Seguros obrigatórios podem ser contraproducentes?
Entre os princípios do liberalismo econômico, estão postulados que podem ser expressos, de forma bem resumida, pelo seguinte enunciado: a existência de um Estado mínimo, que cobre menos impostos, imponha menos burocracia ao cidadão e às empresas e regule menos o mercado, deixando a livre iniciativa realmente… livre.
Parece uma boa proposta, e talvez não seja preciso ser adepto convicto e incondicional desse modelo econômico para enxergar nessas ideias algo positivo, que crie um ambiente de negócios mais favorável e convidativo, favoreça o crescimento econômico e, portanto, a criação de emprego e renda.
Mesmo quem atua num determinado segmento pode concordar que impor a contratação de seus respectivos produtos e serviços talvez seja contraproducente, tanto para o segmento em si como para o ambiente de negócios em geral, o que a médio e longo prazo prejudica todo mundo.
Um exemplo extremamente recente é a Lei 14.297, em vigor desde 6 de janeiro, que entre outras coisas prevê seguro e assistência financeira para entregadores com Covid-19 de empresas de aplicativo durante a pandemia.
A partir de agora, as empresas de aplicativos são obrigadas a contratar seguro contra acidentes, sem franquia, para os entregadores, para uso exclusivo durante o trajeto de retirada e entrega de produtos. A apólice deve incluir, obrigatoriamente, acidentes pessoais, invalidez permanente ou temporária e morte.
Caso o entregador trabalhe para mais de uma empresa de aplicativo, a indenização deverá ser paga pela seguradora contratada pela empresa para a qual o trabalhador estiver prestando serviço no momento do acidente. Para comprovar a contaminação, o trabalhador deve apresentar resultado positivo no teste RT-PCR ou laudo médico (já comprovar que ela aconteceu durante a realização do serviço parece impossível…).
Praticamente ao mesmo tempo, a Uber anunciou que vai deixar de realizar entregas de restaurantes pelo Uber Eats no Brasil, a partir de 8 de março. Em nota oficial, a companhia informa que tomou a decisão para reforçar a ligação com a startup chilena Cornershop, de entrega de itens de conveniência e mercado (serviço que a Uber continuará a fornecer).
Mas é preciso ser um tanto crédulo para não desconfiar que os dois fatos estão ligados. Excesso de regulações sempre afugenta companhias que propõem inovações (o que é quase sinônimo de startup), como é o caso da Uber, com suas virtudes e defeitos. Não se trata de discutir a humanidade ou a justiça da medida, mas sim o que ela sinaliza para o mercado e seu possível resultado final.
Atualmente, a Uber tem cerca de 1 milhão de motoristas e entregadores parceiros no Brasil, sendo 50 mil dedicados à Uber Eats, que conta com cerca de 25 milhões de clientes. Enquanto certos “representantes” dos interesses dos desfavorecidos afirmam que a lei é uma “grande vitória” para os trabalhadores, toda essa área da Uber simplesmente deixará de existir.
Mesmo a empresa estimulando a migração dos parceiros atuantes no serviço que será descontinuado para os que continuarão disponíveis na plataforma, parece inevitável deduzir que haverá perdas para todos: entregadores, clientes, mercado – inclusive o segmento de seguros (porque, se um setor inteiro de uma empresa desaparece, obviamente os clientes e negócios potenciais vão junto).
Há infinitas maneiras de promover uma maior proteção, também securitária, a trabalhadores de diversos segmentos. Com raríssimas exceções em que a obrigatoriedade parece justificável, via de regra o estímulo (papel legítimo do Poder Público) e a concorrência livre funcionam melhor do que a pura e simples adoção compulsória de qualquer medida.
No Brasil, como em outras partes do mundo, parece que ainda estamos por entender as diversas possibilidades e nuances das relações de trabalho e a dinâmica dos mercados na vida real.
Fontes
https://g1.globo.com/economia
https://tecnoblog.net/noticias
https://www.b9.com.br
https://www.cnnbrasil.com.br/business
Doenças tão perigosas quanto a Covid-19.
É inegável o impacto que a Covid-19 teve e ainda está tendo na saúde pública, na economia, na vida de todos, inclusive por causa do grande número de mortes, centenas de milhares no Brasil, que faz com que hoje quase todos tenham perdido algum ente querido, como um familiar ou amigo, ou ao menos alguém conhecido.
