Combater a obesidade não é gordofóbico

Nos últimos anos, o que idealmente seria tratado como um problema de saúde pública acabou se tornando mais um item na pauta das chamadas políticas identitárias. A “gordofobia”, definida pelo Dicionário Houaiss como “aversão preconceituosa contra pessoas gordas ou obesas”, vem tirando o foco de problemas de saúde causados pela obesidade e se tornou uma justificativa para atacar toda e qualquer pessoa que não concorda com o movimento crescente de ativismo social em torno do “corpo gordo”.

Apesar da pressão dos ativistas, a gordofobia não é crime previsto na legislação brasileira. Mesmo assim, é frequentemente invocada, como se existisse uma tipificação penal oficial e estabelecida, o que simplesmente não é verdade. Tratar mal alguém por suas características físicas é certamente reprovável, condenável e pode até mesmo ser odioso e criminoso - vide episódios de racismo. Mas a percepção de falta gentileza e grosseria é algo muito diferente da caracterização de algo em termos penais e jurídicos.

No site do Senado Federal há uma área em que podem ser apresentadas sugestões para a criação de novas leis. Sobre o tema “gordofobia” há propostas que pedem, entre outras coisas: o fim das catracas nos veículos de transporte coletivo, como “forma de lutar contra o preconceito”; tratar a gordofobia como crime hediondo (ou seja, na mesma categoria de homicídio e estupro); que pessoas com obesidade mórbida recebam um benefício do governo até que passem por cirurgia bariátrica custeada pelo SUS.

No Senado propriamente dito - uma das instâncias do nosso sistema legislativo bicameral - já foram registradas outras movimentações, como a que classifica como discriminação a cobrança adicional aplicada a pessoas obesas que ocupam mais de um assento em meios de transporte e eventos culturais (sem nenhuma menção aos direitos do passageiro de peso médio que vai ao lado).

Para adicionar alguma racionalidade à questão, fiquemos no exemplo da aviação: o peso total da aeronave faz uma tremenda diferença para sua operação e para o custo-benefício da empresa. Uma demonstração incontestável é a atitude relativamente recente tomada por uma famosa companhia aérea americana, na qual por mais de 75 anos os pilotos tiveram que carregar manuais de voo que chegavam a pesar 18kg. A troca por tablets reduziu esse peso de forma tão significativa que levou à economia de combustível de cerca de US$ 1 milhão/ano.

Para o CEO de outra companhia aérea, que não vamos identificar aqui, a conta é simples: tudo o que um avião tem para vender é o espaço dentro dele, e eventualmente as pessoas vão começar a se perguntar por que quem é mais leve tem de pagar por quem é mais pesado. A aceitação ou rejeição do fato pelos passageiros seriam baseadas em quais critérios? Todos que viajam por uma mesma companhia aérea - um ambiente privativo - teriam de aceitar a política aplicada? Seriam claramente informados disso? Os que se recusassem, para economizar seu próprio dinheiro (eventualmente até escolhendo outra companhia) seriam classificados como gordfóbicos?

Voltando ao campo da justiça, parece ainda não haver pacificação quando o assunto é gordofobia. Há casos da aplicação do termo em condenações, principalmente na Justiça do Trabalho, mas também negação de indenização porque o juiz considerou não haver “previsão legal para indenização pelo mero aborrecimento”. Em termos bem práticos para boa parte dos negócios, ter menos pessoas obesas na empresa pode contribuir para um gerenciamento mais eficiente de custos com saúde corporativa.

Isso não significa, evidentemente, que é desejável ou “permitido” (em termos de dignidade humana...) ter como política não contratar pessoas gordas (o que, aí sim, tangenciaria um preconceito desumanizante e mercantilista odioso). Até prova em contrário, as pessoas precisam ser contratadas por sua competência. Mas esses dados podem significar, isso sim, que é muito positivo criar programas e atividades de incentivo à saúde, que previnam a obesidade e suas consequências, rejeitando sua glamourização no discurso pós-moderno.

Certos casos demonstram que o policiamento da linguagem atinge mais que a livre expressão em redes sociais, por exemplo. Embora haja evidências praticamente incontestáveis de que a obesidade aumenta estatisticamente os riscos de ter uma série de problemas de saúde - diabetes, hipertensão, distúrbios respiratórios e até quadros graves de Covid-19 - um médico que hoje em dia tente alertar seu paciente sobre esses riscos pode até ser acusado de preconceituoso e gordofóbico. Militantes contestam o próprio conceito de evidência.

Em uma publicação cujo título é “Guia Express Direitos da Pessoa Gorda”, a autora (uma advogada) afirma que “todo comentário invasivo e constrangedor relacionado ao peso, aconselhamentos que fogem da especialidade no momento podem ser caracterizados como gordofobia médica”. Ela chega a sugerir que pacientes gravem suas consultas e façam denúncias ao Conselho Regional de Medicina caso de sintam alvo de gordofobia.

O próprio ato de perder peso voluntariamente é tratado como gordofobia por ativistas da causa. Uma, digamos, “influencer” que se autodenomina “líder mundial em confiança corporal, anti-dieta, pró-corpo gordo, coach de aceitação, palestrante, autora”, escreveu em seu site que “se você perde peso de propósito, esse ato intencional de tentar tornar seu corpo menor é de forma inerente gordofobia.” Poderia se traduzir esse pensamento em “seu corpo, minhas regras”?

Há também, claro, quem defenda a destruição de toda a cultura ocidental para acabar com a gordofobia, e ativistas ainda mais extremos, que chegam até mesmo a associar gordofobia a nazismo. Quando se compara qualquer grau de desaprovação à obesidade - por motivos médicos, econômicos, psicológicos e mesmo “meramente” estéticos - com a segregação e o extermínio sistemático de todo um povo em fuzilamentos, crematórios e câmaras de gás existentes em campos de concentração, parece evidente que os defensores mais extremados da causa não são movidos por qualquer desejo de dignidade, mas sim por uma espécie de impulso patológico narcísico.

