Os meses, suas cores e suas causas.

Quando, por algum motivo, não podemos registrar um número de telefone, por exemplo, e precisamos memorizá-lo imediatamente para anotar depois, não é quase instintivo repetirmos a informação para nós mesmos, em voz alta? Sabe o que estamos fazendo ao praticar isso? Alimentando a memória com diferentes estímulos, o que torna o processo de retenção da informação muito mais eficiente no cérebro.

Plenamente consciente ou não desse fato, um dia, alguém (provavelmente um profissional bem preparado da área de comunicação), decidiu aplicar esse eficiente recurso por uma nobre motivação, associando uma cor a um determinado mês, e o mês a uma determinada causa - de saúde. Nascia assim a estratégia de utilizar meses “coloridos” para estimular a compreensão, a conscientização, o autocuidado e, principalmente, a prevenção e o diagnóstico precoce de várias doenças.

Até onde conseguimos rastrear, o precursor é o Outubro Rosa, criado para chamar a atenção das mulheres para a questão do câncer de mama. E o segundo mais antigo seria o Novembro Azul, para alertar os homens sobre o câncer de próstata. Ao longo do tempo, e com o sucesso da estratégia, associações médicas, organizações não-governamentais, diversas instituições da área de saúde e mesmo instâncias oficiais do poder público estabeleceram pautas e cores para todos os meses do ano. Por isso não é incomum que um único mês seja associado a mais de uma causa, e uma cor a diferentes meses.

Na SICCS, nós sempre contribuímos para a conscientização sobre essas causas, com artigos aqui neste blog, publicações em nossas redes sociais e materiais especiais disponibilizados para nossos clientes. Hoje, vamos compartilhar uma visão geral sobre todos os meses do ano e as cores associadas a eles para aumentar a aderência das pessoas à conscientização sobre os respectivos temas vinculados.

Janeiro
Branco - Saúde Mental
Roxo - Hanseníase

Fevereiro
Roxo - Mal de Alzheimer, lúpus e fibromialgia
Laranja - Leucemia

Março
Vermelho - Câncer de rim
Azul marinho - Câncer colorretal

Abril
Azul - Conscientização sobre o autismo
Verde - Segurança e saúde no trabalho

Maio
• Cinza - Câncer de cérebro

Junho
Vermelho - Doação de sangue

Julho
Amarelo - Combate às hepatites virais
Verde - Câncer de cabeça e pescoço

Agosto
Dourado - Aleitamento materno
Verde claro - Combate ao linfoma

Setembro
Amarelo - Prevenção ao suicídio
Verde - Doação de órgãos

Outubro
• Rosa - Câncer de mama

Novembro
Azul - Combate ao câncer de próstata
Azul - Diabetes

Dezembro
Vermelho - Combate à Aids
Laranja - Câncer de pele

Nem todos os temas são exatamente “doenças” e é possível que haja mais associações meses/cores/causas não contempladas aqui - afinal, sabe-se que quase toda “coletânea”, sobre qualquer coisa, tende sempre a ser incompleta.  Também não desdobramos cada um dos assuntos associados a cada mês, para não tornar essa matéria muito extensa. Mas os casos mais tradicionais e relevantes para a área de saúde estão presentes em nossa seleção.

Aqui em nosso blog e em nossas páginas nas redes sociais - no Facebook, no Instagram e no LinkedIn - abordaremos a maioria desses temas, cada um a seu tempo, como já fazemos tradicionalmente há alguns anos. Convidamos você a acompanhar nossos conteúdos e a compartilhar essa matéria com o maior número de pessoas possível.

Porque se há um fator principal que une todas essas causas, de todos esses meses, em todos os anos, esse fator é a conscientização.

 

Fontes
www.super.abril.com.br
www.vidasaudavel.einstein.br
www.educamaisbrasil.com.br
www.incrivel.club
www.calendarr.com/brasil


Rol taxativo: novidades?

A inclusão de novos procedimentos está em discussão no Congresso.

Em junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a lista de tratamentos cobertos por planos de saúde - o chamado “rol” da Agência Nacional de Saúde (ANS) - deve ser considerada taxativa, o que desobrigaria os convênios médicos a cobrir procedimentos (exames, terapias, cirurgias, fornecimento de medicamentos) que não estejam nela previstos. Falamos disso aqui em nosso blog na ocasião, abordando as nuances da questão e os argumentos tanto de quem é contra como a favor da decisão.

Agora parece haver no horizonte novidades importantes sobre o assunto: na terça-feira, 23 de agosto, o Senado Federal se reuniu para debater com especialistas, entidades e agentes da saúde a possibilidade de ampliar do rol da ANS, alterando a lei que rege a saúde suplementar para acomodar novas coberturas de assistência médica e odontológica. No início deste mesmo mês, a Câmara aprovou o PL 2033/22, que estabelece critérios para permitir a inclusão de procedimentos que não constam na lista atual da ANS.

A proposta tramita no Senado e deve ser deliberada diretamente, sem passar pelas comissões permanentes da Casa (o que, por si só, já provoca certo estranhamento). As votações do PL no Plenário estão previstas para os dias 29 e 30 de agosto. Relator do projeto, o senador Romário (PL-RJ) deu indicações de que manterá praticamente intocado o entendimento da Câmara dos Deputados, que aprovou o PL no começo de agosto.

Segundo o texto, os planos de saúde poderiam passar a cobrir, em alguns casos, serviços com comprovação da eficácia baseada em evidências científicas e plano terapêutico; recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS; e indicação de órgão de avaliação de tecnologias em saúde.

