Existe mais de um tipo de herpes: um deles dói muito.

Quando se fala em catapora, todos pensam numa doença típica da infância. E é mesmo. Quem está, digamos, entre os 45 e 50 anos muito provavelmente teve a doença quando criança, talvez passando, ou tendo se contaminado, no contato com primos ou colegas de escola. Altamente contagiosa, mas geralmente benigna, antes do advento da vacina a catapora era uma das enfermidades infantis mais comuns.

Os sintomas são bem conhecidos: principalmente, febre (que pode ser alta), manchas vermelhas e/ou bolhas que podem conter líquido, coçam muito e se espalham rapidamente pelo corpo, além de cansaço, falta de apetite e mal-estar geral. A vacina – que faz parte do calendário básico de vacinação do Ministério da Saúde e é oferecida gratuitamente no SUS – atenua o vírus e previne a forma mais grave da doença. A 1ª dose deve ser administrada aos 12 meses de idade e a 2ª aos 15 meses. A imunização é indicada também para adultos que não tiveram catapora.

Uma vez que desenvolveu catapora, a pessoa fica imune por toda a vida – a essa doença específica. O que nem todo mundo sabe é que a catapora também é chamada de varicela e o vírus causador é o mesmo de um tipo de herpes, talvez o pior deles: o herpes zóster. Não se trata daquele que provoca pequena feridas nos cantos dos lábios, ardência e até alguma dor (esse é o herpes simplex), mas de uma doença completamente diferente.

“Escondido” nas células da coluna espinhal de quem já teve catapora, o vírus pode permanecer inativo ou em estado latente durante anos e ser reativado por diversos motivos, escapando da “vigilância” do sistema imunológico e se manifestando como lesões de pele no tronco, no pescoço, na face e no couro cabeludo, acompanhadas de dor intensa e que frequentemente seguem o “trajeto” de um nervo afetado: esse é o herpers zóster. Entre as causas que favorecem sua manifestação, estão um sistema imunológico fragilizado/envelhecido (a doença é mais comum em idosos) e fatores como… a ansiedade.

Todos concordam que estamos vivendo uma época altamente estressante e com alta incidência de distúrbios associados à saúde mental (já falamos aqui de bruxismo e depressão, entre outros). Não por acaso, estudos recentes utilizando informações do SUS indicam uma alta de 35% no número de diagnósticos de herpes-zóster no Brasil, na comparação de março a agosto de 2017-2019 com o mesmo período de 2020. Antes, eram cerca de 30 casos/milhão de habitantes, número que saltou para mais de 40 casos/milhão. É um aumento de 30%, que surgiu quase simultaneamente à pandemia de covid-19.

A correlação entre as duas doenças não está bem estabelecida, se é que existe, mas três hipóteses parecem razoáveis: primeiro, que o novo coronavírus fragilize o organismo de modo que facilite a manifestação do herpes zóster; segundo, que o alto nível de estresse e insegurança resulte em uma ansiedade que provoque esse mesmo efeito facilitador negativo; terceiro, que uma combinação dos dois motivos anteriores tenha feito o número de casos explodir, atingindo, hoje, mais de 40 milhões de brasileiros.

O tratamento do herpes zóster é realizado com a indicação de antivirais e cerca de 50% dos pacientes se recuperam completamente. No entanto, os outros 50% podem sofrer com a chamada neuralgia pós-herpética, dor crônica em áreas da pele onde estão os nervos infectados, quadro que pode durar de alguns dias a meses. Essa condição exige tratamento, podendo incluir medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e antidepressivos, entre outros.

A alta incidência recente da doença parece indicar pelo menos um caminho bem claro: independente de situações em que há outros riscos críticos envolvidos, só temos a ganhar se nunca nos descuidarmos da saúde como um todo, inclusive da saúde mental. O foco excessivo em uma ameaça, mesmo que muito real, pode nos fazer perder o equilíbrio emocional que, ninguém duvida, é fundamental para uma boa resposta do organismo em várias situações.

Um alerta de ameaça constante, muitas vezes supervalorizado, exacerbado ao ponto do alarmismo, em vez de promover a saúde pode resultar no seu contrário: dor, sofrimento duradouro, por meses, tanto no que sentimos e pensamos como à flor da pele.

 

Fontes:
www.fleury.com.br
www.drauziovarella.uol.com.br
www.pebmed.com.br
www.tuasaude.com


Câncer: esse inimigo continua à espreita.

Mas ele pode ser vencido com consciência e prevenção.

Sem ignorar ou subestimar outras doenças, endêmicas ou epidêmicas, nem desconsiderar a inegável relevância de emergências sanitárias, é importante lembrar que o câncer é um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil: em 2020, o número de novos casos foi de 522.212, com aproximadamente 260.000 mortes. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, no biênio 2020-2022 a expectativa é de 625.000 casos da doença por ano no país.

