Casos de meningite em 2022: alarme ou alerta?
O Brasil é mundialmente conhecido por ter uma das maiores coberturas vacinais do planeta, sendo o Programa Nacional de Imunizações (PNI) uma referência global de excelência quando se trata de saúde pública. Mesmo continuando a ser um caso de sucesso, as taxas de vacinação no país vêm caindo desde 2015.
Profissionais da área estimam que isso está acontecendo por diversos motivos: desinformação, falta de divulgação/campanhas e até mesmo o horário relativamente limitado de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS), entre outros.
Mais recentemente, teorias conspiratórias sobre vacinas - sem qualquer lógica, fundamentação ou evidências - ganharam certa repercussão na opinião pública brasileira. Mas, enquanto em relação à vacina contra a covid-19 era compreensível algum receio, pelo fato de serem novas e desenvolvidas em tempo recorde, o assim chamado “movimento antivacinal” lança suspeitas também sobre imunizantes com décadas de aplicação bem-sucedida.
Isso não faz sentido e é contraproducente: se no passado o ser humano vivia em média algo como 30-35 anos e hoje vive 70-75 ou mais em diversos países, isso se deve ao avanço do conhecimento e dos cuidados com a saúde, aí incluída a imunização contra doenças que antes matavam aos milhões. Quase ninguém com algum conhecimento de história, ou em sã consciência, dúvida disso.
E mesmo os temores despertados pelas vacinas contra a covid-19 parecem ter sido vencidos aos poucos, à medida que as curvas de vacinação e mortes pela doença foram se mostrando inversamente proporcionais e os casos de efeitos colaterais bem documentados se mostraram raríssimos (diga-se de passagem, que eles ocorrem com todas as vacinas, que, como tudo, não têm risco zero).
Nesse cenário de cobertura vacinal um tanto descendente, a notícia de que um surto de meningite meningocócica C - a mais frequente entre as meningites bacterianas - atingiu a Zona Leste da cidade de São Paulo, nos dois primeiros meses do 2º semestre, deixou muita gente preocupada, gerando um aumento de procura pela vacina, que chegou a faltar em algumas UBS.
Quem tem aí por volta de seus 40-45 anos ou mais provavelmente se lembra da epidemia de meningite da década de 1970, também em São Paulo - a pior epidemia da doença na história do país. Na época, houve casos de 2 tipos de meningite meningocócica, A e C, ambas bacterianas. Para quem traz essa fase na memória deve ser mais difícil não se preocupar, inclusive pessoas que moram fora de São Paulo, já que hoje o trânsito de pessoas entre cidades e estados é muito maior. Sem falar que notícias sobre casos de meningite sempre assustam.
No entanto, em relação ao surto de 2022, os especialistas em saúde afirmam que não há necessidade de pânico. Primeiro, vale explicar o conceito de “surto”: é a ocorrência de 3 ou mais casos do mesmo tipo, na mesma localidade, em um prazo de 90 dias (ou seja, não envolve necessariamente um grande número de casos). Segundo, é bom que se saiba que o meningococo tem caráter endêmico, o que significa que os casos acontecem regularmente, a imensa maioria deles entre crianças e adolescentes, que já devem se imunizar de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação.
Em outras palavras, casos de meningite bacteriana não são raros, embora possam evoluir com rapidez para quadros graves, e até mesmo fatais, em questão de horas. A doença ataca as meninges, membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso, e é transmitida pelo ar, pelo contato com secreções das vias áreas.
No surto ocorrido neste ano em São Paulo, as autoridades seguiram corretamente o que recomendam os protocolos sanitários, realizando a chamada vacinação de bloqueio, uma ampliação da faixa etária do público-alvo que deve receber o imunizante. Foram vacinados mais de 30 mil moradores, estudantes e trabalhadores, entre 3 meses e 64 anos de idade, num perímetro de 3km da região em que foram localizados os casos.
Em suma, com exceção dos residentes e frequentadores da área, crianças e adolescentes devem se vacinar normalmente segundo o Calendário Nacional de Imunização e não há recomendação de estender a vacinação para todos os adultos, de toda a cidade. Importante lembrar: pessoas imunocomprometidas e profissionais de saúde entram num esquema de vacinação especial.
Uma observação final: embora não haja necessidade de alarme, isso não significa que não seja importante estar alerta. Doenças infecciosas, ainda mais as que podem evoluir gravemente, precisam ser continuamente combatidas com informação confiável e olhar atento. Os sinais e sintomas de meningite variam conforme a idade, mas quase sempre envolvem febre, sonolência, vômito, dor de cabeça e a já bastante divulgada rigidez na nuca - entre outros. Em casos suspeitos, recomenda-se procurar um serviço de saúde imediatamente.
Fontes
www.drauziovarella.uol.com.br
www.tuasaude.com/vacina-da-meningite
www.saude.mg.gov.br/meningite
TV sob ataque
Record enfrenta caso de ransomware.
Já propusemos aqui a seguinte questão: se um ataque hacker burlasse suas medidas de segurança digital, acessando os sistemas da empresa e “sequestrando” dados indispensáveis à sua operação, com um pedido “resgate” com valor na casa dos milhões, o que você faria? Pagaria o preço exigido pelos cibercriminosos ou se negaria, aceitando levar um tempo imprevisível para retomar suas atividades?
Um ataque desse tipo, conhecido como ransomware (sequestro digital), foi sofrido há alguns dias, em 08/10, pela TV Record. Após invadirem o sistema central da emissora, os hackers criptografaram todo o material, o que passou a impossibilitar o acesso da emissora a aos arquivos, e pediram US$ 5 milhões (mais de R$ 25 milhões) para que a “chave” dos conteúdos fosse devolvida.
