Janeiro Branco: A Vida Pede Equilíbrio

Conheça um pouco sobre essa iniciativa a favor da saúde mental

Basta dar uma olhada pelo retrovisor na história da humanidade - aquela que muita gente escreve com H maiúsculo - e verá uma constatação quase inevitável que, desde que existimos, nunca houve sequer 1 ano de paz total na Terra. Somos, quase a rigor, uma espécie que se mata regularmente. E a autodestruição mútua e praticamente constante não parece ser uma forma muito inteligente de ocupar o tempo de existência que temos. Falando mais informalmente, parece que o ser humano não é mesmo “muito bom da bola”.

Essa caracterização informal, talvez hoje proscrita pelo que se chama movimento “anticapacitista”, esconde uma ideia bastante grave: parece que somos uma espécie inclinada à loucura (palavra que o referido movimento, com alguma razão, reprova como xingamento, mas que certamente está longe de ser uma coisa desejável). Ou haveria outra explicação para desenvolver um poder bélico capaz de destruir algumas centenas de vezes toda a vida humana no planeta? Sim, ainda somos capazes disso, e há uma guerra relativamente recente em pleno andamento para nos lembrar.

Além dessa inclinação destrutiva bastante evidente em termos históricos e globais - da qual não podemos esquecer, mas com que não podemos nos ocupar o tempo todo - temos de lidar, cada um a seu modo, com nossos problemas mais diretos e pessoais. Pode parecer que não, mas o cenário global se reflete sobre nosso cotidiano, seja política e economicamente (fatores sempre ligados), seja em termos de intoxicação informativa ou pelo simples temor de que uma fatalidade nos atinja, ou a quem amamos.

Adicione a tudo isso a imensa caixa de ressonância - inclusive de intolerância e agressão - que são as redes sociais digitais e fica claro que manter a saúde mental é tarefa e exercício para toda uma vida. Diga-se de passagem que, obviamente, há imensas e ainda, em boa parte, desconhecidas vantagens e possibilidades geradas pelas plataformas e ferramentas digitais, mas já se sabe, com bastante fundamentação, que elas também podem fazer mal. Não são (como quase nada é) inócuas. Seu uso excessivo é psicologicamente nocivo.

Nessa intrincada trama de coisas que, listadas assim, todas juntas, parecem compor um cenário bem pessimista, é mais que bem-vinda uma iniciativa que busque, digamos, oxigenar mentalmente as pessoas. Embora algumas causas relacionadas à saúde mental já tenham seus meses de ênfase respectivos - mal de Alzheimer no Fevereiro Roxo, depressão/prevenção ao suicídio no Setembro Amarelo, entre outros - desde 2014 existe o que se chama de Janeiro Branco, que se autocaracteriza como “um movimento social dedicado à construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade”.

Criado e coordenado pelo instituto homônimo, o Janeiro Branco tem como objetivo chamar a atenção de indivíduos, instituições, sociedades e autoridades para as necessidades relacionadas a todos os fatores que possam afetar a saúde mental dos seres humanos - para o mal e para o bem. Sobre o que pode ser negativo, conscientização e orientação. Sobre o que pode ser positivo, estímulo e engajamento. Para tanto, são contemplados temas bastante abrangentes, num leque que inclui autoconhecimento, controle emocional, melhora das relações pessoais e de trabalho, atividade física e alimentação saudável, entre outros.

Evidentemente, uma das intenções da iniciativa é discutir políticas públicas, sem as quais dificilmente uma abordagem que busca soluções para questões de saúde mental poderia ser bem-sucedida, ou alcançar o melhor resultado possível. Mas o Janeiro Branco não parece ter qualquer vocação para se esgotar na responsabilização da esfera pública, convocando instituições privadas e, principalmente, os indivíduos a adotar uma postura ativa na promoção da causa. É de indivíduos, sabemos, que se forma a coletividade - e, portanto, é na ação individual que se avança nas grandes causas coletivas.

Claro que a saúde mental tem mais aspectos, variações e nuances do que uma só campanha, durante um único mês do ano, pode abranger. Assim, os materiais de divulgação disponíveis talvez não tenham a profundidade ideal, apenas tangenciando assuntos mais complexos que fazem parte do grande tema central. No entanto, qualquer discussão sobre saúde mental é melhor que nenhuma discussão, e a proposta tende a ser dar foco ao conceito principal para que haja exploração mais detalhada, e contínua, em ações consecutivas.

Segundo o próprio site da campanha, sob seu guarda-chuva são desenvolvidas diversas ações, como palestras, oficinas, cursos, workshops, entrevistas e lives, entre outras, em qualquer lugar onde haja pessoas interessadas, em qualquer ponto do Brasil. Pelo mesmo site, organizações e instituições públicas e privadas - assim como qualquer pessoa - podem entrar em contato com o instituto responsável pela campanha, para solicitar esclarecimentos, apoio e orientação.

Neste ano de 2023, o Janeiro Branco chega à sua 10ª edição com o tema “A Vida Pede Equilíbrio”. Um dos enunciados divulgados pelo site descreve assim as circunstâncias que geram essa demanda:

“... mudanças cada vez mais desafiadoras e aceleradas que exigem novas atitudes, novas habilidades, novos entendimentos e novos comportamentos”.

Voluntariamente ou não, é uma descrição um tanto genérica - o que não significa que seja menos verdadeira. Talvez, de modo até irônico, o elemento mais valioso contido nessa declaração seja exatamente o fato de que, frente à crescente angústia de cada vez mais gente, no mundo todo, atualmente é praticamente impossível discordar dela.

