Um olhar sobre 2022
Se fôssemos começar com uma expressão ainda bem popular, seria “encerrar com fecho de ouro”. O mercado de seguros cresceu 19,6% no 1º semestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, como mostrou, em agosto, a 22ª edição do Boletim IRB+Mercado, produzido com base nos dados publicados pela Susep - Superintendência de Seguros Privados. Os segmentos que mais contribuíram para a alta foram Automóveis, Vida e Danos e Responsabilidades.
Mas já de acordo com a 25ª edição do mesmo Boletim, no 3° trimestre desse ano o mercado segurador faturou R$ 46,8 bilhões, uma alta de 25,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado anual, os prêmios totalizaram R$ 126,7 bilhões, avanço de 21,7% em relação ao valor apurado entre janeiro e setembro de 2021. Segundo esse relatório mais recente, o faturamento das seguradoras em setembro foi de R$ 15,5 bilhões, um crescimento de 26,9% em relação ao mesmo intervalo de 2021.
Considerando o ano inteiro, o setor de seguros deve experimentar um aumento total de arrecadação de 12,9% em 2022 em relação a 2021, e avançar mais 10% em 2023, projeta a CNSeg - Confederação Nacional das Seguradoras. Para essas projeções sobre o fechamento de 2022, considerou-se uma alta de 2,2% no PIB, amparada no aumento da renda das famílias, potencialmente gerado, entre outros fatores, pela manutenção e aumento de programas de transferência de renda.
O fechamento real (não projetado) de 2022 será conhecido até o fim do 1º quadrimestre de 2023, a partir da divulgação da base de dados da Susep e da ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar. Mas profissionais de destaque atuantes no setor mostram-se desde já otimistas, inclusive para o próximo ano, pois consideram que, com a relativa estabilização da economia - influenciada também pelo “fim” da pandemia de Covid-19 - o aumento da participação do negócio de seguros no PIB já se configura como uma tendência de longo prazo.
Mesmo com as incertezas que inevitavelmente rondam o novo governo, estima-se que o mercado de trabalho deve continuar aquecido, com a renda dos trabalhadores crescendo, porque vários levantamentos vêm constatando que o índice de ocupação já recuperou o patamar pré-pandemia. E é uma consequência lógica que um maior poder aquisitivo das famílias e uma maior força de trabalho nas empresas resultem em mais contratações de seguros, individuais e corporativos.
Há quem enxergue, entre as possíveis tendências, que os segmentos que mais devem crescer no início do próximo ano sejam os de Vida, Previdência Privada, Responsabilidade Civil e Riscos Cibernéticos. Já falamos de todas essas modalidades de seguros aqui e em nossas redes sociais, e provavelmente voltaremos a falar, adotando novas abordagens.
O mais importante é deixar evidente que, quaisquer que sejam as tendências e desafios para o próximo ano, a SICCS e a SICCS+Seguros estarão sempre preparadas - e em contínua evolução - para atender seus clientes com as melhores soluções. Falaremos mais sobre o futuro em nossa próxima matéria.
Fontes
www.revistaapolice.com.br
www.sindsegsp.org.br
www.segs.com.br
www.revistaseguradorbrasil.com.br
www.correiobraziliense.com.br
www.cnnbrasil.com.br
Quando o consultório pode ser uma tela.
A telemedicina vem ganhando espaço na prática médica.
Narrar alguns sintomas para um médico de confiança ao telefone ou enviar para ele, via WhatsApp, a imagem de algum sinal incomum visível no próprio corpo provavelmente já são práticas, digamos, informais bastante adotadas pelos pacientes - e aceitas por parte dos médicos - em casos menos graves e preocupante. E como são interações a distância que envolvem o exercício da medicina, podem até ser consideradas formas rudimentares, ou básicas, de telemedicina. Sem nenhum demérito necessariamente implícito.
Mas o que hoje recebe esse nome - telemedicina - é um processo avançado para monitoramento de pacientes, troca de informações médicas e análise de resultados de diferentes exames, que são avaliados e entregues digitalmente, dando suporte (e não substituindo) a medicina “tradicional”, ou seja, presencial. A telemedicina já é utilizada em todo o mundo, de forma segura e legalizada, de acordo com legislações e normas médicas locais. Inegavelmente, e por motivos óbvios, a prática se popularizou com a pandemia de Covid-19.
Por meio da telemedicina, os especialistas conseguem acessar os exames de qualquer lugar, utilizando computadores e dispositivos móveis, como smartphones e tablets conectados à Internet. Durante a pandemia, a telemedicina teve avanços significativos não só em termos de legislação, com a liberação de algumas práticas até então não-regulamentadas, como a teleconsulta, mas também em relação à aceitação da população e da própria classe médica.
Muitos consideram que o atendimento médico remoto foi fundamental para diminuir a pressão sobre postos de pronto-atendimento e hospitais, fazer o monitoramento de pacientes isolados em casa, realizar “interconsultas” envolvendo médicos intensivistas em UTIs e clínicos gerais - além de para colher uma 2º e até uma 3ª opinião em alguns casos - assim como facilitou o acesso da população a médicos especialistas em regiões remotas.
A telemedicina depende em grande medida da assim chamada, e bastante polêmica, “inteligência artificial”, uma área de pesquisa que pretende aplicar a tecnologia para tornar dispositivos eletrônicos/digitais capazes de reproduzir a habilidade humana de pensar e resolver problemas - ou seja, ser racional. A inteligência artificial já é ou poderá vir a ser realidade (ou não) de acordo com o que nós, seres humanos, convencionarmos chamar de “inteligência”.