Os cibercriminosos prometeram publicar todo o conteúdo na Internet se o pagamento não fosse realizado até às 13h56 (no fuso horário norte-americano) do dia 15/10. Caso a emissora pague, além de “devolver” o material os hackers teriam “generosamente” oferecido explicar como realizaram a invasão e indicar as formas de proteção.
Mas, segundo notícias publicadas em sites especializados sobre televisão, a TV Record tinha camadas de proteção em vigor para se proteger contra este tipo de ataque e seu departamento de Tecnologia de Informação possui backup de tudo que foi sequestrado. Portanto, a emissora teria recuperado todos os arquivos invadidos, que incluiriam grande quantidade de material jornalístico, mas não o acervo histórico da Record, como novelas e reality shows, armazenados em outro local.
A situação até ontem, 12/10, seria a seguinte: apesar de ter o backup, a emissora ainda estaria impossibilitada de acessar esses arquivos, e assim o ataque cibernético continuaria em andamento, com a Delegacia de Crimes Cibernéticos auxiliando a emissora. O desfecho do caso saberemos nos próximos dias - apenas dias, se a TV Record tiver sorte.
Como também já dissemos aqui, os crimes cibernéticos vêm apresentando aumento expressivo nos últimos anos e cresceu mais de 200% desde o início da pandemia. Estima-se que o custo global do cibercrime tenha sido de US$ 1 trilhão em 2020 e atinja a marca de US$ 6 trilhões em 2021. Não é de espantar, portanto, que as organizações estejam investindo forte em cibersegurança.
Só na América Latina, o setor movimentou quase US$ 5 bilhões no ano passado e deve chegar a US$ 9,57 bilhões em 2026. No Brasil, com a vigência da LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, que dispõe sobre dados pessoais e medidas de segurança para protegê-los de ações ilícitas e situações acidentais, o movimento é crescente - inclusive porque, claro, a lei prevê penalidades.
Uma das formas de reduzir os riscos de ataques digitais é combinar investimentos em tecnologia - especificamente sistemas cada vez mais eficazes em identificar e neutralizar invasões rapidamente - e treinamento de colaboradores para adoção de protocolos preventivos. Assim se constrói um programa robusto de segurança da informação.
Outra estratégia importante, ainda mais eficaz se adotada de modo complementar, é o chamado Cyber Seguro, apólice específica de seguro de riscos cibernéticos que oferece às empresas cobertura referente à responsabilidade pelo vazamento de dados e eventuais prejuízos financeiros causados por ataques de hackers. Se todas as outras medidas falharem, o seguro minimiza os prejuízos, o que não é pouco quando se fala em cifras nas casas dos milhões.
A existência e a popularização dessa solução, comum na Europa, é relativamente recente no Brasil. Mesmo assim, o aumento das contratações deste tipo de apólice foi de 55% no ano de 2019. Provavelmente, isso reflete uma consciência crescente no mercado, de que todas as empresas estão sujeitas a ataques de hackers, e que proteger-se deles é responsabilidade dos respectivos gestores.
Quer se prevenir contra o terrorismo virtual? A SICCS está apta, pronta e disposta a ajudá-lo nesse processo, oferecendo soluções de Cyber Seguro que contemplam suas necessidades.
Fontes
www.olhardigital.com.br
www.abgr.com.br
www1.folha.uol.com.br
www.neweseguros.com.br
www.convergenciadigital.com.br
www.canaltech.com.br/seguranca
Outubro Rosa | Todos contra o câncer de mama.
Essa causa nunca sai de moda.
Já dissemos aqui que associar diferentes estímulos reforça a percepção, a atenção e a memorização de uma determinada informação. E que, um dia, alguém decidiu aplicar esse eficiente recurso a causas nobres, associando uma cor a um determinado mês, e o mês a um determinado tema de saúde. Até onde se pode rastrear, o precursor dessa estratégia é exatamente o Outubro Rosa, mês em que estamos agora.
Criado para chamar a atenção das pessoas - especialmente as mulheres - para a questão do câncer de mama, segundo o site oficial da própria campanha o Outubro Rosa tem uma história que remete ao ano de 1990, quando a Fundação Susan G. Komen for The Cure lançou o laço cor-de-rosa e o distribuiu aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York (EUA).
Em 1997, outras cidades dos Estados Unidos aderiram à causa, consolidando o conjunto de iniciativas que hoje conhecemos como Outubro Rosa, cujas ações são direcionadas principalmente à conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce. Para sensibilizar a população, essas cidades eram realmente decoradas com laços rosas, o que acabou se desdobrando em outros recursos muito utilizados hoje em dia, inclusive no Brasil, como a iluminação de locais públicos com essa cor - além de diversos eventos temáticos.
Quem tem mais de 40, 45 anos, provavelmente se lembra da chegada da pioneira camiseta que trazia no peito a imagem de um alvo, contornado pela frase “O câncer de mama no alvo da moda”, com a qual esse segmento - por meio da Council of Fashion Designers of America Foundation - popularizou a conscientização sobre esse mal. Curiosamente, esse alvo é azul (e não rosa) desde a origem e hoje tem seu uso no Brasil exclusivamente licenciado para um determinado hospital de oncologia. Felizmente, a mobilização transcendeu o setor da moda - e também nunca saiu de moda.
Como se sabe, a saúde das mamas é vital para a qualidade de vida e a autoestima da mulher, por isso a chance de um tumor maligno nunca pode ser subestimada. E, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a mamografia regular é mais eficiente para um diagnóstico precoce do que o autoexame - que nem por isso deve ser dispensado. Uma mulher que observa qualquer alteração nas mamas, em qualquer momento da vida, deve procurar o serviço de saúde mais próximo imediatamente.