O câncer de pele não-melanoma deve ser o de maior incidência, seguido por câncer de mama e de próstata, cólon e reto, pulmão e estômago. A distribuição de casos varia conforme a região. Por exemplo, nas regiões Sul e Sudeste, há predominância na incidência de câncer de próstata e mama feminina, bem como o de pulmão e de intestino; na região Centro-Oeste, o câncer do colo do útero e de estômago são os mais incidentes; nas regiões Norte e Nordeste, o câncer de colo do útero e de estômago têm impacto importante, embora o de próstata e mama feminina também sejam recorrentes.

Sendo o câncer um problema de saúde pública, é indispensável que existam ações e políticas públicas para sua prevenção, controle e tratamento - assim como para a “pura e simples” promoção da saúde, que comprovadamente tem influência importante na redução do número de casos de vários tipos da doença. Em outras palavras, o estímulo a um estilo de vida saudável e ao autocuidado constante não só salva vidas - que é o principal - mas também pode poupar verbas públicas, evitando que o Estado arque com tratamentos mais caros.

Um bom exemplo são ações para estimular a conscientização e a redução dos riscos de desenvolvimento de câncer, com atitudes como:

- Parar de fumar;
- Fazer atividade física regularmente;
- Combater o sobrepeso e a obesidade;
- Vacinar-se contra HPV e hepatite B;
- Ter uma alimentação saudável;
- Fazer o rastreamento adequado para permitir o diagnóstico precoce.

Boa parte dessas medidas, já bem conhecidas e indicadas para prevenir quase todos os problemas de saúde, valem também para o câncer. Mas parece inequívoco quanto seria produtivo reforçar essas práticas, associando-as especificamente ao combate contra esse mal que, até alguns anos atrás, nem podia ter seu nome pronunciado sem provocar comoção (fenômeno ainda encontrado em certas regiões do Brasil, mais provável entre pessoas de gerações mais antigas).

Hoje, quando a medicina dispõe de armas comprovadamente eficazes contra a doença, em muitos casos com altos índices de cura, desmistificar o mal, mostrando que é possível combatê-lo, e vencê-lo, é uma estratégia em que todos ganham.

Vale aqui o que dissemos em artigo recente sobre doenças cardiovasculares: gestores que puderem promover ações de conscientização estarão contribuindo não só para sua própria produtividade e para a redução dos custos com benefícios de saúde, mas também para a criação de um ambiente saudável, que tem boas chances de exceder os limites corporativos, beneficiando a sociedade como um todo.

De todas as formas possíveis, estimule a conscientização internamente e em toda a sua cadeia de negócios: a informação, a prevenção e o tratamento são as melhores armas contra esse inimigo.

 

Fontes
www.ibcc.org.br/cancer/estimativas-2020-2022
www.inca.gov.br/numeros-de-cancer
www.realinstitutodeoncologia.com.br
wwww.saude.abril.com.br/medicina


Não ignore o coração.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, as doenças que mais matam no Brasil são as do aparelho cardiorrespiratório. No ano de 2021, até setembro, mais de 230 mil brasileiros morreram por doenças cardiovasculares, a maior parte com idade entre 70 e 79 anos – um aumento de 6,8% em comparação com o mesmo período de 2020. Na comparação com 2019, a alta é de 12,5%. Estamos falando, claro, de doenças que são perenes no panorama de saúde pública brasileiro – o que as torna ainda mais relevantes.

Muitas podem ser as causas – algumas compreensíveis – para a população deixar de fazer exames e ir até unidades de saúde realizar os tratamentos e o acompanhamento necessários. Mas acontece que abandonar cuidados indispensáveis, boa parte deles certamente inadiáveis, pode provocar o agravamento do quadro e, eventualmente, o óbito do paciente. Quando doenças crônicas e de tratamento eletivo perdem protagonismo, os riscos de complicações e mortes aumentam. É um raciocínio incontornável.

É preciso haver um resgate nos cuidados de longo prazo com a saúde, especialmente no caso de quadros cardiorrespiratórios (isso também vale para o câncer, que abordaremos em outro artigo). Se essas doenças já são a principal causa de óbitos no Brasil há alguns anos, isso significa que o problema é, também ele, crônico em nossa saúde pública. E que, noves fora episódios explosivos de doenças infecciosas, estatisticamente, a longo prazo as doenças crônicas matam mais. Ou seja, é lógico, estratégico – e humano! – mobilizar recursos, de modo contínuo e consistente, para combatê-las.

Entre as ações necessárias, a comunicação em larga escala parece ser indispensável. São salutares as campanhas promovidas por meio de emissoras de TV e plataformas digitais, quase sempre nascidas da iniciativa privada ou de ONGs, como as que associam uma determinada cor a um mês e a uma ou mais doenças: o Setembro Vermelho é dedicado à conscientização sobre infarto do miocárdio e AVC. Mas essas iniciativas não prescindem de campanhas feitas por órgãos públicos, que via de regra são insuficientes e mal-feitas.