Para saber mais sobre a campanha Janeiro Branco, visite o site: https://janeirobranco.com.br


Horizontes de 2023

Segundo dados divulgados pela CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), referentes até outubro/2022, sem contar a Saúde Suplementar o segmento de seguros “devolveu” à sociedade R$ 182,9 bilhões em indenizações, resgates e sorteios, com crescimento de 18% no acumulado quando comparado ao mesmo período do ano anterior. A arrecadação da indústria ficou em R$ 294,56 bilhões até o 10º mês do ano.

Em 2023, com a mudança de governo, a projeção de crescimento do PIB é de 2,2%, com aumento do mercado estimado em 10,1% com as operações de seguro saúde. Outro fator que também deve contribuir para a expansão do setor é a revisão do marco regulatório promovida pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) e a intensificação da digitalização.

Apesar de todas as transformações recentes, os desafios para o setor de seguros são contínuos: possibilidade de inflação, instabilidade socioeconômica causada por razões políticas e geopolíticas, flutuação de taxas de juros, relativa escassez de talentos, entre outras. Para saber as principais tendências do mercado de seguros para este ano, colhemos em várias fontes algumas expectativas de especialistas sobre o setor.

Transformação digital - Acelerada e alavancada pela pandemia, a digitalização acabou trazendo maior autonomia para consumidores e corretores em diversos processos. Uma boa evidência dessa tendência foi a realização de vistorias e sinistros on-line, em que o próprio segurado envia a foto do imóvel ou de um acidente que ocasionou um dano ao seu automóvel. A automação e a inteligência artificial (IA) de processos já são largamente usadas também, por exemplo, para análise de benefícios, trazendo mais agilidade e liberando colaboradores para lidar com questões de maior complexidade e/ou prioridade.

Conscientização sobre riscos cibernéticos - Apesar de não ser uma ameaça nova, a frequência e a gravidade dos ataques vêm aumentando, tornando a segurança cibernética não apenas mais um risco “tecnológico”, mas um risco para os negócios, exigindo que os players do segmento sejam ágeis e permaneçam vigilantes o tempo todo para manter sua relevância no enfrentamento dessa questão, oferecendo diferenciais estratégicos aos segurados.

Seguro por demanda - O seguro on-demand ou pay-per-use parece ser uma das grandes tendências de 2023. Esse tipo de apólice oferece cobertura por período menor que os produtos tradicionais, permitindo que se escolha por quanto tempo se deseja segurar o bem e qual o período específico. A modalidade foi regulamentada pela Susep em 2019. Os principais diferenciais deste modelo de seguro são, claro, a liberdade do consumidor na contratação, menos burocracia e maior personalização de coberturas - que têm diretamente a ver com o tema seguinte.

Cliente no centro do negócio - Colocar o cliente no centro dos negócios e das decisões da empresa significa investir em produtos aderentes às suas necessidades. Embora pareça óbvio, é uma “visão” que deve ganhar força em 2023, por meio da oferta de produtos e serviços com valor agregado, que entendam a jornada que o segurado busca e reforcem o seu engajamento com a marca.

Seguro como ferramenta de planejamento financeiro - Pessoas e empresas estão cada vez mais conscientes sobre a importância do seguro como ferramenta relevante para superar desafios e conquistar resultados econômicos, com aumento da, digamos, “compreensão média” do valor agregado de uma boa apólice. Na área de seguros pessoais, parece haver um maior entendimento de que a cobertura pode ser acionada em situações como doenças graves, invalidez parcial ou permanente e afastamento do trabalho, superando uma espécie de tabu de que o seguro de vida é somente para casos de falecimento.

Valorização de critérios ESG - Por mais questionáveis que sejam - e são, tanto por parte dos que os defendem como de quem se posiciona contra - os critérios que definem as responsabilidades em temas de Governança, Social e Ambiental provavelmente permanecerão figurando entre as prioridades de empresas que atuam no setor de seguros, uma vez que os clientes parecem procurar, cada vez mais, marcas que são (ou se mostram) alinhadas com a valorização desses compromissos.

Esses são, claro, apenas alguns aspectos - parte deles não tão óbvios quanto se pode pensar - que devem afetar o setor de seguros neste ano que acaba de se iniciar. Como sempre, com o avançar dos meses, continuaremos a trazer aqui temas relevantes para esse nosso importante segmento, sempre que possível priorizando fatos e dados que influenciem a área de seguros corporativos. Continue nos acompanhando.

E, mais uma vez, Feliz Ano Novo.

 

Fontes
www.revistaapolice.com.br
www.segurosbr.org
www.insurtalks.com.br


Um olhar sobre 2022

Se fôssemos começar com uma expressão ainda bem popular, seria “encerrar com fecho de ouro”. O mercado de seguros cresceu 19,6% no 1º semestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, como mostrou, em agosto, a 22ª edição do Boletim IRB+Mercado, produzido com base nos dados publicados pela Susep - Superintendência de Seguros Privados. Os segmentos que mais contribuíram para a alta foram Automóveis, Vida e Danos e Responsabilidades.

Mas já de acordo com a 25ª edição do mesmo Boletim, no 3° trimestre desse ano o mercado segurador faturou R$ 46,8 bilhões, uma alta de 25,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado anual, os prêmios totalizaram R$ 126,7 bilhões, avanço de 21,7% em relação ao valor apurado entre janeiro e setembro de 2021. Segundo esse relatório mais recente, o faturamento das seguradoras em setembro foi de R$ 15,5 bilhões, um crescimento de 26,9% em relação ao mesmo intervalo de 2021.