E que, infeliz e perigosamente, perderam qualquer senso de proporção.

 

Fontes
www.gazetadopovo.com.br
www.12.senado.leg.br
www.g1.globo.com


Respeito e cautela com o “consenso científico”

O aquecimento global, rebatizado de mudança climática, e a pandemia de Covid-19 colocaram ainda mais na pauta do dia a dia das pessoas comuns uma expressão que merece boa dose de cautela para ser explicada e/ou compreendida, inclusive por ter evidentes impactos na saúde: “consenso científico”.

Existe até quem diga que, a rigor, este fenômeno não existe, dado que sempre haverá algum nível de discordância. Mesmo assim, vale a pena tentar compreender o termo, respeitando a acepção com que hoje ele é utilizado, ou seja, a convergência majoritária de opiniões sobre um determinado assunto.

Decisões sobre tratamentos médicos e outras medidas de saúde, principalmente na esfera pública, mas também relevantes para o mercado privado, precisam ser baseadas não em intuições “puras”, sem suporte de dados, mas em evidências experimentais (embora a intuição seja um estímulo legítimo para a busca do conhecimento).

No estudo científico, existem várias situações, nem sempre consensuais. Por exemplo, dois ou mais pesquisadores podem fazer estudos separados e chegar a conclusões semelhantes (aconteceu com a Teoria da Evolução). Ou um pesquisador solitário pode ter uma “epifania” (espécie de revelação subjetiva) que o leva até uma perspectiva revolucionária. Ou, ainda, de forma colaborativa, como em casos recentes, em que milhares de pesquisadores se uniram para acelerar estudos e chegar a conclusões, caso do esforço coletivo mundial para o mapeamento genético do ser humano.

A melhor forma de descobrir as melhores evidências disponíveis é consultando os “especialistas” - não os hoje tão famigerados palpiteiros pseudotécnicos com viés ideológico, mas aqueles que sejam intelectualmente honestos, tendo realizado/revisado estudos relevantes, relatando-os com objetividade. No entanto, existem muitos casos na história da ciência em que o consenso científico, até entre esses, digamos, especialistas respeitáveis estavam errados.

Alguns exemplos mais famosos incluem visões da teoria psicanalítica freudiana sobre doenças mentais, que foram dominantes nos anos de 1950, a convicção médica pré anos 1990 sobre úlceras estomacais serem causadas por estresse e excesso de acidez e a astronomia pré-Copérnico, que confiantemente colocava a Terra no centro do universo.

Vê-se, portanto, que às vezes - muitas vezes - pode-se desafiar o tal consenso científico de forma legítima, e que sem esses desafios o progresso da ciência teria sido severamente limitado. Exemplo de efeito positivo dessa postura crítica: atualmente, a medicina trata úlceras muito mais eficazmente com antibióticos, que eliminam as infecções bacterianas que normalmente as causam (comentário irônico: não vamos nem entrar no mérito do vaivém de opiniões médico-nutricionais sobre o consumo de ovo e glúten).

Talvez seja produtivo dispor de orientações gerais para quando se pode “aceitar” o consenso científico (sem nunca prescindir da cautela) e quando ele pode ser legitimamente desafiado.

Pode-se confiar no consenso científico, com boa margem de acerto, quando ele é baseado em evidências robustas obtidas por meio de observações cuidadosas e experimentos realizados por pesquisadores com motivações prioritariamente científicas, e não excessivamente financeiras, ou, em qualquer grau, ideológicas. Detalhando: quando há teorias sólidas, baseadas em explicações das evidências, levando-se em consideração teorias rivais e publicações em revistas científicas de alta qualidade. O número de cientistas conta menos que a qualidade.

E é salutar, extremamente salutar, desafiar o consenso científico quando ele é baseado exclusivamente em “sabedoria” e tradição (que não são ciência...), em vez de evidências. E mesmo quando há supostas evidências, mas que são coletadas/interpretadas por pessoas com motivações puramente econômicas e/ou ideológicas. É também muito válido manter uma postura crítica, e a mente aberta, quando surgem novas evidências, enfraquecendo o consenso (é uma qualidade da ciência, e não uma fraqueza, que cientistas mudem de opinião frente a novas ideias, fatos e dados).

Por fim, vale lembrar uma anedota bastante saborosa do meio científico. Reza a lenda que uma dia alguém perguntou a Einstein se não o incomodava que dezenas de cientistas se dedicassem dia e noite a desmenti-lo e refutá-lo em suas pesquisas e conclusões. Ao que o gênio teria respondido algo assim:
- No que eu estiver mesmo errado, com as evidências certas, basta um.

Se até o físico dos físicos mantinha um saudável ceticismo diante de grandes mobilizações científicas coletivas guiadas por mera convicção inconsistente, ganância de prestígio (e dinheiro...) e hipertrofia do ego, parece inteligente que façamos o mesmo.

 

Fontes
www.blogs.unicamp.br
www.pt.quora.com
www.estadao.com.br


Janeiro Branco: A Vida Pede Equilíbrio

Conheça um pouco sobre essa iniciativa a favor da saúde mental

Basta dar uma olhada pelo retrovisor na história da humanidade - aquela que muita gente escreve com H maiúsculo - e verá uma constatação quase inevitável que, desde que existimos, nunca houve sequer 1 ano de paz total na Terra. Somos, quase a rigor, uma espécie que se mata regularmente. E a autodestruição mútua e praticamente constante não parece ser uma forma muito inteligente de ocupar o tempo de existência que temos. Falando mais informalmente, parece que o ser humano não é mesmo “muito bom da bola”.