Se os cuidados relativos a doenças cardiorrespiratórias tivessem 10% do impacto noticioso e da frequência de abordagem de outras pautas, de vários tipos – inclusive de saúde – é plausível imaginar que muito mais gente se tornaria mais consciente sobre as causas e as possibilidades de prevenção e tratamento, sendo estimuladas a procurar orientação e se cuidar. Em outras palavras, dar a devida ênfase a esses males provavelmente salvaria vidas. Talvez não desse tanta audiência e polêmica quanto alarmismos oportunistas, mas é bem sabido que o interesse público e certos objetivos político-privados enviesados raramente andam juntos.

No âmbito de uma empresa ética, gestores que puderem promover ações internas de conscientização estarão contribuindo não só para sua própria produtividade e a redução dos custos com benefícios de saúde, mas também para a criação de um ambiente saudável que, com alguma sorte, pode transcender o espaço corporativo, beneficiando a sociedade como um todo.

Da forma que for viável em seu negócio, com o máximo de criatividade possível, diga para parceiros, fornecedores e, principalmente, colaboradores: não ignore o coração.

 

Fontes:
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/
https://pebmed.com.br
https://www.metropoles.com/brasil


Ainda estamos em pandemia.

Entre os assim chamados “divulgadores de ciência” estão várias figuras claramente alarmistas-pessimistas. Alguns deles, alçados a uma celebridade inesperada por causa da pandemia, parecem ter como objetivo destacar sempre tudo que pode dar errado, ao mesmo tempo em que, contraditoriamente, afirmam e reafirmam que “ainda sabemos muito pouco sobre esse vírus”.

Caberia a questão: se sabemos tão pouco, por que projetar sempre os piores cenários? Princípio da precaução? Manutenção da visibilidade?  Mesmo quando esses personagens se baseiam em fatos e ciência confiáveis para fazer seus alertas inadiáveis, há que se perguntar se o tom de urgência e catástrofe é produtivo ou contraproducente.  Muitas vezes, soa quase como uma torcida pelo vírus…

Do outro lado do espectro, numa atitude tão ou mais perigosa, há pessoas de todos os tipos, formadores de opinião ou não, que já decretam “o fim da pandemia”. É uma irresponsabilidade, para qualquer um, assumir isso – ainda que se possa torcer para que a “previsão” esteja certa. A irresponsabilidade tem como motivo um nome com que quase todo mundo adquiriu familiaridade: ômicron.

A alta transmissibilidade da variante e o fato comprovado de que tem capacidade de infectar mesmo quem completou o esquema vacinal não deixam muita escapatória: ainda que, aparentemente, provoque quadros menos graves (e não se sabe, com certeza, se isso é inerente à variante ou pode ser creditado às vacinas), a contaminação em progressão geométrica muito provavelmente vai resultar em muitas mortes. Como já dissemos aqui, 1% de um número muito alto pode ser uma porcentagem baixa, mas significa muita gente.

No momento, todos temos de despertar em nós mesmos a tão citada resiliência, e continuar tomando todos os cuidados que tomávamos antes do enfraquecimento da pandemia, prévio ao surgimento da ômicron: distanciamento social, uso de máscaras, higiene das mãos, isolamento completo em caso de teste positivo ou contato com alguém comprovadamente contaminado – em ambos os casos, independente de haver ou não sintomas.

É uma esperança plausível que uma variante que contamina mais e mata menos acabe fazendo com que a maioria das pessoas desenvolva imunidade contra o novo coronavírus, tornando a covid-19 uma doença endêmica, como a gripe comum (infuenza), com a qual convivemos sem alarde e que não tem o mesmo impacto sobre nossas vidas, rotinas e as atividades econômicas. Mas, no momento, essa possibilidade é apenas isso: uma esperança.

Sim, podemos abraçar essa esperança e torcer por ela, mas não tê-la como crença cega ou estabelecê-la como parâmetro racional de comportamento diante de uma doença potencialmente letal. Por mais algum tempo, que ninguém sabe exatamente quanto, a atitude mais segura e responsável é continuarmos nos cuidando: cada um de si mesmo e, ao mesmo tempo, do outro, já que o mal que todos enfrentamos pode ser transmitido pelo ar.

Portanto, até que haja evidências consistentes em contrário, seja resiliente, responsável e continue adotando os mesmos cuidados recomendados ao longo de toda essa longa emergência sanitária. Juntos, cedo ou tarde, conseguiremos superá-la. Estamos na maioria bastante cansados e muitos de nós estão esperançosos, mas a única certeza é que ainda estamos, todos, numa pandemia.


Vacinação infantil contra a covid-19.

Tocar num tema tão delicado quando a vacinação infantil contra a covid-19 exige… delicadeza. Qualquer que seja a posição sustentada – ou até mesmo simplesmente apresentada – haverá discordâncias e resistências, algumas racionais e razoáveis, outras passionais e extremadas, e talvez boa parte simplesmente geradas por má-fé.