Também não se pode negar que a prioridade de combater o novo coronavírus se deve ao seu caráter facilmente transmissível: uma doença infecciosa e potencialmente letal que se pega pelo ar evidentemente provoca um justificado senso de urgência. Vem daí o desenvolvimento em tempo recorde das vacinas e seu uso em larga escala. É, digamos, uma imposição estatística.
Mas a prevenção e o tratamento de doenças tão ou mais perigosas quanto a que colocou o mundo em alerta de pandemia – até pela prioridade que ela recebeu e ainda vem recebendo, marcadamente no sistema de saúde pública – passaram a ser postergados e até ignorados. O problema é que isso também resulta em mortes.
Existem levantamentos que indicam a Covid-19 deixou de ser a principal causa de mortalidade no Brasil há cerca de 2 meses. Uma comparação dos registros da pandemia de novembro de 2021 com a média de mortes por todos os outros fatores neste mês do ano. durante os últimos 5 anos indica que a pandemia ocupa agora a 8ª colocação entre os principais causadores de mortalidade no Brasil.
Segundo esse levantamento, as principais são doenças isquêmicas do coração (como o infarto), cerebrovasculares (como o AVC) e outras doenças circulatórias. Outra informação, de outra fonte: a partir de dados dos cartórios, a estimativa é que mortes por doenças cardiovasculares em geral tenham crescido 50% na pandemia, aponta José Francisco Kerr Saraiva, diretor de promoção de saúde cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Outro tema bastante sensível é o câncer. Assustadas com o agravamento da saúde pública no Brasil, muitas pessoas que já sofriam com o mal e outras que passaram a apresentar sintomas oncológicos não procuraram atendimento médico, atrasando novos diagnósticos e agravando o quadro clínico de pacientes já diagnosticados. Isso provocou uma queda temporária no número de mortes por câncer que muitos especialistas estimam ser “artificial”: provocada pela ausência de registros de quem não foi atendido.
Sim, ainda estamos na pandemia e quase todos os cuidados de antes continuam sendo necessários, mas é improvável que a Covid-19 volte a ser a 1ª causa de mortalidade no país. Então é hora de voltar a atenção também ao cuidado desses outros problemas de saúde, que idealmente nem poderiam ter sido deixados de lado, se fosse possível. Males cardiovasculares e câncer têm prevenção e tratamento, em grande parte dos casos com boas chances de cura e/ou controle que permitem ao paciente viver mais e melhor.
Esses são apenas dois exemplos, entre muitos possíveis. Com o arrefecimento da pandemia, trazido inclusive, e talvez principalmente, pelo avanço da vacinação, precisamos todos a voltar cuidar da nossa saúde como um todo, retomando tratamentos, resgatando cuidados preventivos e cultivando hábitos saudáveis de vida.
Fontes:
https://www.poder360.com.br
https://valor.globo.com
https://radiojornal.ne10.uol.com.br
https://www.camara.leg.br/noticias
https://www.accamargo.org.br
A saúde como protagonista
Se em dezembro de 2019 alguém dissesse que boa parte dos brasileiros iriam utilizar máscaras faciais por quase 2 anos para se proteger de uma infecção transmissível pelas vias respiratórias ninguém acreditaria. Que iríamos parar de nos abraçar e dar beijinhos ao encontrar uma pessoa também….
Hoje essas mudanças, antes impensáveis, continuam sendo uma realidade no nosso dia a dia, e todo mundo, o tempo todo, espera e torce para que essa fase acabe logo, e de vez. Os sinais no horizonte são positivos, mas continuará sendo preciso ter cautela por um bom tempo – pelo menos meses – até que se esboce em nosso cotidiano algo parecido com o “velho normal”. Porque o “novo”, mal batizado na base de um certo conformismo fatalista, ninguém aguenta mais. Mas seguiremos com ele mais um pouco…
É um raciocínio quase clássico, beirando o clichê filosófico, procurar em grandes tristezas e tragédias algum tipo de aprendizado – mas não deixa de ser uma atitude positiva e certamente útil. No caso dos 2 anos que ainda estamos vivendo, uma conclusão possível é de que essa doença traumática trouxe o tema saúde para primeiro plano. Por todo esse tempo, e ainda agora, ela tem sido a protagonista de pautas, reportagens, postagens, repostagens, pensamentos e preocupações.
A doença é ruim e foi devastadora, mas prestar mais atenção à própria saúde e à do próximo pode mesmo ser um aprendizado valioso. Evidentemente, se essa consciência fosse adquirida em outras circunstâncias, muito melhor seria. Mas, como sempre, a realidade se impõe ao ideal, e é com ela que temos de aprender. Meio “de carona” com o problema principal, temas como ansiedade, depressão, bruxismo e muitos outros foram tratados com frequência e profundidade que talvez antes não tivessem.