Durante a fase mais crítica da pandemia de covid-19, estima-se que muitas doenças não-infecciosas foram preteridas, por motivos que vão desde o medo da contaminação em hospitais e clínicas até a sobrecarga do sistema de saúde. Entre essas doenças, é provável que esteja o câncer de mama. Durante o período, o Outubro Rosa aconteceu, mas talvez não tenha tido o alcance que merece. Agora, há uma chance de intensificação.
Como o que a medicina tem a dizer sobre o tema não incorporou alterações significativas de 2021 para cá, reforçamos os principais pontos abordados à época aqui em nosso blog. Veja a seguir.
- Segundo o Instituto Oncoguia, 95% dos casos identificados em estágio inicial têm possibilidade de cura.
- A mamografia é imprescindível, por ser capaz de rastrear nódulos antes que sejam perceptíveis no autoexame realizado pela mulher e mesmo no exame clínico realizado por um profissional de saúde.
- A genética é um fator muito importante a ser considerado na prevenção: se uma pessoa da família - principalmente a mãe, irmã ou filha - teve a doença antes dos 50 anos, a mulher tem mais chances de desenvolver um câncer de mama.
- Mulheres que já tiveram câncer em uma das mamas ou câncer de ovário, em qualquer idade, devem ficar mais atentas.
- Pacientes de maior risco, como as citadas nos dois tópicos anteriores, devem tomar cuidados extras, mais frequentes e mais cedo: exame clínico e mamografia 1 vez/ano já a partir dos 35 anos.
- Na população em geral, quando não há fatores especiais de risco, toda mulher com 40 anos ou mais deve procurar um serviço de saúde para realizar o exame clínico das mamas anualmente.
- Se tiver entre 50 e 69 anos, a mulher deve fazer pelo menos uma mamografia a cada 2 anos.
- É muito importante procurar o serviço de saúde nos períodos indicados mesmo que não existam sintomas, pois nos estágios iniciais a doença normalmente é assintomática.
- Vários serviços direcionados à saúde da mulher são disponibilizados gratuitamente no SUS, entre eles a mamografia.
- Essas recomendações são baseadas em estudos estatísticos sobre a incidência da doença que são continuamente revistos pela ciência médica. Por isso, é preciso estar atento à atualização dos protocolos de prevenção e ter acompanhamento médico constante.
Além dessa vigilância permanente, a mulher também pode cuidar da saúde adotando alimentação saudável e equilibrada, praticando atividade física e evitando hábitos/vícios sabida e comprovadamente nocivos, como fumar (mesmo pouco) e ingerir álcool em excesso. Tudo isso ajuda na prevenção de várias doenças, inclusive o câncer.
Porque, em outubro, a ênfase é no combate ao câncer de mama, mas o ato de cuidar da própria saúde precisa acontecer o ano inteiro.
Fontes
www.bvsms.saude.gov.br/outubro-rosa-prevencao-e-diagnostico-precoce-do-cancer-de-mama
www.roche.com.br/pt/por-dentro-da-roche/voce-sabe-o-que-e-outubro-rosa.html
www.ocancerdemamanoalvodamoda.com.br/alvodamodasaocamilo
www.oncoguia.org.br
www.outubrorosa.org.br
Rol taxativo: reversão
Com a nova Lei 14.454/2022 em vigor, lista volta a ser exemplificativa.
Mover-se, progredir ou construir com segurança em terreno pedregoso, irregular, instável, é uma tarefa arriscada, talvez impossível. É uma bela metáfora para um termo atualmente, no Brasil, cada vez mais citado, mas nem sempre bem entendido: insegurança jurídica.
Trata-se daquele cenário regido pelo princípio da imprevisibilidade na aplicação da legislação ao ambiente de negócios, portanto da impossibilidade de empresas e investidores terem maior estabilidade para planejar, investir, desenvolver-se. Enfim, fazer... negócios.
O setor de saúde - quase todos os players incluídos - experimenta no momento uma situação bastante icônica deste conceito, o próprio sobressalto de quem entra, no meio de uma jornada, em área turbulenta. Motivo: o rol da ANS, que era exemplificativo, virou taxativo. E depois desvirou, tornando-se exemplificativo de novo.
Para quem não sabe, o assim chamado rol da Agência Nacional de Saúde é, em síntese, a lista de tratamentos cobertos por planos de saúde. Em junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que ele deveria ser considerado taxativo, o que desobrigaria os convênios médicos a cobrir procedimentos que não estejam nele previstos, além de retirar (ou ao menos dificultar) às pessoas recorrer à Justiça para conseguir tratamentos específicos não listados.
Mas agora, há apenas alguns dias, a Presidência da República sancionou a lei 14.454/2022 - que teve origem no PL 2033/22 - e torna novamente o rol exemplificativo. Ou seja, serve como exemplo para tratamentos básicos, mas não limita a cobertura dos planos. A condição é que os procedimentos “extras” atendam a pelo menos um dos seguintes critérios (descritos resumidamente):
- Ter eficácia comprovada pela ciência;
- Autorização da Anvisa;
- Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (Conitec);
- Recomendação de pelo menos um órgão de avaliação de tecnologias em saúde de renome internacional que tenha aprovado o tratamento para seus cidadãos.