Entre as extremadas não estão só as dos ignorantes por opção – que se agarram a uma opinião preconcebida sem informação suficiente, nem examinar novos argumentos, dados e evidências – mas também as de quem fala da ciência como se fosse um monolito uniforme de dados autoevidentes, em que tudo são certezas e qualquer um que questione é “negacionista”. O rótulo “negacionista”, aliás, tem sido um obstáculo à disseminação da informação necessária a decisões lúcidas, e há vários cientistas que não simpatizam nada com ele.

Nascido de um paralelo  intelectualmente desonesto com os chamados “revisionistas”,  gente capaz de negar o Holocausto perpetrado pelos nazistas contra os judeus na Segunda Guerra Mundial – um dos fatos mais bem documentados da História – “negacionista” vem sendo usado para classificar aqueles que têm dúvidas em relação à pandemia e à vacinação como se fossem criminosos hediondos.

Alguém com a visão perfeita que afirme que o céu é amarelo talvez possa ser chamado de “negacionista”. Um pai que se preocupa com a saúde de seu filho se ele receber uma vacina desenvolvida há relativamente pouco tempo não parece pertencer à mesma categoria. No primeiro caso, certamente há algum tipo de patologia de ordem psicológica. No segundo, o melhor e mais democrático recurso é a informação.

É compreensível que um leigo tenha receio sobre as vacinas, que há pouco começaram a ser aplicadas no Brasil em crianças acima de 5 anos. Se as crianças eram as últimas da fila antes, porque quase nunca ficavam doentes mesmo contaminadas, por que é necessário vaciná-las agora? E as notícias sobre miocardite provocada pelas vacinas em homens jovens? As vacinas, sendo tão recentes, não podem ser nocivas a médio e longo prazo?

Todas essas questões soam legítimas e cada uma delas tem uma resposta baseada em evidências confiáveis. As referências (algumas das quais colocaremos ao final deste texto) são abundantes na Internet, e a intenção aqui não é declarar o que é certo e errado, dogmaticamente, mas fornecer ao leitor informações para que possa se aprofundar e construir por si mesmo sua opinião.

Primeiro, é verdade que uma nova vacina contra um vírus desconhecido normalmente levaria mais tempo para ser desenvolvida, mas sendo a doença altamente infecciosa e transmissível por via aérea, pesquisas, experimentos e protocolos foram significativamente acelerados (mas não desprezados), já que no ritmo normal muita gente poderia morrer do novo mal antes de se achar uma solução (e quase ninguém questiona, a sério e de forma fundamentada, o número escalar de mortes).

Tem-se, portanto, a clássica decisão sobre custo-benefício: qual risco assumir? O de morrer agora, no curto prazo, doente, ou talvez ter algum problema de saúde no longo prazo, de uma complicação futura relativamente improvável? A maior parte da humanidade decidiu proteger-se do risco mais palpável e iminente, assumindo o risco futuro – até porque ele pode não existir.

Segundo, as crianças realmente não eram consideradas indivíduos de risco, porque eram – e ainda são – raros os casos de covid-19 em crianças que evoluem para quadros graves. Mas eles existem. E também é previsível que, com grande parte da população adulta vacinada, o “alvo” do vírus (numa espécie de estratégia evolucionária de sobrevivência) se desloque para pessoas não vacinadas, portanto, os mais jovens.

Terceiro, com a altíssima transmissividade da variante ômicron, mesmo que o percentual de crianças com quadros graves continue baixíssimo, o volume desses casos pode aumentar muito em números absolutos. Só a título de exemplo: 1% de 1 milhão é 1%, e 1% de 10 milhões também é 1%, mas no primeiro caso o número absoluto é 10 mil e, no segundo, 100 mil. O argumento, aqui, é matemático.

Quarto ponto: foram documentados casos de miocardite em homens jovens inoculados com alguma vacina? Foram, em estudos feitos fora do Brasil, mas a relação causal é, no mínimo, questionável, e a comunidade científica ainda não tem um veredito sobre o assunto. Prevalece até agora a noção de que o risco de ter uma miocardite provocada pela covid-19 é, por larga margem, maior do que o suposto risco causado pela vacinação. Vale repetir: em homens jovens.

Quinto e último ponto que abordaremos aqui: se, em todo o mundo, milhões de crianças já receberam a vacina contra a covid-19 adequada à sua idade, e os casos de efeitos nocivos associados ao imunizante são quase inexistentes, faz sentido hesitar em vacinar a criança sob minha responsabilidade? Toda cautela faz sentido, mas é preciso considerar que ao não vaciná-la também se estará colocando essa criança em risco. E, por tudo que se sabe até agora, o risco é maior sem a imunização. Casos especiais – como condições de saúde preexistentes – devem ser avaliados em conjunto com um profissional de saúde que cuide mais diretamente da criança.