Essa caracterização informal, talvez hoje proscrita pelo que se chama movimento “anticapacitista”, esconde uma ideia bastante grave: parece que somos uma espécie inclinada à loucura (palavra que o referido movimento, com alguma razão, reprova como xingamento, mas que certamente está longe de ser uma coisa desejável). Ou haveria outra explicação para desenvolver um poder bélico capaz de destruir algumas centenas de vezes toda a vida humana no planeta? Sim, ainda somos capazes disso, e há uma guerra relativamente recente em pleno andamento para nos lembrar.

Além dessa inclinação destrutiva bastante evidente em termos históricos e globais - da qual não podemos esquecer, mas com que não podemos nos ocupar o tempo todo - temos de lidar, cada um a seu modo, com nossos problemas mais diretos e pessoais. Pode parecer que não, mas o cenário global se reflete sobre nosso cotidiano, seja política e economicamente (fatores sempre ligados), seja em termos de intoxicação informativa ou pelo simples temor de que uma fatalidade nos atinja, ou a quem amamos.

Adicione a tudo isso a imensa caixa de ressonância - inclusive de intolerância e agressão - que são as redes sociais digitais e fica claro que manter a saúde mental é tarefa e exercício para toda uma vida. Diga-se de passagem que, obviamente, há imensas e ainda, em boa parte, desconhecidas vantagens e possibilidades geradas pelas plataformas e ferramentas digitais, mas já se sabe, com bastante fundamentação, que elas também podem fazer mal. Não são (como quase nada é) inócuas. Seu uso excessivo é psicologicamente nocivo.

Nessa intrincada trama de coisas que, listadas assim, todas juntas, parecem compor um cenário bem pessimista, é mais que bem-vinda uma iniciativa que busque, digamos, oxigenar mentalmente as pessoas. Embora algumas causas relacionadas à saúde mental já tenham seus meses de ênfase respectivos - mal de Alzheimer no Fevereiro Roxo, depressão/prevenção ao suicídio no Setembro Amarelo, entre outros - desde 2014 existe o que se chama de Janeiro Branco, que se autocaracteriza como “um movimento social dedicado à construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade”.

Criado e coordenado pelo instituto homônimo, o Janeiro Branco tem como objetivo chamar a atenção de indivíduos, instituições, sociedades e autoridades para as necessidades relacionadas a todos os fatores que possam afetar a saúde mental dos seres humanos - para o mal e para o bem. Sobre o que pode ser negativo, conscientização e orientação. Sobre o que pode ser positivo, estímulo e engajamento. Para tanto, são contemplados temas bastante abrangentes, num leque que inclui autoconhecimento, controle emocional, melhora das relações pessoais e de trabalho, atividade física e alimentação saudável, entre outros.

Evidentemente, uma das intenções da iniciativa é discutir políticas públicas, sem as quais dificilmente uma abordagem que busca soluções para questões de saúde mental poderia ser bem-sucedida, ou alcançar o melhor resultado possível. Mas o Janeiro Branco não parece ter qualquer vocação para se esgotar na responsabilização da esfera pública, convocando instituições privadas e, principalmente, os indivíduos a adotar uma postura ativa na promoção da causa. É de indivíduos, sabemos, que se forma a coletividade - e, portanto, é na ação individual que se avança nas grandes causas coletivas.

Claro que a saúde mental tem mais aspectos, variações e nuances do que uma só campanha, durante um único mês do ano, pode abranger. Assim, os materiais de divulgação disponíveis talvez não tenham a profundidade ideal, apenas tangenciando assuntos mais complexos que fazem parte do grande tema central. No entanto, qualquer discussão sobre saúde mental é melhor que nenhuma discussão, e a proposta tende a ser dar foco ao conceito principal para que haja exploração mais detalhada, e contínua, em ações consecutivas.

Segundo o próprio site da campanha, sob seu guarda-chuva são desenvolvidas diversas ações, como palestras, oficinas, cursos, workshops, entrevistas e lives, entre outras, em qualquer lugar onde haja pessoas interessadas, em qualquer ponto do Brasil. Pelo mesmo site, organizações e instituições públicas e privadas - assim como qualquer pessoa - podem entrar em contato com o instituto responsável pela campanha, para solicitar esclarecimentos, apoio e orientação.

Neste ano de 2023, o Janeiro Branco chega à sua 10ª edição com o tema “A Vida Pede Equilíbrio”. Um dos enunciados divulgados pelo site descreve assim as circunstâncias que geram essa demanda:

“... mudanças cada vez mais desafiadoras e aceleradas que exigem novas atitudes, novas habilidades, novos entendimentos e novos comportamentos”.

Voluntariamente ou não, é uma descrição um tanto genérica - o que não significa que seja menos verdadeira. Talvez, de modo até irônico, o elemento mais valioso contido nessa declaração seja exatamente o fato de que, frente à crescente angústia de cada vez mais gente, no mundo todo, atualmente é praticamente impossível discordar dela.

Para saber mais sobre a campanha Janeiro Branco, visite o site: https://janeirobranco.com.br


Horizontes de 2023

Segundo dados divulgados pela CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), referentes até outubro/2022, sem contar a Saúde Suplementar o segmento de seguros “devolveu” à sociedade R$ 182,9 bilhões em indenizações, resgates e sorteios, com crescimento de 18% no acumulado quando comparado ao mesmo período do ano anterior. A arrecadação da indústria ficou em R$ 294,56 bilhões até o 10º mês do ano.

Em 2023, com a mudança de governo, a projeção de crescimento do PIB é de 2,2%, com aumento do mercado estimado em 10,1% com as operações de seguro saúde. Outro fator que também deve contribuir para a expansão do setor é a revisão do marco regulatório promovida pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) e a intensificação da digitalização.