Não, a covid-19 não nos fez nenhum favor e certamente não precisávamos dela. Mas, a reboque das dores e perdas que tem causado, veio um despertar, um “abrir os olhos” de que o valor primário, fundamental e basilar da vida é a saúde. Não é inédito, mas continua sendo irônico, que essa percepção tenha sido provocada por uma doença.
Nesse último blog de 2021, nossa intenção não é lamentar as perdas que o novo coronavírus provocou e ainda possa vir a provocar – embora isso seja necessário e tenha seu significado.
Ao contrário, nosso desejo é dar ênfase à capacidade de sobreviver, aprender e seguir em frente em meio à reviravolta que esse inimigo microscópico provocou na vida de quase todos. E, também, destacar o quanto é importante que tenhamos “descoberto” a relevância total da saúde. Toda e qualquer conquista “pessoal” e “profissional”, individual e corporativa, virá sempre depois dela.
Aos poucos, tudo parece indicar que estamos vencendo, não sem muitas perdas no caminho. Mas com erros e acertos, alarmismo e lucidez entremeados, a sensação (e a esperança!) é de que, juntos, estamos saindo dessa. Que a consciência sobre o valor da saúde permaneça em todos nós – e se traduza em ações práticas – depois que a doença for embora (pelo menos em seu aspecto epidêmico).
Com essa mensagem ao mesmo tempo “pé-no-chão” e de otimismo e esperança, a SICCS e a SICCS+ Seguros desejam a você um excelente, pleno, próspero, positivo e feliz 2022. Como sempre, conte com a gente ao longo do novo ano.
Ter a saúde como protagonista sempre esteve, e sempre estará, nos nossos planos.
Como combater a gripe
O surto de gripe fora de época está fazendo muita gente correr para postos de saúde e clínicas particulares a fim de se imunizar contra mais esse vírus, que embora seja menos perigoso que o da Covid-19 nunca pode ser subestimado: crianças, idosos, grávidas e pessoas com condições preexistentes podem desenvolver quadros mais graves, às vezes com risco de morte.
Acontece que, diferente do novo coronavírus – uma novidade em termos epidemiológicos – o vírus influenza, causador da gripe, já é nosso velho conhecido e obedece a um certo padrão sazonal. Altamente mutável, todos os anos ele exige que as vacinas sejam adaptadas para que a imunização seja eficiente. E, nesse caso, o Brasil leva vantagem.
Como os casos provocados pelas novas cepas costumam começar no Hemisfério Norte e nosso país está no Hemisfério Sul, em região tropical, o intervalo de alguns meses até que a doença chegue com força por aqui é suficiente para que se desenvolvam vacinas eficientes para o “vírus da vez”, ou seja, a cepa do ano corrente. E é essa vacina que é disponibilizada gratuitamente no SUS, durante uma campanha de vacinação anual com começo meio e fim, que em 2021 já terminou.
E por que o surto que algumas regiões do Brasil vivem agora é fora de época? Porque estamos na estação mais quente, o normal é que ele aconteça nas nossas estações mais frias, e estima-se que os cuidados para evitar a transmissão da Covid-19 (uso de máscaras, distanciamento, higienização das mãos etc.) tenham evitado também, no período típico de 2021, o surto provocado pela cepa surgida no ano passado, para o qual as vacinas hoje disponíveis são eficazes.
Ou seja, os casos de gripe que poderiam ser evitados pelas vacinas da campanha de 2021 não aconteceram no número usual porque, ao se proteger com as medidas indicadas contra a Covid-19, as pessoas acabaram se protegendo contra o vírus influenza, e agora que os cuidados relaxaram, porque a pandemia perdeu intensidade no Brasil, ficaram expostas ao vírus da gripe do ano que vem, para o qual ainda não temos vacinas eficazes.
Isso significa que é inútil tomar as vacinas antigripe já disponíveis? Não necessariamente. É provável que as duas cepas ainda estejam atuando simultaneamente em território brasileiro. Mas tomar a vacina da campanha de 2021 – que já terminou e por isso não é mais gratuita – não deve evitar que a pessoa se contamine com a cepa que está chegando, para a qual a vacinação será daqui a alguns meses (porque as vacinas estão em desenvolvimento).