Um epílogo: como saber se a vacina dada a uma criança, hoje, não provocará resultados nocivos num futuro mais distante? Infelizmente, nesse momento não há como saber, com certeza. O conhecimento científico mais confiável e a lógica inerente à ciência indicam que a probabilidade de algo assim acontecer é muito baixa. Mas vale dizer que, nem para nós, nem para as crianças, não temos, nem nunca teremos, segurança total, em nada, inclusive no uso de substâncias já conhecidas e até mesmo na adoção de hábitos saudáveis (que, surpreendentemente, podem ser prejudiciais para alguns).

Por difícil que seja, a decisão tem de ser entre o risco da doença, visível, presente – mesmo que relativamente baixo – e um suposto risco futuro, que neste momento é totalmente hipotético, e no qual quase nenhum especialista acredita.

Se você discorda ou desconfia, a responsabilidade para com o próximo – inclusive as crianças – pede um bom e sólido motivo para isso. Baseado em conhecimento! Nada que possa ser fornecido por “achismos”, ou mera ideologia.

 

Fontes:
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2021/10/chamar-de-negacionista-quem-hesita-em-se-vacinar-e-erro-que-dificulta-luta-contra-covid.shtml
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/especialistas-esclarecem-duvidas-e-reforcam-necessidade-de-vacinacao-de-criancas/
https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/vacinas-contra-covid-19-sao-seguras-para-adolescentes-o-que-voce-precisa-saber/
https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/covid-19-ou-vacina-de-mrna-o-que-ameaca-mais-o-coracao/?ref=link-interno-materia
https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/anvisa-autoriza-vacinas-para-criancas-qual-e-a-mais-segura-pfizer-ou-coronavac/


FLURONA - A combinação de influenza + covid 19 exige resiliência.

Já há algum tempo se popularizou nas redes sociais o termo “shipar”  (derivado bem livre da palavra em inglês “relationship”, que significa relacionamento) para descrever a percepção ou torcida sobre a formação de um casal. É comum que esse casal seja descrito, a partir de então, pela combinação de partes dos nomes que quem o compõe: “Brumar” é apenas um exemplo (Bruna + Neymar).

É até compreensível que no contexto da pandemia, que entrou em seu 3º ano, o hábito tenha se estendido do bastante superficial mundo das celebridades para a importantíssima área da saúde: “shiparam” a influenza e o novo coronavírus, dando ao quadro em que as duas infecções se combinam o estranhíssimo nome de “flurona”.  À parte o exotismo do termo recém-criado, é muito relevante nesse momento ter boas informações sobre essa bi-infecção.

Como consequência de haver dois tipos de vírus, é possível que a pessoa apresente, ao mesmo tempo, sinais e sintomas das duas doenças. A infecção por dois vírus não é uma situação rara, principalmente em períodos em que existe circulação de doenças de fácil transmissão e com elevados número de casos, como é o caso da covid-19 e da gripe. Apesar de se ter duas infecções simultâneas, isso não significa, necessariamente, que é uma situação mais grave.

Mas, ao mesmo tempo, é importante lembrar que cada uma das duas doenças, mesmo sozinhas, pode provocar quadros graves, internações e até óbitos, principalmente em indivíduos mais vulneráveis, como idosos, transplantados e pessoas com outras condições preexistentes, como problemas cardíacos, hipertensão descontrolada, asma etc.

Por isso também, claro, é importante ter todos os cuidados para evitar transmitir os vírus para outras pessoas, sendo recomendado permanecer em isolamento por pelo menos 7 dias, ou de acordo com orientação médica.

Os principais sinais e sintomas de “flurona” são febre, tosse, respiração mais rápida e curta, falta de ar, dor muscular; dor de cabeça, dor ao engolir, nariz entupido. O maior problema é que esses mesmos sintomas podem ser ocasionados por apenas um dos 2 vírus isoladamente, o que complica muito o diagnóstico puramente clínico.

Por isso, na presença desses sinais, é importante procurar atendimento médico, para que sejam feitos exames capazes de verificar se o quadro é de influenza, de covid-19 ou de “flurona”. Em caso de suspeita de uma, da outra ou de “flurona”, é recomendado seguir todas as orientações das autoridades de saúde.

E, sim, isso significa, pelo menos por mais um tempo, que vacinados, bivacinados, trivacinados, já contaminandos e recuperados – e também que não teve nehuma das duas doenças – continuem a fazer uso de máscaras faciais, a higienizar e lavar as mãos regularmente, evitar ambientes com maior concentração de pessoas e pouca circulação de ar.

A tão citada resiliência, conceito caro ao mundo corporativo, nunca foi tão importante, dentro e fora dele. Vamos continuar nos cuidando. Agora que, apesar das idas e vindas, podemos ver sinais de sucesso no combate à pandemia, ninguém precisa se arriscar a encontrar o casal “flurona” pela frente.

Fontes
https://www.tuasaude.com/covid-e-influenza/
https://www.bbc.com/portuguese/geral-59916884


Doenças tão perigosas quanto a Covid-19.