Considerando o ano inteiro, o setor de seguros deve experimentar um aumento total de arrecadação de 12,9% em 2022 em relação a 2021, e avançar mais 10% em 2023, projeta a CNSeg - Confederação Nacional das Seguradoras. Para essas projeções sobre o fechamento de 2022, considerou-se uma alta de 2,2% no PIB, amparada no aumento da renda das famílias, potencialmente gerado, entre outros fatores, pela manutenção e aumento de programas de transferência de renda.

O fechamento real (não projetado) de 2022 será conhecido até o fim do 1º quadrimestre de 2023, a partir da divulgação da base de dados da Susep e da ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar. Mas profissionais de destaque atuantes no setor mostram-se desde já otimistas, inclusive para o próximo ano, pois consideram que, com a relativa estabilização da economia - influenciada também pelo “fim” da pandemia de Covid-19 - o aumento da participação do negócio de seguros no PIB já se configura como uma tendência de longo prazo.

Mesmo com as incertezas que inevitavelmente rondam o novo governo, estima-se que o mercado de trabalho deve continuar aquecido, com a renda dos trabalhadores crescendo, porque vários levantamentos vêm constatando que o índice de ocupação já recuperou o patamar pré-pandemia. E é uma consequência lógica que um maior poder aquisitivo das famílias e uma maior força de trabalho nas empresas resultem em mais contratações de seguros, individuais e corporativos.

Há quem enxergue, entre as possíveis tendências, que os segmentos que mais devem crescer no início do próximo ano sejam os de Vida, Previdência Privada, Responsabilidade Civil e Riscos Cibernéticos. Já falamos de todas essas modalidades de seguros aqui e em nossas redes sociais, e provavelmente voltaremos a falar, adotando novas abordagens.

O mais importante é deixar evidente que, quaisquer que sejam as tendências e desafios para o próximo ano, a SICCS e a SICCS+Seguros estarão sempre preparadas - e em contínua evolução - para atender seus clientes com as melhores soluções. Falaremos mais sobre o futuro em nossa próxima matéria.

 

Fontes
www.revistaapolice.com.br
www.sindsegsp.org.br
www.segs.com.br
www.revistaseguradorbrasil.com.br
www.correiobraziliense.com.br
www.cnnbrasil.com.br


Você é fora da curva?

Segundo o conceito de individualidade biológica, sim.

Já dissemos aqui que um dos problemas de notícias “científicas” publicadas em veículos não-especializados (mesmo quando citam “especialistas” consultados) é a pouca ou nenhuma compreensão de boa parte dos jornalistas sobre aquilo de que estão falando. Ou, até mais grave, quando a matéria propositalmente ignora ou distorce a ciência em detrimento de um viés ideológico.

O problema é particularmente delicado quando a ciência envolvida diz respeito à saúde do ser humano. Já disse alguém que “a medicina é uma ciência de verdades transitórias” e muitas (muitas mesmo) informações propagadas como verdades absolutas são posteriormente contestadas, desmentidas ou colocadas em novo contexto interpretativo pela própria pesquisa acadêmica de boa qualidade - ou seja, a que se baseia em evidências. Por isso, é preciso atualizar-se continuamente.

Outra fonte de, digamos, possível problematização é o evidente desconhecimento de que grande parte do saber científico se baseia, quase sempre, em estatísticas. Isso significa que busca padrões dominantes de probabilidade, inclusive de relações entre causa e efeito, dos fenômenos estudados. Em outras palavras, trabalha para identificar coisas que ocorrem com a maioria das pessoas diante de um determinado fato, contexto, estímulo, substância e assim por diante.

Assim, o que pode ser verdade para a maioria absoluta das pessoas pode não se aplicar a um determinado indivíduo. Alguns estudiosos chamam isso de “individualidade biológica” e não há nenhum cientista “sério” (leia-se confiável) que negue sua existência. Daí que o tratamento ideal, de qualquer questão de saúde, será sempre... individualizado. Por motivos indiscutivelmente operacionais - é impossível individualizar o tratamento de tudo, para todos, sempre - para uma dor de cabeça comum e ocasional ainda se receitará um analgésico comum. Grandes são as chances de que essa seja uma solução necessária e suficiente.

Mas há momentos em que um sintoma se manifesta de forma diferenciada, ou seja, fora de um ponto de grande probabilidade no gráfico da curva estatística (e, sim, é daí que vem a expressão “fulano é fora da curva”, ou seja, uma exceção). Nesses casos, é quase eticamente mandatório que seja conduzida uma investigação mais cuidadosa, minuciosa - sempre que possível. Sabemos todos que, no sistema público de saúde, muitas vezes não é.

A individualidade biológica acontece tanto para o bem como para o mal. Assim como há indivíduos que têm efeitos colaterais graves com algumas substâncias inofensivas para a maioria das pessoas, outros são imunes a vírus potencialmente mortais para a maior parte da população ou apresentam outro tipo de característica vantajosa para determinadas atividades - esporte de alto desempenho, por exemplo. Pelé, Garrincha, Ayrton Senna e Éder Jofre são, cada um a seu modo, fora da curva. Machado de Assis, Guimarães Rosa e Vinicius de Moraes também, já que individualidade biológica contempla o aspecto psíquico, e é impossível que a inteligência literária não tenha nada a ver com isso.

No que isso afeta nossa vida prática? A consciência de que a individualidade biológica existe pode nos guiar a fazer escolhas mais conscientes sobre nossa própria saúde, seja na exigência de maior atenção a sintomas incomuns por parte do profissional da área que nos atende ou na opção por determinada atividade física ou dieta, só para citar dois exemplos. Até porque - como acreditam e chegam a demonstrar muitos matemáticos e estatísticos - é altamente provável que todos nós sejamos fora da curva em algum aspecto.

Como diz uma espécie de princípio (deveras inegável) do (nem sempre respeitado) liberalismo, o indivíduo é a menor das minorias. Somos todos únicos.