Como todos sabem e vêm vivenciando há praticamente 2 anos, a pandemia mudou o curso de muitas coisas, “bagunçando” até o que se pode chamar de calendário epidemiológico, que orienta ações de saúde pública. Mas há uma informação útil e altamente aproveitável nesse quadro: para quem quiser evitar contrair a gripe que está provocando o atual surto, a melhor linha de ação para se precaver é manter as mesmíssimas medidas não farmacológicas recomendadas contra a Covid-19: distanciamento social, higienização das mãos, uso de máscaras (sim, mais um pouco).
Como a pandemia ainda não acabou e o perigo da variante ômicron ainda está sendo entendido, esse jeito responsável de agir acaba protegendo quem o praticar do risco de duas doenças que estão acontecendo simulteaneamente e têm muitos sintomas parecidos.
As mesmas medidas, contra 2 inimigos: qualquer pessoa há de concordar que se trata de uma estratégia com excelente custo-benefício.
Fontes
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude
https://vejasp.abril.com.br/saude
https://g1.globo.com/saude
Mistério no Ministério
Durante uma pandemia, bancos de dados importantes do Ministério da Saúde foram invadidos e as informações “sequestradas”, inclusive as que se referem à vacinação, impedindo cidadãos de ter acesso a diversos locais e, em muitos casos, de viajar.
Até a conclusão deste texto, o Ministério da Saúde ainda está “tentando descobrir o que aconteceu” e minimizar os prejuízos para a população. Algumas funções já voltaram, outras continuam fora do ar. O mistério permanece, se é que um dia será esclarecido. Parece coisa de filme de ficção científica, mas não é.
Aliás, a ficção científica é responsável involuntária por uma ideia equivocada que muita gente tem ainda hoje: que os hackers são adolescentes superinteligentes e revoltados escondidos em suas garagens, de onde invadem sistemas de informação superseguros supostamente por esporte ou desejo de autoafirmação.
Um dia pode até ter sido assim, e atualmente com certeza ainda há exemplos desse tipo, mas já faz tempo – muitos anos – que a atividade de “hacker” se “profissionalizou”, desdobrando-se perigosamente para o que hoje é chamado de “cibercriminoso”.
O que o Ministério da Saúde está enfrentando é um ciberataque, um cibercrime perpetrado por cibercriminosos.
São, digamos, “gangues digitais” muito bem organizadas, normalmente com alto preparo e conhecimento tecnológico, que visam, direta ou indiretamente, ao mesmo que quase todos os criminosos: dinheiro, ou lucro, obtidos de forma ilícita. Em alguns casos, apesar de organizados, os cibercriminosos que trabalham juntos numa “empreitada” nem se conhecem, ou sequer sabem a identidade real uns dos outros. Assim, se um for pego, é menor o risco de expor seus companheiros de crime. São pessoas perigosas.
E o perigo está justamente na ação virtual – muito mais difícil de combater que a presencial – capaz de provocar grandes prejuízos e até colocar vidas em risco sem que o criminoso se exponha. Não há como a polícia agir fisicamente para evitar, reprimir ou punir o delito: é necessário usar inteligência (no sentido investigativo da palavra) e vigilância constante sobre métodos digitais que mudam o tempo todo.
Para quem é responsável por uma empresa, o raciocínio é simples: seu negócio está em risco. Sim, está. Talvez ele não esteja na mira de cibercriminosos neste exato momento, mas nada impede que venha a estar no futuro. E a vulnerabilidade a um ciberataque se chama risco.
Se você não tomar providências, multiplicando os esforços para aumentar a segurança de suas operações digitais, poderá sofrer prejuízos irrecuperáveis. Contrate profissionais especializados e proteja-se o máximo que puder. Os dados da sua empresa são valiosos, e o que é valioso atrai criminosos – sejam eles “ciber” ou não.
Um complemento perfeito é contar com soluções de seguro cujas apólices cobrem certos efeitos de ciberataques, não por acaso um nicho em franco crescimento no segmento securitário. Se, além de investir em cibersegurança, você quiser dispor de proteção extra caso um dia os hackers sejam bem-sucedidos num ataque ao seu negócio, os especialistas da SICCS podem orientá-lo nesse sentido.
LGPD: mais uma pílula sobre o tema.
É possível que nunca mais paremos de falar da LGPD-Lei Geral de Proteção de Dados, porque é uma lei, e leis normalmente vêm para ficar – embora no Brasil, como sabemos, existam muitas exceções. Mas o mais provável é que um marco legal/civil como esse seja perene. Como já vimos neste espaço, a LGPD veio para garantir maior proteção ao titular sobre a utilização dos seus dados pessoais.