Apesar de todas as transformações recentes, os desafios para o setor de seguros são contínuos: possibilidade de inflação, instabilidade socioeconômica causada por razões políticas e geopolíticas, flutuação de taxas de juros, relativa escassez de talentos, entre outras. Para saber as principais tendências do mercado de seguros para este ano, colhemos em várias fontes algumas expectativas de especialistas sobre o setor.

Transformação digital - Acelerada e alavancada pela pandemia, a digitalização acabou trazendo maior autonomia para consumidores e corretores em diversos processos. Uma boa evidência dessa tendência foi a realização de vistorias e sinistros on-line, em que o próprio segurado envia a foto do imóvel ou de um acidente que ocasionou um dano ao seu automóvel. A automação e a inteligência artificial (IA) de processos já são largamente usadas também, por exemplo, para análise de benefícios, trazendo mais agilidade e liberando colaboradores para lidar com questões de maior complexidade e/ou prioridade.

Conscientização sobre riscos cibernéticos - Apesar de não ser uma ameaça nova, a frequência e a gravidade dos ataques vêm aumentando, tornando a segurança cibernética não apenas mais um risco “tecnológico”, mas um risco para os negócios, exigindo que os players do segmento sejam ágeis e permaneçam vigilantes o tempo todo para manter sua relevância no enfrentamento dessa questão, oferecendo diferenciais estratégicos aos segurados.

Seguro por demanda - O seguro on-demand ou pay-per-use parece ser uma das grandes tendências de 2023. Esse tipo de apólice oferece cobertura por período menor que os produtos tradicionais, permitindo que se escolha por quanto tempo se deseja segurar o bem e qual o período específico. A modalidade foi regulamentada pela Susep em 2019. Os principais diferenciais deste modelo de seguro são, claro, a liberdade do consumidor na contratação, menos burocracia e maior personalização de coberturas - que têm diretamente a ver com o tema seguinte.

Cliente no centro do negócio - Colocar o cliente no centro dos negócios e das decisões da empresa significa investir em produtos aderentes às suas necessidades. Embora pareça óbvio, é uma “visão” que deve ganhar força em 2023, por meio da oferta de produtos e serviços com valor agregado, que entendam a jornada que o segurado busca e reforcem o seu engajamento com a marca.

Seguro como ferramenta de planejamento financeiro - Pessoas e empresas estão cada vez mais conscientes sobre a importância do seguro como ferramenta relevante para superar desafios e conquistar resultados econômicos, com aumento da, digamos, “compreensão média” do valor agregado de uma boa apólice. Na área de seguros pessoais, parece haver um maior entendimento de que a cobertura pode ser acionada em situações como doenças graves, invalidez parcial ou permanente e afastamento do trabalho, superando uma espécie de tabu de que o seguro de vida é somente para casos de falecimento.

Valorização de critérios ESG - Por mais questionáveis que sejam - e são, tanto por parte dos que os defendem como de quem se posiciona contra - os critérios que definem as responsabilidades em temas de Governança, Social e Ambiental provavelmente permanecerão figurando entre as prioridades de empresas que atuam no setor de seguros, uma vez que os clientes parecem procurar, cada vez mais, marcas que são (ou se mostram) alinhadas com a valorização desses compromissos.

Esses são, claro, apenas alguns aspectos - parte deles não tão óbvios quanto se pode pensar - que devem afetar o setor de seguros neste ano que acaba de se iniciar. Como sempre, com o avançar dos meses, continuaremos a trazer aqui temas relevantes para esse nosso importante segmento, sempre que possível priorizando fatos e dados que influenciem a área de seguros corporativos. Continue nos acompanhando.

E, mais uma vez, Feliz Ano Novo.

 

Fontes
www.revistaapolice.com.br
www.segurosbr.org
www.insurtalks.com.br


Um olhar sobre 2022

Se fôssemos começar com uma expressão ainda bem popular, seria “encerrar com fecho de ouro”. O mercado de seguros cresceu 19,6% no 1º semestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, como mostrou, em agosto, a 22ª edição do Boletim IRB+Mercado, produzido com base nos dados publicados pela Susep - Superintendência de Seguros Privados. Os segmentos que mais contribuíram para a alta foram Automóveis, Vida e Danos e Responsabilidades.

Mas já de acordo com a 25ª edição do mesmo Boletim, no 3° trimestre desse ano o mercado segurador faturou R$ 46,8 bilhões, uma alta de 25,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado anual, os prêmios totalizaram R$ 126,7 bilhões, avanço de 21,7% em relação ao valor apurado entre janeiro e setembro de 2021. Segundo esse relatório mais recente, o faturamento das seguradoras em setembro foi de R$ 15,5 bilhões, um crescimento de 26,9% em relação ao mesmo intervalo de 2021.

Considerando o ano inteiro, o setor de seguros deve experimentar um aumento total de arrecadação de 12,9% em 2022 em relação a 2021, e avançar mais 10% em 2023, projeta a CNSeg - Confederação Nacional das Seguradoras. Para essas projeções sobre o fechamento de 2022, considerou-se uma alta de 2,2% no PIB, amparada no aumento da renda das famílias, potencialmente gerado, entre outros fatores, pela manutenção e aumento de programas de transferência de renda.

O fechamento real (não projetado) de 2022 será conhecido até o fim do 1º quadrimestre de 2023, a partir da divulgação da base de dados da Susep e da ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar. Mas profissionais de destaque atuantes no setor mostram-se desde já otimistas, inclusive para o próximo ano, pois consideram que, com a relativa estabilização da economia - influenciada também pelo “fim” da pandemia de Covid-19 - o aumento da participação do negócio de seguros no PIB já se configura como uma tendência de longo prazo.