Por enquanto, e apesar do que dizem seus entusiastas, a inteligência artificial está longe, muito longe, da capacidade humana de pensar. Mas existe algo que pode, com grande liberdade interpretativa, ser chamado de “inteligência dos computadores” (em inglês “machine learning”) e que aplicada à saúde trouxe benefícios verificáveis. E a telemedicina é uma área que vem se beneficiando bastante desses recursos, principalmente na automatização de certos processos, como definição de prioridades médicas ou casos de urgência.
Com computadores capazes de armazenar e processar um enorme repertório de dados, é possível cruzar as informações e imagens de exames e laudos captados e transmitidos digitalmente. Esses dados, somados ao histórico dos pacientes - também já armazenado digitalmente - podem trazer ganhos reais para médicos e pacientes na definição cada vez mais rápida e precisa de diagnósticos.
Hoje, a telemedicina está inserida em um conceito mais amplo, conhecido mundialmente como eHealth ou “saúde digital”, que pode ser definida como qualquer aplicação da Internet, utilizada em conjunto com outras tecnologias de informação, para prover melhores condições a processos clínicos, tratamento de pacientes e e custeio do sistema de saúde.
No Brasil, o serviço de telemedicina, principalmente aplicada à emissão de laudos on-line, vem crescendo e se consolidando. Nos últimos anos, empresas de saúde, instituições de medicina e órgãos reguladores vêm fazendo esforço ativo para promoção, disseminação e desenvolvimento de mais programas de assistência e cooperação remota em saúde. Em todo o país, grandes universidades públicas e privadas já dispõem de unidades e núcleos especificamente voltados ao estudo e à aplicação da telemedicina.
Também já se pode encontrar programas do gênero em hospitais de referência, como o Albert Einstein, em São Paulo, onde aparelhos de imagem são capazes de apontar possíveis doenças e encaminhar notificações automaticamente para o médico, e equipamentos podem enviar sinais vitais do paciente diretamente para o prontuário, entre outras inovações.
Existem ainda empresas que atuam especificamente com laudos a distância, fornecendo tecnologia de conexão de equipamentos para a prática da telemedicina, além de aparelhos para a realização de diversos exames. Recentemente, também houve importante investimento do Poder Público na compra de 3 supercomputadores, que podem aumentar em até 10 vezes a capacidade de armazenamento de dados do SUS.
Apesar dessas evidentes vantagens, muitos têm receio de que a telemedicina se torne a “norma” e todos os serviços médicos passem a ser prestados a distância, sem qualquer contato direto do profissional de saúde com o paciente. A óbvia desumanização desse cenário seria um problema real, mas estima-se que, pelo menos no horizonte visível, isso não vai acontecer - até pela extrema complexidade técnica, científica, econômica e social dessa hipotética “migração”.
Parece quase consensual até o momento que a tecnologia não vem para substituir o médico, mas sim para dar a ele mais ferramentas, suporte, capacidade, versatilidade, agilidade, precisão e, claro, alcance - geograficamente falando - no atendimento ao paciente. Ninguém parece discordar, ao menos claramente, que para cuidar bem de um ser humano é indispensável a presença de outro ser humano.
Fontes:
www.portaltelemedicina.com.br
www.gov.br/saude
www.einstein.br
www.accamargo.org.br
Você é fora da curva?
Segundo o conceito de individualidade biológica, sim.
Já dissemos aqui que um dos problemas de notícias “científicas” publicadas em veículos não-especializados (mesmo quando citam “especialistas” consultados) é a pouca ou nenhuma compreensão de boa parte dos jornalistas sobre aquilo de que estão falando. Ou, até mais grave, quando a matéria propositalmente ignora ou distorce a ciência em detrimento de um viés ideológico.
O problema é particularmente delicado quando a ciência envolvida diz respeito à saúde do ser humano. Já disse alguém que “a medicina é uma ciência de verdades transitórias” e muitas (muitas mesmo) informações propagadas como verdades absolutas são posteriormente contestadas, desmentidas ou colocadas em novo contexto interpretativo pela própria pesquisa acadêmica de boa qualidade - ou seja, a que se baseia em evidências. Por isso, é preciso atualizar-se continuamente.
Outra fonte de, digamos, possível problematização é o evidente desconhecimento de que grande parte do saber científico se baseia, quase sempre, em estatísticas. Isso significa que busca padrões dominantes de probabilidade, inclusive de relações entre causa e efeito, dos fenômenos estudados. Em outras palavras, trabalha para identificar coisas que ocorrem com a maioria das pessoas diante de um determinado fato, contexto, estímulo, substância e assim por diante.
Assim, o que pode ser verdade para a maioria absoluta das pessoas pode não se aplicar a um determinado indivíduo. Alguns estudiosos chamam isso de “individualidade biológica” e não há nenhum cientista “sério” (leia-se confiável) que negue sua existência. Daí que o tratamento ideal, de qualquer questão de saúde, será sempre... individualizado. Por motivos indiscutivelmente operacionais - é impossível individualizar o tratamento de tudo, para todos, sempre - para uma dor de cabeça comum e ocasional ainda se receitará um analgésico comum. Grandes são as chances de que essa seja uma solução necessária e suficiente.
Mas há momentos em que um sintoma se manifesta de forma diferenciada, ou seja, fora de um ponto de grande probabilidade no gráfico da curva estatística (e, sim, é daí que vem a expressão “fulano é fora da curva”, ou seja, uma exceção). Nesses casos, é quase eticamente mandatório que seja conduzida uma investigação mais cuidadosa, minuciosa - sempre que possível. Sabemos todos que, no sistema público de saúde, muitas vezes não é.