É inegável o impacto que a Covid-19 teve e ainda está tendo na saúde pública, na economia, na vida de todos, inclusive por causa do grande número de mortes, centenas de milhares no Brasil, que faz com que hoje quase todos tenham perdido algum ente querido, como um familiar ou amigo, ou ao menos alguém conhecido.

Também não se pode negar que a prioridade de combater o novo coronavírus se deve ao seu caráter facilmente transmissível: uma doença infecciosa e potencialmente letal que se pega pelo ar evidentemente provoca um justificado senso de urgência. Vem daí o desenvolvimento em tempo recorde das vacinas e seu uso em larga escala. É, digamos, uma imposição estatística.

Mas a prevenção e o tratamento de doenças tão ou mais perigosas quanto a que colocou o mundo em alerta de pandemia – até pela prioridade que ela recebeu e ainda vem recebendo, marcadamente no sistema de saúde pública – passaram a ser postergados e até ignorados. O problema é que isso também resulta em mortes.

Existem levantamentos que indicam a Covid-19 deixou de ser a principal causa de mortalidade no Brasil há cerca de 2 meses. Uma comparação dos registros da pandemia de novembro de 2021 com a média de mortes por todos os outros fatores neste mês do ano. durante os últimos 5 anos indica que a pandemia ocupa agora a 8ª colocação entre os principais causadores de mortalidade no Brasil.

Segundo esse levantamento, as principais são doenças isquêmicas do coração (como o infarto), cerebrovasculares (como o AVC) e outras doenças circulatórias. Outra informação, de outra fonte: a partir de dados dos cartórios, a estimativa é que mortes por doenças cardiovasculares em geral tenham crescido 50% na pandemia, aponta José Francisco Kerr Saraiva, diretor de promoção de saúde cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Outro tema bastante sensível é o câncer. Assustadas com o agravamento da saúde pública no Brasil, muitas pessoas que já sofriam com o mal e outras que passaram a apresentar sintomas oncológicos não procuraram atendimento médico, atrasando novos diagnósticos e agravando o quadro clínico de pacientes já diagnosticados. Isso provocou uma queda temporária no número de mortes por câncer que muitos especialistas estimam ser “artificial”: provocada pela ausência de registros de quem não foi atendido.

Sim, ainda estamos na pandemia e quase todos os cuidados de antes continuam sendo necessários, mas é improvável que a Covid-19 volte a ser a 1ª causa de mortalidade no país. Então é hora de voltar a atenção também ao cuidado desses outros problemas de saúde, que idealmente nem poderiam ter sido deixados de lado, se fosse possível. Males cardiovasculares e câncer têm prevenção e tratamento, em grande parte dos casos com boas chances de cura e/ou controle que permitem ao paciente viver mais e melhor.

Esses são apenas dois exemplos, entre muitos possíveis. Com o arrefecimento da pandemia, trazido inclusive, e talvez principalmente, pelo avanço da vacinação, precisamos todos a voltar cuidar da nossa saúde como um todo, retomando tratamentos, resgatando cuidados preventivos e cultivando hábitos saudáveis de vida.

Fontes:
https://www.poder360.com.br
https://valor.globo.com
https://radiojornal.ne10.uol.com.br
https://www.camara.leg.br/noticias
https://www.accamargo.org.br


A saúde como protagonista

Se em dezembro de 2019 alguém dissesse que boa parte dos brasileiros iriam utilizar máscaras faciais por quase 2 anos para se proteger de uma infecção transmissível pelas vias respiratórias ninguém acreditaria. Que iríamos parar de nos abraçar e dar beijinhos ao encontrar uma pessoa também….

Hoje essas mudanças, antes impensáveis, continuam sendo uma realidade no nosso dia a dia, e todo mundo, o tempo todo, espera e torce para que essa fase acabe logo, e de vez. Os sinais no horizonte são positivos, mas continuará sendo preciso ter cautela por um bom tempo – pelo menos meses – até que se esboce em nosso cotidiano algo parecido com o “velho normal”. Porque o “novo”, mal batizado na base de um certo conformismo fatalista, ninguém aguenta mais. Mas seguiremos com ele mais um pouco…

É um raciocínio quase clássico, beirando o clichê filosófico, procurar em grandes tristezas e tragédias algum tipo de aprendizado – mas não deixa de ser uma atitude positiva e certamente útil. No caso dos 2 anos que ainda estamos vivendo, uma conclusão possível é de que essa doença traumática trouxe o tema saúde para primeiro plano. Por todo esse tempo, e ainda agora, ela tem sido a protagonista de pautas, reportagens, postagens, repostagens, pensamentos e preocupações.

A doença é ruim e foi devastadora, mas prestar mais atenção à própria saúde e à do próximo pode mesmo ser um aprendizado valioso. Evidentemente, se essa consciência fosse adquirida em outras circunstâncias, muito melhor seria. Mas, como sempre, a realidade se impõe ao ideal, e é com ela que temos de aprender. Meio “de carona” com o problema principal, temas como ansiedade, depressão, bruxismo e muitos outros foram tratados com frequência e profundidade que talvez antes não tivessem.