Mesmo com as incertezas que inevitavelmente rondam o novo governo, estima-se que o mercado de trabalho deve continuar aquecido, com a renda dos trabalhadores crescendo, porque vários levantamentos vêm constatando que o índice de ocupação já recuperou o patamar pré-pandemia. E é uma consequência lógica que um maior poder aquisitivo das famílias e uma maior força de trabalho nas empresas resultem em mais contratações de seguros, individuais e corporativos.

Há quem enxergue, entre as possíveis tendências, que os segmentos que mais devem crescer no início do próximo ano sejam os de Vida, Previdência Privada, Responsabilidade Civil e Riscos Cibernéticos. Já falamos de todas essas modalidades de seguros aqui e em nossas redes sociais, e provavelmente voltaremos a falar, adotando novas abordagens.

O mais importante é deixar evidente que, quaisquer que sejam as tendências e desafios para o próximo ano, a SICCS e a SICCS+Seguros estarão sempre preparadas - e em contínua evolução - para atender seus clientes com as melhores soluções. Falaremos mais sobre o futuro em nossa próxima matéria.

 

Fontes
www.revistaapolice.com.br
www.sindsegsp.org.br
www.segs.com.br
www.revistaseguradorbrasil.com.br
www.correiobraziliense.com.br
www.cnnbrasil.com.br


Você é fora da curva?

Segundo o conceito de individualidade biológica, sim.

Já dissemos aqui que um dos problemas de notícias “científicas” publicadas em veículos não-especializados (mesmo quando citam “especialistas” consultados) é a pouca ou nenhuma compreensão de boa parte dos jornalistas sobre aquilo de que estão falando. Ou, até mais grave, quando a matéria propositalmente ignora ou distorce a ciência em detrimento de um viés ideológico.

O problema é particularmente delicado quando a ciência envolvida diz respeito à saúde do ser humano. Já disse alguém que “a medicina é uma ciência de verdades transitórias” e muitas (muitas mesmo) informações propagadas como verdades absolutas são posteriormente contestadas, desmentidas ou colocadas em novo contexto interpretativo pela própria pesquisa acadêmica de boa qualidade - ou seja, a que se baseia em evidências. Por isso, é preciso atualizar-se continuamente.

Outra fonte de, digamos, possível problematização é o evidente desconhecimento de que grande parte do saber científico se baseia, quase sempre, em estatísticas. Isso significa que busca padrões dominantes de probabilidade, inclusive de relações entre causa e efeito, dos fenômenos estudados. Em outras palavras, trabalha para identificar coisas que ocorrem com a maioria das pessoas diante de um determinado fato, contexto, estímulo, substância e assim por diante.

Assim, o que pode ser verdade para a maioria absoluta das pessoas pode não se aplicar a um determinado indivíduo. Alguns estudiosos chamam isso de “individualidade biológica” e não há nenhum cientista “sério” (leia-se confiável) que negue sua existência. Daí que o tratamento ideal, de qualquer questão de saúde, será sempre... individualizado. Por motivos indiscutivelmente operacionais - é impossível individualizar o tratamento de tudo, para todos, sempre - para uma dor de cabeça comum e ocasional ainda se receitará um analgésico comum. Grandes são as chances de que essa seja uma solução necessária e suficiente.

Mas há momentos em que um sintoma se manifesta de forma diferenciada, ou seja, fora de um ponto de grande probabilidade no gráfico da curva estatística (e, sim, é daí que vem a expressão “fulano é fora da curva”, ou seja, uma exceção). Nesses casos, é quase eticamente mandatório que seja conduzida uma investigação mais cuidadosa, minuciosa - sempre que possível. Sabemos todos que, no sistema público de saúde, muitas vezes não é.

A individualidade biológica acontece tanto para o bem como para o mal. Assim como há indivíduos que têm efeitos colaterais graves com algumas substâncias inofensivas para a maioria das pessoas, outros são imunes a vírus potencialmente mortais para a maior parte da população ou apresentam outro tipo de característica vantajosa para determinadas atividades - esporte de alto desempenho, por exemplo. Pelé, Garrincha, Ayrton Senna e Éder Jofre são, cada um a seu modo, fora da curva. Machado de Assis, Guimarães Rosa e Vinicius de Moraes também, já que individualidade biológica contempla o aspecto psíquico, e é impossível que a inteligência literária não tenha nada a ver com isso.

No que isso afeta nossa vida prática? A consciência de que a individualidade biológica existe pode nos guiar a fazer escolhas mais conscientes sobre nossa própria saúde, seja na exigência de maior atenção a sintomas incomuns por parte do profissional da área que nos atende ou na opção por determinada atividade física ou dieta, só para citar dois exemplos. Até porque - como acreditam e chegam a demonstrar muitos matemáticos e estatísticos - é altamente provável que todos nós sejamos fora da curva em algum aspecto.

Como diz uma espécie de princípio (deveras inegável) do (nem sempre respeitado) liberalismo, o indivíduo é a menor das minorias. Somos todos únicos.

 

Fontes:

www.muz.ifsuldeminas.edu.br
www.cremeb.org.br
www.jornal.usp.br
www.tudoep.com
www.rpmove.com.br
www.minhavida.com.br

 


Casos de meningite em 2022: alarme ou alerta?

O Brasil é mundialmente conhecido por ter uma das maiores coberturas vacinais do planeta, sendo o Programa Nacional de Imunizações (PNI) uma referência global de excelência quando se trata de saúde pública. Mesmo continuando a ser um caso de sucesso, as taxas de vacinação no país vêm caindo desde 2015.

Profissionais da área estimam que isso está acontecendo por diversos motivos: desinformação, falta de divulgação/campanhas e até mesmo o horário relativamente limitado de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS), entre outros.

Mais recentemente, teorias conspiratórias sobre vacinas - sem qualquer lógica, fundamentação ou evidências - ganharam certa repercussão na opinião pública brasileira. Mas, enquanto em relação à vacina contra a covid-19 era compreensível algum receio, pelo fato de serem novas e desenvolvidas em tempo recorde, o assim chamado “movimento antivacinal” lança suspeitas também sobre imunizantes com décadas de aplicação bem-sucedida.