Durante a sessão, a ANS e o Ministério da Saúde argumentaram o que era de se esperar: que ampliar o rol levaria a um aumento nos preços dos planos, que seria repassado aos consumidores, e que boa parte deles não teria condições de arcar com esses custos. Nem é preciso dizer que há, e sempre haverá, protestos e argumentos do outro lado, que deseja a maior cobertura possível sem considerar os respectivos impactos financeiros e a própria sobrevivência do setor.

Esses são, novamente, dois lados um tanto simplistas de uma questão quase sempre tratada com maniqueísmo, visão de mundo em que praticamente tudo é uma contenda entre opostos incompatíveis, algo como o bem contra o mal, mocinhos contra vilões - uma receita quase infalível para o abandono da racionalidade, na verdade a única via para equacionar e solucionar problemas complexos, que quase nunca satisfazem por completo todos os lados.

Qualquer que seja a decisão parlamentar, a melhor saída para a sociedade provavelmente será conquistar, de preferência num futuro muito próximo, uma segurança jurídica suficiente para balizar as decisões e ações de todos os envolvidos: instâncias reguladoras, operadoras, beneficiários, corretoras e toda a cadeia de negócios que fornece a milhões de pessoas tanto melhor tratamento de saúde quanto desenvolvimento econômico - inclusive geração de empregos.

Embora o campo seja bem diferente - e sempre haja motivos insondáveis envolvidos na criação de leis - vamos todos torcer para que o senador Romário consiga ser, aqui também, aquilo que primeiro o consagrou como personalidade pública: um craque.

 

Fontes
www.revistaapolice.com.br
www25.senado.leg.br
www.uol.com.br


Hoje não é Dia Internacional da Mulher

É bastante comum que no Dia da Internacional da Mulher, e muitas vezes ao longo de todo o mês março, no qual a data está incluída (dia 8), as empresas cumprimentem o público feminino afirmando que o ideal é que as mulheres sejam lembradas, respeitadas e valorizadas o ano inteiro. Nós concordamos, mas, ao contrário da maioria, decidimos colocar isso em prática também aqui no nosso blog.

Nem é preciso dizer que a participação das mulheres no mercado de trabalho há anos apresenta uma tendência consistentemente crescente, mas é bom lembrar o que isso significa em termos de gestão securitária: há todo um público com questões de saúde específicas de seu sexo (ou “gênero”, para quem prefere o vocabulário progressista), e isso de alguma forma tem impacto nos planos de saúde corporativos.

E assim como no caso dos homens - somos a favor da igualdade não só de direitos e oportunidades, mas também de cuidados - medidas educativas e de prevenção são um jogo de ganha-ganha: ao mesmo tempo em que a profissional preserva sua saúde e qualidade de vida, a empresa reduz os efeitos de uma possível ausência, permanente ou temporária, de seu talento - aquilo que o segmento de seguros chama pelo termo, algo árido, de absenteísmo.

Aqui é o ponto de lembrarmos, de novo, que igualdade de direitos, oportunidades e cuidados não é igualdade de ser. As particularidades anatômicas e fisiológicas (ou seja, biológicas) da mulher, classicamente definida como uma fêmea humana adulta - mais uma vez sob protesto de militantes e ativistas extremados - requer cuidados específicos. Vejamos alguns exemplos de temas que uma empresa pode abordar.

- Câncer de mama - Segunda maior causa de morte de mulheres no Brasil (vem logo depois de doenças cardíacas), tem prognóstico bastante positivo quando identificado precocemente, por meio de mamografia periódica e autoexame regular.

- Câncer de colo de útero - Também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos de HPV. Pode ser facilmente descoberto em fase inicial no exame preventivo conhecido também como Papanicolau e é curável na grande maioria dos casos, mas pode passar despercebido e evoluir mal sem o exame periódico.

- Endometriose - Quadro em que parte do endométrio, tecido que recobre a área interna do útero, migra para fora da cavidade uterina, causando cólicas menstruais fortes e dor pélvica crônica, entre outros sintomas, podendo até levar à infertilidade. Consultas regulares ao ginecologista ajudam no diagnóstico e tratamento precoces.

- Fibromialgia - Síndrome de dores crônicas por todo o corpo, sem causa definida ou aparente - ainda uma espécie de mistério para a medicina, já que a dor parece ser a própria doença, não um sintoma de outra coisa - atinge apenas 1% do público masculino.

- Depressão - Condição há muito tempo reconhecida pela medicina como uma doença e que pode ter diversos sintomas, como falta de motivação/prazer em atividades antes prazerosas, isolamento social, tristeza contínua, irritabilidade exagerada, distúrbios do sono, entre outros. Mulheres têm 2 vezes mais chances de ter depressão, provavelmente devido às oscilações hormonais do corpo feminino.

- Climatério e menopausa - Essa fase de transição do período reprodutivo para o não reprodutivo da mulher é marcado por uma série de sinais e sintomas que surgem antes e depois da menopausa (nome que, tecnicamente, se refere à última menstruação) e são causados pelas diversas variações hormonais típicas do processo. Existem diversas abordagens terapêuticas, individualizadas, para essa fase.

Agora imagine que todas as mulheres de uma equipe/força de trabalho sejam estimuladas a tomar todos os cuidados necessários para não terem sua saúde e qualidade de vida comprometidas por esses e outros problemas típicos, senão exclusivos, do organismo feminino - e não só por meio de ações de conscientização, mas também de forma prática, com incentivo ao uso racional do plano de saúde.