A individualidade biológica acontece tanto para o bem como para o mal. Assim como há indivíduos que têm efeitos colaterais graves com algumas substâncias inofensivas para a maioria das pessoas, outros são imunes a vírus potencialmente mortais para a maior parte da população ou apresentam outro tipo de característica vantajosa para determinadas atividades - esporte de alto desempenho, por exemplo. Pelé, Garrincha, Ayrton Senna e Éder Jofre são, cada um a seu modo, fora da curva. Machado de Assis, Guimarães Rosa e Vinicius de Moraes também, já que individualidade biológica contempla o aspecto psíquico, e é impossível que a inteligência literária não tenha nada a ver com isso.
No que isso afeta nossa vida prática? A consciência de que a individualidade biológica existe pode nos guiar a fazer escolhas mais conscientes sobre nossa própria saúde, seja na exigência de maior atenção a sintomas incomuns por parte do profissional da área que nos atende ou na opção por determinada atividade física ou dieta, só para citar dois exemplos. Até porque - como acreditam e chegam a demonstrar muitos matemáticos e estatísticos - é altamente provável que todos nós sejamos fora da curva em algum aspecto.
Como diz uma espécie de princípio (deveras inegável) do (nem sempre respeitado) liberalismo, o indivíduo é a menor das minorias. Somos todos únicos.
Fontes:
www.muz.ifsuldeminas.edu.br
www.cremeb.org.br
www.jornal.usp.br
www.tudoep.com
www.rpmove.com.br
www.minhavida.com.br
Covid longa: um mistério?
Ainda temos muito a aprender sobre essa condição.
Um dos objetivos de manter um blog é trazer informações e visões que normalmente não são encontradas no que se pode chamar de “mídia mainstream”, ou seja, meios de comunicação, oficiais ou não, que ainda gozam de certo prestígio (ou fama), mas parecem partilhar e/ou divulgar sempre a mesmas coisas, sobre os mesmos temas, rechaçando, depreciando ou até acusando de crime quem ousa discordar de sua versão.
Os períodos eleitoral e pós-eleitoral têm sido exemplos bastante contundentes - e assustadores - desse comportamento. Mas a imposição de uma versão, que é nociva em qualquer área, adquire contornos particularmente perigosos quando o tema é a saúde. Como nosso trabalho tem fortes vínculos com ela, muitas vezes sentimos ter a responsabilidade de trazer um contraponto à, digamos, visão dominante.
Nosso ponto de hoje é a Covid longa, também chamada de síndrome pós-Covid ou Covid persistente. Seria uma forma prolongada da doença que deu origem à pandemia, perdurando por mais de 1 mês desde a infecção. A primeira pessoa a usar o termo com esta conotação parece ter sido uma pesquisadora atuante em Londres, em março de 2020, para descrever o que ela própria passou ao contrair o novo coronavírus.
Em relatórios preliminares, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que 10 a 20% dos infectados poderiam ter sintomas persistentes. Em maio, a chefe de saúde do governo do Canadá especulou que esse número pode chegar a nada menos que 50%, uma diferença que em seu máximo seria de impressionantes 40 pontos percentuais. Há pelo menos dois estudos, com amostras respeitáveis, em que a estimativa é um valor intermediário entre o da OMS e o da autoridade sanitária canadense.
Então, qual seria o problema - além da discrepância de estimativas? Talvez o principal deles seja que, aparentemente, os pacientes criaram o diagnóstico, sendo essa muito provavelmente a primeira doença definida pela união de narrativas nas redes sociais. Suspeita-se que haja o uso de uma espécie de mecanismo de contar histórias, com cronologia, metáfora, suspense e imaginação, e a narrativa tenha como característica distinta, quase sempre, a ausência de um profissional médico como testemunha.
Em artigo publicado com colaboradores na revista Social Science & Medicine, em fevereiro de 2021, Alex Rushforth, sociólogo da saúde britânico e pesquisador da Universidade de Oxford, conclui que os mecanismos usados “criam explicações persuasivas de uma nova doença estranha e assustadora, cheia de reveses e ignorada ou desprezada pelos profissionais de saúde”. O artigo não se compromete definitivamente com a confirmação ou rejeição da Covid longa como diagnóstico.
Hoje, novembro de 2022, a Covid longa não parece mais estar sendo ignorada por profissionais de saúde: relatos e matérias a respeito podem ser encontrados em diversos sites especializados (alguns deles “consagrados”), além de numa infinidade de grupos nas redes sociais. Como sintomas, são mencionados desânimo, ansiedade, depressão, falta de ar, pouca oxigenação no sangue (medida em oxímetros caseiros), exaustão profunda, a ponto de limitar movimentos, e confusão mental com perda de concentração e memória, entre muitos outros - cerca de 50!
Esses sinais difusos, que afetam qualquer um ou muitos dos sistemas do corpo, e vêm e vão sem padrão ou motivo aparentes, podem ser um forte indício de que pelo menos alguns dos sintomas propostos para a Covid longa tenham elementos de subjetividade, ou seja, podem ter caráter mais psicológico do que base numa disfunção orgânica “real”. Mesmo a OMS, ao reconhecer e definir oficialmente a condição, coloca implicitamente como requisito que “... sintomas... não podem ser explicados por um diagnóstico alternativo”. Um enunciado, convenhamos, não muito preciso.
Evidentemente, não se pode ignorar a queixa de um paciente e muito provavelmente uma parte das pessoas que adoeceram de Covid-19 apresentam sequelas - como acontece com muitas e muitas doenças, sejam ou não infecciosas. A atitude mais saudável, tanto para pessoas que tiveram Covid-19 como para profissionais de saúde, é ter em mente que, mesmo agora, a pesquisa sobre Covid longa está em sua infância, e que definições mais precisas são necessárias.