Já abordamos, e voltaremos a abordar, precauções de segurança obrigatórias e adicionais que as empresas precisam e podem adotar, entre eles os de natureza securitária. Mas, para o segmento de saúde, há algumas outras particularidades que vale a pena destacar e sobre as quais começamos a falar hoje.
A LGPD não proíbe o compartilhamento de dados de pacientes, mas antes de dividir informações com qualquer pessoa ou instituição é preciso certificar-se de que elas estão autorizadas a acessar a esses dados. Isso vale para o compartilhamento de dados de casos clínicos entre laboratórios, clínicas, consultórios, hospitais e também para o médico que precisa, ou pretende, dividir e/ou discutir as informações de um paciente com um colega. Um bom exemplo, entre muitos: no caso de medicina do trabalho, o compartilhamento só pode ser feito com o médico habilitado pela empresa.
Caso não seja possível certificar-se da autorização deste acesso em tempo hábil, uma forma de compartilhar informações sem violar a LGPD é não identificar (nem tornar identificável, indiretamente) o titular dos dados durante a discussão do caso. Considerando que a maioria dos dados contidos na rotina de quem trabalha com saúde são classificados como “dados sensíveis” pela LGPD (explicaremos melhor em artigo futuro deste blog), deve-se redobrar o cuidado e respeitar todas as boas práticas sobre o tema.
O ideal é que a organização/instituição realize treinamentos internos sobre o assunto e, se possível, tenha um profissional especializado, encarregado de proteção de dados pessoais, ao qual os demais colaboradores possam recorrer em caso de dúvidas.
Esses aspectos são relevantes também para as companhias que não têm na saúde seu core business. Porque, pense bem: se você contrata um seguro-saúde corporativo ou oferece qualquer tipo de benefício relacionado com o tema, as instituições de saúde que prestam esses serviços necessariamente terão acesso aos dados dos seus colaboradores elegíveis.
E, portanto, os assim chamados dados sensíveis, evidentemente, serão de pessoas que trabalham aí, na sua empresa. Fique vigilante e conte com a orientação da SICCS sempre que necessário.
ESG: você vai ter de lidar com essa sigla.
Quem se informa além da mídia mainstream sabe que algo em torno de 80% da produção energética global tem como matriz o combustível fóssil e parece bastante ingênuo acreditar que boa parte dos países – principalmente os mais economicamente poderosos – estejam dispostos a abrir mão do desenvolvimento e da criação de riqueza para reduzir drasticamente as famosas emissões de CO2, eleito como vilão-mor do meio ambiente, uma espécie de Valdemort que tem na figura de Greta Thunberg seu Harry Potter.
Sem contar o contraponto de cientistas sérios (sim, não “negacionistas”, mas dispostos a debater com robustos argumentos científicos) à hipótese do aquecimento global (sim, é uma hipótese), ainda que a humanidade decidisse, hoje, trocar tudo que funciona com petróleo e seus derivados por energia eólica, solar e de outras matrizes supostamente mais “limpas”, o simples realismo aponta que seria preciso um período de muito mais décadas do que o proposto em órgãos, comissões e encontros intergovernamentais para chegarmos a reduções ambiciosas como 40%.
Os resultados dessas discussões parecem ser sempre os mesmos: todos concordam (ou fingem concordar) que é preciso reduzir as emissões de carbono geradas pela atividade humana, mas ninguém está muito disposto a cortar as suas. Só isso já parece base bastante plausível para cultivar uma saudável desconfiança com o alarmismo ambiental e a exigências de sustentabilidade ecológica ditadas por gigantes econômicos globais. Evidentemente, isso não chancela qualquer tipo de atividade predatória, destrutiva ou ilegal envolvendo o meio ambiente.
À parte um debate científico legítimo e necessário (sim, ele existe), grande parte das pessoas “comuns”, não iniciadas em ciência e geopolítica global, parece estar convencida de que o ser humano é um vilão, o meio ambiente é uma vítima e que precisamos fazer algo a respeito. Por isso, provavelmente a maioria dos empreendedores já teve contato com a sigla que parece ser a atual pedra de toque das companhias assim chamadas de “conscientes e sustentáveis”: ESG, iniciais para Environmental, Social and Governance, algo como Governança Social e Ambiental, em tradução livre (no blog de hoje, estamos comentando principalmente o E, a questão ambiental).
