pode acontecer tudo, inclusive nada.

O que quer que aconteça - ou não - será devidamente acompanhado e compartilhado com você aqui no blog da SICCS.

 

Fontes
www.gov.br
www.infomoney.com.br
www.valor.globo.com
www.sindsegprms.org.br

 


SICCS 8 ANOS: infinitas possibilidades

Começa uma nova era, ainda melhor do que era

Nossa jornada no mercado de seguros começou com a atuação dos nossos sócios-fundadores na área de benefícios, comercializando planos de vida e previdência privada. Ao longo dos anos, esses executivos que hoje são nossas lideranças aprofundaram seus conhecimentos nos mais diversos segmentos de benefícios e, posteriormente, passaram a atuar na área de consultoria. Essa trajetória permitiu acumular uma experiência ainda maior e entender profundamente as necessidades do mercado, sempre buscando oferecer soluções inovadoras e eficazes.

SICCS: a origem do projeto
O projeto SICCS nasceu de uma grande oportunidade identificada em determinado momento dessa bem-sucedida história de muitos anos de experiência. A ideia central do projeto foi oferecer um atendimento de muito mais proximidade com o cliente e agilidade muito maior no fornecimento de soluções: um verdadeiro serviço de “boutique”, que garantisse que nossos clientes tivessem um nível de satisfação superior ao do mercado. Foi essa visão de atendimento personalizado e excelência que motivou a criação da SICCS.

 Superando desafios e construindo um legado
Desde o início, enfrentamos desafios significativos. Começar uma empresa do zero, apesar da experiência e maturidade dos nossos profissionais, exigiu esforço para convencer, capacitar e envolver os clientes em nossa visão. A consolidação no mercado foi, sem dúvida, um dos maiores obstáculos, mas também - e por isso mesmo - uma das nossas maiores conquistas. É assim que construímos o nosso legado: com foco no cliente e coragem de fazer diferente

Diferenciais da SICCS no mercado
Até hoje, o que nos diferencia no mercado é a maior agilidade e o atendimento personalizado, aos quais se somam a flexibilidade para buscar soluções que realmente atendam - e superem - até as expectativas mais otimistas dos nossos clientes. Vamos além das soluções “de prateleira”, oferecendo opções que podem fugir do meramente convencional. Entendemos profundamente as necessidades das áreas de RH, financeira e administrativa, e isso nos permite entregar soluções que realmente fazem a diferença.

 Olhando para o futuro
Após 8 anos de dedicação e crescimento, nosso desafio agora é consolidar ainda mais nossa posição no mercado, expandir nossas operações e garantir a inovação contínua. Fortalecer nossa cultura corporativa é essencial para que possamos continuar a fornecer soluções de alta qualidade que atendam às necessidades dos nossos clientes de forma diferenciada e única. Em outras palavras, permanecemos fiéis às nossas raízes, intenções e convicções, ao mesmo tempo em que incorporamos todas as possibilidades que surgem com o que há de novo.

Celebrando 8 anos de inovação e excelência
Quando nos deparamos com o conceito de "infinito", várias coisas podem vir à mente: a vastidão do universo, possibilidades sem fim, transcender limites. Para a SICCS, nessa comemoração dos nossos 8 anos, a ideia de infinito abrange não somente infinitas possibilidades, mas também nosso compromisso inabalável de atender e superar as expectativas dos nossos clientes. Nosso selo de comemoração é mais que um marco: é uma promessa de que toda demanda, necessidade ou expectativa que nos trouxerem será ouvida, analisada e atendida da melhor forma possível, seja com soluções internas ou através de parceiros, atuais ou futuros.

Comemore com a gente
Nossos 8 anos representam muito mais do que um simples período: são a prova da nossa capacidade de inovar, superar desafios e oferecer sempre o melhor aos nossos clientes. Quando olhamos para o futuro, vislumbramos a SICCS continuando a expandir suas fronteiras, sempre com a mesma dedicação e compromisso com a excelência que marcaram nossa trajetória até aqui. E, claro, com você ao nosso lado. Contar com sua confiança é parceria é, na verdade, o principal motivo de querermos celebrar. Vamos juntos?


Saúde suplementar: transformações e desafios.

O cenário da saúde suplementar no Brasil está passando por significativas transformações e enfrentando desafios que refletem tanto potencialidades quanto problemas persistentes. Recentemente, 2 grandes players - Amil e Dasa - anunciaram a criação de uma nova empresa hospitalar que se tornará a 2ª maior do setor. Esta fusão fortalece a proposta de valor dos planos da Amil e auxilia a Dasa em sua desalavancagem, essencial para a valorização da empresa, protegendo sua posição competitiva em um mercado que está se consolidando em torno de grandes grupos.