O que se sabe com boa dose de confiança nesse momento é que a anosmia (perda de olfato) é parte do quadro. Outros sintomas precisam ser investigados criteriosamente antes de automaticamente atribuídos, todos, a um mesmo evento prévio - a infecção pelo novo coronavírus. Isso é necessário, e humano, não por subestimar o relato de qualquer paciente, nem a potencial seriedade de um quadro com elementos mais subjetivos e menos verificáveis - mas, simplesmente, porque a causa do que aflige a pessoa pode ser outra.
Fontes
www.gazetadopovo.com.br
www.brasil.un.org/pt-br
www.bvsms.saude.gov.br
www.pfizer.com.br
Casos de meningite em 2022: alarme ou alerta?
O Brasil é mundialmente conhecido por ter uma das maiores coberturas vacinais do planeta, sendo o Programa Nacional de Imunizações (PNI) uma referência global de excelência quando se trata de saúde pública. Mesmo continuando a ser um caso de sucesso, as taxas de vacinação no país vêm caindo desde 2015.
Profissionais da área estimam que isso está acontecendo por diversos motivos: desinformação, falta de divulgação/campanhas e até mesmo o horário relativamente limitado de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS), entre outros.
Mais recentemente, teorias conspiratórias sobre vacinas - sem qualquer lógica, fundamentação ou evidências - ganharam certa repercussão na opinião pública brasileira. Mas, enquanto em relação à vacina contra a covid-19 era compreensível algum receio, pelo fato de serem novas e desenvolvidas em tempo recorde, o assim chamado “movimento antivacinal” lança suspeitas também sobre imunizantes com décadas de aplicação bem-sucedida.
Isso não faz sentido e é contraproducente: se no passado o ser humano vivia em média algo como 30-35 anos e hoje vive 70-75 ou mais em diversos países, isso se deve ao avanço do conhecimento e dos cuidados com a saúde, aí incluída a imunização contra doenças que antes matavam aos milhões. Quase ninguém com algum conhecimento de história, ou em sã consciência, dúvida disso.
E mesmo os temores despertados pelas vacinas contra a covid-19 parecem ter sido vencidos aos poucos, à medida que as curvas de vacinação e mortes pela doença foram se mostrando inversamente proporcionais e os casos de efeitos colaterais bem documentados se mostraram raríssimos (diga-se de passagem, que eles ocorrem com todas as vacinas, que, como tudo, não têm risco zero).
Nesse cenário de cobertura vacinal um tanto descendente, a notícia de que um surto de meningite meningocócica C - a mais frequente entre as meningites bacterianas - atingiu a Zona Leste da cidade de São Paulo, nos dois primeiros meses do 2º semestre, deixou muita gente preocupada, gerando um aumento de procura pela vacina, que chegou a faltar em algumas UBS.
Quem tem aí por volta de seus 40-45 anos ou mais provavelmente se lembra da epidemia de meningite da década de 1970, também em São Paulo - a pior epidemia da doença na história do país. Na época, houve casos de 2 tipos de meningite meningocócica, A e C, ambas bacterianas. Para quem traz essa fase na memória deve ser mais difícil não se preocupar, inclusive pessoas que moram fora de São Paulo, já que hoje o trânsito de pessoas entre cidades e estados é muito maior. Sem falar que notícias sobre casos de meningite sempre assustam.
No entanto, em relação ao surto de 2022, os especialistas em saúde afirmam que não há necessidade de pânico. Primeiro, vale explicar o conceito de “surto”: é a ocorrência de 3 ou mais casos do mesmo tipo, na mesma localidade, em um prazo de 90 dias (ou seja, não envolve necessariamente um grande número de casos). Segundo, é bom que se saiba que o meningococo tem caráter endêmico, o que significa que os casos acontecem regularmente, a imensa maioria deles entre crianças e adolescentes, que já devem se imunizar de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação.
Em outras palavras, casos de meningite bacteriana não são raros, embora possam evoluir com rapidez para quadros graves, e até mesmo fatais, em questão de horas. A doença ataca as meninges, membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso, e é transmitida pelo ar, pelo contato com secreções das vias áreas.
No surto ocorrido neste ano em São Paulo, as autoridades seguiram corretamente o que recomendam os protocolos sanitários, realizando a chamada vacinação de bloqueio, uma ampliação da faixa etária do público-alvo que deve receber o imunizante. Foram vacinados mais de 30 mil moradores, estudantes e trabalhadores, entre 3 meses e 64 anos de idade, num perímetro de 3km da região em que foram localizados os casos.
Em suma, com exceção dos residentes e frequentadores da área, crianças e adolescentes devem se vacinar normalmente segundo o Calendário Nacional de Imunização e não há recomendação de estender a vacinação para todos os adultos, de toda a cidade. Importante lembrar: pessoas imunocomprometidas e profissionais de saúde entram num esquema de vacinação especial.
Uma observação final: embora não haja necessidade de alarme, isso não significa que não seja importante estar alerta. Doenças infecciosas, ainda mais as que podem evoluir gravemente, precisam ser continuamente combatidas com informação confiável e olhar atento. Os sinais e sintomas de meningite variam conforme a idade, mas quase sempre envolvem febre, sonolência, vômito, dor de cabeça e a já bastante divulgada rigidez na nuca - entre outros. Em casos suspeitos, recomenda-se procurar um serviço de saúde imediatamente.
Fontes
www.drauziovarella.uol.com.br
www.tuasaude.com/vacina-da-meningite
www.saude.mg.gov.br/meningite
Outubro Rosa | Todos contra o câncer de mama.
Essa causa nunca sai de moda.