Isso não faz sentido e é contraproducente: se no passado o ser humano vivia em média algo como 30-35 anos e hoje vive 70-75 ou mais em diversos países, isso se deve ao avanço do conhecimento e dos cuidados com a saúde, aí incluída a imunização contra doenças que antes matavam aos milhões. Quase ninguém com algum conhecimento de história, ou em sã consciência, dúvida disso.

E mesmo os temores despertados pelas vacinas contra a covid-19 parecem ter sido vencidos aos poucos, à medida que as curvas de vacinação e mortes pela doença foram se mostrando inversamente proporcionais e os casos de efeitos colaterais bem documentados se mostraram raríssimos (diga-se de passagem, que eles ocorrem com todas as vacinas, que, como tudo, não têm risco zero).

Nesse cenário de cobertura vacinal um tanto descendente, a notícia de que um surto de meningite meningocócica C - a mais frequente entre as meningites bacterianas - atingiu a Zona Leste da cidade de São Paulo, nos dois primeiros meses do 2º semestre, deixou muita gente preocupada, gerando um aumento de procura pela vacina, que chegou a faltar em algumas UBS.

Quem tem aí por volta de seus 40-45 anos ou mais provavelmente se lembra da epidemia de meningite da década de 1970, também em São Paulo - a pior epidemia da doença na história do país. Na época, houve casos de 2 tipos de meningite meningocócica, A e C, ambas bacterianas. Para quem traz essa fase na memória deve ser mais difícil não se preocupar, inclusive pessoas que moram fora de São Paulo, já que hoje o trânsito de pessoas entre cidades e estados é muito maior. Sem falar que notícias sobre casos de meningite sempre assustam.

No entanto, em relação ao surto de 2022, os especialistas em saúde afirmam que não há necessidade de pânico. Primeiro, vale explicar o conceito de “surto”: é a ocorrência de 3 ou mais casos do mesmo tipo, na mesma localidade, em um prazo de 90 dias (ou seja, não envolve necessariamente um grande número de casos). Segundo, é bom que se saiba que o meningococo tem caráter endêmico, o que significa que os casos acontecem regularmente, a imensa maioria deles entre crianças e adolescentes, que já devem se imunizar de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação.

Em outras palavras, casos de meningite bacteriana não são raros, embora possam evoluir com rapidez para quadros graves, e até mesmo fatais, em questão de horas. A doença ataca as meninges, membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso, e é transmitida pelo ar, pelo contato com secreções das vias áreas.

No surto ocorrido neste ano em São Paulo, as autoridades seguiram corretamente o que recomendam os protocolos sanitários, realizando a chamada vacinação de bloqueio, uma ampliação da faixa etária do público-alvo que deve receber o imunizante. Foram vacinados mais de 30 mil moradores, estudantes e trabalhadores, entre 3 meses e 64 anos de idade, num perímetro de 3km da região em que foram localizados os casos.

Em suma, com exceção dos residentes e frequentadores da área, crianças e adolescentes devem se vacinar normalmente segundo o Calendário Nacional de Imunização e não há recomendação de estender a vacinação para todos os adultos, de toda a cidade. Importante lembrar: pessoas imunocomprometidas e profissionais de saúde entram num esquema de vacinação especial.

Uma observação final: embora não haja necessidade de alarme, isso não significa que não seja importante estar alerta. Doenças infecciosas, ainda mais as que podem evoluir gravemente, precisam ser continuamente combatidas com informação confiável e olhar atento. Os sinais e sintomas de meningite variam conforme a idade, mas quase sempre envolvem febre, sonolência, vômito, dor de cabeça e a já bastante divulgada rigidez na nuca - entre outros.  Em casos suspeitos, recomenda-se procurar um serviço de saúde imediatamente.

 

Fontes
www.drauziovarella.uol.com.br
www.tuasaude.com/vacina-da-meningite
www.saude.mg.gov.br/meningite


Outubro Rosa | Todos contra o câncer de mama.

Essa causa nunca sai de moda.

Já dissemos aqui que associar diferentes estímulos reforça a percepção, a atenção e a memorização de uma determinada informação. E que, um dia, alguém decidiu aplicar esse eficiente recurso a causas nobres, associando uma cor a um determinado mês, e o mês a um determinado tema de saúde. Até onde se pode rastrear, o precursor dessa estratégia é exatamente o Outubro Rosa, mês em que estamos agora.

Criado para chamar a atenção das pessoas - especialmente as mulheres - para a questão do câncer de mama, segundo o site oficial da própria campanha o Outubro Rosa tem uma história que remete ao ano de 1990, quando a Fundação Susan G. Komen for The Cure lançou o laço cor-de-rosa e o distribuiu aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York (EUA).

Em 1997, outras cidades dos Estados Unidos aderiram à causa, consolidando o conjunto de iniciativas que hoje conhecemos como Outubro Rosa, cujas ações são direcionadas principalmente à conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce. Para sensibilizar a população, essas cidades eram realmente decoradas com laços rosas, o que acabou se desdobrando em outros recursos muito utilizados hoje em dia, inclusive no Brasil, como a iluminação de locais públicos com essa cor - além de diversos eventos temáticos.

Quem tem mais de 40, 45 anos, provavelmente se lembra da chegada da pioneira camiseta que trazia no peito a imagem de um alvo, contornado pela frase “O câncer de mama no alvo da moda”, com a qual esse segmento - por meio da Council of Fashion Designers of America Foundation - popularizou a conscientização sobre esse mal. Curiosamente, esse alvo é azul (e não rosa) desde a origem e hoje tem seu uso no Brasil exclusivamente licenciado para um determinado hospital de oncologia. Felizmente, a mobilização transcendeu o setor da moda - e também nunca saiu de moda.