A reversão legal foi uma espécie de resposta à mobilização social de associações de pacientes/usuários de planos de saúde contra a decisão do STJ em junho. Envolveram-se nessa polêmica cidadãos com interesse genuíno, mas também artistas e celebridades diversas, que pouco provavelmente compreendem o segmento de saúde ou a necessidade de manter uma empresa, inclusive dessa área, economicamente saudável.
Com certeza a questão é complexa e não se pode dar razão absoluta a nenhum dos lados, mas o vaivém de decisões e a frágil base jurídica atual configuram, para quem atua no setor, ou precisa dele, o pior dos mundos: empresas e segurados sem saber bem o que podem ou não fazer, em que circunstâncias, por quanto tempo. Não é difícil imaginar as implicações na vida de todos os envolvidos.
Em posicionamento divulgado à imprensa, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa diversos grupos de operadoras de planos e seguros privados de assistência à saúde, lamentou a decisão, afirmou que a mudança coloca o Brasil “na contramão das melhores práticas mundiais” de incorporação de medicamentos e procedimentos em saúde e “dificulta a adequada precificação dos planos e compromete a previsibilidade de despesas assistenciais, podendo ocasionar alta nos preços das mensalidades e expulsão em massa dos beneficiários da saúde suplementar”.
Difícil que o apocalipse se abata sobre o setor, assim como a decisão anterior não assegurava a ninguém um lugar no paraíso. Mas entre um e outro extremos, a dificuldade de encontrar um ponto sustentável de equilíbrio com certeza pode fazer muita gente cair pelo caminho. “Gente” no sentido real e figurado. “Cair” também.
A FenaSaúde avalia recorrer ao Judiciário, “em defesa dos cerca de 50 milhões de beneficiários que hoje dependem dos planos de saúde no país”. Ou seja, mais desdobramentos jurídico-legais podem estar por vir. É um daqueles casos em que uma frase pronta ganha força de sentido, além de parecer uma boa ideia - senão o único jeito - para concluir um raciocínio:
“Aguarde as cenas dos próximos capítulos”
Fontes
www.blog.neoway.com.br
www.setorsaude.com.br
www.12.senado.leg.br
www.jota.info
www.olhardigital.com.br
Por que deixamos de perceber certos riscos?
O leitor já deve ter vivido ou presenciado a seguinte experiência: ao se arrumar, uma pessoa coloca perfume em determinada quantidade e se dá por satisfeita; algumas horas depois, acredita que o perfume “está fraco” e reforça a aplicação; para ela, o aroma volta a ficar “no ponto”, mas para quem está em volta o cheiro está forte demais, muitas vezes incômodo, talvez insuportável. Qual a explicação?
Acontece que nossos sentidos - o olfato inclusive - servem para nos relacionarmos com o mundo, mais diretamente com o ambiente à nossa volta, e a natureza nos dotou de certos “alarmes”, em nome da sobrevivência. Assim, os cheiros “novos” ou “recém-chegados” que sentimos transmitem para o cérebro a informação de que há algo diferente no ambiente. Uma vez a informação registrada, o estímulo tende a ser, digamos, “atenuado” em nosso sistema (no caso, mesmo que as moléculas de perfume no ar permaneçam no mesmo nível por um tempo). Claro que isso varia com a natureza e intensidade do cheiro.
Mas o ponto aqui é que um mesmo estímulo, contínuo e relativamente invariável, deixa de ser percebido - ou seja, torna-se inconsciente. Outra forma de dizer isso é afirmar que nossa percepção entra numa espécie de “modo automático” em relação àquilo. Processo semelhante acontece, por exemplo, quando estamos aprendendo a dirigir. No começo, direção, marcha, pedais, proporção do carro e ronco do motor são informações demais para administrarmos. Com o tempo e com a prática, boa parte do processo se torna automática (portanto, inconsciente), a menos que o veículo dê algum sinal (estímulo) inesperado, como um ruído diferente ou um solavanco.
Outro bom exemplo desse processo é - para os mais velhos que chegaram a conhecer esse dispositivo - o tic-tac de um relógio despertador movido “a corda”. Introduzido no ambiente, o ruído repetitivo pode incomodar, mas depois de um tempo parece que não está mais lá: torna-se parte do cenário sonoro e nosso cérebro tende a ignorá-lo. A não ser que desviemos de propósito nossa atenção para o objeto ou ele realmente nos desperte com um som inesperado - como o clássico “trimmm!”, que existe para isso mesmo.
E o que isso tem a ver com riscos corporativos? Bem, praticamente tudo - ou pelo menos muito. Um problema crônico ou uma falha muito “assimilada” num processo viciado tendem a deixar de ser percebidos, e portanto a ser ignorados pela equipe. Deixam de ser um alerta para o cérebro, embora continuem sendo um risco para a empresa. Algo que “está sempre lá”, ou um fator qualquer que “funcionou sempre assim” acabam se tornando fragilidades negligenciadas, não necessariamente por má-vontade ou incompetência dos colaboradores, mas porque nosso cérebro, por um processo biológico e metabólico de economia de energia, hierarquiza a informação, jogando para uma espécie de segundo plano, ou pano de fundo, o que não é mais “novidade”. Os novos inputs têm prioridade...
Claro que o treinamento para rever continuamente os pontos críticos dos processos de um negócio reduzem a possibilidade de falhas e a incidência de imprevistos, mas nem todas as empresas fazem isso, ou por não dispor de mão de obra suficiente, ou por não contar com profissionais com a expertise necessária. Sem falar nos truques que o cérebro pode pregar, ao manter meio “apagada” uma determinada informação par alguém que faz o mesmo tipo de checagem/avaliação várias vezes e rotineiramente.