Não, a covid-19 não nos fez nenhum favor e certamente não precisávamos dela. Mas, a reboque das dores e perdas que tem causado, veio um despertar, um “abrir os olhos” de que o valor primário, fundamental e basilar da vida é a saúde. Não é inédito, mas continua sendo irônico, que essa percepção tenha sido provocada por uma doença.

Nesse último blog de 2021, nossa intenção não é lamentar as perdas que o novo coronavírus provocou e ainda possa vir a provocar – embora isso seja necessário e tenha seu significado.

Ao contrário, nosso desejo é dar ênfase à capacidade de sobreviver, aprender e seguir em frente em meio à reviravolta que esse inimigo microscópico provocou na vida de quase todos. E, também, destacar o quanto é importante que tenhamos “descoberto” a relevância total da saúde. Toda e qualquer conquista “pessoal” e “profissional”, individual e corporativa, virá sempre depois dela.

Aos poucos, tudo parece indicar que estamos vencendo, não sem muitas perdas no caminho. Mas com erros e acertos, alarmismo e lucidez entremeados, a sensação (e a esperança!) é de que, juntos, estamos saindo dessa. Que a consciência sobre o valor da saúde permaneça em todos nós – e se traduza em ações práticas – depois que a doença for embora (pelo menos em seu aspecto epidêmico).

Com essa mensagem ao mesmo tempo “pé-no-chão” e de otimismo e esperança, a SICCS e a SICCS+ Seguros desejam a você um excelente, pleno, próspero, positivo e feliz 2022. Como sempre, conte com a gente ao longo do novo ano.

Ter a saúde como protagonista sempre esteve, e sempre estará, nos nossos planos.


Como combater a gripe

O surto de gripe fora de época está fazendo muita gente correr para postos de saúde e clínicas particulares a fim de se imunizar contra mais esse vírus, que embora seja menos perigoso que o da Covid-19 nunca pode ser subestimado: crianças, idosos, grávidas e pessoas com condições preexistentes podem desenvolver quadros mais graves, às vezes com risco de morte.

Acontece que, diferente do novo coronavírus – uma novidade em termos epidemiológicos – o vírus influenza, causador da gripe, já é nosso velho conhecido e obedece a um certo padrão sazonal. Altamente mutável, todos os anos ele exige que as vacinas sejam adaptadas para que a imunização seja eficiente. E, nesse caso, o Brasil leva vantagem.

Como os casos provocados pelas novas cepas costumam começar no Hemisfério Norte e nosso país está no Hemisfério Sul, em região tropical, o intervalo de alguns meses até que a doença chegue com força por aqui é suficiente para que se desenvolvam vacinas eficientes para o “vírus da vez”, ou seja, a cepa do ano corrente. E é essa vacina que é disponibilizada gratuitamente no SUS, durante uma campanha de vacinação anual com começo meio e fim, que em 2021 já terminou.

E por que o surto que algumas regiões do Brasil vivem agora é fora de época? Porque estamos na estação mais quente, o normal é que ele aconteça nas nossas estações mais frias, e estima-se que os cuidados para evitar a transmissão da Covid-19 (uso de máscaras, distanciamento, higienização das mãos etc.) tenham evitado também, no período típico de 2021, o surto provocado pela cepa surgida no ano passado, para o qual as vacinas hoje disponíveis são eficazes.

Ou seja, os casos de gripe que poderiam ser evitados pelas vacinas da campanha de 2021 não aconteceram no número usual porque, ao se proteger com as medidas indicadas contra a Covid-19, as pessoas acabaram se protegendo contra o vírus influenza, e agora que os cuidados relaxaram, porque a pandemia perdeu intensidade no Brasil, ficaram expostas ao vírus da gripe do ano que vem, para o qual ainda não temos vacinas eficazes.

Isso significa que é inútil tomar as vacinas antigripe já disponíveis? Não necessariamente. É provável que as duas cepas ainda estejam atuando simultaneamente em território brasileiro. Mas tomar a vacina da campanha de 2021 – que já terminou e por isso não é mais gratuita – não deve evitar que a pessoa se contamine com a cepa que está chegando, para a qual a vacinação será daqui a alguns meses (porque as vacinas estão em desenvolvimento).

Como todos sabem e vêm vivenciando há praticamente 2 anos, a pandemia mudou o curso de muitas coisas, “bagunçando” até o que se pode chamar de calendário epidemiológico, que orienta ações de saúde pública. Mas há uma informação útil e altamente aproveitável nesse quadro: para quem quiser evitar contrair a gripe que está provocando o atual surto, a melhor linha de ação para se precaver é manter as mesmíssimas medidas não farmacológicas recomendadas contra a Covid-19: distanciamento social, higienização das mãos, uso de máscaras (sim, mais um pouco).