 

Fontes:

www.muz.ifsuldeminas.edu.br
www.cremeb.org.br
www.jornal.usp.br
www.tudoep.com
www.rpmove.com.br
www.minhavida.com.br

 


Casos de meningite em 2022: alarme ou alerta?

O Brasil é mundialmente conhecido por ter uma das maiores coberturas vacinais do planeta, sendo o Programa Nacional de Imunizações (PNI) uma referência global de excelência quando se trata de saúde pública. Mesmo continuando a ser um caso de sucesso, as taxas de vacinação no país vêm caindo desde 2015.

Profissionais da área estimam que isso está acontecendo por diversos motivos: desinformação, falta de divulgação/campanhas e até mesmo o horário relativamente limitado de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS), entre outros.

Mais recentemente, teorias conspiratórias sobre vacinas - sem qualquer lógica, fundamentação ou evidências - ganharam certa repercussão na opinião pública brasileira. Mas, enquanto em relação à vacina contra a covid-19 era compreensível algum receio, pelo fato de serem novas e desenvolvidas em tempo recorde, o assim chamado “movimento antivacinal” lança suspeitas também sobre imunizantes com décadas de aplicação bem-sucedida.

Isso não faz sentido e é contraproducente: se no passado o ser humano vivia em média algo como 30-35 anos e hoje vive 70-75 ou mais em diversos países, isso se deve ao avanço do conhecimento e dos cuidados com a saúde, aí incluída a imunização contra doenças que antes matavam aos milhões. Quase ninguém com algum conhecimento de história, ou em sã consciência, dúvida disso.

E mesmo os temores despertados pelas vacinas contra a covid-19 parecem ter sido vencidos aos poucos, à medida que as curvas de vacinação e mortes pela doença foram se mostrando inversamente proporcionais e os casos de efeitos colaterais bem documentados se mostraram raríssimos (diga-se de passagem, que eles ocorrem com todas as vacinas, que, como tudo, não têm risco zero).

Nesse cenário de cobertura vacinal um tanto descendente, a notícia de que um surto de meningite meningocócica C - a mais frequente entre as meningites bacterianas - atingiu a Zona Leste da cidade de São Paulo, nos dois primeiros meses do 2º semestre, deixou muita gente preocupada, gerando um aumento de procura pela vacina, que chegou a faltar em algumas UBS.

Quem tem aí por volta de seus 40-45 anos ou mais provavelmente se lembra da epidemia de meningite da década de 1970, também em São Paulo - a pior epidemia da doença na história do país. Na época, houve casos de 2 tipos de meningite meningocócica, A e C, ambas bacterianas. Para quem traz essa fase na memória deve ser mais difícil não se preocupar, inclusive pessoas que moram fora de São Paulo, já que hoje o trânsito de pessoas entre cidades e estados é muito maior. Sem falar que notícias sobre casos de meningite sempre assustam.

No entanto, em relação ao surto de 2022, os especialistas em saúde afirmam que não há necessidade de pânico. Primeiro, vale explicar o conceito de “surto”: é a ocorrência de 3 ou mais casos do mesmo tipo, na mesma localidade, em um prazo de 90 dias (ou seja, não envolve necessariamente um grande número de casos). Segundo, é bom que se saiba que o meningococo tem caráter endêmico, o que significa que os casos acontecem regularmente, a imensa maioria deles entre crianças e adolescentes, que já devem se imunizar de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação.

Em outras palavras, casos de meningite bacteriana não são raros, embora possam evoluir com rapidez para quadros graves, e até mesmo fatais, em questão de horas. A doença ataca as meninges, membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso, e é transmitida pelo ar, pelo contato com secreções das vias áreas.

No surto ocorrido neste ano em São Paulo, as autoridades seguiram corretamente o que recomendam os protocolos sanitários, realizando a chamada vacinação de bloqueio, uma ampliação da faixa etária do público-alvo que deve receber o imunizante. Foram vacinados mais de 30 mil moradores, estudantes e trabalhadores, entre 3 meses e 64 anos de idade, num perímetro de 3km da região em que foram localizados os casos.

Em suma, com exceção dos residentes e frequentadores da área, crianças e adolescentes devem se vacinar normalmente segundo o Calendário Nacional de Imunização e não há recomendação de estender a vacinação para todos os adultos, de toda a cidade. Importante lembrar: pessoas imunocomprometidas e profissionais de saúde entram num esquema de vacinação especial.

Uma observação final: embora não haja necessidade de alarme, isso não significa que não seja importante estar alerta. Doenças infecciosas, ainda mais as que podem evoluir gravemente, precisam ser continuamente combatidas com informação confiável e olhar atento. Os sinais e sintomas de meningite variam conforme a idade, mas quase sempre envolvem febre, sonolência, vômito, dor de cabeça e a já bastante divulgada rigidez na nuca - entre outros.  Em casos suspeitos, recomenda-se procurar um serviço de saúde imediatamente.

 

Fontes
www.drauziovarella.uol.com.br
www.tuasaude.com/vacina-da-meningite
www.saude.mg.gov.br/meningite


Outubro Rosa | Todos contra o câncer de mama.

Essa causa nunca sai de moda.

Já dissemos aqui que associar diferentes estímulos reforça a percepção, a atenção e a memorização de uma determinada informação. E que, um dia, alguém decidiu aplicar esse eficiente recurso a causas nobres, associando uma cor a um determinado mês, e o mês a um determinado tema de saúde. Até onde se pode rastrear, o precursor dessa estratégia é exatamente o Outubro Rosa, mês em que estamos agora.