É aí que fica evidente o benefício do serviço dos especialistas em riscos. Além do preparo técnico adequado, da experiência com variados tipos de negócios e de métodos que evitam as “pegadinhas” da percepção humana, cada nova empresa avaliada é um novo universo a ser explorado, minuciosamente analisado por um olhar com o frescor que só um profissional com vivências diversas pode ter.
Na SICCS, temos especialistas em riscos capazes de farejar de longe qualquer ameaça, imediata ou potencial, ao seu negócio. Não fique esperando o tic-tac do relógio: conte com o olhar sempre atento de quem vê tudo com um olhar analítico sempre renovado pelo ineditismo de cada caso e pela variedade de experiência. Com a nossa equipe, é a segurança, e não o risco, que passa a fazer parte da sua rotina.
Varíola de macaco, mas pode chamar de monkeypox.
Nem bem o mundo estava se recuperando dos impactos da pandemia de Covid-19 - que, é sempre bom lembrar, pode estar em outra fase, mais ainda não acabou - e começou a aparecer nos noticiários o que soava como uma nova emergência de saúde global: uma doença chamada de varíola de macaco (em inglês, monkeypox). Independentemente de qualquer outra coisa, o nome já parece ter sido criado para assustar.
Na verdade, o agente causador da doença vive normalmente em roedores silvestres, que podem ocasionalmente contaminar macacos e pessoas, e ganhou esse nome quando infectou macacos usados em laboratório “importados” da África para a Europa, nos anos 1950. Não é, portanto, uma doença “nova”, nem é a primeira vez que é detectada em seres humanos - e nem os macacos merecem o “crédito”.
Em 2003 - portanto, há quase duas décadas - houve um surto de monkeypox nos EUA, com cerca de 70 casos documentados e nenhuma morte registrada. Entre os anos de 2017 e 2021, houve também casos isolados na Nigéria, no Reino Unido e em Singapura, nenhum resultando em grandes surtos. Embora esteja longe de ser inofensiva e precise ser acompanhada com atenção, nada indica que a monkeypox tenha potencial para se transformar numa “nova Covid”.
É sempre delicado abordar temas relativos à saúde, especialmente quando envolvem saúde pública, mais ainda se o assunto pode ter relevância global. Por um lado, há os que enxergam em qualquer notícia, mesmo que preliminar, razão suficiente para alarme; por outro, há os que consideram desnecessário sequer dar atenção a qualquer fato que não indique uma emergência mortal. Mas a melhor forma de lidar com temas dessa natureza parece ser - como vem nos ensinando a pandemia - assumir uma atitude racional e desapaixonada, para tomar decisões baseadas em fatos, captados de mais de uma fonte.
Neste artigo, procuramos trazer os fatos mais consistentes até agora sobre a monkeypox, que vamos tratar pelo nome em inglês por acreditar que isso contribui para reduzir o efeito residual do temor exagerado que envolveu as primeiras notícias sobre a doença. Nosso objetivo é informar - sem alarmar nem subestimar. Isso significa que também não ignoramos informações potencialmente positivas.
Assim como a varíola humana, erradicada por meio de vacinação em larga escala que durou até o começo dos anos 1980, a monkeypox provoca no corpo do doente erupções que viram pústulas dolorosas, com poucos milímetros de diâmetro, provavelmente sua manifestação mais conhecida popularmente. Entre outros sintomas, estão febre, dor de cabeça e inflamação de nódulos linfáticos (a famosa íngua).
E por que, apesar do impacto inicial de notícias sobre seu “aparecimento” em pacientes humanos, a monkeypox tem despertado menos preocupação, tanto na população em geral quanto em boa parte dos profissionais de saúde? O primeiro, e mais óbvio, é que sua transmissão é menos eficiente que a do novo coronavírus: precisa de contato próximo para acontecer, por meio de fluidos corporais (incluindo gotículas de saliva, do tipo que as máscaras barram), mas não é transmissível pelo ar, como o vírus da Covid-19.
Há boas evidências de que a maioria dos casos de monkeypox são transmitidos sexualmente. Esse fato levou até a, digamos, um tanto parcimoniosa OMS a sugerir publicamente que certos grupos evitem, ao menos por um tempo, uma grande variedade de parceiros. Mas é importante evitar, a todo custo, confundir essa recomendação com uma reprovação moral a esse comportamento, pois a vida sexual é uma escolha que só cabe ao indivíduo. Trata-se de uma recomendação médica - e só - cujo custo de seguir ou não cabe a cada um.
Outro importante diferencial que induz a uma menor preocupação na comparação com a Covid-19 é que o vírus da monkeypox é de um tipo muito vulnerável às defesas imunológicas conferidas pela vacina com tecnologia de vírus inativado, como as utilizadas para erradicar a varíola humana, e não apresenta a mesma capacidade de mutação que permitiria gerar variantes aptas a escapar das defesas vacinais. Portanto, quem foi vacinado contra a varíola humana - pessoas por volta dos 40 anos ou mais no Brasil - está relativamente bem protegido (cerca de 85% de eficácia), e quem não foi já dispõe de novas vacinas.
O terceiro e talvez mais relevante fator que vamos citar aqui é a baixa mortalidade da monkeypox: até meados de agosto, haviam sido registrados cerca de 36 mil casos no mundo e pouco menos de 3.000 no Brasil, com um total de menos de 15 mortes, contando todos os países atingidos. As mortes por monkeypox são raras, e normalmente estão relacionadas a condições prévias que já tornavam frágil a saúde do paciente, como pessoas imunossuprimidas, crianças com menos de 8 anos (que não têm o sistema imune maduro), gestantes e lactantes (cujo organismo está passando por variações hormonais).