Como a pandemia ainda não acabou e o perigo da variante ômicron ainda está sendo entendido, esse jeito responsável de agir acaba protegendo quem o praticar do risco de duas doenças que estão acontecendo simulteaneamente e têm muitos sintomas parecidos.

As mesmas medidas, contra 2 inimigos: qualquer pessoa há de concordar que se trata de uma estratégia com excelente custo-benefício.

 

Fontes
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude
https://vejasp.abril.com.br/saude
https://g1.globo.com/saude


A importância do olhar

O tema “olhar” pode parecer poético, e até ser, em certos contextos, mas essa capacidade ligada a um dos nossos sentidos – talvez o principal deles, a visão – tem um impacto sobre o dia a dia muito mais importante do que a maior parte das pessoas suspeita. E se impacta o dia a dia de todas as pessoas, vai impactar a empresa.

Estima-se que mais de 80% da informação que um ser humano recebe é visual – e nesse número não está incluído o conteúdo que lemos. Portanto, por mais que sejamos tagarelas e tendamos a acreditar que o que importa mesmo é o que falamos, a quase totalidade da comunicação entre as pessoas acontece de forma não-verbal. Pode parecer assustador a princípio, mas é assim que todos vivem, todos os dias, dentro e fora da empresa, quer saibam ou não (com a evidente exceção das pessoas com deficiência visual).

O não-verbal não é uma crença, nem um monstro: é um fato. O melhor que se pode fazer a respeito é percebê-lo mais claramente e entendê-lo, para poder lidar melhor com ele e incorporá-lo mais conscientemente ao nosso repertório de comunicação individual. Ocorre que nossos ancestrais viviam na natureza selvagem e muitas vezes inóspita, em que ver e agir era fundamental à sobrevivência: para caçar a refeição do dia, fugir de um animal predador ou enfrentar a tribo inimiga, entre outras possibilidades.

Como continuamos pertencendo à espécie dos nossos ancestrais, e o objetivo prioritário de toda espécie é sobreviver e se reproduzir, herdamos deles esse aparato sensorial que a biologia evolutiva desenvolveu para nos manter vivos na selva (ou qualquer outro nome que se queira dar à natureza intocada). Nosso corpo, em certa medida, não sabe que moramos na cidade: o processamento de informações visuais continua sendo muito mais rápido que a compreensão do discurso articulado – que, claro, tem o seu valor.

A comprovação é matemática: as contrações musculares que demonstram em nosso rosto as emoções que estamos sentindo – e as emoções são universais, mesmo que os gatilhos para elas sejam diferentes em cada cultura – são percebidas pelo interlocutor em apenas 1/10 se segundo. Já o tempo necessário para falar algo coerente, por mais curta que seja a palavra e rápido o falante, durará muito mais que isso. Na interação presencial, as intenções e emoções do outro são percebidas muito antes de qualquer palavra, e em grande medida é essa percepção que define as relações.

Como isso se reflete na empresa? Da mesma forma que em qualquer outro contexto social. Quanto menos nós olhamos, menos percebemos o que está realmente acontecendo na interação, menor é a chance de uma colaboração produtiva e maior a de um desentendimento destrutivo. O excesso de exposição a telas trazido pelo mundo digital veio para complicar o quadro. Já é clássico o exemplo da família que almoça à mesma mesa de um restaurante, mas com as pessoas olhando cada uma para tela do próprio smartphone, e não umas para as outras. Por algum tempo, o uso de máscaras – ainda necessário – será outra barreira visual.

Sendo tanto a expressão de emoções no rosto quanto a capacidade para percebê-las próprios à nossa espécie, ao ignorá-las, reduzi-las ou anestesiá-las estamos nos tornando menos humanos. É um efeito grave, que precisa ser equacionado para aumentar nosso bem-estar, nossa qualidade de vida e, talvez, a própria sobrevivência da nossa espécie. Quando especialistas em recursos humanos, psicólogos e consultores de todos os tipos falam da necessidade de desenvolver em equipes e empresas a famosa capacidade de relacionamento interpessoal, podem até não saber (os melhores sabem), mas estão validando a importância do olhar.

O empreendedor que deseja utilizar essa informação valiosa para melhorar a gestão de pessoas em sua empresa pode tentar lançar mão de estratégias que favoreçam a interação presencial dos colaboradores, frente a frente*, sem a interferência de telas digitais e suas infinitas notificações sonoras. Pode ser de forma dirigida, numa dinâmica elaborada por especialistas, mas também de modo mais orgânico e intuitivo – ou seja, simplesmente estimulando o diálogo atento e atencioso entre as pessoas (provável base para muitas iniciativas, válidas, na linha “café com o presidente”).

Tudo indica que, quanto mais os colaboradores se olharem, mais transparente será a relação entre eles (concordâncias e divergências) e mais consistentes as bases para medidas efetivas da liderança. Parece irônico, mas é preciso voltar a olhar atentamente para o outro para se lembrar, bem, que ele – e nós – somos humanos.

* Observadas todas as medidas de segurança contra a Covid-19.