Já dissemos aqui que associar diferentes estímulos reforça a percepção, a atenção e a memorização de uma determinada informação. E que, um dia, alguém decidiu aplicar esse eficiente recurso a causas nobres, associando uma cor a um determinado mês, e o mês a um determinado tema de saúde. Até onde se pode rastrear, o precursor dessa estratégia é exatamente o Outubro Rosa, mês em que estamos agora.
Criado para chamar a atenção das pessoas - especialmente as mulheres - para a questão do câncer de mama, segundo o site oficial da própria campanha o Outubro Rosa tem uma história que remete ao ano de 1990, quando a Fundação Susan G. Komen for The Cure lançou o laço cor-de-rosa e o distribuiu aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York (EUA).
Em 1997, outras cidades dos Estados Unidos aderiram à causa, consolidando o conjunto de iniciativas que hoje conhecemos como Outubro Rosa, cujas ações são direcionadas principalmente à conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce. Para sensibilizar a população, essas cidades eram realmente decoradas com laços rosas, o que acabou se desdobrando em outros recursos muito utilizados hoje em dia, inclusive no Brasil, como a iluminação de locais públicos com essa cor - além de diversos eventos temáticos.
Quem tem mais de 40, 45 anos, provavelmente se lembra da chegada da pioneira camiseta que trazia no peito a imagem de um alvo, contornado pela frase “O câncer de mama no alvo da moda”, com a qual esse segmento - por meio da Council of Fashion Designers of America Foundation - popularizou a conscientização sobre esse mal. Curiosamente, esse alvo é azul (e não rosa) desde a origem e hoje tem seu uso no Brasil exclusivamente licenciado para um determinado hospital de oncologia. Felizmente, a mobilização transcendeu o setor da moda - e também nunca saiu de moda.
Como se sabe, a saúde das mamas é vital para a qualidade de vida e a autoestima da mulher, por isso a chance de um tumor maligno nunca pode ser subestimada. E, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a mamografia regular é mais eficiente para um diagnóstico precoce do que o autoexame - que nem por isso deve ser dispensado. Uma mulher que observa qualquer alteração nas mamas, em qualquer momento da vida, deve procurar o serviço de saúde mais próximo imediatamente.
Durante a fase mais crítica da pandemia de covid-19, estima-se que muitas doenças não-infecciosas foram preteridas, por motivos que vão desde o medo da contaminação em hospitais e clínicas até a sobrecarga do sistema de saúde. Entre essas doenças, é provável que esteja o câncer de mama. Durante o período, o Outubro Rosa aconteceu, mas talvez não tenha tido o alcance que merece. Agora, há uma chance de intensificação.
Como o que a medicina tem a dizer sobre o tema não incorporou alterações significativas de 2021 para cá, reforçamos os principais pontos abordados à época aqui em nosso blog. Veja a seguir.
- Segundo o Instituto Oncoguia, 95% dos casos identificados em estágio inicial têm possibilidade de cura.
- A mamografia é imprescindível, por ser capaz de rastrear nódulos antes que sejam perceptíveis no autoexame realizado pela mulher e mesmo no exame clínico realizado por um profissional de saúde.
- A genética é um fator muito importante a ser considerado na prevenção: se uma pessoa da família - principalmente a mãe, irmã ou filha - teve a doença antes dos 50 anos, a mulher tem mais chances de desenvolver um câncer de mama.
- Mulheres que já tiveram câncer em uma das mamas ou câncer de ovário, em qualquer idade, devem ficar mais atentas.
- Pacientes de maior risco, como as citadas nos dois tópicos anteriores, devem tomar cuidados extras, mais frequentes e mais cedo: exame clínico e mamografia 1 vez/ano já a partir dos 35 anos.
- Na população em geral, quando não há fatores especiais de risco, toda mulher com 40 anos ou mais deve procurar um serviço de saúde para realizar o exame clínico das mamas anualmente.
- Se tiver entre 50 e 69 anos, a mulher deve fazer pelo menos uma mamografia a cada 2 anos.
- É muito importante procurar o serviço de saúde nos períodos indicados mesmo que não existam sintomas, pois nos estágios iniciais a doença normalmente é assintomática.
- Vários serviços direcionados à saúde da mulher são disponibilizados gratuitamente no SUS, entre eles a mamografia.
- Essas recomendações são baseadas em estudos estatísticos sobre a incidência da doença que são continuamente revistos pela ciência médica. Por isso, é preciso estar atento à atualização dos protocolos de prevenção e ter acompanhamento médico constante.
Além dessa vigilância permanente, a mulher também pode cuidar da saúde adotando alimentação saudável e equilibrada, praticando atividade física e evitando hábitos/vícios sabida e comprovadamente nocivos, como fumar (mesmo pouco) e ingerir álcool em excesso. Tudo isso ajuda na prevenção de várias doenças, inclusive o câncer.
Porque, em outubro, a ênfase é no combate ao câncer de mama, mas o ato de cuidar da própria saúde precisa acontecer o ano inteiro.
Fontes
www.bvsms.saude.gov.br/outubro-rosa-prevencao-e-diagnostico-precoce-do-cancer-de-mama
www.roche.com.br/pt/por-dentro-da-roche/voce-sabe-o-que-e-outubro-rosa.html
www.ocancerdemamanoalvodamoda.com.br/alvodamodasaocamilo
www.oncoguia.org.br
www.outubrorosa.org.br
Rol taxativo: reversão
Com a nova Lei 14.454/2022 em vigor, lista volta a ser exemplificativa.
Mover-se, progredir ou construir com segurança em terreno pedregoso, irregular, instável, é uma tarefa arriscada, talvez impossível. É uma bela metáfora para um termo atualmente, no Brasil, cada vez mais citado, mas nem sempre bem entendido: insegurança jurídica.