Seguir os pilares de ESG parece estar se tornando uma questão real de sobrevivência para as empresas, uma vez que a, digamos, “correção ecológica”, injustamente ou não, começa a ter cada vez mais relevância em atividades de comércio internacional e na própria imagem corporativa frente a clientes e consumidores. É possível encontrar estudos que indicam que empresas alinhadas com os conceitos de ESG atingem melhor performance ao longo do tempo, atraindo investimentos que geram mais rentabilidade, por causa de seu “impacto positivo” no mundo.
As práticas ESG estão ligadas à mentalidade e ao comportamento especialmente das novas gerações, que importam-se com questões que incluem políticas de meio ambiente, direitos humanos e transparência de processos, entre outros. Se um jovem que hoje tem 15 anos e é inspirado por Greta Thunberg terá 25 anos daqui a uma década – e portanto, estará no início de seu arco de poder e decisão de consumo – a perenidade da empresa passará por como ela incorpora, ou não, os pilares de ESG em sua cultura e atuação.
Em outras palavras, por mais que as bases dos pilares ESG possam ser, pelo menos em parte, legitimamente questionados, os empreendedores (e colaboradores) terão de lidar com o significado dessa sigla por um bom tempo.
Voltaremos ao assunto no futuro.
Fontes:
Revista Apolice
Totvs
Infomoney
A importância do olhar
O tema “olhar” pode parecer poético, e até ser, em certos contextos, mas essa capacidade ligada a um dos nossos sentidos – talvez o principal deles, a visão – tem um impacto sobre o dia a dia muito mais importante do que a maior parte das pessoas suspeita. E se impacta o dia a dia de todas as pessoas, vai impactar a empresa.
Estima-se que mais de 80% da informação que um ser humano recebe é visual – e nesse número não está incluído o conteúdo que lemos. Portanto, por mais que sejamos tagarelas e tendamos a acreditar que o que importa mesmo é o que falamos, a quase totalidade da comunicação entre as pessoas acontece de forma não-verbal. Pode parecer assustador a princípio, mas é assim que todos vivem, todos os dias, dentro e fora da empresa, quer saibam ou não (com a evidente exceção das pessoas com deficiência visual).
O não-verbal não é uma crença, nem um monstro: é um fato. O melhor que se pode fazer a respeito é percebê-lo mais claramente e entendê-lo, para poder lidar melhor com ele e incorporá-lo mais conscientemente ao nosso repertório de comunicação individual. Ocorre que nossos ancestrais viviam na natureza selvagem e muitas vezes inóspita, em que ver e agir era fundamental à sobrevivência: para caçar a refeição do dia, fugir de um animal predador ou enfrentar a tribo inimiga, entre outras possibilidades.
Como continuamos pertencendo à espécie dos nossos ancestrais, e o objetivo prioritário de toda espécie é sobreviver e se reproduzir, herdamos deles esse aparato sensorial que a biologia evolutiva desenvolveu para nos manter vivos na selva (ou qualquer outro nome que se queira dar à natureza intocada). Nosso corpo, em certa medida, não sabe que moramos na cidade: o processamento de informações visuais continua sendo muito mais rápido que a compreensão do discurso articulado – que, claro, tem o seu valor.
A comprovação é matemática: as contrações musculares que demonstram em nosso rosto as emoções que estamos sentindo – e as emoções são universais, mesmo que os gatilhos para elas sejam diferentes em cada cultura – são percebidas pelo interlocutor em apenas 1/10 se segundo. Já o tempo necessário para falar algo coerente, por mais curta que seja a palavra e rápido o falante, durará muito mais que isso. Na interação presencial, as intenções e emoções do outro são percebidas muito antes de qualquer palavra, e em grande medida é essa percepção que define as relações.
Como isso se reflete na empresa? Da mesma forma que em qualquer outro contexto social. Quanto menos nós olhamos, menos percebemos o que está realmente acontecendo na interação, menor é a chance de uma colaboração produtiva e maior a de um desentendimento destrutivo. O excesso de exposição a telas trazido pelo mundo digital veio para complicar o quadro. Já é clássico o exemplo da família que almoça à mesma mesa de um restaurante, mas com as pessoas olhando cada uma para tela do próprio smartphone, e não umas para as outras. Por algum tempo, o uso de máscaras – ainda necessário – será outra barreira visual.
Sendo tanto a expressão de emoções no rosto quanto a capacidade para percebê-las próprios à nossa espécie, ao ignorá-las, reduzi-las ou anestesiá-las estamos nos tornando menos humanos. É um efeito grave, que precisa ser equacionado para aumentar nosso bem-estar, nossa qualidade de vida e, talvez, a própria sobrevivência da nossa espécie. Quando especialistas em recursos humanos, psicólogos e consultores de todos os tipos falam da necessidade de desenvolver em equipes e empresas a famosa capacidade de relacionamento interpessoal, podem até não saber (os melhores sabem), mas estão validando a importância do olhar.