Como se sabe, a saúde das mamas é vital para a qualidade de vida e a autoestima da mulher, por isso a chance de um tumor maligno nunca pode ser subestimada. E, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a mamografia regular é mais eficiente para um diagnóstico precoce do que o autoexame - que nem por isso deve ser dispensado. Uma mulher que observa qualquer alteração nas mamas, em qualquer momento da vida, deve procurar o serviço de saúde mais próximo imediatamente.

Durante a fase mais crítica da pandemia de covid-19, estima-se que muitas doenças não-infecciosas foram preteridas, por motivos que vão desde o medo da contaminação em hospitais e clínicas até a sobrecarga do sistema de saúde. Entre essas doenças, é provável que esteja o câncer de mama. Durante o período, o Outubro Rosa aconteceu, mas talvez não tenha tido o alcance que merece. Agora, há uma chance de intensificação.

Como o que a medicina tem a dizer sobre o tema não incorporou alterações significativas de 2021 para cá, reforçamos os principais pontos abordados à época aqui em nosso blog. Veja a seguir.

- Segundo o Instituto Oncoguia, 95% dos casos identificados em estágio inicial têm possibilidade de cura.

- A mamografia é imprescindível, por ser capaz de rastrear nódulos antes que sejam perceptíveis no autoexame realizado pela mulher e mesmo no exame clínico realizado por um profissional de saúde.

- A genética é um fator muito importante a ser considerado na prevenção: se uma pessoa da família - principalmente a mãe, irmã ou filha - teve a doença antes dos 50 anos, a mulher tem mais chances de desenvolver um câncer de mama.

- Mulheres que já tiveram câncer em uma das mamas ou câncer de ovário, em qualquer idade, devem ficar mais atentas.

- Pacientes de maior risco, como as citadas nos dois tópicos anteriores, devem tomar cuidados extras, mais frequentes e mais cedo: exame clínico e mamografia 1 vez/ano já a partir dos 35 anos.

- Na população em geral, quando não há fatores especiais de risco, toda mulher com 40 anos ou mais deve procurar um serviço de saúde para realizar o exame clínico das mamas anualmente.

- Se tiver entre 50 e 69 anos, a mulher deve fazer pelo menos uma mamografia a cada 2 anos.

- É muito importante procurar o serviço de saúde nos períodos indicados mesmo que não existam sintomas, pois nos estágios iniciais a doença normalmente é assintomática.

- Vários serviços direcionados à saúde da mulher são disponibilizados gratuitamente no SUS, entre eles a mamografia.

- Essas recomendações são baseadas em estudos estatísticos sobre a incidência da doença que são continuamente revistos pela ciência médica. Por isso, é preciso estar atento à atualização dos protocolos de prevenção e ter acompanhamento médico constante.

Além dessa vigilância permanente, a mulher também pode cuidar da saúde adotando alimentação saudável e equilibrada, praticando atividade física e evitando hábitos/vícios sabida e comprovadamente nocivos, como fumar (mesmo pouco) e ingerir álcool em excesso. Tudo isso ajuda na prevenção de várias doenças, inclusive o câncer.

Porque, em outubro, a ênfase é no combate ao câncer de mama, mas o ato de cuidar da própria saúde precisa acontecer o ano inteiro.

 

Fontes
www.bvsms.saude.gov.br/outubro-rosa-prevencao-e-diagnostico-precoce-do-cancer-de-mama
www.roche.com.br/pt/por-dentro-da-roche/voce-sabe-o-que-e-outubro-rosa.html
www.ocancerdemamanoalvodamoda.com.br/alvodamodasaocamilo
www.oncoguia.org.br
www.outubrorosa.org.br


Rol taxativo: reversão

Com a nova Lei 14.454/2022 em vigor, lista volta a ser exemplificativa.

Mover-se, progredir ou construir com segurança em terreno pedregoso, irregular, instável, é uma tarefa arriscada, talvez impossível. É uma bela metáfora para um termo atualmente, no Brasil, cada vez mais citado, mas nem sempre bem entendido: insegurança jurídica.

Trata-se daquele cenário regido pelo princípio da imprevisibilidade na aplicação da legislação ao ambiente de negócios, portanto da impossibilidade de empresas e investidores terem maior estabilidade para planejar, investir, desenvolver-se. Enfim, fazer... negócios.

O setor de saúde - quase todos os players incluídos - experimenta no momento uma situação bastante icônica deste conceito, o próprio sobressalto de quem entra, no meio de uma jornada, em área turbulenta. Motivo: o rol da ANS, que era exemplificativo, virou taxativo. E depois desvirou, tornando-se exemplificativo de novo.

Para quem não sabe, o assim chamado rol da Agência Nacional de Saúde é, em síntese, a lista de tratamentos cobertos por planos de saúde. Em junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que ele deveria ser considerado taxativo, o que desobrigaria os convênios médicos a cobrir procedimentos que não estejam nele previstos, além de retirar (ou ao menos dificultar) às pessoas recorrer à Justiça para conseguir tratamentos específicos não listados.

Mas agora, há apenas alguns dias, a Presidência da República sancionou a lei 14.454/2022 - que teve origem no PL 2033/22 - e torna novamente o rol exemplificativo. Ou seja, serve como exemplo para tratamentos básicos, mas não limita a cobertura dos planos. A condição é que os procedimentos “extras” atendam a pelo menos um dos seguintes critérios (descritos resumidamente):
- Ter eficácia comprovada pela ciência;
- Autorização da Anvisa;
- Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (Conitec);
- Recomendação de pelo menos um órgão de avaliação de tecnologias em saúde de renome internacional que tenha aprovado o tratamento para seus cidadãos.