Criado para chamar a atenção das pessoas - especialmente as mulheres - para a questão do câncer de mama, segundo o site oficial da própria campanha o Outubro Rosa tem uma história que remete ao ano de 1990, quando a Fundação Susan G. Komen for The Cure lançou o laço cor-de-rosa e o distribuiu aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York (EUA).

Em 1997, outras cidades dos Estados Unidos aderiram à causa, consolidando o conjunto de iniciativas que hoje conhecemos como Outubro Rosa, cujas ações são direcionadas principalmente à conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce. Para sensibilizar a população, essas cidades eram realmente decoradas com laços rosas, o que acabou se desdobrando em outros recursos muito utilizados hoje em dia, inclusive no Brasil, como a iluminação de locais públicos com essa cor - além de diversos eventos temáticos.

Quem tem mais de 40, 45 anos, provavelmente se lembra da chegada da pioneira camiseta que trazia no peito a imagem de um alvo, contornado pela frase “O câncer de mama no alvo da moda”, com a qual esse segmento - por meio da Council of Fashion Designers of America Foundation - popularizou a conscientização sobre esse mal. Curiosamente, esse alvo é azul (e não rosa) desde a origem e hoje tem seu uso no Brasil exclusivamente licenciado para um determinado hospital de oncologia. Felizmente, a mobilização transcendeu o setor da moda - e também nunca saiu de moda.

Como se sabe, a saúde das mamas é vital para a qualidade de vida e a autoestima da mulher, por isso a chance de um tumor maligno nunca pode ser subestimada. E, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a mamografia regular é mais eficiente para um diagnóstico precoce do que o autoexame - que nem por isso deve ser dispensado. Uma mulher que observa qualquer alteração nas mamas, em qualquer momento da vida, deve procurar o serviço de saúde mais próximo imediatamente.

Durante a fase mais crítica da pandemia de covid-19, estima-se que muitas doenças não-infecciosas foram preteridas, por motivos que vão desde o medo da contaminação em hospitais e clínicas até a sobrecarga do sistema de saúde. Entre essas doenças, é provável que esteja o câncer de mama. Durante o período, o Outubro Rosa aconteceu, mas talvez não tenha tido o alcance que merece. Agora, há uma chance de intensificação.

Como o que a medicina tem a dizer sobre o tema não incorporou alterações significativas de 2021 para cá, reforçamos os principais pontos abordados à época aqui em nosso blog. Veja a seguir.

- Segundo o Instituto Oncoguia, 95% dos casos identificados em estágio inicial têm possibilidade de cura.

- A mamografia é imprescindível, por ser capaz de rastrear nódulos antes que sejam perceptíveis no autoexame realizado pela mulher e mesmo no exame clínico realizado por um profissional de saúde.

- A genética é um fator muito importante a ser considerado na prevenção: se uma pessoa da família - principalmente a mãe, irmã ou filha - teve a doença antes dos 50 anos, a mulher tem mais chances de desenvolver um câncer de mama.

- Mulheres que já tiveram câncer em uma das mamas ou câncer de ovário, em qualquer idade, devem ficar mais atentas.

- Pacientes de maior risco, como as citadas nos dois tópicos anteriores, devem tomar cuidados extras, mais frequentes e mais cedo: exame clínico e mamografia 1 vez/ano já a partir dos 35 anos.

- Na população em geral, quando não há fatores especiais de risco, toda mulher com 40 anos ou mais deve procurar um serviço de saúde para realizar o exame clínico das mamas anualmente.

- Se tiver entre 50 e 69 anos, a mulher deve fazer pelo menos uma mamografia a cada 2 anos.

- É muito importante procurar o serviço de saúde nos períodos indicados mesmo que não existam sintomas, pois nos estágios iniciais a doença normalmente é assintomática.

- Vários serviços direcionados à saúde da mulher são disponibilizados gratuitamente no SUS, entre eles a mamografia.

- Essas recomendações são baseadas em estudos estatísticos sobre a incidência da doença que são continuamente revistos pela ciência médica. Por isso, é preciso estar atento à atualização dos protocolos de prevenção e ter acompanhamento médico constante.

Além dessa vigilância permanente, a mulher também pode cuidar da saúde adotando alimentação saudável e equilibrada, praticando atividade física e evitando hábitos/vícios sabida e comprovadamente nocivos, como fumar (mesmo pouco) e ingerir álcool em excesso. Tudo isso ajuda na prevenção de várias doenças, inclusive o câncer.

Porque, em outubro, a ênfase é no combate ao câncer de mama, mas o ato de cuidar da própria saúde precisa acontecer o ano inteiro.

 

Fontes
www.bvsms.saude.gov.br/outubro-rosa-prevencao-e-diagnostico-precoce-do-cancer-de-mama
www.roche.com.br/pt/por-dentro-da-roche/voce-sabe-o-que-e-outubro-rosa.html
www.ocancerdemamanoalvodamoda.com.br/alvodamodasaocamilo
www.oncoguia.org.br
www.outubrorosa.org.br


Rol taxativo: reversão

Com a nova Lei 14.454/2022 em vigor, lista volta a ser exemplificativa.

Mover-se, progredir ou construir com segurança em terreno pedregoso, irregular, instável, é uma tarefa arriscada, talvez impossível. É uma bela metáfora para um termo atualmente, no Brasil, cada vez mais citado, mas nem sempre bem entendido: insegurança jurídica.

Trata-se daquele cenário regido pelo princípio da imprevisibilidade na aplicação da legislação ao ambiente de negócios, portanto da impossibilidade de empresas e investidores terem maior estabilidade para planejar, investir, desenvolver-se. Enfim, fazer... negócios.