Esta grande transação marca um ponto importante no segmento, criando um novo equilíbrio de forças e mudando a "geopolítica" do mercado de saúde suplementar. Com a nova empresa controlada igualmente por acionistas da Dasa e da Amil, há um co-controle que busca operar de forma independente, com planos para abertura de capital​​. A nova empresa terá nada menos que 25 hospitais, 4.400 leitos e receita líquida em torno de R$ 99 bilhões (calculada retroativamente em relação a 2023), com EBITDA de R$ 777 milhões.

Entretanto, esse tipo de reestruturação acontece num momento de intenso debate sobre a alegada crise sistêmica no setor. Segundo veículos especializados, embora empresas estejam adotando várias providências para melhorar processos de gestão assistencial e econômica, a escalabilidade dessas medidas ainda é questionável. Dados recentes divulgados pela ANS indicam que o desempenho setorial voltou ao patamar pré-pandêmico, embora este nível não seja confortável em termos de equilíbrio operacional​.

A questão da sustentabilidade das práticas adotadas para melhorar os resultados financeiros é uma preocupação constante. Críticas apontam que a melhora pode estar sendo conseguida às custas de prestadores de serviços, que enfrentam atrasos significativos nos pagamentos, aumento das glosas e alta taxa de reclamações dos beneficiários​​. As preocupações com a concentração excessiva de mercado e algumas práticas de gestão de caixa levantam dúvidas sobre a real recuperação do setor.

Além disso, notícias recentes alertam sobre fraudes milionárias na oferta de atendimento pelo sistema médico, tanto por parte dos prestadores de serviços quanto pelos próprios beneficiários, complicando ainda mais o quadro​. A transação entre Amil e Dasa, ao mesmo tempo em que fortalece a proposta de valor dos planos de saúde e auxilia na desalavancagem, também evidencia os desafios enfrentados pelo setor.

Enquanto alguns veem essas movimentações como sinal de recuperação e consolidação, outros alertam para os riscos de práticas que podem levar a uma piora dos serviços prestados. A gestão assistencial e econômica precisa encontrar um equilíbrio que permita a sustentabilidade do setor sem sacrificar a qualidade dos serviços aos beneficiários. A hipótese é que há experiências e modelos bem-sucedidos sendo desenvolvidos no mercado de saúde suplementar que podem mitigar a falta de soluções estruturantes e ser adotados em escala relevante para o sistema privado​.

Experiências relatadas em meios de comunicação especializados no segmento securitário indicam que a maior parte desses modelos está sendo implementada em graus diversos por especialistas e entidades externas às operadoras e prestadores de serviços médico-hospitalares. Essas experiências incluem novas formas de remuneração baseadas em efetividade, ampliação do uso de TI e IA, foco na assistência primária, integração de cuidados primários com secundários e terciários e adoção de processos antifraude​.

A vantagem dessa tendência é que os que tomam riscos no sistema privado poderiam terceirizar possibilidades de novos modelos de pagamento e assistenciais, cujo progresso poderia ser rapidamente ajustado conforme os resultados, sem maiores compromissos de capital ou operacional. No entanto, a escalabilidade e a representatividade dessas novas abordagens ainda precisam ser confirmadas e avaliadas em termos de impacto no conjunto das atividades setoriais​.

Parece bastante razoável dizer que por causa - ou apesar, dado que grandes concentrações de mercado costumam ter muitos efeitos colaterais - das significativas fusões e aquisições, e das tentativas de inovação, a saúde suplementar no Brasil enfrenta um caminho complexo. A busca por soluções que equilibrem a necessidade de sustentabilidade financeira e a qualidade do atendimento ao beneficiário é crucial para o futuro do setor.

A SICCS está sempre atenta às tendências do mercado e adapta constantemente seus processos para continuar a fornecer soluções sob medida para o seu negócio. Entender e compartilhar as diversas movimentações do segmento faz parte dessa jornada que já há 8 anos cumprimos ao seu lado.