O caso das gestantes merece atenção e cuidado especiais: uma possível contaminação durante a gestação não só representa um risco maior para a mãe, mas também vem sendo relacionada a um maior risco de morte e más-formações nos bebês. Eis, então, mais dois bons motivos para não se “desconectar” totalmente das informações sobre a doença e procurar orientação médica no caso de qualquer sintoma, e qualquer contato, com qualquer pessoa, que tenha qualquer suspeita de ter monkeypox, particularmente se apresentar qualquer lesão de pele.
Todos teremos de lidar com questões de saúde durante a vida, inclusive doenças infecciosas que sempre fizeram parte do cenário do nosso dia a dia. Talvez o segredo seja cultivar uma saudável cautela bem informada, de modo a nos tornarmos guardiões da nossa própria saúde e daqueles que estão próximos de nós, adotando todos os cuidados possíveis, mas sem renunciar - em nome do temor irracional ou da segurança completa, inatingível - ao sabor da própria vida.
Fontes
www.gazetadopovo.com.br/autor/eli-vieira
www1.folha.uol.com.br/colunas/esper-kallas
www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude
www.em.com.br
www.bbc.com
Os meses, suas cores e suas causas.
Quando, por algum motivo, não podemos registrar um número de telefone, por exemplo, e precisamos memorizá-lo imediatamente para anotar depois, não é quase instintivo repetirmos a informação para nós mesmos, em voz alta? Sabe o que estamos fazendo ao praticar isso? Alimentando a memória com diferentes estímulos, o que torna o processo de retenção da informação muito mais eficiente no cérebro.
Plenamente consciente ou não desse fato, um dia, alguém (provavelmente um profissional bem preparado da área de comunicação), decidiu aplicar esse eficiente recurso por uma nobre motivação, associando uma cor a um determinado mês, e o mês a uma determinada causa - de saúde. Nascia assim a estratégia de utilizar meses “coloridos” para estimular a compreensão, a conscientização, o autocuidado e, principalmente, a prevenção e o diagnóstico precoce de várias doenças.
Até onde conseguimos rastrear, o precursor é o Outubro Rosa, criado para chamar a atenção das mulheres para a questão do câncer de mama. E o segundo mais antigo seria o Novembro Azul, para alertar os homens sobre o câncer de próstata. Ao longo do tempo, e com o sucesso da estratégia, associações médicas, organizações não-governamentais, diversas instituições da área de saúde e mesmo instâncias oficiais do poder público estabeleceram pautas e cores para todos os meses do ano. Por isso não é incomum que um único mês seja associado a mais de uma causa, e uma cor a diferentes meses.
Na SICCS, nós sempre contribuímos para a conscientização sobre essas causas, com artigos aqui neste blog, publicações em nossas redes sociais e materiais especiais disponibilizados para nossos clientes. Hoje, vamos compartilhar uma visão geral sobre todos os meses do ano e as cores associadas a eles para aumentar a aderência das pessoas à conscientização sobre os respectivos temas vinculados.
Janeiro
• Branco - Saúde Mental
• Roxo - Hanseníase
Fevereiro
• Roxo - Mal de Alzheimer, lúpus e fibromialgia
• Laranja - Leucemia
Março
• Vermelho - Câncer de rim
• Azul marinho - Câncer colorretal
Abril
• Azul - Conscientização sobre o autismo
• Verde - Segurança e saúde no trabalho
Maio
• Cinza - Câncer de cérebro
Junho
• Vermelho - Doação de sangue
Julho
• Amarelo - Combate às hepatites virais
• Verde - Câncer de cabeça e pescoço
Agosto
• Dourado - Aleitamento materno
• Verde claro - Combate ao linfoma
Setembro
• Amarelo - Prevenção ao suicídio
• Verde - Doação de órgãos
Outubro
• Rosa - Câncer de mama
Novembro
• Azul - Combate ao câncer de próstata
• Azul - Diabetes
Dezembro
• Vermelho - Combate à Aids
• Laranja - Câncer de pele
Nem todos os temas são exatamente “doenças” e é possível que haja mais associações meses/cores/causas não contempladas aqui - afinal, sabe-se que quase toda “coletânea”, sobre qualquer coisa, tende sempre a ser incompleta. Também não desdobramos cada um dos assuntos associados a cada mês, para não tornar essa matéria muito extensa. Mas os casos mais tradicionais e relevantes para a área de saúde estão presentes em nossa seleção.
Aqui em nosso blog e em nossas páginas nas redes sociais - no Facebook, no Instagram e no LinkedIn - abordaremos a maioria desses temas, cada um a seu tempo, como já fazemos tradicionalmente há alguns anos. Convidamos você a acompanhar nossos conteúdos e a compartilhar essa matéria com o maior número de pessoas possível.
Porque se há um fator principal que une todas essas causas, de todos esses meses, em todos os anos, esse fator é a conscientização.
Fontes
www.super.abril.com.br
www.vidasaudavel.einstein.br
www.educamaisbrasil.com.br
www.incrivel.club
www.calendarr.com/brasil
Rol taxativo: novidades?
A inclusão de novos procedimentos está em discussão no Congresso.
Em junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a lista de tratamentos cobertos por planos de saúde - o chamado “rol” da Agência Nacional de Saúde (ANS) - deve ser considerada taxativa, o que desobrigaria os convênios médicos a cobrir procedimentos (exames, terapias, cirurgias, fornecimento de medicamentos) que não estejam nela previstos. Falamos disso aqui em nosso blog na ocasião, abordando as nuances da questão e os argumentos tanto de quem é contra como a favor da decisão.