O setor de saúde - quase todos os players incluídos - experimenta no momento uma situação bastante icônica deste conceito, o próprio sobressalto de quem entra, no meio de uma jornada, em área turbulenta. Motivo: o rol da ANS, que era exemplificativo, virou taxativo. E depois desvirou, tornando-se exemplificativo de novo.

Para quem não sabe, o assim chamado rol da Agência Nacional de Saúde é, em síntese, a lista de tratamentos cobertos por planos de saúde. Em junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que ele deveria ser considerado taxativo, o que desobrigaria os convênios médicos a cobrir procedimentos que não estejam nele previstos, além de retirar (ou ao menos dificultar) às pessoas recorrer à Justiça para conseguir tratamentos específicos não listados.

Mas agora, há apenas alguns dias, a Presidência da República sancionou a lei 14.454/2022 - que teve origem no PL 2033/22 - e torna novamente o rol exemplificativo. Ou seja, serve como exemplo para tratamentos básicos, mas não limita a cobertura dos planos. A condição é que os procedimentos “extras” atendam a pelo menos um dos seguintes critérios (descritos resumidamente):
- Ter eficácia comprovada pela ciência;
- Autorização da Anvisa;
- Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (Conitec);
- Recomendação de pelo menos um órgão de avaliação de tecnologias em saúde de renome internacional que tenha aprovado o tratamento para seus cidadãos.

A reversão legal foi uma espécie de resposta à mobilização social de associações de pacientes/usuários de planos de saúde contra a decisão do STJ em junho. Envolveram-se nessa polêmica cidadãos com interesse genuíno, mas também artistas e celebridades diversas, que pouco provavelmente compreendem o segmento de saúde ou a necessidade de manter uma empresa, inclusive dessa área, economicamente saudável.

Com certeza a questão é complexa e não se pode dar razão absoluta a nenhum dos lados, mas o vaivém de decisões e a frágil base jurídica atual configuram, para quem atua no setor, ou precisa dele, o pior dos mundos: empresas e segurados sem saber bem o que podem ou não fazer, em que circunstâncias, por quanto tempo. Não é difícil imaginar as implicações na vida de todos os envolvidos.

Em posicionamento divulgado à imprensa, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa diversos grupos de operadoras de planos e seguros privados de assistência à saúde, lamentou a decisão, afirmou que a mudança coloca o Brasil “na contramão das melhores práticas mundiais” de incorporação de medicamentos e procedimentos em saúde e “dificulta a adequada precificação dos planos e compromete a previsibilidade de despesas assistenciais, podendo ocasionar alta nos preços das mensalidades e expulsão em massa dos beneficiários da saúde suplementar”.

Difícil que o apocalipse se abata sobre o setor, assim como a decisão anterior não assegurava a ninguém um lugar no paraíso. Mas entre um e outro extremos, a dificuldade de encontrar um ponto sustentável de equilíbrio com certeza pode fazer muita gente cair pelo caminho. “Gente” no sentido real e figurado. “Cair” também.

A FenaSaúde avalia recorrer ao Judiciário, “em defesa dos cerca de 50 milhões de beneficiários que hoje dependem dos planos de saúde no país”. Ou seja, mais desdobramentos jurídico-legais podem estar por vir. É um daqueles casos em que uma frase pronta ganha força de sentido, além de parecer uma boa ideia - senão o único jeito - para concluir um raciocínio:

“Aguarde as cenas dos próximos capítulos”

 

Fontes

www.blog.neoway.com.br
www.setorsaude.com.br
www.12.senado.leg.br
www.jota.info
www.olhardigital.com.br


O algoritmo a seu favor.

Como essa “entidade misteriosa” ajuda na gestão de saúde

Não é fácil para um leigo entender o que é como funciona um algoritmo, essa presença um tanto envolta em mistério de que cada vez mais gente ouve falar, principalmente em artigos relacionados às mídias digitais, em particular as redes sociais e outras plataformas de conteúdo, como o Youtube e o Spotify.

Trata-se de uma espécie de equação matemática na qual se baseia a assim mal batizada “inteligência artificial” (termo controverso que abordaremos em artigo futuro), conceito mais ou menos genérico que se aplica a funções da tecnologia computacional como fazer análises e executar ações baseadas em informações fornecidas previamente.

Quando você entra na mais famosa plataforma de vídeos e procura conteúdos sobre o tema futebol, por exemplo, a tecnologia por trás dela captura, pelos dados inseridos na sua busca, que esse assunto é de seu interesse (ou pelo menos foi, naquele momento). É assim que poderá sugerir outros conteúdos semelhantes da próxima vez que você acessar a mesma plataforma devidamente identificado, seja por ter efetuado um login, seja pelo IP do seu dispositivo (o código único que identifica cada equipamento conectado à Internet).

A principal crítica aos algoritmos é uma suposta capacidade que eles teriam de “pasteurizar” o pensamento das pessoas, pois se elas são sempre induzidas a consumir o mesmo tipo de conteúdo não teriam um saudável estímulo para ampliar seus conhecimentos e interesses, ficando reféns de uma espécie de bolha limitadora da percepção e da inteligência. Isso tem sido pautado inclusive grandes discussões acadêmicas.

Mas as coisas mudam quando se pensa na grande utilidade dos algoritmos para automatizar funções que seriam muito demoradas, custosas e bem menos eficientes - talvez inviáveis - se realizadas todas manualmente por um ser humano. Três bons exemplos são as programações que permitem automatizar sinais de trânsito, operações financeiras e aparelhos de GPS, que tornam a vida muito mais fácil.

Outro bom exemplo, e ponto mais importante desse texto, é a gestão da saúde numa empresa, altamente baseado em dados organizados que permitem estabelecer padrões indispensáveis para estabelecer políticas e implementar ações eficientes, especialmente no que tange à medicina preventiva.