Gestão de Saúde e os Impactos da Sinistralidade no Mundo dos Negócios

Um workshop SICCS

Contexto e relevância
No dinâmico ambiente empresarial de hoje, a gestão eficaz da saúde dos colaboradores é mais do que uma prática benéfica - é uma necessidade estratégica. Compreender e gerenciar a sinistralidade nos planos de saúde empresariais/corporativos pode ser o diferencial para um desempenho financeiro robusto e um ambiente de trabalho saudável.
Foi exatamente este o tema tratado no workshop especial que a SICCS realizou no último dia 24 de junho, um encontro que reuniu especialistas do setor para discutir como uma gestão eficaz pode influenciar positivamente os custos associados aos planos de saúde corporativos e melhorar a qualidade de vida dos colaboradores. Veja, a seguir, os principais tópicos abordados no evento

Entendendo a sinistralidade
A sinistralidade é um conceito-chave no gerenciamento de planos de saúde, pois mede a relação entre o custo dos sinistros (utilização do plano de saúde) e o prêmio pago pela empresa à operadora. Uma alta sinistralidade pode levar a aumentos significativos nos custos de renovação dos contratos de saúde. Para líderes da área de RH, compreender e gerenciar a sinistralidade é crucial, porque afeta não só o orçamento de benefícios, mas também a qualidade do que é oferecido e o engajamento dos colaboradores.

Causas da alta sinistralidade
Durante nosso workshop, foram mencionadas algumas das causas mais comuns para a alta sinistralidade nos planos de saúde empresariais, indicadas a seguir.
Desconhecimento do benefício - Muitos colaboradores não têm informações claras sobre o uso correto do plano de saúde, o que pode levar à utilização inadequada.
Utilização indevida - O uso desnecessário de consultas e procedimentos aumenta os custos gerais.
Ausência de hábitos saudáveis - A falta de hábitos como alimentação adequada e a prática de exercícios físicos pode resultar em maior utilização dos serviços de saúde.

Impactos no orçamento das empresas
A alta sinistralidade pode ter efeitos severos no orçamento das empresas, especialmente num cenário de crescimento contínuo do mercado de Saúde Suplementar, que passou de 47 milhões de beneficiários em setembro de 2020 para 509 milhões em setembro de 2023, com projeções para atingir 523 milhões até o final de 2024. Esse aumento nos custos pode afetar diretamente a competitividade das empresas, especialmente em setores em que a margem de lucro é estreita.

Estratégias para gerenciar a sinistralidade
Os especialistas presentes no workshop discutiram várias estratégias para gerenciar e reduzir a sinistralidade. Confira, a seguir, as principais.
Promoção de saúde e qualidade de vida - Implementar programas que incentivem hábitos saudáveis e promovam o bem-estar dos colaboradores pode reduzir a necessidade de serviços médicos.
Investimento em segurança no trabalho - Melhorar a segurança no ambiente de trabalho ajuda a prevenir acidentes e doenças ocupacionais, diminuindo o uso do plano de saúde.
Análise de procedimentos e custos - Monitorar e analisar os procedimentos mais utilizados pode ajudar a identificar e eliminar práticas desnecessárias ou ineficazes.
Gestão de casos crônicos - Acompanhamento, de perto, de colaboradores com problemas de saúde crônicos ou que utilizam frequentemente o plano de saúde pode ajudar a controlar os custos.
Tecnologias de análise preditiva - Utilizar ferramentas de análise preditiva para antecipar tendências e necessidades de saúde dos colaboradores.

Casos de sucesso
No evento, foram apresentados dois exemplos de sucesso:
1 - Uma associação de classe que focou na gestão de riscos para um grupo com alta sinistralidade, obtendo uma significativa redução dos custos após a implantação de um modelo de gestão personalizado;
2 - Uma empresa de tecnologia que enfrentava altos custos com uma população jovem e foi beneficiada por ações preventivas e de promoção de saúde, diminuindo assim sinistralidade.

Conclusão
A gestão eficaz da saúde é um componente crucial para manter os custos sob controle e garantir que os benefícios oferecidos sejam sustentáveis e valiosos para todos os envolvidos. E investir em programas de qualidade de vida, segurança no trabalho e tecnologias de gestão pode proporcionar benefícios significativos tanto para os colaboradores quanto para as empresas.
Além de fornecer excelentes soluções para atingir esses objetivos, a SICCS promove, por meio de iniciativas como esse workshop, o amadurecimento e a inovação do mercado de seguros, ajudando os empreendedores a se preparar para liderar mudanças capazes de acelerar os resultados de cada negócio.


Como as empresas voltarão a operar no Rio Grande do Sul?

Entenda o que é um Plano de Continuidade de Negócios.

Diante da devastação que todos testemunhamos com as enchentes históricas no Rio Grande do Sul - na qual, claro, a maior perda é a de vidas e histórias pessoais - é plausível que também surja, na mente dos empreendedores, a seguinte pergunta: como as empresas que operavam na região poderão se recuperar? A resposta é mais um aprendizado que se pode tirar dessa triste tragédia.