O resultado mais provável será a promoção de uma boa condição de saúde, mais estável e consistente, entre as colaboradoras, e portanto menor absenteísmo, e portanto mais produtividade, e portanto melhor custo-benefício do... benefício, a médio e longo prazo. Como dissemos, um jogo de ganha-ganha que inclusive tem papel importante na atração e retenção de talentos (leia-se aqui maior prestígio interno da empresa).

É por isso que se torna relevante dizer, como em nosso título, que oficialmente hoje não é o Dia da Mulher. Só que é.

 

Fontes
www.blog.alelo.com.br
www.bvsms.saude.gov.br
www.pebmed.com.br
www.docctormed.com.br
www.gov.br/inca/pt-br


Saúde tem limites?

Digamos que um usuário de plano de saúde precise consultar um profissional de fisioterapia ou terapia ocupacional e seu caso se encaixe no atual limite mínimo obrigatório de cobertura definido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Sabe a quantas consultas ele teria direito? Apenas duas.

Outro exemplo: no caso de o profissional de saúde ser um psicólogo ou fonoaudiólogo, as coberturas obrigatórias mínimas são, respectivamente, de 12 e 24 sessões/ano. Divida-se o número de sessões pelo número de semanas ou mesmo de meses de um ano e parecerá claro que a quantidade autorizada é insuficiente para tratamentos que, para atingir resultados minimamente satisfatórios, quase sempre precisam de frequência e continuidade.

É verdade que esses são os atuais limites mínimos, e dependendo do problema tratado os números podem ser muito maiores - às vezes, com uma diferença na casa das dezenas. Mas a questão é que não parece razoável que as coberturas tenham um limite que tende a ser meramente numérico, e que o protagonismo desse cálculo não seja a saúde do usuário.

Isso muda a partir de 1º de agosto de 2022, data em que começa a vigorar uma decisão da ANS que põe fim à limitação do número de consultas e sessões com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas. Os atendimentos cobertos passarão a respeitar a prescrição do médico e não será mais preciso que a condição do paciente se encaixe numa lista restrita de diagnósticos.

A medida vale para usuários com qualquer doença/condição listada na Classificação Internacional de Doenças (CID), da Organização Mundial de Saúde (OMS), que tem cerca de 55 mil classificações. O convênio, portanto, será obrigado a cobrir qualquer tratamento prescrito pelo médico e que seja reconhecido pela comunidade científica.

Esta nova regra parece vir no rastro da polêmica causada pela definição jurídica de que o rol de procedimentos da ANS deve ser considerado taxativo (leia a matéria a respeito aqui em nosso blog) e da subsequente decisão, já em vigor - e provavelmente motivada pela pressão da opinião pública - que ampliou as coberturas para usuários com transtornos globais do desenvolvimento, como o autismo.

Evidentemente, a decisão terá impacto financeiro sobre as operadoras dos planos de saúde, que até o momento preferiram não se manifestar ou fazê-lo apenas de forma neutra e genérica, dizendo que “obedecem a todas as regras do setor”.

O que se pode depreender desta “movimentação” é o setor está passando por uma relevante fase de ajustes - talvez precipitada pela ênfase na pauta “saúde” durante a pandemia - cujo desfecho ideal é um cenário em que os interesses empresariais e as necessidades de usuários tendam ao equilíbrio, num jogo de forças contínuo, inevitável e até saudável em economias de mercado (como aspiramos a ser).

Todos sabem que a associação entre os conceitos de “mercado” e “saúde” é altamente delicada e complexa, mas também quase todo mundo concorda que a saúde suplementar é hoje peça fundamental na vida de muitos e muitos brasileiros. Um setor robusto, ao mesmo tempo justo e economicamente sustentável, com certeza precisa oferecer aos usuários tudo que eles necessitam para cuidar da própria saúde - nem mais, nem menos.

 

Fontes
www.g1.globo.com
www1.folha.uol.com.br
www.veja.abril.com.br/saude
www.istoedinheiro.com.br


Rol taxativo: nuances

Maniqueísmo é uma visão de mundo com origens filosófico-religiosas que concebe a vida segundo um dualismo entre poderes opostos e incompatíveis: algo como o bem e o mal absolutos. É de uma concepção maniqueísta que surgem mocinhos e vilões recorrentes e estereotipados em filmes de Hollywood e - mais grave - polarizações políticas como a que vivemos no Brasil hoje. É uma atitude maniqueísta que faz as pessoas “abandonarem” a racionalidade e ficarem cegas a nuances de questões complexas.

O assim chamado rol taxativo, que vem sendo muito falado e discutido desde o início de junho, é uma questão que parece ter sido talhada sob medida para suscitar opiniões e posturas maniqueístas. Há cerca de 3 semanas, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a lista de tratamentos cobertos por planos de saúde - o chamado “rol” da Agência Nacional de Saúde (ANS) - deve ser considerada taxativa, o que supostamente desobriga os convênios médicos a cobrir procedimentos (exames, terapias, cirurgias, fornecimento de medicamentos) que não estejam nela previstos.

De um lado, porta-vozes das operadoras de saúde falam de um cenário “catastrófico” caso a decisão tivesse sido em contrário (considerando o rol como exemplificativo), o que abriria margem para que fossem contemplados procedimentos não previstos na lista, inclusive por vias judiciais. A alegação, plausível, é que sem saber quais tratamentos são obrigados a oferecer, por lei, os planos não têm a previsibilidade de custos indispensável para calcular o valor dos serviços que oferecem.