Exemplifiquemos: ao constatar que um paciente fez diversos procedimentos relacionados ao diagnóstico de um possível tumor maligno, a “inteligência artificial” fará seu trabalho, identificando um potencial risco de câncer; se os dados indicarem que boa parte da equipe tem hábitos sedentários, fica-se sabendo que muitos poderão ter problemas de saúde relacionados a esse comportamento.

E como grande parte dos inputs são feitos nos sistemas com um delay que pode ser de até cerca de 30 dias, os algoritmos se tornam ainda mais necessários na identificação de padrões, realizando o trabalho que nem um exército de analistas conseguiria, com a mesma precisão, no mesmo prazo. Os algoritmos permitem fazer 3 tipos de análise: descritiva, preditiva e prescritiva. Explicaremos melhor cada uma delas em blogs futuros.

Neste momento, queremos que você saiba que a SICCS realiza a captura de informações dos clientes direto na fonte e faz o acompanhamento de internações e autorizações de cirurgia in real time, além de ações voltadas para pacientes crônicos, gestantes, afastados etc. Também falaremos mais detalhadamente sobre essas ações nas próximas matérias.

Mas, desde já, você pode ficar consciente e tranquilo de que aplicamos o melhor da tecnologia, da melhor forma, para otimizar a gestão de saúde na sua empresa. Nesse caso, o algoritmo está a seu favor.


Varíola de macaco, mas pode chamar de monkeypox.

Nem bem o mundo estava se recuperando dos impactos da pandemia de Covid-19 - que, é sempre bom lembrar, pode estar em outra fase, mais ainda não acabou - e começou a aparecer nos noticiários o que soava como uma nova emergência de saúde global: uma doença chamada de varíola de macaco (em inglês, monkeypox). Independentemente de qualquer outra coisa, o nome já parece ter sido criado para assustar.

Na verdade, o agente causador da doença vive normalmente em roedores silvestres, que podem ocasionalmente contaminar macacos e pessoas, e ganhou esse nome quando infectou macacos usados em laboratório “importados” da África para a Europa, nos anos 1950. Não é, portanto, uma doença “nova”, nem é a primeira vez que é detectada em seres humanos - e nem os macacos merecem o “crédito”.

Em 2003 - portanto, há quase duas décadas - houve um surto de monkeypox nos EUA, com cerca de 70 casos documentados e nenhuma morte registrada. Entre os anos de 2017 e 2021, houve também casos isolados na Nigéria, no Reino Unido e em Singapura, nenhum resultando em grandes surtos. Embora esteja longe de ser inofensiva e precise ser acompanhada com atenção, nada indica que a monkeypox tenha potencial para se transformar numa “nova Covid”.

É sempre delicado abordar temas relativos à saúde, especialmente quando envolvem saúde pública, mais ainda se o assunto pode ter relevância global. Por um lado, há os que enxergam em qualquer notícia, mesmo que preliminar, razão suficiente para alarme; por outro, há os que consideram desnecessário sequer dar atenção a qualquer fato que não indique uma emergência mortal. Mas a melhor forma de lidar com temas dessa natureza parece ser - como vem nos ensinando a pandemia - assumir uma atitude racional e desapaixonada, para tomar decisões baseadas em fatos, captados de mais de uma fonte.

Neste artigo, procuramos trazer os fatos mais consistentes até agora sobre a monkeypox, que vamos tratar pelo nome em inglês por acreditar que isso contribui para reduzir o efeito residual do temor exagerado que envolveu as primeiras notícias sobre a doença. Nosso objetivo é informar - sem alarmar nem subestimar. Isso significa que também não ignoramos informações potencialmente positivas.

Assim como a varíola humana, erradicada por meio de vacinação em larga escala que durou até o começo dos anos 1980, a monkeypox provoca no corpo do doente erupções que viram pústulas dolorosas, com poucos milímetros de diâmetro, provavelmente sua manifestação mais conhecida popularmente. Entre outros sintomas, estão febre, dor de cabeça e inflamação de nódulos linfáticos (a famosa íngua).

E por que, apesar do impacto inicial de notícias sobre seu “aparecimento” em pacientes humanos, a monkeypox tem despertado menos preocupação, tanto na população em geral quanto em boa parte dos profissionais de saúde? O primeiro, e mais óbvio, é que sua transmissão é menos eficiente que a do novo coronavírus: precisa de contato próximo para acontecer, por meio de fluidos corporais (incluindo gotículas de saliva, do tipo que as máscaras barram), mas não é transmissível pelo ar, como o vírus da Covid-19.

Há boas evidências de que a maioria dos casos de monkeypox são transmitidos sexualmente. Esse fato levou até a, digamos, um tanto parcimoniosa OMS a sugerir publicamente que certos grupos evitem, ao menos por um tempo, uma grande variedade de parceiros. Mas é importante evitar, a todo custo, confundir essa recomendação com uma reprovação moral a esse comportamento, pois a vida sexual é uma escolha que só cabe ao indivíduo. Trata-se de uma recomendação médica - e só - cujo custo de seguir ou não cabe a cada um.

Outro importante diferencial que induz a uma menor preocupação na comparação com a Covid-19 é que o vírus da monkeypox é de um tipo muito vulnerável às defesas imunológicas conferidas pela vacina com tecnologia de vírus inativado, como as utilizadas para erradicar a varíola humana, e não apresenta a mesma capacidade de mutação que permitiria gerar variantes aptas a escapar das defesas vacinais. Portanto, quem foi vacinado contra a varíola humana - pessoas por volta dos 40 anos ou mais no Brasil - está relativamente bem protegido (cerca de 85% de eficácia), e quem não foi já dispõe de novas vacinas.