Agora parece haver no horizonte novidades importantes sobre o assunto: na terça-feira, 23 de agosto, o Senado Federal se reuniu para debater com especialistas, entidades e agentes da saúde a possibilidade de ampliar do rol da ANS, alterando a lei que rege a saúde suplementar para acomodar novas coberturas de assistência médica e odontológica. No início deste mesmo mês, a Câmara aprovou o PL 2033/22, que estabelece critérios para permitir a inclusão de procedimentos que não constam na lista atual da ANS.
A proposta tramita no Senado e deve ser deliberada diretamente, sem passar pelas comissões permanentes da Casa (o que, por si só, já provoca certo estranhamento). As votações do PL no Plenário estão previstas para os dias 29 e 30 de agosto. Relator do projeto, o senador Romário (PL-RJ) deu indicações de que manterá praticamente intocado o entendimento da Câmara dos Deputados, que aprovou o PL no começo de agosto.
Segundo o texto, os planos de saúde poderiam passar a cobrir, em alguns casos, serviços com comprovação da eficácia baseada em evidências científicas e plano terapêutico; recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS; e indicação de órgão de avaliação de tecnologias em saúde.
Durante a sessão, a ANS e o Ministério da Saúde argumentaram o que era de se esperar: que ampliar o rol levaria a um aumento nos preços dos planos, que seria repassado aos consumidores, e que boa parte deles não teria condições de arcar com esses custos. Nem é preciso dizer que há, e sempre haverá, protestos e argumentos do outro lado, que deseja a maior cobertura possível sem considerar os respectivos impactos financeiros e a própria sobrevivência do setor.
Esses são, novamente, dois lados um tanto simplistas de uma questão quase sempre tratada com maniqueísmo, visão de mundo em que praticamente tudo é uma contenda entre opostos incompatíveis, algo como o bem contra o mal, mocinhos contra vilões - uma receita quase infalível para o abandono da racionalidade, na verdade a única via para equacionar e solucionar problemas complexos, que quase nunca satisfazem por completo todos os lados.
Qualquer que seja a decisão parlamentar, a melhor saída para a sociedade provavelmente será conquistar, de preferência num futuro muito próximo, uma segurança jurídica suficiente para balizar as decisões e ações de todos os envolvidos: instâncias reguladoras, operadoras, beneficiários, corretoras e toda a cadeia de negócios que fornece a milhões de pessoas tanto melhor tratamento de saúde quanto desenvolvimento econômico - inclusive geração de empregos.
Embora o campo seja bem diferente - e sempre haja motivos insondáveis envolvidos na criação de leis - vamos todos torcer para que o senador Romário consiga ser, aqui também, aquilo que primeiro o consagrou como personalidade pública: um craque.
Fontes
www.revistaapolice.com.br
www25.senado.leg.br
www.uol.com.br
O dobro de idosos com plano de saúde.
Como sua empresa vai se posicionar diante dessa realidade?
Em 20 anos, o salto foi de 107,6%. Sim, até mais que o dobro. Entre março/2002 e março/2022, esse foi o crescimento de indivíduos com mais de 60 anos que são usuários de planos de saúde no país. Os dados são do Panorama dos Idosos Beneficiários de Planos de Saúde no Brasil, desenvolvido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). Nessas duas décadas, os vínculos saltaram de 3,4 milhões para 7 milhões, uma alta histórica.
Segundo o estudo, em março do ano corrente foram constatados os seguintes percentuais aproximados por faixa etária:
- 60 a 69 anos - 52%
- 70 a 79 anos - 31%
- 80 anos ou mais - 18%
Os dados indicam ainda uma prevalência de 60% do sexo feminino (4,2 milhões de vínculos) e os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro como os que têm mais idosos, não por acaso, tanto na população em geral (45%) quanto entre os beneficiários (63%).
E por que isso pode impactar as empresas - como a sua? Porque o estudo também constatou que, em relação ao tipo de contratação, houve, digamos, uma alta estratosférica nas aquisições de planos coletivos, especialmente os empresariais: nada menos que 280,5%. Em outras palavras, nos últimos 20 anos, enquanto o número de idosos com plano de saúde “no geral” duplicou, o número dessas pessoas com planos de saúde empresariais praticamente triplicou.
Evidentemente, um crescimento nesse ritmo se explica, em grande parte, pelo envelhecimento da população, já amplamente constatado por pesquisas e largamente noticiado em matérias jornalísticas que tratam de questões etárias. Mas o fato certamente está relacionado também ao maior acesso à informação, que faz com que as pessoas hoje estejam mais conscientes de que, com o avançar da idade, consultas médicas, exames e internações se tornam mais necessários.
Também é plausível supor que, nos últimos 2 anos (significativos 10% dessas duas décadas), tenha havido um impulsionamento na busca por planos de saúde causado pela pandemia de Covid-19, que mesmo acontecendo paralelamente à perda do plano de saúde por quem foi desligado do emprego, devido à “parada” da economia, parece ter deixado um saldo positivo. Ou seja, apesar dos solavancos - um deles deveras intenso - o número de usuários cresceu, com destaque expressivo entre pessoas com mais de 60 anos.
Esse cenário traz várias novas questões, algumas delas ainda em aberto. Um bom exemplo: com a população se tornando mais velha, o conjunto da força de trabalho disponível também terá mais idade, o que demandará das empresas, cada vez mais, a habilidade de equacionar a necessidade de “sangue novo” com a experiência dos veteranos - cuja proporção entre as pessoas economicamente ativas tende a se ampliar.