De outro lado, muitos pacientes - inclusive com doenças graves e crônicas - que hoje recebem tratamento devido a liminares e outros mecanismos legais, alegam que a exclusão de procedimentos possivelmente resultante da decisão do STJ terá impacto tão profundo no atendimento às pessoas que vai acabar tirando vidas. Também é um argumento bastante forte e impossível de ignorar.

Qual seria, então, a decisão mais “correta”, mais adequada, “do bem”? Provavelmente, ela não existe: é uma imposição da realidade que em muitos casos não há uma alternativa em que todos saiam ganhando, ou ninguém se sinta, em alguma medida, prejudicado. Para evitarmos o maniqueísmo, portanto, vamos falar das nuances.

As nuances

Parece óbvio que uma prestadora de serviço - qualquer serviço - saiba previamente o que é obrigada a “entregar” por lei, para que possa se planejar. Quando a regulamentação é demasiadamente aberta, ou vaga, sempre haverá distorções e, talvez, abusos por parte do consumidor. 

Embora seja uma empresa prestando um serviço e cobrando por ele, o tema saúde é e sempre será sensível, e talvez não seja adequado, nem desejável, nem humano, que o segmento seja regido pela mesma lógica de outras áreas, nas quais a busca (legítima) exclusivamente por lucro não tem o potencial de comprometer saúde e vidas. 

A decisão do STJ não obriga as demais instâncias da Justiça a seguir seu entendimento, embora o julgamento sirva de orientação e provavelmente represente uma mudança na jurisprudência.

A decisão prevê exceções, como terapias expressamente recomendadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), tratamentos para câncer e medicações off-label (usadas, com prescrição médica, para tratamentos que não constam na respectiva bula).

É possível contratar cobertura ampliada ou negociar aditivo contratual, e não havendo substituto terapêutico no rol, ou quando esgotados os procedimentos nele incluídos, pode haver, em caráter excepcional, a cobertura de tratamentos indicados por profissionais de saúde.

A imprevisibilidade financeira da operadora acaba por encarecer o plano adquirido por todos, pois é necessário que sua operação seja economicamente sustentável. Assim, o rol taxativo também tem potencial para beneficiar pacientes, ampliando o acesso à saúde suplementar ou diminuindo a pressão financeira sobre os já associados/usuários.

O que mudou foi a orientação jurídica para o entendimento do rol, agora visto como taxativo, mas o rol em si não está “congelado” e passa por atualizações periódicas de acordo com o desenvolvimento da ciência e da medicina. Ao entrar no rol, um tratamento para a ser obrigatoriamente coberto pelos planos. Há poucos dias, aliás - talvez já sob o efeito de certa pressão popular pós-decisão do STJ, que teve até vídeo de celebridade “global” nas redes sociais - a ANS decidiu ampliar as coberturas do rol para pessoas com transtornos globais do desenvolvimento, entre os quais está o transtorno do espectro autista (TEA).

É verdade que as operadoras de saúde têm junto à população em geral uma persistente imagem de quem pratica reajustes abusivos, alegando algo como “aumento dos custos de insumos e tecnologias da saúde”, também uma definição bastante genérica e vaga - como afirmam ser o rol exemplificativo.

A pouca transparência na relação com os clientes, resultante disso, faz com que eles tendam a não acreditar na redução de preços mesmo com a decisão sobre o rol taxativo. Justificada ou não - ou válida em alguns casos e noutros não - essa imagem não favorece discussões e decisões equilibradas e precisa ser considerada pelos players do mercado.

Antes do fechamento deste nosso artigo, um partido político entrou no Supremo Tribunal Federal com ação direta de inconstitucionalidade para suspender a interpretação que definiu o rol da ANS como taxativo. Como se sabe, no STF tudo pode acontecer, e recentemente têm dominado por lá decisões um tanto quanto improváveis.

O importante para quem tem de se demorar sobre a questão, como nós e nossos clientes, é tentar formar uma opinião baseada na realidade, em fatos, mas também conhecendo e respeitando perspectivas diversas e tendo em mente que, qualquer que sejam os desdobramentos futuros, alguém sairá contrariado. É a dinâmica da vida, em muitos casos.

Para enfrentá-la de forma produtiva, talvez o ideal seja aplicarmos ao máximo a característica que nos diferencia: a racionalidade. É mais fácil chegar à melhor solução para a maioria quando se dialoga sem o calor das paixões, sem rigidez e preconceito, sem ideologias extremas, sem considerar que sempre há bandidos e vilões - sem maniqueísmo.

 

Fontes
www.revistaapolice.com.br
www.g1.globo.com
www.stj.jus.br
www.noticias.uol.com.br/saude
www.oncoguia.org.br
www.jota.info


Sintomas menos conhecidos da depressão.

As muitas vezes em que a depressão já foi explorada em matérias jornalísticas, particularmente depois do surgimento da pandemia - devido ao aumento de casos resultante de vários aspectos do confinamento - popularizou em certa medida seus sinais e sintomas. É importante que fique claro que estamos falando da depressão em sua acepção mais técnica, uma doença de natureza psíquica, o que é bem diferente do “estar deprimido” usado popularmente, como esclarecemos anteriormente neste blog.