Trata-se daquele cenário regido pelo princípio da imprevisibilidade na aplicação da legislação ao ambiente de negócios, portanto da impossibilidade de empresas e investidores terem maior estabilidade para planejar, investir, desenvolver-se. Enfim, fazer... negócios.
O setor de saúde - quase todos os players incluídos - experimenta no momento uma situação bastante icônica deste conceito, o próprio sobressalto de quem entra, no meio de uma jornada, em área turbulenta. Motivo: o rol da ANS, que era exemplificativo, virou taxativo. E depois desvirou, tornando-se exemplificativo de novo.
Para quem não sabe, o assim chamado rol da Agência Nacional de Saúde é, em síntese, a lista de tratamentos cobertos por planos de saúde. Em junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que ele deveria ser considerado taxativo, o que desobrigaria os convênios médicos a cobrir procedimentos que não estejam nele previstos, além de retirar (ou ao menos dificultar) às pessoas recorrer à Justiça para conseguir tratamentos específicos não listados.
Mas agora, há apenas alguns dias, a Presidência da República sancionou a lei 14.454/2022 - que teve origem no PL 2033/22 - e torna novamente o rol exemplificativo. Ou seja, serve como exemplo para tratamentos básicos, mas não limita a cobertura dos planos. A condição é que os procedimentos “extras” atendam a pelo menos um dos seguintes critérios (descritos resumidamente):
- Ter eficácia comprovada pela ciência;
- Autorização da Anvisa;
- Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (Conitec);
- Recomendação de pelo menos um órgão de avaliação de tecnologias em saúde de renome internacional que tenha aprovado o tratamento para seus cidadãos.
A reversão legal foi uma espécie de resposta à mobilização social de associações de pacientes/usuários de planos de saúde contra a decisão do STJ em junho. Envolveram-se nessa polêmica cidadãos com interesse genuíno, mas também artistas e celebridades diversas, que pouco provavelmente compreendem o segmento de saúde ou a necessidade de manter uma empresa, inclusive dessa área, economicamente saudável.
Com certeza a questão é complexa e não se pode dar razão absoluta a nenhum dos lados, mas o vaivém de decisões e a frágil base jurídica atual configuram, para quem atua no setor, ou precisa dele, o pior dos mundos: empresas e segurados sem saber bem o que podem ou não fazer, em que circunstâncias, por quanto tempo. Não é difícil imaginar as implicações na vida de todos os envolvidos.
Em posicionamento divulgado à imprensa, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa diversos grupos de operadoras de planos e seguros privados de assistência à saúde, lamentou a decisão, afirmou que a mudança coloca o Brasil “na contramão das melhores práticas mundiais” de incorporação de medicamentos e procedimentos em saúde e “dificulta a adequada precificação dos planos e compromete a previsibilidade de despesas assistenciais, podendo ocasionar alta nos preços das mensalidades e expulsão em massa dos beneficiários da saúde suplementar”.
Difícil que o apocalipse se abata sobre o setor, assim como a decisão anterior não assegurava a ninguém um lugar no paraíso. Mas entre um e outro extremos, a dificuldade de encontrar um ponto sustentável de equilíbrio com certeza pode fazer muita gente cair pelo caminho. “Gente” no sentido real e figurado. “Cair” também.
A FenaSaúde avalia recorrer ao Judiciário, “em defesa dos cerca de 50 milhões de beneficiários que hoje dependem dos planos de saúde no país”. Ou seja, mais desdobramentos jurídico-legais podem estar por vir. É um daqueles casos em que uma frase pronta ganha força de sentido, além de parecer uma boa ideia - senão o único jeito - para concluir um raciocínio:
“Aguarde as cenas dos próximos capítulos”
Fontes
www.blog.neoway.com.br
www.setorsaude.com.br
www.12.senado.leg.br
www.jota.info
www.olhardigital.com.br
Varíola de macaco, mas pode chamar de monkeypox.
Nem bem o mundo estava se recuperando dos impactos da pandemia de Covid-19 - que, é sempre bom lembrar, pode estar em outra fase, mais ainda não acabou - e começou a aparecer nos noticiários o que soava como uma nova emergência de saúde global: uma doença chamada de varíola de macaco (em inglês, monkeypox). Independentemente de qualquer outra coisa, o nome já parece ter sido criado para assustar.
Na verdade, o agente causador da doença vive normalmente em roedores silvestres, que podem ocasionalmente contaminar macacos e pessoas, e ganhou esse nome quando infectou macacos usados em laboratório “importados” da África para a Europa, nos anos 1950. Não é, portanto, uma doença “nova”, nem é a primeira vez que é detectada em seres humanos - e nem os macacos merecem o “crédito”.
Em 2003 - portanto, há quase duas décadas - houve um surto de monkeypox nos EUA, com cerca de 70 casos documentados e nenhuma morte registrada. Entre os anos de 2017 e 2021, houve também casos isolados na Nigéria, no Reino Unido e em Singapura, nenhum resultando em grandes surtos. Embora esteja longe de ser inofensiva e precise ser acompanhada com atenção, nada indica que a monkeypox tenha potencial para se transformar numa “nova Covid”.
É sempre delicado abordar temas relativos à saúde, especialmente quando envolvem saúde pública, mais ainda se o assunto pode ter relevância global. Por um lado, há os que enxergam em qualquer notícia, mesmo que preliminar, razão suficiente para alarme; por outro, há os que consideram desnecessário sequer dar atenção a qualquer fato que não indique uma emergência mortal. Mas a melhor forma de lidar com temas dessa natureza parece ser - como vem nos ensinando a pandemia - assumir uma atitude racional e desapaixonada, para tomar decisões baseadas em fatos, captados de mais de uma fonte.