Trata-se do que o mercado chama de Plano de Continuidade de Negócios (PCN), um documento detalhado que descreve o que, e como, uma organização deve fazer para continuar operando durante e após uma interrupção inesperada - como a catástrofe natural que se abateu sobre o Rio Grande do Sul. O objetivo principal de um PCN é minimizar o impacto de desastres como esse e garantir que as operações críticas possam ser mantidas ou rapidamente retomadas.

Entre os benefícios de um bom PCN estão a resiliência organizacional (resistência que permite à empresa continuar operando), a proteção de dados (minimizando a perda e exposição de informações sensíveis), a confiança do cliente (pela demonstração de que a empresa está preparada para lidar com emergências) e a conformidade legal (porque há exigências regulamentadas de medidas de continuidade).

Veja, a seguir, alguns elementos fundamentais de um PCN:

- Análise de Impacto nos Negócios (BIA)
Identificação de funções críticas - Determina quais processos são essenciais para as operações da empresa;
Impacto de interrupções - Avalia as consequências de interrupções em diferentes áreas da empresa;
Tempo de recuperação necessário - Define quanto tempo uma função pode ficar fora do ar antes de causar impacto significativo;
Objetivos de ponto de recuperação - Especifica a quantidade máxima de dados que a empresa está disposta a perder.

- Estratégias de Recuperação
Recuperação de TI - Planos para restaurar sistemas de TI, dados e redes;
Operações alternativas - Procedimentos para mover operações para um local alternativo se o local principal for inacessível;
Comunicação - Estratégias para manter comunicação com colaboradores, clientes e fornecedores durante uma interrupção.

- Planos de Resposta a Incidentes
Procedimentos de emergência - Instruções claras sobre o que fazer imediatamente após um incidente;
Equipe de resposta a incidentes - Lista de pessoas responsáveis por executar o PCN, com detalhes de contato e responsabilidades específicas;
Protocolos de comunicação - Diretrizes sobre como e quando comunicar incidentes e atualizações para partes interessadas internas e externas.

- Testes e Manutenção
Testes regulares - Programação de testes para garantir que o plano funcione conforme esperado;
Atualizações e revisões - Processos para revisar e atualizar o plano regularmente, refletindo mudanças na organização ou no ambiente externo;
Treinamento - Programas de treinamento para colaboradores sobre suas responsabilidades no plano de continuidade.

- Documentação de Suporte
Recursos e contatos - Lista de recursos necessários, como fornecedores alternativos e contatos de emergência;
Mapas de infraestrutura - Diagramas das instalações e sistemas críticos;
Contratos e acordos - Documentos relevantes, como contratos de fornecedores de recuperação e seguros.

Vale reforçar: o PCN deve ser regularmente revisado e testado para garantir sua eficácia, pois trata-se de um instrumento vital da gestão de riscos e da resiliência organizacional, garantindo que a empresa possa superar e prosperar após eventos inesperados.

No momento oportuno, falaremos mais sobre gestão de riscos e contratação de seguros, elementos fundamentais de um PCN adequado. Mas você pode discutir esses conceitos e sua aplicação prática com nossos especialistas na hora que quiser. O melhor que se pode fazer diante de uma tragédia já consumada é aprender com ela.

 

Fontes
www.fia.com.br
www.abrasco.org.br
www.welcome.atlasgov.com
www.iso27000.com.br
www.cnnbrasil.com.br
www.portal.tcu.gov.br


Gestão de riscos: a primeira linha de defesa

O aprendizado que pode vir do Rio Grande do Sul.

“Aquecimento global” e “mudança climática” são conceitos que precisam ser considerados com seriedade, mas não aceitos ou mencionados de forma acrítica. Do modo como vêm sendo tratados por boa parte de veículos informativos e/ou formadores de opinião, ambos os termos passaram a fazer parte de uma espécie de galeria de “fatores estruturais”: algo que está sempre lá e influencia tudo que acontece na realidade, mesmo que “não pareça” ou que não saibamos explicar exatamente “como”.

Este tipo de premissa é considerado falso por intelectuais bastante respeitáveis – e, diga-se de passagem, que tudo que alguém exige que se aceite sem discussão já precisa ser visto com desconfiança por quem deseja exercer uma cidadania consciente. Assim, a tragédia que  se abateu sobre nossos irmãos brasileiros no Rio Grande do Sul pode ser considerada, sim, uma catástrofe natural, mas não uma “tragédia climática”.