O rol de sintomas mais comuns e até mesmo o estereótipo que aparece em filmes, novelas e séries - razoavelmente preciso, mas incompleto - acaba por não contemplar certas manifestações menos comuns da depressão, algumas delas aparentemente contraditórias com o estado depressivo ou que surgem nos primeiros estágios de desenvolvimento desse mal que, estima-se, atinge mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo.

Qual o estereótipo? Uma pessoa confinada em seu quarto escuro, com expressão de tristeza contínua, sofrimento psíquico evidente nas expressões faciais e na postura corporal, sem vontade de sair, trabalhar, conversar, se alimentar, fazer coisas de que normalmente gostava e até mesmo tomar banho. Também é comum retratar a pessoa que enfrenta a depressão como alguém que dorme o dia todo, como se buscasse refúgio no sono. Em suma, um indivíduo totalmente prostrado.

Repetimos: esse quadro típico (e estereotípico) é bastante preciso, mas há manifestações da doença não tão conhecidas que podem “escapar” da percepção da pessoa que os apresenta e dos entes queridos que a rodeiam. Um bom exemplo é a insônia. Alguém pode apresentar insônia por diversos motivos e o quadro pode se restringir a um distúrbio do sono, mas em certos casos ela é um sinal de depressão, ou pelo menos um prenúncio de sua ocorrência.

Outro caso é a dificuldade de concentração, normalmente associada ao “simples” estresse ou a quadros de ansiedade. É fato que existe essa relação, mas também pode ser que a dificuldade de foco em certas tarefas que a pessoa já estava acostumada a realizar seja um sintoma depressivo. Sem falar que ansiedade e depressão não são excludentes, ao contrário: embora sejam duas coisas diferentes, é bastante frequente que ocorram ao mesmo tempo e que uma seja gatilho da outra.

Um terceiro exemplo: irritabilidade. Se quase todo mundo espera que quem está em depressão seja uma pessoa prostrada, como ela pode estar irritadiça e, em certa medida, agressiva? Ocorre que a depressão está relacionada a um desequilíbrio bioquímico no cérebro que altera o estado de humor, e essa instabilidade pode acontecer tanto para “o lado de lá” (falta de energia) como para o “lado de cá” (intensificação da agitação relacionada a emoções negativas).

Outro item importante, pouco mencionado quando se fala de depressão, é a agitação psicomotora, um estado de inquietação e movimentação excessiva associada a estados de tensão e reatividade aumentada a estímulos externos - algo que também não parece combinar com a ideia de uma pessoa sem energia, “vencida” pelo estado depressivo, mas que, sim, pode ser sinal do distúrbio.

Fazem parte também dessa lista de sintomas menos conhecidos a ocorrência dor de cabeça constante (que pode ser causada pelas noites mal dormidas) e dores no corpo sem causa evidente, como dor nas costas, dor de estômago, sensação de peso nas pernas. Claro que não esgotamos aqui os sintomas possíveis, nem que esses que citamos indicam, sozinhos, a ocorrência de depressão - que só pode ser diagnosticada clinicamente, por um médico, de preferência um psiquiatra. Mas é importante ficar atento quando esses sinais se manifestam e buscar orientação se perdurarem.

Tanto do ponto de vista médico como da perspectiva jurídica e legal, há amparo para que se estabeleça nexo de causalidade (relação de causa e efeito) entre condições de trabalho e depressão, com consequências previdenciárias e trabalhistas diretas, de direito à emissão de CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho) para o colaborador, passando por auxílio-doença acidentário e chegando até a 1 ano de estabilidade após alta do INSS - entre outros.

Mais um motivo para que empreendedores e gestores fiquem sempre atentos a possíveis manifestações, bem típicas ou nem tanto, de depressão nos colaboradores. Além, é claro, da razão principal: a valorização, em todos os aspectos, do fator humano.

 

Fontes
www.drauziovarella.uol.com.br
www.tuasaude.com
www.jusbrasil.com.br


Beleza importa?

Se é relevante para a autoestima, é importante para a saúde.

A grande e acalorada discussão sobre imposição de padrões estéticos pode confundir a cabeça de quem ainda acha que todos têm o direito de achar algo ou alguém feio ou bonito (o que não significa avaliar só por isso, nem expressar essa opinião de forma inconveniente). Certamente existem padrões e certamente existe pressão social para atingi-los, mas daí a acreditar (sem demonstrar) que esses padrões são totalmente arbitrários e que as pessoas são indefesas frente à pressão social há uma longa distância.

Acontece que biólogos e estudiosos do comportamento já demonstraram fartamente que aquilo que as pessoas (na média), consideram atraente está diretamente relacionado a sinais de fertilidade e outras qualidades de “sobrevivência na selva”, ambiente em que viviam nossos ancestrais, com os quais compartilhamos nossa genética (quase toda). Não é uma opinião, é um fato.

Assim, uma determinada proporção entre busto/cintura/quadril na mulher indica (estatisticamente) uma maior capacidade para ter filhos (procriar, preservando a espécie) e um queixo de determinado formato no homem é uma marca biológica tanto de sua capacidade reprodutiva como da competência de caçar a refeição do dia e lutar contra o predador que vê, ou via, na nossa espécie sua refeição. Outro padrão identificável comum a várias culturas é a simetria - tanto que traços simétricos são chamados de “beleza clássica” (uma das definições de “clássico” é “aquilo que perdura”).