O terceiro e talvez mais relevante fator que vamos citar aqui é a baixa mortalidade da monkeypox: até meados de agosto, haviam sido registrados cerca de 36 mil casos no mundo e pouco menos de 3.000 no Brasil, com um total de menos de 15 mortes, contando todos os países atingidos. As mortes por monkeypox são raras, e normalmente estão relacionadas a condições prévias que já tornavam frágil a saúde do paciente, como pessoas imunossuprimidas, crianças com menos de 8 anos (que não têm o sistema imune maduro), gestantes e lactantes (cujo organismo está passando por variações hormonais).

O caso das gestantes merece atenção e cuidado especiais: uma possível contaminação durante a gestação não só representa um risco maior para a mãe, mas também vem sendo relacionada a um maior risco de morte e más-formações nos bebês. Eis, então, mais dois bons motivos para não se “desconectar” totalmente das informações sobre a doença e procurar orientação médica no caso de qualquer sintoma, e qualquer contato, com qualquer pessoa, que tenha qualquer suspeita de ter monkeypox, particularmente se apresentar qualquer lesão de pele.

Todos teremos de lidar com questões de saúde durante a vida, inclusive doenças infecciosas que sempre fizeram parte do cenário do nosso dia a dia. Talvez o segredo seja cultivar uma saudável cautela bem informada, de modo a nos tornarmos guardiões da nossa própria saúde e daqueles que estão próximos de nós, adotando todos os cuidados possíveis, mas sem renunciar - em nome do temor irracional ou da segurança completa, inatingível - ao sabor da própria vida.

 

Fontes
www.gazetadopovo.com.br/autor/eli-vieira
www1.folha.uol.com.br/colunas/esper-kallas
www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude
www.em.com.br
www.bbc.com


Os meses, suas cores e suas causas.

Quando, por algum motivo, não podemos registrar um número de telefone, por exemplo, e precisamos memorizá-lo imediatamente para anotar depois, não é quase instintivo repetirmos a informação para nós mesmos, em voz alta? Sabe o que estamos fazendo ao praticar isso? Alimentando a memória com diferentes estímulos, o que torna o processo de retenção da informação muito mais eficiente no cérebro.

Plenamente consciente ou não desse fato, um dia, alguém (provavelmente um profissional bem preparado da área de comunicação), decidiu aplicar esse eficiente recurso por uma nobre motivação, associando uma cor a um determinado mês, e o mês a uma determinada causa - de saúde. Nascia assim a estratégia de utilizar meses “coloridos” para estimular a compreensão, a conscientização, o autocuidado e, principalmente, a prevenção e o diagnóstico precoce de várias doenças.

Até onde conseguimos rastrear, o precursor é o Outubro Rosa, criado para chamar a atenção das mulheres para a questão do câncer de mama. E o segundo mais antigo seria o Novembro Azul, para alertar os homens sobre o câncer de próstata. Ao longo do tempo, e com o sucesso da estratégia, associações médicas, organizações não-governamentais, diversas instituições da área de saúde e mesmo instâncias oficiais do poder público estabeleceram pautas e cores para todos os meses do ano. Por isso não é incomum que um único mês seja associado a mais de uma causa, e uma cor a diferentes meses.

Na SICCS, nós sempre contribuímos para a conscientização sobre essas causas, com artigos aqui neste blog, publicações em nossas redes sociais e materiais especiais disponibilizados para nossos clientes. Hoje, vamos compartilhar uma visão geral sobre todos os meses do ano e as cores associadas a eles para aumentar a aderência das pessoas à conscientização sobre os respectivos temas vinculados.

Janeiro
Branco - Saúde Mental
Roxo - Hanseníase

Fevereiro
Roxo - Mal de Alzheimer, lúpus e fibromialgia
Laranja - Leucemia

Março
Vermelho - Câncer de rim
Azul marinho - Câncer colorretal

Abril
Azul - Conscientização sobre o autismo
Verde - Segurança e saúde no trabalho

Maio
• Cinza - Câncer de cérebro

Junho
Vermelho - Doação de sangue

Julho
Amarelo - Combate às hepatites virais
Verde - Câncer de cabeça e pescoço

Agosto
Dourado - Aleitamento materno
Verde claro - Combate ao linfoma

Setembro
Amarelo - Prevenção ao suicídio
Verde - Doação de órgãos

Outubro
• Rosa - Câncer de mama

Novembro
Azul - Combate ao câncer de próstata
Azul - Diabetes

Dezembro
Vermelho - Combate à Aids
Laranja - Câncer de pele

Nem todos os temas são exatamente “doenças” e é possível que haja mais associações meses/cores/causas não contempladas aqui - afinal, sabe-se que quase toda “coletânea”, sobre qualquer coisa, tende sempre a ser incompleta.  Também não desdobramos cada um dos assuntos associados a cada mês, para não tornar essa matéria muito extensa. Mas os casos mais tradicionais e relevantes para a área de saúde estão presentes em nossa seleção.

Aqui em nosso blog e em nossas páginas nas redes sociais - no Facebook, no Instagram e no LinkedIn - abordaremos a maioria desses temas, cada um a seu tempo, como já fazemos tradicionalmente há alguns anos. Convidamos você a acompanhar nossos conteúdos e a compartilhar essa matéria com o maior número de pessoas possível.

Porque se há um fator principal que une todas essas causas, de todos esses meses, em todos os anos, esse fator é a conscientização.

 

Fontes
www.super.abril.com.br
www.vidasaudavel.einstein.br
www.educamaisbrasil.com.br
www.incrivel.club
www.calendarr.com/brasil