Neste artigo, procuramos trazer os fatos mais consistentes até agora sobre a monkeypox, que vamos tratar pelo nome em inglês por acreditar que isso contribui para reduzir o efeito residual do temor exagerado que envolveu as primeiras notícias sobre a doença. Nosso objetivo é informar - sem alarmar nem subestimar. Isso significa que também não ignoramos informações potencialmente positivas.
Assim como a varíola humana, erradicada por meio de vacinação em larga escala que durou até o começo dos anos 1980, a monkeypox provoca no corpo do doente erupções que viram pústulas dolorosas, com poucos milímetros de diâmetro, provavelmente sua manifestação mais conhecida popularmente. Entre outros sintomas, estão febre, dor de cabeça e inflamação de nódulos linfáticos (a famosa íngua).
E por que, apesar do impacto inicial de notícias sobre seu “aparecimento” em pacientes humanos, a monkeypox tem despertado menos preocupação, tanto na população em geral quanto em boa parte dos profissionais de saúde? O primeiro, e mais óbvio, é que sua transmissão é menos eficiente que a do novo coronavírus: precisa de contato próximo para acontecer, por meio de fluidos corporais (incluindo gotículas de saliva, do tipo que as máscaras barram), mas não é transmissível pelo ar, como o vírus da Covid-19.
Há boas evidências de que a maioria dos casos de monkeypox são transmitidos sexualmente. Esse fato levou até a, digamos, um tanto parcimoniosa OMS a sugerir publicamente que certos grupos evitem, ao menos por um tempo, uma grande variedade de parceiros. Mas é importante evitar, a todo custo, confundir essa recomendação com uma reprovação moral a esse comportamento, pois a vida sexual é uma escolha que só cabe ao indivíduo. Trata-se de uma recomendação médica - e só - cujo custo de seguir ou não cabe a cada um.
Outro importante diferencial que induz a uma menor preocupação na comparação com a Covid-19 é que o vírus da monkeypox é de um tipo muito vulnerável às defesas imunológicas conferidas pela vacina com tecnologia de vírus inativado, como as utilizadas para erradicar a varíola humana, e não apresenta a mesma capacidade de mutação que permitiria gerar variantes aptas a escapar das defesas vacinais. Portanto, quem foi vacinado contra a varíola humana - pessoas por volta dos 40 anos ou mais no Brasil - está relativamente bem protegido (cerca de 85% de eficácia), e quem não foi já dispõe de novas vacinas.
O terceiro e talvez mais relevante fator que vamos citar aqui é a baixa mortalidade da monkeypox: até meados de agosto, haviam sido registrados cerca de 36 mil casos no mundo e pouco menos de 3.000 no Brasil, com um total de menos de 15 mortes, contando todos os países atingidos. As mortes por monkeypox são raras, e normalmente estão relacionadas a condições prévias que já tornavam frágil a saúde do paciente, como pessoas imunossuprimidas, crianças com menos de 8 anos (que não têm o sistema imune maduro), gestantes e lactantes (cujo organismo está passando por variações hormonais).
O caso das gestantes merece atenção e cuidado especiais: uma possível contaminação durante a gestação não só representa um risco maior para a mãe, mas também vem sendo relacionada a um maior risco de morte e más-formações nos bebês. Eis, então, mais dois bons motivos para não se “desconectar” totalmente das informações sobre a doença e procurar orientação médica no caso de qualquer sintoma, e qualquer contato, com qualquer pessoa, que tenha qualquer suspeita de ter monkeypox, particularmente se apresentar qualquer lesão de pele.
Todos teremos de lidar com questões de saúde durante a vida, inclusive doenças infecciosas que sempre fizeram parte do cenário do nosso dia a dia. Talvez o segredo seja cultivar uma saudável cautela bem informada, de modo a nos tornarmos guardiões da nossa própria saúde e daqueles que estão próximos de nós, adotando todos os cuidados possíveis, mas sem renunciar - em nome do temor irracional ou da segurança completa, inatingível - ao sabor da própria vida.
Fontes
www.gazetadopovo.com.br/autor/eli-vieira
www1.folha.uol.com.br/colunas/esper-kallas
www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude
www.em.com.br
www.bbc.com
Os meses, suas cores e suas causas.
Quando, por algum motivo, não podemos registrar um número de telefone, por exemplo, e precisamos memorizá-lo imediatamente para anotar depois, não é quase instintivo repetirmos a informação para nós mesmos, em voz alta? Sabe o que estamos fazendo ao praticar isso? Alimentando a memória com diferentes estímulos, o que torna o processo de retenção da informação muito mais eficiente no cérebro.
Plenamente consciente ou não desse fato, um dia, alguém (provavelmente um profissional bem preparado da área de comunicação), decidiu aplicar esse eficiente recurso por uma nobre motivação, associando uma cor a um determinado mês, e o mês a uma determinada causa - de saúde. Nascia assim a estratégia de utilizar meses “coloridos” para estimular a compreensão, a conscientização, o autocuidado e, principalmente, a prevenção e o diagnóstico precoce de várias doenças.
Até onde conseguimos rastrear, o precursor é o Outubro Rosa, criado para chamar a atenção das mulheres para a questão do câncer de mama. E o segundo mais antigo seria o Novembro Azul, para alertar os homens sobre o câncer de próstata. Ao longo do tempo, e com o sucesso da estratégia, associações médicas, organizações não-governamentais, diversas instituições da área de saúde e mesmo instâncias oficiais do poder público estabeleceram pautas e cores para todos os meses do ano. Por isso não é incomum que um único mês seja associado a mais de uma causa, e uma cor a diferentes meses.