Uma ideologia extremista hoje praticamente predominante em várias mídias, tradicionais e digitais, prega que simplesmente reconhecer a existência de algo que pode ser chamado de “natureza humana” (e, portanto, desses marcos biológicos) é condenar as pessoas a determinado papéis e funções na sociedade. Em vez de reconhecer a existência e relevância das tendências biológicas e desvinculá-las das escolhas sociais individuais, muita gente prefere negar, ou desprezar, as evidências.

Pensar estatisticamente é algo um tanto complicado, nem todo mundo entende que predominância estatística não significa inexistência de variação. Portanto, embora a provável maioria dos seres humanos se sintam atraídos, a princípio, por certas características físicas, dentro da variação estarão aqueles que preferem outra coisa, e a própria convivência social pode acionar outros mecanismos de atração e estabelecimento de vínculos afetivos.

Mas, normalmente, é sobre um padrão biológico de atração identificável que se desenvolvem, por exemplo, hábitos como ir à academia, ao salão de beleza ou a uma clínica de tratamentos estéticos. A mudança não vai necessariamente “definir” a pessoa, mas pode deixá-la mais atraente, segundo certos critérios que acabam se tornando técnicos porque baseados na premissa estatística. E, ao sentir-se mais atraente, essa pessoa experimenta um reforço em sua autoestima, o que contribui para seu bem-estar.

Parece bastante ingênuo (e um tanto narcísico...) pensar que as pessoas cuidam da própria aparência pensando só em si mesmas. Os outros nos veem “por fora” muito mais tempo do que nós mesmos, e se só nosso próprio olhar no espelho importasse, não haveria em nossa espécie essa capacidade de identificar sinais de força e fertilidade nos outros.

Nada disso pode ser uma prisão, algo obrigatório ou compulsório, e parece melhor pensar nas pessoas - pelo menos as adultas - como sendo capazes de resistir à pressão social que tentaria “oprimi-las” do que condenar sumariamente quem gosta ou concorda com o padrão e decide buscá-lo. O problema é quando se vive só em função disso, subestimando aspectos de uma vida interior que envolve aspectos psicológicos, intelectuais etc.

Mas estar satisfeito com a aparência que se apresenta ao mundo é um fator importante para a saúde emocional, conceito que já citamos aqui quando abordamos o tema saúde integral. O mais importante - e civilizado - é que se a escolha de alguém for tentar realçar sua beleza baseando-se em padrões sociais, originados por drives biológicos, isso seja respeitado (exceção aos casos patológicos, que embora muito comentados parecem ser minoria).

A seu modo, e intuitivamente, ao investir em si mesma para ficar bonita a pessoa está cuidando, ao mesmo tempo, de sua saúde.


Telas: use com moderação.

A interação presencial é mais rica que o ambiente virtual.

Desde o surgimento das principais redes sociais digitais, no início dos anos 2.000, e principalmente com o aumento escalar de seu uso, cerca de uma década depois e até hoje, neurocientistas e outros profissionais dedicados ao estudo do comportamento e da cognição se interessaram e vêm investigando como a exposição prolongada a essas novas mídias e a interação virtual podem afetar o cérebro e nosso modo de estar, perceber e agir no mundo.

É certo que a existência das plataformas digitais abriu um universo de possibilidades quase infinitas para a humanidade, mas sempre houve suspeitas e indícios de que o, digamos, excesso de dedicação às telas pudesse afetar também de modo não muito salutar nossa percepção, inteligência e criatividade - e mesmo certos estímulos presentes na comunicação interpessoal presencial que caracterizam a própria condição que nos faz humanos.

Esse viés não tão positivo ganhou novas evidências com um estudo recém-publicado na revista Nature, conduzido por pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, que parece indicar que somos bem menos inventivos quando conversamos por meio de telas: teríamos menos ideias surpreendentes e capacidade de encontrar novas soluções. As videoconferências - recurso cujo uso cresceu geometricamente durante a pandemia - de alguma forma inibiriam a nossa criatividade.

Em uma das etapas do estudo, 602 participantes formaram duplas de trabalho com a missão de pensar em novos usos para um produto. Metade das duplas discutiu soluções frente a frente em uma mesa instalada dentro do laboratório e os outros pares fizeram a mesma coisa, só que seus integrantes foram separados em 2 ambientes, com a interação se dando totalmente pelo computador - como numa videoconferência. Os cientistas cuidaram para que a tela dos equipamentos oferecesse excelente nitidez de imagem e o sinal de Internet fosse ultraveloz.

Resultado: as duplas que trabalharam de modo virtual apresentaram um número menor de sugestões no final do tempo estipulado para o experimento. Ou seja, não foram tão imaginativas quanto as que interagiram “ao vivo”. Também foram registrados os movimentos dos olhos de todos os participantes, o que tornou possível constatar que o olhar daqueles que fizeram videoconferência raramente se desviou do computador. Para os autores, há uma relação entre esse foco limitado à área da tela e pensamentos igualmente mais estreitos.

Nas reuniões por videoconferência a tão bem-vinda troca de ideias ficou prejudicada por falta de contato olho no olho. Quando um integrante da dupla olhava para a câmera, ele deixava de encarar o parceiro de trabalho na tela. E, se olhava para o parceiro, aí era a câmera que perdia o posicionamento capaz de dar aquela impressão de mirar bem nos olhos da outra pessoa. Esse tipo de contato visual, dizem os autores do estudo, é fundamental para o que chamam de coordenação da fala.