O empreendedor que deseja utilizar essa informação valiosa para melhorar a gestão de pessoas em sua empresa pode tentar lançar mão de estratégias que favoreçam a interação presencial dos colaboradores, frente a frente*, sem a interferência de telas digitais e suas infinitas notificações sonoras. Pode ser de forma dirigida, numa dinâmica elaborada por especialistas, mas também de modo mais orgânico e intuitivo – ou seja, simplesmente estimulando o diálogo atento e atencioso entre as pessoas (provável base para muitas iniciativas, válidas, na linha “café com o presidente”).
Tudo indica que, quanto mais os colaboradores se olharem, mais transparente será a relação entre eles (concordâncias e divergências) e mais consistentes as bases para medidas efetivas da liderança. Parece irônico, mas é preciso voltar a olhar atentamente para o outro para se lembrar, bem, que ele – e nós – somos humanos.
* Observadas todas as medidas de segurança contra a Covid-19.
NOMENCLATURAS
Uma das especialidades do mundo corporativo é criar nomes novos para ideias e conceitos já conhecidos, vários deles clássicos – e até alguns bem antigos. Um exemplo folclórico foi quando, nos anos 1990, o famosíssimo “corte de pessoal” chegou à cena empresarial brasileira como o “sofisticado” e um tanto esnobe nome de “downsizing” (diminuir o tamanho, em tradução livre).
Temido por alguns e ridicularizado por outros (principalmente parte da mídia especializada), o termo não teve sucesso em dourar a pílula para enganar os trabalhadores – pode-se inferir, com boa chance de acerto, que um pensamento comum era algo próximo do seguinte: “Vai ter downsizing? Posso perder meu emprego!”.
É possível argumentar que “downsizing” ia (vai?) além da redução de colaboradores, que diminuir equipes seria (é?) medida adotada apenas se necessário, que o conceito todo envolve elaborada estratégia corporativa para combater o gigantismo empresarial, dando às companhias o tamanho real que elas precisam para ser economicamente sustentáveis. Pode até ser…
Mas, na prática, desligar parte significativa dos colaboradores sempre foi a premissa. Basta tentar lembrar ou mesmo encontrar via Google o nome de uma única empresa “downsized” que não tenha demitido. Evidentemente, dada a relevância de tal providência, “cortar para menos” e “demitir” tornaram-se sinônimos na linguagem mais simples e pragmática (provavelmente mais sábia) de quem pega no pesado. Na ponta de baixo, o rebuscamento do discurso tende a ser traduzido em termos mais realistas.
Assim foi e ainda é com expressões como “cumprir metas” (o velho e bom “vender mais”), engajamento (“vestir a camisa”) e mesmo o já consolidado “colaborador” – substituto eufemístico para a algo bela palavra “funcionário” (aquele que tem uma função) – adotada na ingênua esperança de transmitir a ideia de que o empregado “colabora” por boa vontade (o que pode até ser verdade), e não exerce uma função porque precisa do salário para sobreviver (fato inquestionável).
Agora vem chegando ao Brasil uma relativa novidade chamada de “EX”, em paralelo com “CX”, que já não é um nome muito aderente à realidade brasileira. O “X” de uns tempos para cá passou a ser uma espécie de abreviação “cool” para “experience”: assim, como CX é “customer experience” (experiência do cliente/consumidor), EX seria “employee experience” (experiência do colaborador).
Teoricamente, a empresa que “investe” em EX está adotando uma metodologia que usa o mapeamento da “jornada do colaborador” (também uma analogia com a “jornada do cliente”) para “colocá-lo em outro patamar de importância”, identificando melhor seu perfil e potencializando suas possibilidades de desenvolvimento. Qualquer semelhança com uma boa “gestão de pessoal” ou um bom “plano de carreira” não é mera coincidência. A conferir…
Que conceitos corporativos sejam ampliados e aperfeiçoados ao longo do tempo é bom e desejável. Mesmo a criação de novos conceitos consistentes, gerados por pesquisa acadêmica e pela prática de mercado, é potencialmente benéfica para a evolução do ambiente de negócios. Mas o mero ato de rebatizar fundamentos do empreendedorismo, da economia e da administração, ornamentando-os com vocabulário rebuscado, raciocínios tortuosos e um pretenso verniz de sofisticação soa falso e forçado: como um engodo.