Outro exemplo, consequência direta do primeiro: com a idade dos usuários de planos de saúde empresariais aumentando, a utilização dos serviços oferecidos por esse tipo de benefício também deve crescer, ampliando assim o custo para as operadoras. Para preservar a sustentabilidade econômica do setor, é quase um movimento natural que esse custo maior seja repassado para as empresas contratantes.
Porém, esse mesmo conceito de sustentabilidade implode se os custos - aumentados em função da maior faixa etária - se tornarem proibitivos para grande parte das empresas, o que poderia fazer o setor encolher, em vez de se “sustentar”. Esse dilema não parece estar tão próximo no horizonte, mas também não tão longe... O mercado como um todo terá de lidar com ele, encontrando soluções mais aderentes às mudanças sociais que já se insinuam claramente.
Dentro do universo da empresa, coloca-se ainda outra questão (entre as muitas que o tempo talvez venha a propor): seria uma escolha válida, empresarialmente, priorizar profissionais mais jovens por serem “mais baratos” em termos de benefícios? Seria essa escolha humanamente ética? A experiência e a dedicação - às vezes de vários anos - de um profissional veterano podem ser completamente desconsideradas em função daquela coluna do Excel que mostra, de forma puramente contábil, a diferença entre receita e despesa?
Claro que cada empresa tomará sua própria decisão e terá de arcar com as respectivas consequências. Mas é salutar ter em mente dois fatores extremamente relevantes. O primeiro é que um bom plano de benefícios continuará sendo um importante fator de atração e retenção de talentos, e os talentos mais valiosos estarão mais velhos, portanto talvez isso demonstre que o foco precisa ser a relação custo-benefício, não meramente o custo “puro”.
O segundo é que uma empresa realmente mais avançada em termos de gestão tem de considerar, para valer, o fator humano, e mostrar-se bem consciente de que há mais de uma maneira de conter custos. No que se refere ao tipo de benefício de que estamos falando aqui, e considerando os muitos raciocínios possíveis, parece claro que a forma mais inteligente de fazer isso - e a mais humana - é promover a saúde.
Você já pensou em como sua empresa vai se posicionar diante dessa escolha?
Fontes
www.revistaapolice.com.br
www.ibge.gov.br
wwww.conceitos.com/seguro
Seguros: versão real.
A ideia de que a área é desinteressante é piada de filme.
É uma piada fácil em filmes - e agora séries - principalmente em comédias e, em certa medida, histórias de aventura e ação, retratar o profissional de seguros como “o chato” ou aquele que tem uma atividade muito chata e tediosa. Todo mundo já viu um personagem que o roteiro pretende definir como chato dizer que tinha como compromisso participar de uma “convenção de seguros”.
Tudo bem, é apenas uma piada, baseada num estereótipo. Ou seja, é para levar “na esportiva”. Não vamos aqui fazer como militantes radicais de tantas causas, que enxergam em qualquer tipo de humor, ou irreverência, agressão, violência e desrespeito reais. Mas já que esse é o nosso negócio, e que falamos para um público diferenciado, interessado no tema, podemos fazer um contraponto - a sério.
A ideia do seguro é muito simples: um grupo de pessoas/empresas, expostas à eventualidade de um mesmo tipo de risco (ameaça à vida, à saúde, ao patrimônio), decide partilhar o custo de uma proteção comum. Isso se chama mutualismo, conceito segundo o qual cada pessoa ou organização contribui com um pouco, de acordo com suas possibilidades, e cria-se a partir dessa, digamos, participação solidária um fundo administrado pelas seguradoras para contrapor-se ao risco de acidentes e ameaças à vida, à integridade física, à saúde e ao patrimônio dos segurados.
A atividade seguradora tem, portanto, a missão de proteger agentes produtivos contra riscos de perdas patrimoniais e assegurar às pessoas e organizações proteção à vida e à saúde, bem como a reposição de bens, indenizações e benefícios em caso de infortúnio. De uma forma ou de outra, o seguro está presente na vida de todos - quer seja percebido ou não - e nesta condição o mercado de seguros pode ser visto como fator indispensável à preservação do bem-estar coletivo, da tranquilidade, da paz social e do desenvolvimento econômico de qualquer país.
Daí que a atividade seguradora pode ser considerada uma forma de solução moralmente justa para um dos mais angustiantes problemas de indivíduos e empresas diante das contingências da vida real: a incerteza em relação ao futuro. O mutualismo, seu fundamento, nasce da convergência e da prática de duas virtudes que qualificam as relações humanas: a boa-fé e a solidariedade.
A boa-fé se manifesta formalmente como lastro de credibilidade à palavra do segurado - quando declara suas condições na contratação de uma apólice - e à da seguradora, ao prometer proteção, reposição de bens e rendas ou reparação de danos. E a solidariedade é o vínculo entre aqueles que decidem repartir entre si o preço da proteção à vida e ao patrimônio, em face da imprevisibilidade do risco individual e do infortúnio.
É a partir do momento que procede à partilha do risco entre muitos, democratizando a possibilidade de proteção, que o seguro cumpre relevante função social. Reforçando: cada qual contribui com pouco, de acordo com suas possibilidades, para fazer face ao risco, que é comum, e proteger-se do infortúnio, incerto e futuro, no momento em que ele se individualiza.
Esses aspectos, provavelmente desconhecidos para a maior parte das pessoas - e com certeza para muitos roteiristas de filmes - revestem o trabalho das empresas de seguro de características muito especiais, marcadamente fundamentadas na ética, e o destaca positivamente no conjunto das atividades econômicas.
Nada menos chato ou desinteressante - e mais necessário.
Fontes
www.cnseg.org.br
www.direitonet.com.br
www.conceitos.com/seguro