Sem ela, as pessoas costumam iniciar frases ao mesmo tempo e se interrompem a todo momento. Não por acaso, o fenômeno foi bem mais frequente entre os pares que fizeram videochamada do que entre aqueles que se viram pessoalmente. Reconhecer as informações no rosto do outro também é um aspecto de extrema relevância. Na parte frontal do cérebro, há uma área que especializada só nisso, ativada sempre que alguém identifica uma expressão facial. A partir dessa informação, o cérebro faz ajustes no discurso que nem sempre passam pela consciência: se, por exemplo, capta no interlocutor mínimos sinais de insegurança, desagrado ou, ao contrário, de interesse pela conversa.

Na tela, essa tarefa fica bem mais difícil para o cérebro: expressões faciais não ficam tão evidentes no vídeo, por melhor que seja a resolução da tela e a velocidade da conexão. Sem contar que normalmente só se vê a outra pessoa dos ombros para cima e a linguagem corporal global – que pode envolver movimentos das mãos e dos pés, o ato de inclinar-se para a frente ou para trás e até mesmo o ritmo respiratório, entre outros - fica quase sempre de fora.

Na interação ao vivo, tudo isso está presente e é bastante intenso. O cérebro capta diversas informações do outro e do ambiente, ajusta a cada instante a expressão verbal e não-verbal, o conteúdo do discurso, os gestos que acompanham as palavras, tudo de acordo com os sinais que vai percebendo diante de si e ao seu redor. No virtual, recebemos menos insights vindos a partir desses estímulos, o que contribui para aquilo que chamamos de criatividade.

Isso significa que “devemos” abandonar as plataformas digitais/virtuais? Evidentemente que não, e nem seria possível em termos práticos: a essa altura, seu uso já é uma imposição da realidade. Mas tudo parece indicar que é extremamente necessário valorizarmos, cultivarmos e nos esforçarmos para dar prioridade à convivência em seu estado mais puro - presencial. Muito provavelmente, ela nos permite ser mais criativos - e, com certeza, é indispensável para permanecermos humanos.

 

Fontes
www.uol.com.br/vivabem
www.tecmundo.com.br/ciencia
www.columbia.edu


Você fuma e não sabe.

Respirar no ar poluído das cidades equivale a alguns cigarros/dia.

Há décadas se fala da necessidade de reduzir a emissão de gases poluentes em função da preservação do meio ambiente e de várias espécies de animais ameaçadas - pauta cada vez mais presente, em tom de urgência, em matérias de TV, mídia impressa, plataformas digitais. Mas grande parte da discussão, além de dar como certa a definição tecnicamente discutível de CO2 como poluente - e ter quase como uma de palavra de ordem “salvar o planeta” - frequentemente ignora os impactos da poluição sobre uma espécie bastante relevante: a nossa.

A discussão sobre como classificar o CO2 é válida porque, sem ele, não haveria o oxigênio que respiramos (O2), resultado daquele processo de transformação realizado pelas plantas que todos aprendemos na escola - a fotossíntese. Ou seja, sem gás carbônico (nome mais usado antes que sua respectiva fórmula química contribuísse para a fama de vilão), nada de ar, nem de alimentos. E a superfície da Terra seria gelada. Seria então o CO2 o gás da morte - ou da vida? Ou ambos? Dependemos dele para respirar, comer e não morrer congelados, mas em excesso ele também é capaz de aquecer o planeta de modo a nos ameaçar?

Essa discussão intensa e apaixonada, na qual há menos consenso do que se imagina, com certeza continuará a ser travada por ativistas e cientistas por muito tempo - anos, no mínimo. Mas em áreas altamente urbanizadas há muitas outras fontes de poluição, essas sem qualquer sombra de dúvida, do que a emissão (antropogênica ou não) de CO2. Uma delas é o monóxido de carbono. É ele, o monóxido de carbono (fórmula CO), e não o dióxido de carbono (CO2), um dos gases tóxicos que saem dos escapamentos dos veículos nos grandes centros urbanos.

E ele não está sozinho: anda na má companhia dos hidrocarbonetos (HC), aldeídos (CHO), óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos de enxofre (SOx) e de material particulado, entre outros - inclusive emitidos por atividades industriais, comerciais e outras necessidades impostas pela realidade econômica. Estudos relativamente recentes indicam que a exposição prolongada a esses poluentes tem sobre a saúde o efeito equivalente a fumar 4 ou 5 cigarros por dia. Quanto maior o tempo de exposição, maiores são os efeitos nocivos, por isso pessoas que vivem nas periferias sofrem mais, pois ficam mais tempo em trânsito.

Se fumar um único cigarro, por querer, já é prejudicial à saúde, imagine fumar um punhado por dia, sem querer e quase sempre sem saber. Estima-se, por exemplo, que nos anos pré-pandemia cerca de 12% das internações por causas respiratórias em São Paulo podiam ser atribuídas à poluição, que também responderia por 4.000 mortes prematuras/ano. Na avaliação praticamente unânime dos especialistas em saúde, entre os males provocados e/ou relacionados ao problema estão provavelmente doenças cardiovasculares, como ataque cardíaco e AVC, e quadros respiratórios, como alergia, bronquite, asma e enfisema pulmonar.

É bom que se diga que se diga que não é expor-se à poluição urbana ocasionalmente que provoca os quadros mais severos - embora certamente não faça bem. É a exposição crônica do dia a dia, durante meses ou anos, que vai minando a saúde, por ir “depositando” aos poucos (mas cumulativamente) no organismo substâncias e partículas responsáveis por alterações fisiológicas importantes e maléficas. É até mesmo intuitivo que respirar um ar “sujo” constantemente pode comprometer a saúde de uma pessoa. Vale a pena reforçar: em grandes centros urbanos, estamos todos fumando involuntariamente!