A reversão legal foi uma espécie de resposta à mobilização social de associações de pacientes/usuários de planos de saúde contra a decisão do STJ em junho. Envolveram-se nessa polêmica cidadãos com interesse genuíno, mas também artistas e celebridades diversas, que pouco provavelmente compreendem o segmento de saúde ou a necessidade de manter uma empresa, inclusive dessa área, economicamente saudável.

Com certeza a questão é complexa e não se pode dar razão absoluta a nenhum dos lados, mas o vaivém de decisões e a frágil base jurídica atual configuram, para quem atua no setor, ou precisa dele, o pior dos mundos: empresas e segurados sem saber bem o que podem ou não fazer, em que circunstâncias, por quanto tempo. Não é difícil imaginar as implicações na vida de todos os envolvidos.

Em posicionamento divulgado à imprensa, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa diversos grupos de operadoras de planos e seguros privados de assistência à saúde, lamentou a decisão, afirmou que a mudança coloca o Brasil “na contramão das melhores práticas mundiais” de incorporação de medicamentos e procedimentos em saúde e “dificulta a adequada precificação dos planos e compromete a previsibilidade de despesas assistenciais, podendo ocasionar alta nos preços das mensalidades e expulsão em massa dos beneficiários da saúde suplementar”.

Difícil que o apocalipse se abata sobre o setor, assim como a decisão anterior não assegurava a ninguém um lugar no paraíso. Mas entre um e outro extremos, a dificuldade de encontrar um ponto sustentável de equilíbrio com certeza pode fazer muita gente cair pelo caminho. “Gente” no sentido real e figurado. “Cair” também.

A FenaSaúde avalia recorrer ao Judiciário, “em defesa dos cerca de 50 milhões de beneficiários que hoje dependem dos planos de saúde no país”. Ou seja, mais desdobramentos jurídico-legais podem estar por vir. É um daqueles casos em que uma frase pronta ganha força de sentido, além de parecer uma boa ideia - senão o único jeito - para concluir um raciocínio:

“Aguarde as cenas dos próximos capítulos”

 

Fontes

www.blog.neoway.com.br
www.setorsaude.com.br
www.12.senado.leg.br
www.jota.info
www.olhardigital.com.br


O algoritmo a seu favor.

Como essa “entidade misteriosa” ajuda na gestão de saúde

Não é fácil para um leigo entender o que é como funciona um algoritmo, essa presença um tanto envolta em mistério de que cada vez mais gente ouve falar, principalmente em artigos relacionados às mídias digitais, em particular as redes sociais e outras plataformas de conteúdo, como o Youtube e o Spotify.

Trata-se de uma espécie de equação matemática na qual se baseia a assim mal batizada “inteligência artificial” (termo controverso que abordaremos em artigo futuro), conceito mais ou menos genérico que se aplica a funções da tecnologia computacional como fazer análises e executar ações baseadas em informações fornecidas previamente.

Quando você entra na mais famosa plataforma de vídeos e procura conteúdos sobre o tema futebol, por exemplo, a tecnologia por trás dela captura, pelos dados inseridos na sua busca, que esse assunto é de seu interesse (ou pelo menos foi, naquele momento). É assim que poderá sugerir outros conteúdos semelhantes da próxima vez que você acessar a mesma plataforma devidamente identificado, seja por ter efetuado um login, seja pelo IP do seu dispositivo (o código único que identifica cada equipamento conectado à Internet).

A principal crítica aos algoritmos é uma suposta capacidade que eles teriam de “pasteurizar” o pensamento das pessoas, pois se elas são sempre induzidas a consumir o mesmo tipo de conteúdo não teriam um saudável estímulo para ampliar seus conhecimentos e interesses, ficando reféns de uma espécie de bolha limitadora da percepção e da inteligência. Isso tem sido pautado inclusive grandes discussões acadêmicas.

Mas as coisas mudam quando se pensa na grande utilidade dos algoritmos para automatizar funções que seriam muito demoradas, custosas e bem menos eficientes - talvez inviáveis - se realizadas todas manualmente por um ser humano. Três bons exemplos são as programações que permitem automatizar sinais de trânsito, operações financeiras e aparelhos de GPS, que tornam a vida muito mais fácil.

Outro bom exemplo, e ponto mais importante desse texto, é a gestão da saúde numa empresa, altamente baseado em dados organizados que permitem estabelecer padrões indispensáveis para estabelecer políticas e implementar ações eficientes, especialmente no que tange à medicina preventiva.

Exemplifiquemos: ao constatar que um paciente fez diversos procedimentos relacionados ao diagnóstico de um possível tumor maligno, a “inteligência artificial” fará seu trabalho, identificando um potencial risco de câncer; se os dados indicarem que boa parte da equipe tem hábitos sedentários, fica-se sabendo que muitos poderão ter problemas de saúde relacionados a esse comportamento.

E como grande parte dos inputs são feitos nos sistemas com um delay que pode ser de até cerca de 30 dias, os algoritmos se tornam ainda mais necessários na identificação de padrões, realizando o trabalho que nem um exército de analistas conseguiria, com a mesma precisão, no mesmo prazo. Os algoritmos permitem fazer 3 tipos de análise: descritiva, preditiva e prescritiva. Explicaremos melhor cada uma delas em blogs futuros.

Neste momento, queremos que você saiba que a SICCS realiza a captura de informações dos clientes direto na fonte e faz o acompanhamento de internações e autorizações de cirurgia in real time, além de ações voltadas para pacientes crônicos, gestantes, afastados etc. Também falaremos mais detalhadamente sobre essas ações nas próximas matérias.

Mas, desde já, você pode ficar consciente e tranquilo de que aplicamos o melhor da tecnologia, da melhor forma, para otimizar a gestão de saúde na sua empresa. Nesse caso, o algoritmo está a seu favor.