Na maioria das vezes, essa prestidigitação conceitual serve para vender livros e palestras, com pouca ou nenhuma aplicabilidade no dia a dia. E pode até ter efeito contrário na relação com o público interno, sábio na hora de defender seus interesses: “Esse sujeito pensa que me engana com essas palavras bonitas? Quero mesmo é saber claramente como isso me afeta, beneficia ou prejudica”. Tradução: em vez de contorcionismos verbo-narrativos, melhor um “papo reto”.
Na prática, o colaborador (funcionário!) quase sempre sabe muito bem o que você quer dizer.
Fontes
https://www.dicionariofinanceiro.com
https://6minutos.uol.com.br/carreira
https://www.amcham.com.br/noticias
NOVEMBRO AZUL: Todos contra o câncer de próstata
Nem todo mundo sabe o que é e qual a função da próstata, que faz parte exclusivamente da anatomia masculina (como os ovários são exclusividade feminina). Trata-se de uma glândula do sistema reprodutor do homem: tem cerca de 20 gramas, formato semelhante ao de uma castanha e localiza-se abaixo da bexiga. Sua função é produzir parte das secreções que compõem o sêmen (ou esperma).
Novembro Azul é derivado de um movimento que surgiu na Austrália, em 2003, e que acontece nesse mês porque 17 de novembro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. Hoje, tornou-se uma campanha anual realizada com o objetivo de alertar a sociedade sobre o diagnóstico precoce do câncer de próstata, uma doença grave e silenciosa, que evolui lentamente e quase sempre só provoca sintomas quando está em estágio avançado.
Segundo o INCA – Instituto Nacional do Câncer, em 2021 devem ser diagnosticados 65 mil casos de câncer de próstata no Brasil e a cada 38 minutos um homem morre em decorrência da doença no país. Mas as estatísticas também indicam que, quando há o diagnóstico precoce, as chances de cura são de 90%. A melhor forma de identificar logo o surgimento da doença é realizar uma combinação entre um exame de sangue (PSA) e o toque retal.
É muito importante entender e aceitar que esses dois exames são complementares, tanto porque o PSA pode estar alterado por outros problemas da próstata não relacionados a um câncer quanto por ser possível que o exame de sangue esteja normal e mesmo assim haja um câncer. Cerca de 20% dos casos são diagnosticados somente na realização do exame de toque retal. Em nome da própria saúde, os homens precisam aprender a desvincular esse exame rápido (30s a 60s) de qualquer associação com sua orientação sexual.
Homens com 45 anos e fatores de risco – como casos em homens da mesma família com menos 60 anos e cor negra (a doença é mais frequente em homens negros), entre outros – precisam realizar o exame de PSA e o toque retal regularmente a partir dessa idade. Homens com 50 anos ou mais, mesmo quando não há fatores de risco, devem procurar um médico, preferencialmente um urologista, para realizar os dois exames regularmente. Em ambos os casos, a frequência ideal será definida pelo médico.
O tratamento do câncer de próstata depende do estágio da doença, da idade do paciente e de seu estado de saúde. As abordagens mais comuns são a extração cirúrgica da glândula, a radioterapia e a terapia hormonal, isoladamente ou combinadas. O tratamento precisa ser sempre individualizado, e de acordo com o tipo de câncer e a idade do paciente existe a possibilidade de fazer a chamada vigilância ativa, em que apenas se monitora a doença para fazer alguma intervenção quando, e se, necessário.
Embora não esteja totalmente comprovado, alguns especialistas acreditam haver relação entre uma menor incidência do câncer de próstata, e de formas mais graves da doença, e um estilo de vida mais saudável – que é sabidamente uma boa forma de evitar várias doenças. Por isso, além do cuidado permanente com a saúde da próstata, o homem pode se cuidar incorporando ao seu dia a dia uma alimentação saudável e equilibrada, atividade física regular, combate ao excesso de peso, ao tabagismo, ao excesso de álcool.
Neste mês dedicado ao combate contra o câncer de próstata, informe-se, mobilize-se, supere o preconceito – ou estimule os homens que conhece a superá-lo. O diagnóstico precoce salva vidas.
Fontes:
https://bvsms.saude.gov.br
https://www.inca.gov.br/assuntos/cancer-de-prostata
https://mundoeducacao.uol.com.br/datas-comemorativas/novembro-azul.htm
http://www.oncoguia.org.br
https://www.saopaulo.sp.gov.br/novembro-azul
https://www.uol.com.br/vivabem