Primeiro, porque a palavra “clima” se refere a fenômenos de longo prazo, não necessariamente a pontos fora da curva que acontecem em momento e contexto específicos. Segundo, porque, para que a tragédia seja racional e tecnicamente atribuída à emissão de gases resultantes da atividade humana, é preciso demonstrar a causalidade, algo que está longe de acontecer de forma madura devido ao caráter recente dos acontecimentos. Há quem diga até que o desastre era, em grande medida, previsível, mas isso é bastante diferente de saber explicar suas causas.

Porém, se há uma lição que podemos aprender agora, imediatamente, com a triste devastação que todos temos visto na televisão e na Internet diariamente, é a importância da gestão de riscos. Parece razoável dizer que certas instâncias governamentais, ao menos em certas regiões do país, precisam urgentemente conhecer e pôr em prática esse conceito, minimizando os efeitos de desastres que agora lamentam publicamente e frente aos quais soam impotentes. A seguir, exploramos o tema de mais de uma perspectiva, abrangendo as esferas pública e privada.

Importância da gestão de riscos
A gestão de riscos é essencial para identificar, avaliar e mitigar os impactos potenciais de catástrofes naturais. Este processo envolve a análise dos diversos riscos que podem afetar a comunidade e as empresas e a implementação de estratégias para minimizar esses impactos. A gestão eficaz dos riscos não só protege o patrimônio público e os ativos da empresa, mas também promove a segurança de cidadãos e colaboradores, assim como a normalidade social do cotidiano (esfera pública) e a continuidade das operações (esfera privada).

Continuidade de negócios e resiliência organizacional
Um plano de continuidade de negócios (PCN) é fundamental para assegurar que uma empresa possa continuar operando mesmo após a ocorrência de uma catástrofe natural. Este plano deve incluir procedimentos detalhados sobre como responder a diferentes tipos de desastres, desde tempestades e inundações até terremotos e incêndios florestais. O PCN deve ser regularmente revisado e testado para garantir sua eficácia. É indispensável que o poder público tenha um plano equivalente para a comunidade (que, claro, não será “de negócios”, mas uma das atribuições das instituições de Defesa Civil).

Diferenças entre riscos seguráveis e não-seguráveis
Quando se trata de catástrofes naturais, é importante distinguir entre riscos seguráveis e não-seguráveis. Riscos seguráveis são aqueles que podem ser cobertos por uma apólice de seguros, como danos materiais e interrupção de negócios devido a eventos específicos. Já os riscos não-seguráveis são aqueles que não podem ser facilmente cobertos por seguros tradicionais, como perdas de mercado ou danos à reputação da empresa. Compreender essa diferença é crucial para a elaboração de uma estratégia abrangente de gestão de riscos.

Seguros adequados para proteger o seu negócio
Um programa de seguros adequado é parte vital da preparação para catástrofes naturais. Este programa deve ser cuidadosamente estruturado para cobrir todos os riscos seguráveis identificados na análise de risco. Além disso, é importante trabalhar com uma corretora de seguros experiente, que possa ajudar a encontrar as melhores apólices e coberturas. Um bom programa de seguros oferece uma rede de segurança financeira que pode ser crucial para a recuperação após um desastre.

Sintetizando...
Preparar-se para catástrofes naturais é uma responsabilidade crítica para qualquer governo e empresa. Por meio de uma gestão de riscos eficaz, da implementação de um plano de continuidade de normalidade social e de negócios, da compreensão dos riscos seguráveis e não-seguráveis e da criação de um programa adequado de seguros, comunidades e empresas podem aumentar sua resiliência e capacidade de recuperação. Investir tempo e recursos nessas áreas não é apenas uma medida de precaução, mas uma estratégia essencial para garantir a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo, tanto da gestão pública quanto da gestão do negócio.

Podemos ajudar
A SICCS tem o preparo técnico, a experiência e a visão de global que permitem identificar e indicar as melhores soluções de seguro para episódios como esse que vem mobilizando o Brasil. Informar sobre as possibilidades de proteção e disponibilizar nossa expertise também são formas de nos solidarizar com todos que vêm sofrendo, direta e indiretamente, com os fatos.


Para saber como ajudar o Rio Grande do Sul com doações, veja a matéria anterior, aqui mesmo em nosso blog.


Fontes
www.fia.com.br
www.abrasco.org.br
www.estado.rs.gov.br
www.agenciabrasil.ebc.com.br
www.portal.tcu.gov.br