Na SICCS, nós sempre contribuímos para a conscientização sobre essas causas, com artigos aqui neste blog, publicações em nossas redes sociais e materiais especiais disponibilizados para nossos clientes. Hoje, vamos compartilhar uma visão geral sobre todos os meses do ano e as cores associadas a eles para aumentar a aderência das pessoas à conscientização sobre os respectivos temas vinculados.
Janeiro
• Branco - Saúde Mental
• Roxo - Hanseníase
Fevereiro
• Roxo - Mal de Alzheimer, lúpus e fibromialgia
• Laranja - Leucemia
Março
• Vermelho - Câncer de rim
• Azul marinho - Câncer colorretal
Abril
• Azul - Conscientização sobre o autismo
• Verde - Segurança e saúde no trabalho
Maio
• Cinza - Câncer de cérebro
Junho
• Vermelho - Doação de sangue
Julho
• Amarelo - Combate às hepatites virais
• Verde - Câncer de cabeça e pescoço
Agosto
• Dourado - Aleitamento materno
• Verde claro - Combate ao linfoma
Setembro
• Amarelo - Prevenção ao suicídio
• Verde - Doação de órgãos
Outubro
• Rosa - Câncer de mama
Novembro
• Azul - Combate ao câncer de próstata
• Azul - Diabetes
Dezembro
• Vermelho - Combate à Aids
• Laranja - Câncer de pele
Nem todos os temas são exatamente “doenças” e é possível que haja mais associações meses/cores/causas não contempladas aqui - afinal, sabe-se que quase toda “coletânea”, sobre qualquer coisa, tende sempre a ser incompleta. Também não desdobramos cada um dos assuntos associados a cada mês, para não tornar essa matéria muito extensa. Mas os casos mais tradicionais e relevantes para a área de saúde estão presentes em nossa seleção.
Aqui em nosso blog e em nossas páginas nas redes sociais - no Facebook, no Instagram e no LinkedIn - abordaremos a maioria desses temas, cada um a seu tempo, como já fazemos tradicionalmente há alguns anos. Convidamos você a acompanhar nossos conteúdos e a compartilhar essa matéria com o maior número de pessoas possível.
Porque se há um fator principal que une todas essas causas, de todos esses meses, em todos os anos, esse fator é a conscientização.
Fontes
www.super.abril.com.br
www.vidasaudavel.einstein.br
www.educamaisbrasil.com.br
www.incrivel.club
www.calendarr.com/brasil
Rol taxativo: novidades?
A inclusão de novos procedimentos está em discussão no Congresso.
Em junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a lista de tratamentos cobertos por planos de saúde - o chamado “rol” da Agência Nacional de Saúde (ANS) - deve ser considerada taxativa, o que desobrigaria os convênios médicos a cobrir procedimentos (exames, terapias, cirurgias, fornecimento de medicamentos) que não estejam nela previstos. Falamos disso aqui em nosso blog na ocasião, abordando as nuances da questão e os argumentos tanto de quem é contra como a favor da decisão.
Agora parece haver no horizonte novidades importantes sobre o assunto: na terça-feira, 23 de agosto, o Senado Federal se reuniu para debater com especialistas, entidades e agentes da saúde a possibilidade de ampliar do rol da ANS, alterando a lei que rege a saúde suplementar para acomodar novas coberturas de assistência médica e odontológica. No início deste mesmo mês, a Câmara aprovou o PL 2033/22, que estabelece critérios para permitir a inclusão de procedimentos que não constam na lista atual da ANS.
A proposta tramita no Senado e deve ser deliberada diretamente, sem passar pelas comissões permanentes da Casa (o que, por si só, já provoca certo estranhamento). As votações do PL no Plenário estão previstas para os dias 29 e 30 de agosto. Relator do projeto, o senador Romário (PL-RJ) deu indicações de que manterá praticamente intocado o entendimento da Câmara dos Deputados, que aprovou o PL no começo de agosto.
Segundo o texto, os planos de saúde poderiam passar a cobrir, em alguns casos, serviços com comprovação da eficácia baseada em evidências científicas e plano terapêutico; recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS; e indicação de órgão de avaliação de tecnologias em saúde.
Durante a sessão, a ANS e o Ministério da Saúde argumentaram o que era de se esperar: que ampliar o rol levaria a um aumento nos preços dos planos, que seria repassado aos consumidores, e que boa parte deles não teria condições de arcar com esses custos. Nem é preciso dizer que há, e sempre haverá, protestos e argumentos do outro lado, que deseja a maior cobertura possível sem considerar os respectivos impactos financeiros e a própria sobrevivência do setor.
Esses são, novamente, dois lados um tanto simplistas de uma questão quase sempre tratada com maniqueísmo, visão de mundo em que praticamente tudo é uma contenda entre opostos incompatíveis, algo como o bem contra o mal, mocinhos contra vilões - uma receita quase infalível para o abandono da racionalidade, na verdade a única via para equacionar e solucionar problemas complexos, que quase nunca satisfazem por completo todos os lados.
Qualquer que seja a decisão parlamentar, a melhor saída para a sociedade provavelmente será conquistar, de preferência num futuro muito próximo, uma segurança jurídica suficiente para balizar as decisões e ações de todos os envolvidos: instâncias reguladoras, operadoras, beneficiários, corretoras e toda a cadeia de negócios que fornece a milhões de pessoas tanto melhor tratamento de saúde quanto desenvolvimento econômico - inclusive geração de empregos.
Embora o campo seja bem diferente - e sempre haja motivos insondáveis envolvidos na criação de leis - vamos todos torcer para que o senador Romário consiga ser, aqui também, aquilo que primeiro o consagrou como personalidade pública: um craque.
Fontes
www.revistaapolice.com.br
www25.senado.leg.br
www.uol.com.br