Como não dá para “cancelar” as cidades, nem fazer que os poluentes desapareçam da atmosfera em curtíssimo prazo, o que fazer, então? Mudar-se para municípios menores ou áreas menos urbanizadas, com menos trânsito e atividades econômicas, principalmente industriais, é opção para poucos - e preferência só de alguns. Para quem precisa ou decide ficar, um bom começo é fazer algo no plano individual, com impacto na qualidade de vida coletiva. Em outras palavras, fazer sua parte.

Alguns exemplos: priorizar o transporte coletivo em vez do transporte individual, sempre que possível (menos carros nas ruas = menos poluentes no ar); separar o lixo reciclável do lixo orgânico (lixões a céu aberto também são grandes poluentes urbanos); preservar, promover e reivindicar mais áreas verdes na cidade (as árvores funcionam como uma espécie de “filtro” contra a poluição); mobilizar-se por maior rigidez na regulamentação e fiscalização de atividades francamente poluidoras (como em muitas áreas da indústria); preocupar-se mais (ou pelo menos tanto quanto) com o saneamento básico que beneficia a saúde das pessoas do que com a onça do Pantanal ou o mico-leão-dourado.

Tudo isso não exatamente para “salvar o planeta” - que continuará a existir, acredite, independente de nossa presença nele - e sim para melhorar, diretamente, a qualidade de vida das pessoas, cada um de nós e aqueles que vivem ao nosso lado: nossa família, nossos vizinhos, colegas de trabalho, compatriotas e concidadãos. Nossos idosos e crianças. Se realmente quisermos fazer algo pela Terra, e aproveitar toda a beleza e riqueza que ela nos oferece, precisamos, primeiro, salvar a nós mesmos.

 

Fontes
www./cetesb.sp.gov.br
www.educacaoautomotiva.com
www.em.com.br
www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude
www.g1.globo.com/sp/sao-paulo/verdejando
ww.revistagalileu.globo.com


Trabalhe com um barulho desses.

Ruído invasivo afeta a saúde e a produtividade.

Estamos expostos a ruídos 24 horas por dia e muitas vezes parece que nos acostumamos. Mas essa exposição prolongada provoca problemas mesmo quando supostamente passamos a “ignorar” os ruídos recorrentes. A primeira associação que quase todos fazemos é com relação ao sono e esse é realmente o principal efeito da poluição sonora - mas não o único.

A exposição ao ruído tem consequências fisiológicas: além do estresse evidente (que inocentemente subestimamos, chamando de “incômodo”), ruídos intensos e repentinos causam medo momentâneo, com mudanças na frequência dos batimentos cardíacos, na pressão arterial e na velocidade da respiração, entre outros efeitos. Esse sobressalto é fruto da evolução, que fez do nosso sistema auditivo também uma fonte primária de proteção.

Pode-se dizer que saímos da natureza (ambientes nativos, como uma floresta, por exemplo) mas a capacidade de responder à natureza não saiu de nós. Embora hoje vivamos em ambientes muito diferentes, quase todo nosso corpo continua funcionando da mesma forma que há milhares de anos. As implicações não são “só” na saúde, mas também na produtividade.

No ambiente de trabalho, podemos ficar expostos a diversos ruídos: a impressora sendo utilizada, uma conversa mais animada entre colegas próximos, a máquina “super moderna” (mas ruidosa) de café. O problema tende a ser ainda maior nos chamados escritórios de plano aberto, onde um número razoavelmente grande de pessoas e equipamentos ocupam o mesmo espaço, mas acontece também em escritórios de formato, digamos, mais tradicional.

Como nosso cérebro evoluiu “configurado” para identificar ruídos momentâneos e direcionar nossa atenção para sua fonte, isso impacta diretamente a capacidade de concentração, e portanto, a produtividade. O ruído intrusivo pode ser extremamente prejudicial em tarefas complexas. O desafio é conciliar várias dinâmicas de trabalho e suas várias fontes inevitáveis de ruído de modo que todos possam manter o máximo possível de produtividade.

Escritórios, sejam de plano aberto ou convencionais, precisam ser muito bem pensados para não se tornarem completos “desastres” do ponto de vista acústico: equipamentos que são fontes de som mal posicionados, impacto de calçados contra o piso, som ambiente excessivamente alto, entre muitos outros, podem perfeitamente comprometer significativamente a produtividade de uma empresa.

E se isso acontece no ambiente supostamente mais “profissional” e planejado do escritório, imagine no home-office, que para muita gente teve de ser (e ainda permanece) improvisado e que parece estar virando uma tendência importante em boa parte das empresas. Pode ser que ele exija conviver com os ruídos de vizinhos (que também não costumavam trabalhar em casa), como também com as diferentes rotinas da mesma família.

Se você deseja promover a saúde e a produtividade dos seus colaboradores, é bastante válido pensar em investir no serviço de consultores de acústica, que utilizarão seu conhecimento específico sobre o tema para equacionar o impacto do ruído em seu ambiente comercial/corporativo e podem, inclusive, orientar os profissionais da sua empresa que atuam em home-office.

O controle de ruído no ambiente de trabalho é uma providência de gestão relevante necessária - e, como benefício adicional, pode nos fazer lembrar do inestimável valor do silêncio.

 

Fontes:
www.gnrambiental.com.br
www.hospitaloswaldocruz.org.br
www.concepcaoacustica.com